De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Mudança de endereço https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/12/05/mudanca-de-endereco/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/12/05/mudanca-de-endereco/#respond Sun, 05 Dec 2021 09:30:50 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2854 Caro leitor,

 

Este blog continua na Folha, mas, agora, em um novo endereço. Acesse www.folha.com/degraoemgrao para continuar lendo tudo que o De Grão em Grão publica. 

 

Os textos já publicados permanecerão neste espaço para serem lidos e relidos. 

 

Clique a seguir para ler o novo texto o blog: Descubra se você é reflexivo ou impulsivo nas decisões de investimentos

 

]]> 0 Descubra se você é reflexivo ou impulsivo nas decisões de investimentos https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/12/05/descubra-se-voce-e-reflexivo-ou-impulsivo-nas-decisoes-de-investimentos/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/12/05/descubra-se-voce-e-reflexivo-ou-impulsivo-nas-decisoes-de-investimentos/#respond Sun, 05 Dec 2021 05:30:26 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/sem-cabeca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2850 Quando o assunto é investimento, tendemos a achar que nossas decisões são muito bem refletidas. Mas será que isso é realmente o que ocorre?

A forma como você aborda tarefas pode explicar sua propensão a cair em armadilhas nos investimentos. Estas armadilhas ocorrem pelos vieses financeiros que, usualmente, tendemos a seguir. Complete o pequeno teste abaixo e explico em seguida o que ele representa.

Responda às três questões:

1- Uma bola e um bastão custam juntos R$1,10. O bastão custa R$1 a mais que a bola. Quanto custa a bola?
2- Numa corrida, se você passa o segundo colocado, em que lugar está?
3- Se 5 máquinas levam 5 minutos para produzirem 5 aparelhos, quanto tempo leva para 100 máquinas produzirem 100 aparelhos?

Esse teste é conhecido como Teste de Reflexo Cognitivo (TRC). Parece bem simples, mas este teste foi usado no trabalho de Shane Frederick, intitulado Cognitive reflection and decision making e publicado no Journal of Economic Perspectives em 2005.

De fato, a segunda questão foi extraída do trabalho de Maggie Toplak e outros de 2011. Usei esta questão, pois a achei mais interessante e seguindo a dica do Prêmio Nobel Daniel Kahneman, que foi o criador da primeira questão.

O teste parece simples, mas como descreve Frederick em seu artigo, seu resultado em avaliar o nível cognitivo dos respondentes é poderoso. Esse teste mede sua tendência ou habilidade de escapar de uma resposta intuitiva, mas errada, para se comprometer em refletir cuidadosamente sobre a resposta.

Muitas pessoas diante de decisões financeiras acabam por agir impulsivamente, acreditando que seguir a intuição é a melhor resposta. Entretanto, uma análise e reflexão apurada sobre o problema poderiam gerar uma resposta diferente e possivelmente com melhores resultados.

Vamos analisar as questões.

Na primeira questão, intuitivamente, a maioria tende a responder que a bola custa R$0,10. Mas neste caso, o bastão custaria R$1,10, pois ele custa R$1 a mais que a bola. Esta soma resulta em R$1,20 e não em R$1,10 como descreve o problema. A resposta correta seria dizer que a bola custa R$0,05, pois neste caso o bastão custaria R$1,05 e a soma estaria correta.

Para o segundo problema, a intuição te leva a responder que você estaria em primeiro. No entanto, se você passa o segundo, agora você passa a ocupar a colocação deste, ou seja, o segundo lugar.

O impulso nos leva a dizer que levariam 100 minutos para produzir os 100 aparelhos, mas perceba que cada máquina leva 5 minutos para fazer um aparelho. Portanto, se existem 100 máquinas, em 5 minutos, elas irão produzir os 100 aparelhos.

Não se sinta mal se não acertou as respostas. Na pesquisa de Frederick, vários estudantes das prestigiadas universidades Harvard, MIT e Princeton também alcançaram baixos níveis de acertos.

O importante é alertar se talvez você esteja se deixando levar por respostas fáceis quando enfrenta suas decisões e assim caindo nos reconhecidos vieses comportamentais.

O mais adequado nas decisões de investimentos é evitarmos o impulso da resposta intuitiva e pararmos para refletir cuidadosamente sobre cada cenário e potenciais vieses que podemos estar enfrentando.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Você pode ter sua aposentadoria garantida se fizer isso https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/voce-pode-ter-sua-aposentadoria-garantida-se-fizer-isso/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/voce-pode-ter-sua-aposentadoria-garantida-se-fizer-isso/#respond Sun, 28 Nov 2021 05:30:57 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/hernca-personare-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2843 Você tem apenas mais um mês para aproveitar um dos maiores benefícios que o governo proporciona para aqueles que recebem salário. Este benefício é tão relevante que pode garantir boa parte de sua renda na aposentadoria. No entanto, a maioria das pessoas perde esta vantagem por falta de planejamento.

