De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O extraordinário Verde ficou vermelho; entenda a razão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/o-extraordinario-verde-ficou-vermelho-entenda-a-razao/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/o-extraordinario-verde-ficou-vermelho-entenda-a-razao/#respond Tue, 09 Nov 2021 05:30:27 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Luis-Stuhlberger-gestor-da-Verde-Asset-Anna-Carolina-Negri-Valor-Agência-O-Globo-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2816 Eles possuem um histórico de retorno de dar inveja a Warren Buffett, têm uma das melhores equipes do mercado brasileiro, possuem um gestor cujos ensinamentos são ouvidos internacionalmente, mas tudo isso não tem sido suficiente para salvar o desempenho em 2021. O relatório do fundo Verde, do aclamado gestor Luis Stuhlberger, foi divulgado esta semana e explica por que o fundo pode ter seu segundo ano negativo em um quarto de século.

O ano ainda não acabou, mas o fundo já perde quase 3%. Lembro que a perda deste ano apenas tira parte do brilho do fundo que transformou em R$ 181,5 mil, R$ 1 mil aplicados em 1997.

O desempenho do fundo Verde é um reflexo da dificuldade que a indústria de fundos multimercados tem enfrentado em 2021. Assim como Stuhlberger, o mercado tem sido surpreendido com as rápidas mudanças de cenário ocorridas no ano.

No relatório ele lamenta que acreditava que já “havia bastante notícia ruim no preço” dos ativos, “e que os agentes políticos tinham incentivos razoáveis para não romper o teto dos gastos.” Entretanto, como ele explica “essa visão se provou errada”.

As perdas do Verde no mês foram concentradas no mercado de ações, mas no ano os prejuízos se espalham por todos os mercados: renda fixa, câmbio e ações. O que mostra que nenhuma classe de ativo no Brasil passa ilesa neste ano.

Em um ano em que mesmo profissionais experientes estão tendo dificuldade é ainda mais importante atentar para que seu portfólio esteja adequadamente ajustado ao seu perfil de investidor.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Entenda por que BDRs podem não ser bons investimentos para viver de renda https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/entenda-por-que-bdrs-podem-nao-ser-bons-investimentos-para-viver-de-renda/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/entenda-por-que-bdrs-podem-nao-ser-bons-investimentos-para-viver-de-renda/#respond Sun, 10 Oct 2021 05:30:44 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Impostos-reduzem-ganhos-de-dividendos-de-BDRs-Max-Francioli-Arte-Agora-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2772 A valorização das ações americanas, aliada à queda das ações brasileiras, tem provocado uma migração do interesse de investidores pelos chamados BDRs. De forma errada, muitos acreditam que eles são iguais a ações e, assim, correm o risco de até cair na malha fina da Receita Federal.

BDR é a sigla para Brazilian Depositary Receipt. Ele representa um recibo de uma ação estrangeira negociada no Brasil. De forma análoga, ações brasileiras negociadas nas bolsas americanas têm o nome de ADR, que representa American Depositary Receipt.

Sua negociação na bolsa brasileira B3 é similar ao de uma ação. No entanto, a forma como o brasileiro é tributado em BDRs não é igual à tributação de ações brasileiras.

Você provavelmente acompanhou o recente debate da reforma tributária. Possivelmente, você se incomodou com a possibilidade dos dividendos de ações brasileiras serem tributados em 15%.

No caso dos BDRs, a mordida do leão é mais forte.

Eles são tributados na fonte em 30% no caso de a empresa ser sediada nos EUA. Adicionalmente, há a cobrança de uma taxa pelo agente de custódia, que varia de 3% a 5%.

Isto significa que você só recebe entre 65% e 67% do dividendo divulgado.

Mas não para por aí.

Trecho do Perguntas e Respostas IRPF 2021 da Receita Federal.

Para complicar, pode haver um acréscimo de IR e a forma de pagamento é estranha ao investidor brasileiro.

A forma de tributação do dividendo de BDRs é similar a como se paga ganho de capital de ações brasileiras, ou seja, mensalmente, mas com alíquota eventualmente maior. Segundo a legislação brasileira, o dividendo de BDR deve ser tributado seguindo a tabela progressiva de IR.

