De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Descubra como gestores profissionais investem hoje https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/18/descubra-como-gestores-profissionais-investem-hoje/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/18/descubra-como-gestores-profissionais-investem-hoje/#respond Sun, 18 Jul 2021 05:30:02 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Warren-Buffett-ensina-em-sua-reunião-anual-Rick-Wilking-Reuters.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2686 A maioria dos investidores individuais que aplicam diretamente em ações cometem a mesma falha na execução. Este alerta parte de Andrew Berkin e Larry Swedroe em seu livro “Your Complete Guide to Factor-Based Investing – The way smart money invest today”.

O mais interessante do livro de Berkin e Swedroe é que reúne a pesquisa de mais de uma centena de artigos acadêmicos sobre os segredos de renomados investidores.

Quando se pensa em investimentos bem-sucedidos em ações, o primeiro nome que vem à cabeça de todos é o de Warren Buffett. Como já abordei em artigo passado, os investidores, erroneamente, costumam atribuir o segredo do retorno de Buffett a sua habilidade em selecionar ativos.

Partindo da premissa errada, estes mesmos investidores tentam replicar o que não é o segredo de Buffett. Obviamente, é perfeitamente explicado por que poucos conseguem chegar ao sucesso dele.

Já escrevi nesta coluna sobre o segredo de Buffett e este mesmo também é explicado por Berkin e Swedroe. O segredo de Buffett está em seguir uma estratégia baseada em alguns fatores.

Mas o que seria um fator?

Como descrevem os autores, “um fator é uma forma quantitativa de expressar um aspecto qualitativo” inerente a um conjunto de ativos.

Eles abordam os principais fatores de investimento, alguns dos quais comentei nesta coluna no ano passado, mas eles trazem no livro várias evidências robustas sobre o sucesso de cada estratégia.

Os autores apresentam, dentre os principais fatores, aqueles que tiveram mais sucesso nos últimos anos e o que deveria ser levado em consideração para construção de uma carteira de ações para seguir cada um.

Dando um spoiler, a estratégia mais bem sucedida nos últimos três e dez anos foi a que seguiu o fator momento. Este também foi o que apresentou o maior retorno por unidade de risco dentre todos os fatores.

Para aqueles que pretendem se aventurar na gestão de carteira de ações, este livro é um bom ponto de partida para entender como gestores profissionais estão conduzindo seus investimentos.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Ele foi de 0 a R$1 bilhão em menos de 200 meses, saiba como https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/12/ele-foi-de-0-a-r1-bilhao-em-menos-de-200-meses-saiba-como/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/12/ele-foi-de-0-a-r1-bilhao-em-menos-de-200-meses-saiba-como/#respond Sun, 12 Jan 2020 05:30:53 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/raca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2034 Se você já comeu bolo de fubá com goiabada, sabe que quando começa, só consegue parar quando acaba. O mesmo é possível falar do livro Na Raça da jornalista Maria Luíza Filgueiras, lançado no mês passado pela editora Intrínseca.

A instigante história de como a XP se transformou em uma das maiores instituições financeiras proporciona lições para investidores e empreendedores. Adicionalmente, o livro retrata a evolução da indústria financeira nas últimas duas décadas.

Destaco algumas das lições apresentadas no livro.

 

Persistência é característica básica dos empreendedores e investidores de sucesso. O livro descreve como a perseverança de Benchimol em enfrentar adversidades moldou a cultura da empresa e de seus colaboradores.

No entanto, perseverar não significa bater a cabeça na parede e achar que vai atravessar. Tão importante quanto, é descobrir rápido que se está errado. Essa foi uma constante nos negócios da XP. Guilherme mantinha, como chamava, um “stop curto”. Se não estava dando certo, ele já interrompia.

Um caso bastante ilustrativo foi quando ele acabou com a rede de assessores, contratando todos como funcionários, mas em pouco tempo, voltou atrás e os transformou em assessores independentes novamente.

Saber quando mudar ou perseverar nos momentos em que se está enfrentando uma adversidade ou uma aplicação malsucedida é uma arte que separa os corajosos dos fracassados.

 

Controlar custos

Tanto em sua empresa quanto em sua vida pessoal você deve sempre cortar custos. Filgueiras destaca este atributo de Guilherme.

As receitas de seu empreendimento e seus rendimentos são incertos, mas a despesa é certa. Portanto, se deseja elevar seu lucro ou sua capacidade de formar poupança, deve controlar de forma rígida os custos.

Você deve avaliar com muito cuidado cada gasto para entender se ele será capaz de produzir resultados que compensem. Vários são os exemplos disto no livro. Alguns deles foram: a rígida atuação de Guilherme em resposta à queda de 35% no lucro da XP em 2014 e a forma como enfrentaram os reflexos da crise financeira de 2008, a qual apelidaram de “modo de sobrevivência lunar”.

 

Incerteza natural dos negócios

Quem vê as ações da XP hoje valendo mais de R$ 80 bilhões não faz ideia do número de vezes que Benchimol quase vendeu toda a empresa por uma fração do valor.

A empresa de private equity (PE) (empresa de investimento em companhias fechadas) Actis, por exemplo, comprou em 2010 um participação de 20,5% da XP por R$ 100 milhões. Metade desta posição foi vendida em 2012 pelo mesmo valor para a General Atlantic, outra empresa de PE. Portanto, em dois anos ela já recuperou seu investimento.