Explico abaixo como você também pode se beneficiar. Mas ressalto, novamente, que ele é exclusivo para aqueles que recebem salário.

Já escrevi explicando a razão de todos terem um plano de previdência, além de um plano para sua previdência. Hoje, focarei em um dos benefícios que aprendi ao longo de meus anos como investidor deste produto.

Comecei a trabalhar em 1998 e, desde então, contribuí para um plano de previdência. No início, a ideia era postergar parte do pagamento do Imposto de Renda (IR) de 27,5% sobre o salário. Naquele momento, eu não tinha ideia de quanto retorno financeiro essa postergação poderia me gerar no futuro.

Ilustrarei o benefício por meio de um exemplo simples. Imagine que você começou a aplicar em 2000 em um plano de previdência do tipo PGBL (ou FAPI que era muito comum no passado).

Considere que sua renda anual bruta tributável foi de R$100 mil nos últimos 21 anos. O plano do tipo PGBL permite que você reduza a base tributável em até 12%, desde que invista esta proporção. Portanto, você poderia ter aplicado R$12 mil todos os anos e assim ter postergado o pagamento do IR de 27,5% que pagaria sobre estes R$12 mil.

Ou seja, você deixou de pagar, anualmente, R$ 3,3 mil em IR (=R$ 12 mil *27,5%). Normalmente, este montante já sumiria de sua conta, pois você já o paga em IR, caso não aplique em PGBL. No entanto, se fez um PGBL, você postergou o pagamento, reduziu a alíquota a ser paga e ainda ganhou com o rendimento deste.

A grande mágica ocorre por meio dos juros compostos, isto é, dos juros sobre juros.

Este valor de R$ 3,3 mil, que você aplicou no final de 1999, teria se transformado em R$ 39.611,80, hoje, se seu PGBL rendesse apenas 100% do CDI.

Mas existem produtos que remuneram ainda mais que o CDI. Por exemplo, previdências referenciadas ao IPCA de curto prazo. Estas aplicações no longo prazo renderam mais que 150% do CDI. Portanto, você poderia ter ainda mais.

A tabela abaixo demonstra, quanto o IR postergado se valorizou, do respectivo ano até a última sexta-feira. E qual o valor total que você teria acumulado de rendimentos sobre um imposto que, como mencionei, sumiria de sua conta se você não adota essa prática.

Tabela com o benefício de se aplicar em plano do tipo PGBL. Segunda coluna contém o valor máximo a aplicar em PGBL se a renda bruta anual é de R$100 mil. Terceira coluna contém o IR que foi postergado. Na quarta e quinta coluna há a valorização do respectivo IR postergado.

É isso mesmo. A partir de um valor, que sumiria de sua conta, você ganhou rendimentos e ele se multiplicou.

O mais impressionante é a conclusão a seguir.

Antes, vamos relembrar uma característica do PGBL com regime tributário regressivo. Passados dez anos, a alíquota de IR a ser paga sobre o valor de R$ 12.000,00 se reduz para 10%, dos 27,5% anteriores.

Observe o número final que representa a soma de todo o rendimento. O imposto que você vai pagar sobre este ganho é menor que a soma de todos os impostos que teria pagado ao longo de todos os anos. Não importa se considerar que vai pagar 10% sobre R$306 mil ou sobre R$426 mil. Em ambos os casos, o IR sobre o valor final será menor que a soma de tudo o que teria pago ao longo dos anos.

Você parou para pensar que uma parte do IR que pagaria hoje pode te render quase meio milhão em alguns anos se planejar esta aplicação?

Mas tudo isso que mencionei foi só relativo à parte da vantagem fiscal. Ainda tem mais.

Perceba que fiz a conta considerando apenas a parcela de imposto postergado. No entanto, este representa menos de um terço do valor total que você aplicou no PGBL.

Portanto, o valor total que teria acumulado ao longo dos anos superaria R$ 1,1 milhão no caso de o retorno ser apenas igual ao CDI. Perceba que com esse valor, sua aposentadoria está muito bem encaminhada.

Agora eu te pergunto, daqui a vinte anos, você deseja ter sua aposentadoria garantida? Se sua resposta é sim, não perca esta oportunidade de aplicar 12% de seu salário em PGBL por nem mais um ano.