Portanto, caso o Brasil não tenha acordo de tributação com o país de origem da empresa, você pode ter esta carga tributária adicional e ter de recolher o imposto no mês subsequente do recebimento do dividendo.

Não se iluda pensando que se enviar os recursos para o exterior vai se livrar de toda esta carga tributária. Você está igualmente sujeito.

Para não correr riscos tributários com investimentos internacionais, uma alternativa são os fundos de investimentos em BDRs ou mesmo em ações internacionais.

Assim, cuidado ao ouvir sobre taxas de dividendos de BDRs. Você deve descontar pelo menos 33% do número divulgado e atentar para sua declaração no Brasil.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Descubra como gestores profissionais investem hoje https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/18/descubra-como-gestores-profissionais-investem-hoje/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/18/descubra-como-gestores-profissionais-investem-hoje/#respond Sun, 18 Jul 2021 05:30:02 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Warren-Buffett-ensina-em-sua-reunião-anual-Rick-Wilking-Reuters.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2686 A maioria dos investidores individuais que aplicam diretamente em ações cometem a mesma falha na execução. Este alerta parte de Andrew Berkin e Larry Swedroe em seu livro “Your Complete Guide to Factor-Based Investing – The way smart money invest today”.

O mais interessante do livro de Berkin e Swedroe é que reúne a pesquisa de mais de uma centena de artigos acadêmicos sobre os segredos de renomados investidores.

Quando se pensa em investimentos bem-sucedidos em ações, o primeiro nome que vem à cabeça de todos é o de Warren Buffett. Como já abordei em artigo passado, os investidores, erroneamente, costumam atribuir o segredo do retorno de Buffett a sua habilidade em selecionar ativos.

Partindo da premissa errada, estes mesmos investidores tentam replicar o que não é o segredo de Buffett. Obviamente, é perfeitamente explicado por que poucos conseguem chegar ao sucesso dele.

Já escrevi nesta coluna sobre o segredo de Buffett e este mesmo também é explicado por Berkin e Swedroe. O segredo de Buffett está em seguir uma estratégia baseada em alguns fatores.

Mas o que seria um fator?

Como descrevem os autores, “um fator é uma forma quantitativa de expressar um aspecto qualitativo” inerente a um conjunto de ativos.

Eles abordam os principais fatores de investimento, alguns dos quais comentei nesta coluna no ano passado, mas eles trazem no livro várias evidências robustas sobre o sucesso de cada estratégia.

Os autores apresentam, dentre os principais fatores, aqueles que tiveram mais sucesso nos últimos anos e o que deveria ser levado em consideração para construção de uma carteira de ações para seguir cada um.

Dando um spoiler, a estratégia mais bem sucedida nos últimos três e dez anos foi a que seguiu o fator momento. Este também foi o que apresentou o maior retorno por unidade de risco dentre todos os fatores.

Para aqueles que pretendem se aventurar na gestão de carteira de ações, este livro é um bom ponto de partida para entender como gestores profissionais estão conduzindo seus investimentos.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Para o investimento internacional em ações é melhor ter exposição cambial ou fugir dela? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/04/para-o-investimento-internacional-em-acoes-e-melhor-ter-exposicao-cambial-ou-fugir-dela/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/04/para-o-investimento-internacional-em-acoes-e-melhor-ter-exposicao-cambial-ou-fugir-dela/#respond Sun, 04 Jul 2021 05:30:49 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Vitrine-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2663 No passado, apenas aqueles que possuíam muitos recursos tinham o privilégio de investir em ativos no exterior. Atualmente, qualquer investidor possui acesso a dezenas de alternativas internacionais com investimento inicial a partir de R$100. Em adição a já difícil seleção dentre as alternativas, surge outra dúvida: vale a pena ter exposição ao dólar nestas aplicações ou é melhor evitar a volatilidade do câmbio?