A outra metade foi vendida em 2016 também para o mesmo comprador por R$ 300 milhões. Logo, em seis anos a Actis teve um lucro equivalente a três vezes seu investimento. Parece ser um bom ganho. No entanto, se tivesse mantido sua aplicação, ela seria 160 vezes maior, ou seja, sua posição seria de R$ 16 bilhões e seu lucro de R$ 15,9 bilhões.

Este e outros exemplos no livro demonstram a incerteza que se enfrenta na avaliação de empresas e que se reflete quando se deseja comprar ou vender ações.

 

Carta aos sócios

Filgueiras transcreve no livro o e-mail que Benchimol enviou a seus sócios quando da venda de participação para o Itaú.

Este e-mail tem relevantes recomendações que deveriam ser seguidas por muitos investidores. Transcrevo um trecho do e-mail:

“… Não se metam a fazer a gestão de seu patrimônio de forma ativa. Isso tira o foco na empresa/ metas e a maior parte das pessoas perderá seu dinheiro. O dinheiro não é para se “brincar”, é para se investir a longo prazo, buscando preservação de capital e mitigação de risco.”

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Você realmente sabe como deveria se comportar? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/01/27/voce-realmente-sabe-como-deveria-se-comportar/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/01/27/voce-realmente-sabe-como-deveria-se-comportar/#respond Sun, 27 Jan 2019 04:30:50 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/Thaler-180x120.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1539 Todos sabemos como os outros deveriam se comportar nos diversos aspectos relacionados a finanças como: escolha de investimentos, decisão de poupança e de consumo. Concorda que é tão simples que não precisaria titulação alguma para você explicar como, racionalmente, os outros deveriam agir? Então, por que você não age como esperado?

A justificativa de porque você não segue esses preceitos rendeu a Richard Thaler um prêmio Nobel em economia em 2017. E estas explicações estão descritas de forma simples e divertida em seu livro Misbehaving – A construção da economia comportamental, cuja versão traduzida para o português foi lançada, em janeiro deste ano, pela editora Intrínseca.

Livro Misbehaving – A construção da economia comportamental, Richard H. Thaler.

Comento abaixo três vieses comportamentais dentre os vários discutidos no livro.

Um centavo faz diferença?

Você compraria ou deixaria de comprar algum bem por causa de apenas um centavo? Racionalmente, qualquer um diria que este valor não seria suficiente para mudar sua decisão de compra. No entanto, não é como nos comportamos.

Um dos maiores varejistas americanos, a JC Penney (antigo controlador das Lojas Renner no Brasil) apostou nesta racionalidade. Em 2012, o presidente da empresa, Ron Johnson, resolveu acabar com o famoso US$9,99, arredondando o preço para US$10.

A decisão teve efeito desastroso não só nas vendas da empresa, como nos preços das ações, mas também no emprego de Johnson.

R$10 tem sempre o mesmo valor?

O autor explica a razão de sermos mais sensíveis a uma diferença entre perder R$10 ou perder R$20 do que a perder R$1.300 ou perder R$1.310. Parece não fazer sentido, pois é o mesmo valor.

No entanto, essa também é a mesma justificativa para locomovermos mais para tentar economizar R$10 em um bem com valor de R$50 do que o esforço que faríamos para não gastar o mesmo valor quando o bem custa R$500.

E como você se comportaria em jogos e nos investimentos?

Você já jogou poker?

Talvez você tenha um grupo de amigos que, periodicamente, se reúne para se divertir jogando poker, ou tentou a sorte em sítios de jogos na internet ou nos cassinos internacionais. Tente lembrar como se comportou.

Thaler propõe o seguinte exercício no qual deve escolher a alternativa “a” ou “b” em cada uma das questões.

“Problema 1: Você acabou de ganhar US$30. Agora escolha:

  1. a) Uma chance de 50% de ganhar US$9 e uma chance de 50% de perder US$9.
  2. b) Nenhum ganho ou perda adicional.

Problema 2: Você acabou de perder US$30. Agora escolha:

  1. a) Uma chance de 50% de ganhar US$9 e uma chance de 50% de perder US$9.
  2. b) Nenhum ganho ou perda adicional.”

Perceba que o valor esperado nas respostas de ambos os problemas é igual. Em entrevistas os autores encontraram que a maior parte escolhe a primeira alternativa no problema superior e a segunda alternativa no problema inferior.

Como o valor esperado é igual, racionalmente, todos deveriam escolher a opção “b” nas duas questões. A racionalidade diz que somos aversos a risco. Logo, sempre deveria ser preferível qualquer resultado certo a um incerto com mesmo valor esperado.

No entanto, os resultados das pesquisas mostram que, irracionalmente, a maioria dos apostadores e investidores tem um comportamento quando está ganhando diferente daquele quando enfrenta perdas.

O ganhador do prêmio Nobel explica porque temos esse viés e como isso se reflete em nossas decisões de investimentos.

Apenas quando entendemos porque não agimos racionalmente e o que nos leva a cometer estes deslizes é que podemos nos prevenir para não repetir as falhas. Portanto, esta leitura é essencial a todos.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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