Reforço, que o benefício explicado é apenas uma das vantagens de se aplicar em um plano de previdência do tipo PGBL e ele é exclusivo para quem recebe salário e faz a declaração de IR pelo modelo completo.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Chegou a Black Friday de imóveis; descubra como aproveitar https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/chegou-a-black-friday-de-imoveis-descubra-como-aproveitar/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/chegou-a-black-friday-de-imoveis-descubra-como-aproveitar/#respond Sun, 21 Nov 2021 05:30:47 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/NYpredios-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2835 Desanimados com os rendimentos dos investimentos financeiros de risco, investidores têm migrado para imóveis. Enquanto o Ibovespa, fundos imobiliários e títulos públicos de longo prazo referenciados ao IPCA caem neste ano 13,4%, 9,6% e 7,1%, respectivamente, os preços dos imóveis residenciais sobem 5,18%, segundo o portal FipZap. Mas será que a compra de imóveis residenciais é o melhor investimento imobiliário no momento?

Para caracterizar um investimento imobiliário como a melhor oportunidade, podem ser elencados vários critérios. Neste momento, vou comentar sobre apenas um deles: o preço negociado em relação ao custo de reposição.

Ninguém é capaz de discordar que comprar um ativo abaixo de seu custo de reposição é um bom indício de um grande negócio. Esse conceito não é recente. Em 1966, Nicholas Kaldor criou um índice para medir esta característica. A partir de 1977, este índice ganhou popularidade com o trabalho do prêmio Nobel em economia, James Tobin.

Este índice é chamado Q de Tobin e é calculado a partir da divisão do valor de mercado pelo custo de reposição do ativo, conforme equação abaixo.

Equação de James Tobin de 1977. Representa a relação entre o valor de mercado e o custo de se repor o ativo.

Segundo Tobin, o mercado estaria em equilíbrio quando este índice fosse igual a 1, ou seja, o preço de mercado fosse igual ao custo de reposição. Quando o índice está entre 0 e 1, isso significa que o ativo está sub precificado, ou seja, está barato.

Com isso, eu coloco um questionamento para sua reflexão. Você acredita que os lançamentos residenciais que eventualmente você vê no seu bairro estão saindo abaixo do custo de reposição? Ou mesmo igual?

Você com certeza já sabe a resposta. Mas neste momento pode estar se questionando se existe algum imóvel que negocia abaixo de seu custo de reposição.

Possivelmente se pesquisar muito, pode ser que encontre imóveis cujo proprietário esteja enfrentando dificuldades financeiras, que estejam com processos ou em leilão, e, nesse caso, possivelmente estariam abaixo do custo de reposição, ou seja com um Q de Tobin menor que 1.

No entanto, não precisa procurar muito e vai encontrar uma série de fundos imobiliários (FIIs) de tijolo que se encontram abaixo de seu custo de reposição.

Vou ilustrar este caso, citando apenas alguns exemplos de FIIs do segmento de logística. O segmento de logística foi um dos segmentos que até se beneficiaram durante a pandemia com o crescimento do comércio online. A expansão do comércio eletrônico elevou a demanda por galpões logísticos para proporcionar distribuição mais eficiente.

O custo de construção de um galpão logístico não é único. Ou seja, como um apartamento, localização e outras características alteram o custo de reposição. No entanto, considerando transações recentes e informes de prospectos de emissões é possível dizer que o custo médio de reposição de galpões de alto padrão é próximo de R$ 3 mil por metro quadrado.

A tabela abaixo apresenta alguns dados dos FIIs do segmento de logística.

Tabela com dados de valor de mercado, área bruta locável, e valor de mercado por valor patrimonial (VM/PL). Fonte: Economática e relatórios dos FIIs.

A quarta coluna da tabela acima apresenta o valor de mercado que cada FII de logística negocia por metro quadrado. É possível observar que vários FIIs negociados na B3 do segmento de logística apresentam valor abaixo do que seria um custo de reposição médio. Ou seja, estão com o Q de Tobin abaixo de 1.

É como se tivesse chegado a Black Friday e existissem descontos de 10 a 30% sobre o custo de se construir os imóveis.

A última coluna desta tabela apresenta a taxa de dividendos anualizada de cada FII. A taxa de dividendos representa quanto se ganha em dividendos em proporção ao preço de mercado do momento. Esta taxa é isenta de IR. O ganho de dividendos de FIIs de tijolo como estes nada mais é que o repasse do aluguel dos imóveis. Lembro que este aluguel é corrigido pela inflação anualmente.