É inevitável nosso desejo de estarmos sempre certos. Quando o câmbio está caindo, queremos evitar esta variação, mas quando ele está subindo, nos arrependemos de não ter feito toda posição com o efeito cambial.

Nos últimos três meses, vimos o câmbio cair mais de 15%. Com um movimento tão forte e rápido, logo acreditamos que a tendência é de queda.

Com nossa curta memória, esquecemos que movimentos de alta e queda desta mesma magnitude ocorreram por mais de uma vez em pouco mais de um ano. Observe estas oscilações no gráfico abaixo.

Evolução da taxa de câmbio Reais/ Dólar desde março de 2020. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Então, como acertar a tendência?

Apesar da célebre frase do ex-ministro Delfim Netto – “O câmbio foi feito para humilhar os economistas” –, existe uma forma de você estar sempre certo e vou explicar abaixo.

Vamos nos deter a análise de alternativas de renda variável, mas vou explicar o motivo desta restrição à frente.

O câmbio influencia o investimento em dois aspectos: no risco e no retorno. Vamos iniciar a discussão pelo efeito do risco.

Investimentos com exposição cambial em dólar elevam o risco da aplicação?

Considerando os retornos do câmbio desde 1999, quando nosso câmbio se tornou flutuante, a volatilidade anual da taxa Reais por Dólar é de quase 23% ao ano.

Seria de se imaginar que um investimento feito com exposição cambial elevasse o risco de qualquer investimento internacional. No entanto, isso não é verdade.

Por exemplo, considerando os retornos desde 1999, um investimento no índice de mercados emergentes MSCI (MSCI-EM) teria volatilidade menor quando realizado com exposição ao dólar.

A diferença é pequena, mas a vantagem se torna maior quando aliada ao retorno agregado do índice e do câmbio. A volatilidade anual do investimento com e sem o efeito do dólar é de 21,2% e 21,5%, respectivamente.

Perceba que mesmo o câmbio sendo mais volátil que o próprio índice, quando os dois estão agregados, o risco conjunto é menor que o risco individual dos dois elementos, ou seja, do câmbio e do MSCI-EM.

Entretanto, este efeito não ocorre com todos os ativos de ações internacionais.

Quando investimos no índice americano de ações (S&P500), o risco não se torna menor. No entanto, quando se considera o segundo efeito do câmbio, a vantagem é evidente.

No longo prazo vale a pena ter exposição ao dólar quando se investe em ações internacionais?

Como disse Delfim Netto, o câmbio é uma variável muito difícil de se prever. Mas esta dificuldade reside em intervalos de curto prazo.

O gráfico abaixo apresenta a evolução do câmbio (linha branca) e do risco país (linha laranja) no último ano. Existe uma razoável correlação entre os dois. Quando risco país sobe, o Real se desvaloriza e vice-versa.

Evolução da taxa de câmbio Reais/ Dólar e do risco país nos últimos 12 meses. Fonte e elaboração: Bloomberg.

No curto prazo, não é simples afirmar se o risco país vai continuar caindo. No entanto, com o cenário eleitoral se aproximando, é muito provável esperar uma elevação do risco país.

Mas não me proponho a acertar no curto prazo. E sugiro sempre que os investidores reflitam com horizonte de longo prazo. Assim, o que esperar no longo prazo?

Considerando que a inflação brasileira é mais elevada que a americana, é quase certo se esperar que o Real se desvalorize no longo prazo.

O gráfico abaixo mostra desde 1999 a evolução em base 100 do câmbio Real/ Dólar (linha branca) e do IPCA (linha laranja). Apesar da volatilidade do câmbio, constata-se que os dois resultaram no mesmo valor nestas pouco mais de duas décadas.

Evolução da taxa de câmbio Reais/ Dólar e do IPCA desde 1999. Fonte e elaboração: Bloomberg.

O investimento no MSCI-EM e no S&P500 quando feitos com efeito do câmbio neste período resultou em retornos muito superior do que sem a variação cambial. A diferença de retorno pode ser observada nos dois gráficos a seguir.

Evolução de um investimento de R$100 no índice MSCI de mercados emergentes (MSCI EM) com e sem efeito do dólar desde 1999. Fonte e elaboração: Bloomberg.