A taxa média deste segmento está superior a 8% ao ano isento de IR. Isso está bem superior ao rendimento médio que se obtém em investimentos de imóvel residencial para aluguel. Segundo o  FipeZap a taxa anual de rendimento de aluguel de imóveis residenciais está em 4,63%, bruta de IR e de custos. Ou seja, nestes FIIs você ganharia o dobro de rendimento de aluguel que um imóvel residencial.

Reforço que o fato de um ativo possuir seu valor de mercado abaixo do custo de reposição não evita que ele não possa se desvalorizar ainda mais. A convergência ao equilíbrio, ou seja, para um Q de Tobin igual a 1, pode ocorrer apenas no longo prazo.

No entanto, alguns FIIs proporcionam uma excelente renda de dividendos no período intermediário até que a convergência ao custo de reposição ocorra. Assim, pode ser que exista um momento melhor para investir neles, mas eles parecem preferíveis à alternativa de aplicar em imóveis residenciais como investimento.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Morgan Stanley recomenda cautela nos investimentos em ações americanas https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/16/morgan-stanley-recomenda-cautela-nos-investimentos-em-acoes-americanas/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/16/morgan-stanley-recomenda-cautela-nos-investimentos-em-acoes-americanas/#respond Tue, 16 Nov 2021 05:30:55 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/Bolsa-Brendan-McDemid-Reuters-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2829 No mês passado, escrevi que brasileiros poderiam estar se precipitando em migrar seus investimentos para aplicar na bolsa americana. Nesta segunda-feira, os sites Bloomberg e MarketWatch alertaram seus leitores sobre a nova recomendação do Morgan Stanley.

O Morgan Stanley divulgou nota recomendando aos investidores cautela ao investir no índice de ações americanas, S&P500, para 2022. Segundo a Bloomberg, a projeção do Morgan Stanley para o índice americano em 2022 é de 4.400 pontos. Isso representa uma desvalorização de 6% em relação ao atual nível de preço.

O Morgan Stanley não foi a única grande instituição financeira a ter uma visão mais cautelosa para o mercado acionário. A Goldman Sachs também sugeriu cuidado.

A razão para esta mudança de recomendação não é diferente do que já alertei no mês passado: frustração nas expectativas de crescimento anteriores, inflação acima do esperado e possibilidade de elevação das taxas de juros acima do esperado.

Apesar desta nova perspectiva mais cautelosa de algumas instituições americanas, esta visão não é unanimidade.

Segundo levantamento da Bloomberg, o Wells Fargo, por exemplo, sugere que o S&P 500 poderia atingir 4.850 pontos ainda este ano de 2021. Portanto, uma valorização de mais 3% em menos de dois meses.

Outros grandes bancos mantém visão otimista sobre o crescimento dos lucros das empresas, que dá suporte à valorização das ações. Além do Wells Fargo, UBS e JP Morgan, apostam em forte crescimento de lucros para o próximo ano.

Conforme pesquisa entre estrategistas realizada pela Bloomberg, existe uma expectativa média de crescimento de lucros de 7,7% para 2022.

Não obstante as expectativas favoráveis, com um crescimento de lucros esperado inferior a 8%, não é de se esperar que o índice americano se valorize mais que o próprio crescimento esperado dos lucros.

Comparativamente, o Brasil tem hoje títulos de renda fixa que apresentam retorno superior a este, sem o risco do mercado de ações. A própria taxa Selic deve superar os 10% no próximo ano. Portanto, reflita bem antes de elevar investimentos na bolsa americana.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Você está preparado para ser sócio da família de seu sócio? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/14/voce-esta-preparado-para-ser-socio-da-familia-de-seu-socio/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/14/voce-esta-preparado-para-ser-socio-da-familia-de-seu-socio/#respond Sun, 14 Nov 2021 05:30:36 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Daian-moura-XPseg-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2822 Que a pandemia impôs mudanças na vida pessoal de todos não é novidade e já estamos nos adaptando. No meio corporativo, também não foi diferente, mas, não me refiro à eventual queda nas vendas por mudanças de hábitos. Algumas empresas que poderiam não estar sofrendo com vendas, enfrentam outro desafio, a sucessão.

Quando falamos de sucessão, logo pensamos em planejamento financeiro pessoal. Neste caso, um indivíduo planeja a melhor forma de transmitir seus bens aos herdeiros. Existem duas grandes preocupações. A primeira em relação aos custos de transmissão, como os impostos. A segunda com relação a evitar brigas entre os herdeiros que, usualmente, resultam em dilapidação do patrimônio.

No entanto, o objetivo aqui é discutirmos o aspecto da sucessão no meio corporativo. A pandemia, na verdade, despertou nos empresários o sentido de urgência em planejar a sucessão empresarial.