 

Evolução de um investimento de R$100 no índice de bolsa americana (S&P500) com e sem efeito do dólar desde 1999. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Portanto, no longo prazo, investir em renda variável internacional com o efeito do câmbio melhora consideravelmente a relação retorno por risco do investimento.

Assim, se quiser acertar a direção do câmbio, pare de olhar para o curto prazo. O investimento internacional em ações com efeito cambial deve produzir melhores resultados no longo prazo.

 

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Entenda os impactos do projeto de reforma tributária para os investimentos de pessoas físicas https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/27/quais-os-impactos-do-projeto-de-reforma-tributaria-para-os-investimentos-de-pessoas-fisicas/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/27/quais-os-impactos-do-projeto-de-reforma-tributaria-para-os-investimentos-de-pessoas-fisicas/#respond Sun, 27 Jun 2021 05:30:40 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2645 A proposta de reforma tributária trouxe volatilidade aos mercados financeiros nesta sexta-feira. É importante ressaltar que esta é uma proposta do governo federal, que será amplamente discutida no congresso e ainda contará com sugestões de associações e entidades de classe.

Deve-se considerar o curto período para discussão e aprovação. Assumindo que julho e dezembro são meses de férias, o congresso terá apenas 4 meses para realizar todo o trâmite de forma que ela seja válida no próximo ano. Embora alguns pontos dela possuam forte apelo popular, parece um prazo curto para tamanha consequência.

Portanto, há uma probabilidade não desprezível que esta reforma seja aprovada apenas parcialmente, seja aprovada com mudanças, ou até mesmo seja postergada como outras no passado.

Discuto abaixo os efeitos que ela pode trazer aos ativos, caso ela seja aprovada tal qual foi proposta.

 

Qual o impacto para a Renda Fixa e fundos multimercados?

O projeto trouxe duas vantagens tributárias para a renda fixa e fundos multimercados.

O primeiro vem da simplificação com apenas uma alíquota independente do período de investimento. Anteriormente, quem ficasse mais tempo, pagava uma alíquota menor que chegava a 15% ao ano sobre os rendimentos.

Se a reforma passar, agora a alíquota será única de 15% ao ano tanto para títulos quanto para fundos de renda fixa, multimercados e cambiais.

A outra vantagem é a redução de duas para uma cobrança de “come cotas” por ano.

Foram prejudicados aqueles que possuíam fundos exclusivos. Estes que antes pagavam IR apenas no resgate e não possuíam “come cotas” perderão esta vantagem.

Neste caso, o melhor e único veículo, sem “come cotas”, para investimento de longo prazo e com menor alíquota de IR passará a ser a previdência privada.

 

Qual o impacto para ações?

Na parcela de ações, relativamente, os fundos de investimentos em ações saem beneficiados.

O investidor pessoa física passará a pagar 20% de IR sobre os dividendos e passa a apurar os ganhos e perdas apenas trimestralmente.

Apenas as pessoas físicas são tributadas nos dividendos. Os fundos de investimentos em ações continuam não sendo tributados sobre os dividendos recebidos. Assim, estes últimos têm duas vantagens.

A primeira delas é a possibilidade de reinvestir a totalidade dos dividendos e não somente o líquido como as pessoas físicas.

A segunda vantagem é que quando a pessoa física fizer qualquer resgate no fundo, ela só pagará 15% de IR. Ou seja, se uma ação paga dividendo e você resgata este mesmo valor do fundo, você pagaria apenas 15% de IR. Portanto, um IR menor que se ela investisse direto na ação. Enquanto, se o mesmo dividendo fosse recebido diretamente por você estaria sujeito a 20% de IR. Mas ainda não existe consenso se os dividendos recebidos pelos fundos serão ou não tributados.

O mercado de ações pode sofrer com a elevação da alíquota sobre os dividendos, mas ela só tem efeito para as pessoas físicas. Portanto, o impacto é mais reduzido. Adicionalmente, o IR no lucro para as empresas será reduzido, compensando parte da tributação dos dividendos. Também as empresas podem fazer suas distribuições por meio de recompras de ações, assim, reduzindo impacto de tributos.

Considerando estas compensações, que apenas as pessoas físicas serão tributadas e que estas representam apenas um terço do mercado, o impacto, com a reforma aprovada, não chegaria a 5% nos preços dos ativos. Os ativos já ajustaram parte desta queda na própria sexta-feira.

 

Qual o impacto para os fundos imobiliários?

A classe de fundos de investimentos imobiliários (FIIs) foi a mais duramente atingida, por isso, vou escrever mais sobre ela. A isenção sobre os dividendos para pessoas físicas deve acabar se a reforma passar.

Os dividendos dos FIIs para pessoas físicas devem ser tributados à alíquota de 15% a partir do próximo ano, caso a reforma passe como foi apresentada.

A perda deste benefício justifica uma queda nos preços. Entretanto, os FIIs já negociavam com um prêmio por este risco.

O gráfico abaixo mostra o desempenho dos FIIs e dos títulos públicos referenciados ao IPCA de longo prazo nos últimos seis anos. Perceba que desde o ano passado, os FIIs ficaram para trás. Sem dúvida, parte já é uma correção pelo risco de tributação que vem sendo mencionado.

Evolução do índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX) e do índice de títulos públicos referenciados a o IPCA de longo prazo (IMA-B5+) nos últimos seis anos. Fonte e elaboração: Bloomberg

 

Enquanto alternativas de risco similar, como as bolsas brasileira e internacionais e os fundos imobiliários nos EUA sobem este ano, os FIIs acumulam perda média de 5% em 2021 e ficaram para trás no ano passado.

O gráfico abaixo apresenta a evolução do Ibovespa e dos FIIs nos últimos seis anos. Observe que desde 2015 até o final de 2020, foi possível ganhar nos fundos imobiliário o mesmo que o Ibovespa e com menos risco. A diferença entre os dois ocorreu nos últimos meses.

Evolução do índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX) e do Ibovespa nos últimos seis anos. Fonte e elaboração: Bloomberg

 

Portanto, não se deve esperar queda acentuada, pois parte do risco já está precificado e o ativo já negocia com prêmio em relação aos comparáveis.

Apesar desta isenção ser um dos maiores benefícios dos FIIs, seu fim não descaracteriza o produto como veículo para diversificação dos investimentos por três razões.

Primeiro, é reconhecido o poder de proteção para inflação da classe de investimento imobiliária.

A segunda razão é o fato de a isenção dos dividendos não ser a única vantagem do veículo fundo imobiliário em relação a investir nos imóveis diretamente. Além de maior liquidez, menor risco e custo, adicionalmente, a taxa de retorno por aluguel dos FIIs é maior que a de imóveis comerciais e residenciais. O portal FipZap aponta uma taxa média de retorno por aluguel dos imóveis comerciais e residenciais em 5,47% e 4,66% ao ano, respectivamente, enquanto nos FIIs está em quase 8% ao ano.

Por último, o prêmio dos FIIs em relação à renda fixa e em relação às ações pagadoras de dividendos ainda justifica o investimento nesta classe. Lembro que títulos públicos possuem IR sobre rendimento em 15% ao ano e as ações pagadoras de dividendos serão tarifadas de forma similar aos FIIs.

O gráfico abaixo mostra que a taxa de dividendos média dos FIIs está hoje em 8% ao ano, enquanto títulos públicos de prazo médio de 10 anos e referenciados ao IPCA têm retorno de apenas 4% ao ano.

Evolução nos últimos seis anos da taxa de dividendo média do índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX) e da taxa de juros de um título público referenciado ao IPCA de 10 anos. Fonte e elaboração: Bloomberg

 

Em relação ao dividendo médio do índice de ações pagadoras de dividendos da B3 (IDIV), os FIIs além de pagarem uma taxa de dividendos superior, também possuem menor risco, medido pela volatilidade.