Assim como eu, você provavelmente está se perguntando: mas como a pandemia alterou a visão de urgência no planejamento sucessório corporativo? Afinal, já ocorriam eventos de sucessão empresarial no passado.

Quem me respondeu esta dúvida foi Daian Moura, Head de Seguros da XP Inc, em visita ao nosso escritório nesta última quinta-feira.

Segundo Daian, a pandemia despertou no empresariado a noção de fragilidade de governança na estrutura societária e de como ela pode ser impactante para a continuidade dos negócios.

Antigamente, imaginava-se que se um dos sócios de uma empresa ficasse doente, haveria tempo para se estruturar a sucessão. Ou seja, havia tempo para passar o controle das contas financeiras, negociar com a família a divisão de controle e discutir com clientes e fornecedores a nova estrutura.

Moura, explicou que a pandemia mostrou que os empresários que não estavam com tudo isso já planejado, sofreram, além da perda de um amigo próximo, a burocracia do processo de inventário e discussões com familiares do ex-sócio.

A mesma briga entre herdeiros, que pode arruinar o patrimônio financeiro deixado por uma pessoa, também pode prejudicar o futuro da empresa. Segundo ele, algumas companhias não resistiram por simplesmente não conseguirem acesso ao caixa da empresa para manterem a continuidade do negócio.

Como o seguro de sucessão corporativa pode salvar a continuidade dos negócios de sua empresa?

Quando um dos sócios vem a falecer, os outros deveriam estar preparados para comprar a participação deste imediatamente, fugindo assim das agruras do processo de inventário. Para isso, os sócios deveriam manter sempre em liquidez imediata o valor para aquisição das ações dos outros sócios e essa troca de controle deve estar prevista no acordo de acionistas da empresa.

Entretanto, como questionou o executivo da XP, Maurício Honorato, qual empresário mantém em aplicações de liquidez um valor suficiente para comprar a participação dos outros sócios?

Para evitar os problemas em troca de controle repentinas como estas, Moura sugere que toda empresa que se preocupa com sua governança deveria ter um seguro de sucessão corporativa e ter um acordo de acionistas que estabeleça este seguro como ferramenta de troca de controle. Lembro que governança forma uma das letras da sigla ESG que é tão falada atualmente.

Recentemente expliquei que o seguro de vida é uma das mais eficientes ferramentas para planejamento sucessório de pessoas físicas.

Costumo dizer que indivíduos devem planejar suas finanças como as empresas fazem as delas. Agora posso dizer que também os empresários têm a aprender com as pessoas físicas no que diz respeito ao planejamento financeiro, pelo menos, quando se fala em sucessão.

 

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
O extraordinário Verde ficou vermelho; entenda a razão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/o-extraordinario-verde-ficou-vermelho-entenda-a-razao/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/o-extraordinario-verde-ficou-vermelho-entenda-a-razao/#respond Tue, 09 Nov 2021 05:30:27 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Luis-Stuhlberger-gestor-da-Verde-Asset-Anna-Carolina-Negri-Valor-Agência-O-Globo-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2816 Eles possuem um histórico de retorno de dar inveja a Warren Buffett, têm uma das melhores equipes do mercado brasileiro, possuem um gestor cujos ensinamentos são ouvidos internacionalmente, mas tudo isso não tem sido suficiente para salvar o desempenho em 2021. O relatório do fundo Verde, do aclamado gestor Luis Stuhlberger, foi divulgado esta semana e explica por que o fundo pode ter seu segundo ano negativo em um quarto de século.

O ano ainda não acabou, mas o fundo já perde quase 3%. Lembro que a perda deste ano apenas tira parte do brilho do fundo que transformou em R$ 181,5 mil, R$ 1 mil aplicados em 1997.

O desempenho do fundo Verde é um reflexo da dificuldade que a indústria de fundos multimercados tem enfrentado em 2021. Assim como Stuhlberger, o mercado tem sido surpreendido com as rápidas mudanças de cenário ocorridas no ano.

No relatório ele lamenta que acreditava que já “havia bastante notícia ruim no preço” dos ativos, “e que os agentes políticos tinham incentivos razoáveis para não romper o teto dos gastos.” Entretanto, como ele explica “essa visão se provou errada”.

As perdas do Verde no mês foram concentradas no mercado de ações, mas no ano os prejuízos se espalham por todos os mercados: renda fixa, câmbio e ações. O que mostra que nenhuma classe de ativo no Brasil passa ilesa neste ano.