Evolução nos últimos seis anos da taxa de dividendo média do índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX) e da taxa de dividendos média do índice das empresas pagadoras de dividendos da B3 (IDIV). Fonte e elaboração: Bloomberg

 

Portanto, é esperada uma volatilidade no curto prazo pelo ajuste de carteiras dos investidores, mas o produto FII ainda guarda vantagens de diversificação no portfólio.

Considerando todas as mudanças, acredito que boa parte dos impactos já estão ajustados nos preços dos ativos, embora eles ainda possam sofrer volatilidade nos próximos meses à medida que novas informações surjam. Ou seja, podemos ver altas e baixas nos preços dos ativos, seguindo as alterações que serão discutidas pelo congresso.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Está na hora de investir? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/03/07/esta-na-hora-de-investir/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/03/07/esta-na-hora-de-investir/#respond Sun, 07 Mar 2021 05:30:22 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2498 Basta a volatilidade do mercado financeiro se elevar e investidores já se perguntam: está na hora de investir? Se você também está se fazendo esta pergunta, você está cometendo uma grande falha. Respondo à dúvida e comento sobre a falha que você pode estar cometendo.

Desde a Quarta-Feira de Cinzas deste ano até o início de março a volatilidade do mercado apresentou alta considerável (ver gráfico abaixo). O movimento foi bem mais ameno do que o ocorrido no ano passado, mas como diz o ditado “gato escaldado tem medo de água fria”.

Evolução da volatilidade implícita do Ibovespa nos últimos seis meses. Fonte: Bloomberg.

 

Neste período vários fatores atuando de forma conjunta promoveram desvalorização de praticamente todos os ativos tradicionais de risco, conforme se observa no quadro abaixo.

Retorno das principais classes de ativos no período de 17/02 (Quarta Feira de Cinzas) a 01/03. Fonte: Economatica.

Após a elevação de expectativa com uma possível recuperação econômica ocorrida no segundo semestre do ano passado, a desvalorização dos ativos surpreendeu investidores. Alguns destes estavam começando a ganhar confiança para fazer algum movimento para ativos de risco no fim do ano passado.

Antes de explicar sobre se o momento é propício para investimento, responda este teste para entender como você decide sobre seus investimentos.

 

Teste: Você tem duas alternativas de investimento. Abaixo são apresentados os ganhos que pode ter se investir R$50 mil. Escolha entre as duas alternativas de investimento A e B.

A) Você pode perder R$ 3.000 com probabilidade de 20%, ou pode ganhar R$7.000 com probabilidade de 80%;

B) Você deve ganhar R$3.000 com certeza.

 

Este problema mostra como nós tendemos a escolher eventos que possuam certeza de ocorrência em relação a eventos apenas prováveis, mesmo que esses últimos produzam um maior resultado esperado. O prêmio Nobel em economia de 2002 Daniel Kahneman chama este viés de efeito certeza.

Kahneman encontra em seu trabalho que no primeiro problema, 80% dos respondentes preferiram a alternativa de investimento B. Entretanto, o ganho esperado da alternativa A encontrado pela multiplicação do valor pela probabilidade resulta em $5.000, ou seja, um valor 67% maior que o ganho da alternativa B.

Você pode estar cometendo o mesmo erro nos seus investimentos quando fica acompanhando a volatilidade do mercado.

A incerteza acaba levando vários investidores a ficarem paralisados em produtos referenciados ao CDI ou à poupança.

Assim, para não terem de lidar com a volatilidade dos investimentos de risco, têm de se contentar em perder da inflação.

Neste momento de taxas de juros mais baixas, ou você aceita o risco de perder para poder ganhar ou perde com certeza.

O que paralisa os investidores na decisão de investimento é a falta de um plano de investimento.

 

Plano de investimento

Se você tem um plano de investimento, você tem uma visão clara das possibilidades de retorno dos investimentos.

Neste plano estará seu objetivo de retorno e restrições de risco. Estes dados serão utilizados para construir uma carteira diversificada que está alinhada com seu perfil de investidor.

Um dos principais riscos que devemos considerar quando realizamos investimentos é o de perda de principal. E é por receio deste risco que muitos investidores ficam paralisados em alternativas de baixo retorno.