Em um ano em que mesmo profissionais experientes estão tendo dificuldade é ainda mais importante atentar para que seu portfólio esteja adequadamente ajustado ao seu perfil de investidor.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Com taxas prefixadas e inflação mais elevadas, entenda qual renda fixa é melhor https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/07/com-taxas-prefixadas-e-inflacao-mais-elevadas-entenda-qual-renda-fixa-e-melhor/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/07/com-taxas-prefixadas-e-inflacao-mais-elevadas-entenda-qual-renda-fixa-e-melhor/#respond Sun, 07 Nov 2021 05:30:53 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/sem-cabeca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2809 A alta da inflação acima do esperado e o ruído político promoveram uma forte elevação da curva de juros. Com isso, as taxas de juros de títulos de renda fixa prefixados parecem bem interessantes quando comparadas com as taxas disponíveis no início de 2021. No entanto, a inflação ainda preocupa e investidores se questionam se vale a pena correr o risco das taxas prefixadas, ou é melhor a segurança dos títulos referenciados ao IPCA. Explico abaixo o que precisa avaliar para decidir.

A curva de juros  futura, negociada na B3 e que é utilizada para precificação dos títulos de renda fixa já sugere que a Selic pode superar 13% ao ano em meados 2022.

A tabela abaixo apresenta na segunda coluna a estimativa do mercado para as variações da Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM) e, na última coluna a expectativa da taxa DI após a elevação dos juros. Para entender os números na tabela, 100 pontos base de variação da Selic equivalem a uma alta de 1%.

A tabela acima apresenta as datas das próximas reuniões do COPOM, as estimativas do mercado para as altas em cada reunião e a taxa DI resultante após a reunião. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Perceba que as taxas negociadas no mercado já consideram que a taxa Selic pode alcançar 13,5% ao ano em junho de 2022.

Desde o final de 2017, brasileiros não têm disponível taxas de retorno acima de 10% ao ano em títulos de renda fixa. Este retorno parece tentador, mas para decidir entre o indexador prefixado ou referenciado ao IPCA, é preciso fazer uma difícil aposta. Antes de explicar qual é a aposta, apresento alguns detalhes que você também deve considerar.

O primeiro ponto a entender é que quando for comparar títulos de renda fixa de remuneração diferente, deve considerar o mesmo emissor. Obviamente, um título público que rende a Selic vai render menos que um título pós-fixado emitido por um banco médio.

Por exemplo, o título Tesouro Selic, devido à taxa de custódia cobrada pela CBLC de 0,25%, deve render próximo de 90% do CDI. Já um CDB de banco médio, pode render mais de 130% do CDI. Essa diferença de rentabilidade ocorre pelo risco de crédito do banco. Quem investe menos de R$250 mil por emissor, conta com a garantia do FGC. Portanto, para estes casos, o risco é mitigado e o CDB de banco médio é imbatível em relação ao Tesouro Selic.

O mesmo raciocínio se aplica quando compara um CDB de banco médio prefixado ou referenciado ao IPCA e o título do Tesouro de mesma remuneração. Para o mesmo prazo, o CDB provavelmente terá maior rentabilidade

Entretanto, meu objetivo é explicar como você pode decidir entre a remuneração prefixada e IPCA. Portanto, usarei os títulos públicos do Tesouro Nacional para a comparação, considerando, assim, o mesmo risco de crédito.

A decisão entre os títulos não deve considerar apenas o retorno que é apresentado hoje, mas o que deve ocorrer com os movimentos do COPOM e da inflação, nos próximos anos. Entenda, que um título prefixado pode parecer mais vantajoso hoje, mas pode perder para a Selic, dependendo das alterações de taxa de juros que o COPOM deve praticar até o vencimento do título.

Vamos nos restringir, no entanto, à decisão apenas às duas remunerações: IPCA e prefixada. O processo de escolha é simples, mas, como mencionei, vai exigir que você faça uma aposta em relação ao que há implícito nas curvas de juros em cada momento até o vencimento do título. O site da Anbima te ajuda neste cálculo.

A Anbima atualiza, diariamente, a tabela abaixo, disponível no link. Nesta tabela encontrará a taxa equivalente para o Tesouro IPCA e Tesouro prefixado para cada prazo.

Estrutura a termo de taxas de juros (ETTJ) calculada pela Anbima. Taxas equivalentes aos títulos públicos referenciados a IPCA e prefixado para os vários anos de vencimento. Fonte: Anbima

Na última coluna desta tabela, há a taxa de inflação implícita no título prefixado que faz ele ser equivalente ao referenciado ao IPCA, de mesmo vencimento. A deliberação entre IPCA ou prefixado reside em como sua perspectiva diverge desta inflação implícita.

Vamos usar os títulos com vencimento em cinco anos (2026) para ilustrar. Se você acredita que a inflação de hoje até cinco anos a frente será superior 6,33% ao ano, você deve preferir o título referenciado à inflação. Mas, se você acha que a inflação, nos próximos cinco anos, será inferior a 6,33% ao ano, deve preferir o título prefixado.

A rentabilidade do título prefixado é a composição da taxa do Tesouro IPCA e da inflação implícita. Por exemplo, com o título do quinto ano: 11,97% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,0633) – 1.

Logo, se acredita que a inflação nos próximos cinco anos será de 4% ao ano, se comprar o título referenciado à inflação, vai ganhar 9,51% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,04) – 1. Portanto, menos que a remuneração do título prefixado para o mesmo período que hoje é de 11,97% ao ano.

De outra forma, caso suspeite que a inflação nos próximo cinco anos, será de apenas 7% ao ano, melhor comprar o título referenciado ao IPCA. Isso ocorre, pois o título referenciado ao IPCA vai render 12,67% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,07) – 1. Logo, mais que o título prefixado.

Como vimos, o processo de escolha é simples, mas para se chegar à decisão correta, você precisa ter uma boa previsão sobre a inflação nos próximos anos. Na dúvida, prefira a segurança dos títulos referenciados ao IPCA, se for investir com prazo superior a três anos de vencimento.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Chegou o momento em que o mercado historicamente sobe mais https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/chegou-o-momento-em-que-o-mercado-historicamente-sobe-mais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/chegou-o-momento-em-que-o-mercado-historicamente-sobe-mais/#respond Sun, 31 Oct 2021 05:30:48 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2800 Em 2021, o investimento em ações no Brasiltem sido desafiador, para não dizer angustiante. Depois de atingir as máximas históricas em junho, o índice caiu quase 21%, atingindo o nível de novembro do ano passado. Esta forte desvalorização abalou a confiança do investidor no mercado de ações brasileiro, mas será que este é o melhor momento para vender?

Os últimos dois meses foram os piores do ano. O Ibovespa caiu sequencialmente mais de 6% em setembro e outubro.

O que passamos nestes últimos dois meses não foi algo comum. Desvalorizações de mais de 6,5% não são frequentes. Desde 2000, ou seja, nos últimos 251 meses, em apenas 31 meses ocorreram perdas superiores a 6,5%.

No entanto, a história mostra que o mercado pode premiar aqueles que suportaram a desvalorização.

A tabela abaixo apresenta o mapa de calor dos retornos mensais do Ibovespa nos últimos 26 anos, desde 1996.

Mapa de calor dos retornos mensais do Ibovespa nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

A média de retorno mensal dos últimos 25 anos anteriores a 2021 está na primeira linha da tabela. Nela, é possível perceber que os dois últimos meses do ano são destacadamente os melhores.

A média de retorno destes dois meses é de aproximadamente 3,5% ao mês. O terceiro melhor mês do ano, janeiro tem uma média de retorno de 2,5%.

Esta sazonalidade positiva não é uma exclusividade no Brasil. Ela ocorre no mundo inteiro, mas no Brasil o retorno médio de novembro e dezembro são superiores.

Veja nas tabelas abaixo o mapa de calor do índice americano e em seguida do índice global, S&P500 e MSCI ACWI, respectivamente.

Mapa de calor dos retornos mensais do S&P500 nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

 

Mapa de calor dos retornos mensais do MSCI ACWI nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Ressalto que as tabelas não representam uma garantia de retorno, mas indicam uma maior probabilidade de resultado positivo para o restante do ano.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Economistas começam a revisar suas projeções para 2022, mas o mercado sai na frente https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/24/economistas-comecam-a-revisar-suas-projecoes-para-2022-mas-o-mercado-sai-na-frente/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/24/economistas-comecam-a-revisar-suas-projecoes-para-2022-mas-o-mercado-sai-na-frente/#respond Sun, 24 Oct 2021 05:30:40 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Mark-Abramson-The-New-York-Times-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2787 As novas sinalizações sobre a política fiscal do governo levaram economistas a iniciar revisões de suas projeções de crescimento econômico, inflação, juros e câmbio para o próximo ano. No entanto, o mercado, nesta semana, já ajustou os preços dos ativos para um cenário bem pior.

Semanalmente, o Banco Central (BC) agrega e divulga a expectativa média dos economistas com relação às principais variáveis econômicas. O relatório divulgado na última segunda-feira já representa um passado distante. Veja abaixo a média dessas expectativas.

Expectativa média dos economistas para 2022 sobre as principais variáveis econômicas. Fonte: Relatório Focus do Banco Central do Brasil.