No entanto, a grande maioria dos investidores confunde volatilidade com perda de principal. Qualquer investimento de risco, vai apresentar volatilidade.

Outro erro que muitos cometem e que eleva o risco de perda de principal ocorre quando tentam, sem experiência, realizar investimentos em alternativas de maior risco.

Por exemplo, muitos se aventuram a negociar com ações sem realizar qualquer análise aprofundada das empresas ou sem realizar um adequado balanceamento.

Se gerir um portfólio de ações já é algo desafiador para profissionais de mercado experientes, imagine para uma pessoa física que faz isso nas horas vagas.

Quando se tem um plano de investimento e se constrói uma carteira diversificada, a probabilidade de se ter resultados negativos no longo prazo é significativamente reduzida como já escrevi aqui nesta coluna.

Muitos investidores se sentem confortáveis em movimentar seu portfólio de investimentos de baixo risco no pior momento. Isto costuma ocorrer quando os ativos sobem bastante.

Os momentos de elevação de volatilidade, como o atual, são os melhores momentos para realizar o balanceamento do portfólio. Entretanto, é muito importante que antes de realizar este investimento, se construa um plano.

 

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Esta estratégia vai revolucionar o mercado de ações brasileiro https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/02/14/esta-estrategia-vai-revolucionar-o-mercado-de-acoes-brasileiro/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/02/14/esta-estrategia-vai-revolucionar-o-mercado-de-acoes-brasileiro/#respond Sun, 14 Feb 2021 05:30:01 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/Bolsa-Brendan-McDemid-Reuters-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2484 Quem não gostaria de investir em uma estratégia que se adapta aos cenários, que evita possíveis vieses comportamentais por parte dos gestores, com alto potencial de retorno e elevado controle de risco para minimizar perdas? Isto já é uma realidade. Esta estratégia é chamada de investimento sistemático baseado em fatores, internacionalmente conhecida como factor investing.

No mundo, esta forma de investimento tem crescido exponencialmente. Segundo a BlackRock, o volume de aplicações, seguindo esta estratégia, alcançou USD$ 2 trilhões em 2020 e a perspectiva é que atinja USD$ 3,4 trilhões até 2022.

No Brasil, esse tipo de investimento está apenas começando e uma nova gestora, a DAO Capital, se propõe a ser pioneira e inovadora nesse mercado, investindo em fatores de forma inteiramente sistemática.

Tive acesso às simulações da estratégia de investimentos do fundo que a DAO deve lançar em breve e os números são impressionantes.

O fundo teria apresentado, desde janeiro de 2008, um retorno médio anual de 18,5%. Ou seja, R$ 110 mil investidos nestes 13 anos teriam se transformado em R$ 1 milhão. Este retorno teria colocado o fundo como um dos mais rentáveis do país.

Lembro que o retorno médio anual do Ibovespa, no mesmo período, foi inferior a 5%, ou seja, o mesmo investimento de R$ 110 mil, no Ibovespa, resultaria hoje em apenas R$ 207 mil.

Adicionalmente, destaca-se o controle de risco. Enquanto, desde 2008, o Ibovespa apresentou em cinco anos retorno negativo, o fundo sempre teria apresentado retorno positivo, inclusive nas crises de 2008 e de 2020.

São poucos gestores brasileiros que teriam apresentado um resultado tão consistente ao longo dos anos, atravessando crises internas e externas.

Esta façanha é atribuída à forma como a estratégia é implementada. E para entender mais desta metodologia, entrevistei a equipe de gestão da DAO, formada por Fabio Motta, Caio Castro, Marco Lyrio e Lucas Pires.

Entrevista com equipe de investimentos da DAO.

 

MV: O que significa investir inteiramente de forma sistemática?

Significa ter aderência total ao modelo proposto. Nós dedicamos muito tempo e energia para identificar fatores, testá-los e definir como o fundo deve se expor a eles. Também desenvolvemos um método próprio de otimização para garantir que o fundo efetivamente tenha o menor risco possível para certo nível de retorno esperado. Se depois de tudo isso o gestor bate o olho no resultado e decide que não quer seguir o portfólio proposto, foi tudo por água abaixo. O método não serviu pra nada. Não existe 95% sistemático, ou você segue fielmente o modelo ou é um gestor discricionário.