Em relatório divulgado neste sábado pela corretora XP Investimentos, o economista Caio Megale revisou suas projeções sobre as mesmas variáveis. Veja abaixo que os números se distanciam do que foi a pesquisa do BC.

Revisão das projeções de Caio Megale sobre as principais variáveis econômicas para 2022. Fonte: Relatório da XP Investimentos.

De fato, a revisão de Megale não foi a única. Na sexta-feira, o Credit Suisse também revisou seus números e agora espera que o crescimento econômico no próximo ano seja de apenas 0,6%, que a inflação suba para 5,5% e que a Selic atinja 10,5% ao ano em 2022.

Mais revisões devem ocorrer nas próximas semanas e, provavelmente, o relatório Focus do BC não vai capturar todas as revisões tão logo. No entanto, os investidores já ajustaram nos preços dos ativos o novo cenário pior.

 

Quanto o mercado já precifica para Selic em 2022?

Com a alta na curva de juros que ocorreu esta semana, o mercado já precifica que a Selic alcançaria antes do fim de 2022 o patamar de 12% ao ano.

O quadro abaixo apresenta o que o mercado de juros futuro já tem implícito para aumentos da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). A primeira coluna são as datas das próximas reuniões do COPOM, a segunda coluna são os aumentos previstos e a terceira coluna qual o valor resultante para a taxa DI.

Expectativas de altas da taxa Selic pelo COPOM implícitas na curva de juros futuro. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Portanto, o mercado já precifica que o COPOM deve elevar os juros mais do que os economistas esperam.

 

Qual a expectativa do mercado para o IPCA em 2022?

Considerando, as taxas negociadas para os títulos de renda fixa prefixados e as taxas reais dos títulos referenciados ao IPCA, é possível descobrir a inflação implícita pelo mercado.

Esta inflação implícita já está acima de 6% ao ano para os próximos anos. Logo, acima da projeção revisada pelas corretoras mencionadas.

 

O que o mercado já colocou no preço das ações para 2022?

O cenário de taxas de juros mais altas e de crescimento econômico menor se reflete nas empresas em menor crescimento de lucros.

O gráfico abaixo apresenta a evolução nos últimos 10 anos do índice de ações Ibovespa (linha branca) e da expectativa para o ano seguinte para o lucro médio ponderado das empresas que o formam (linha verde). Perceba que ambos andam em sincronia no longo prazo.

Evolução nos últimos 10 anos do índice de ações Ibovespa (linha branca) e da expectativa para o ano seguinte para o lucro médio ponderado das empresas que o formam (linha verde). Fonte e elaboração: Bloomberg.

O mercado espera que em 2021 o lucro médio ponderado do Ibovespa (EPS – Earnings Per Share, ou lucro por ação) seja equivalente a R$ 14,39 mil. Para 2022, esperava-se que este EPS fosse de R$13,3 mil. Logo, os analistas já tinham em suas projeções uma queda 7,5% para 2022 nos lucros.

No entanto, a queda dos preços das ações desta semana sugere que a expectativa para o lucro médio das empresas apresente queda adicional de 15% para 2022. Ou seja, que a queda dos lucros em 2022 superaria os 20%.

Uma queda de lucros de mais de 20% considera um crescimento econômico para o país pior que o esperado pelas corretoras mencionadas.

 

E o câmbio para 2022?

Já o câmbio tem seguido de perto a trajetória do risco país. O gráfico abaixo apresenta a evolução do risco país medido pelo Credit Default Swap (CDS) (linha laranja) e do câmbio R$/ USD$ (linha branca).

Evolução do risco país medido pelo Credit Default Swap (CDS) (linha laranja) e do câmbio R$/ USD$ (linha branca). Fonte e elaboração: Bloomberg.

Considerando o atual patamar do risco país e como o câmbio era negociado em momentos anteriores que o risco país atingiu este mesmo nível, é possível esperar mais desvalorizações para nossa moeda no futuro.

 

Como agir no portfólio?

Avaliando as expectativas dos economistas e do mercado, é possível tirar algumas conclusões.

Cuidado ao decidir sobre sua carteira considerando apenas as mudanças que estão sendo realizadas pelos economistas e analistas. Muitas destas mudanças já estão refletidas nos preços de mercado.

Assim, para tomar suas decisões, reflita sobre o que pode ocorrer aos preços em relação ao que o mercado já considera, como mencionado acima.

Também é muito importante atentar para seu perfil de investidor e considerar horizontes de investimentos mais longos quando se deseja se expor a risco em momentos de mercado mais volátil como o atual.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0