 

MV: O que são fatores de investimento e por que seria melhor investir em fatores e não em empresas?

DAO: Fatores são a base de qualquer investimento, você estando ciente deles ou não. São como as características das empresas investidas, por exemplo, seu tamanho, rentabilidade, se estão caras ou baratas, etc. Ao identificar quanto o mercado paga por cada uma dessas características, é possível escolher as empresas que têm o melhor potencial de retorno.

Quando a análise é focada em fatores e não em empresas, você mitiga os riscos específicos e reduz o fator “sorte” na composição do portfólio. Além disso, todas as empresas precisam necessariamente passar pelo mesmo filtro objetivo de análise, evitando preferências e vieses pessoais na seleção de investimentos.

 

MV: O primeiro fundo de vocês deve ser lançado em breve. Como esse fundo teria se saído durante a crise do ano passado?

DAO: Nossos backtests indicam que o fundo teria sofrido muito menos do que a bolsa em momentos de crise aguda, como foi o caso de março passado. Isso se explica pelo fato de o fundo ser estruturalmente comprado em ações de qualidade (empresas mais rentáveis, menos endividadas, mais estáveis), mais baratas, com tendência positiva de preço e menos volatilidade. Além disso, nós temos uma abordagem de controle de risco e otimização de carteira que não são usuais na gestão de renda variável convencional. Com isso, é possível evitar quedas significativas da cota do fundo e preservar capital. O efeito do retorno composto é muito poderoso no longo prazo.

 

MV: Quando vocês se deram conta de que havia espaço no mercado brasileiro para esse tipo de investimento?

DAO: O mercado brasileiro tende a adotar as tendências de mercados mais desenvolvidos, com alguns anos de atraso. Fundos sistemáticos e baseados em fatores de risco já são muito difundidos nos EUA e Europa, e efetivamente esse é o segmento do mercado que mais cresce. Aqui no Brasil esse movimento mal começou. Já existem fundos que usam factor investing como parte do seu processo de seleção de ativos, mas o patrimônio agregado desses fundos ainda é muito pequeno se comparado ao total da indústria. Mas o interesse de investidores institucionais e family offices aumentou consideravelmente no último ano, o que sugere que a gente deve estar no começo de um movimento forte de adoção.

 

MV: As vantagens do investimento em fatores são conhecidas, mas quais são as suas principais desvantagens e desafios?

DAO: O maior desafio é ter disciplina e efetivamente seguir um modelo. Gestores ativos têm uma tendência natural de querer ter a última palavra, mesmo se apoiando em inputs de equipes de análise e ferramentas que auxiliem a decisão. Mas o gestor também é um ser humano e está sujeito a erros de julgamento, excesso de confiança, medo, apego a posições. Ao botar a experiência do gestor num algoritmo, acreditamos ser possível tratar esses vieses e entregar resultados superiores com bem menos risco.

Alguns diriam que a perda de liberdade do gestor seria uma desvantagem, mas a gente vê como virtude. Para a coisa funcionar, as mudanças no portfólio precisam de fato seguir o modelo. Outra questão importante é que factor investing sistemático é uma abordagem muito intensiva em dados, que têm custo relativamente alto e demandam tratamento. Mas nós acreditamos que isso tudo é muito mais do que compensado pelo ganho de escala, consistência e melhor gestão de risco.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Seis lições do caso GameStop para você não cair em cilada https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/02/07/seis-licoes-do-caso-gamestop-para-voce-nao-cair-em-cilada/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/02/07/seis-licoes-do-caso-gamestop-para-voce-nao-cair-em-cilada/#respond Sun, 07 Feb 2021 05:30:19 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Michael-Nagle-Xinhua-operador-de-bolsa-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2477 Nas últimas semanas, um dos assuntos mais comentados no mercado financeiro foi o caso GameStop. O caso ganhou as ruas e foi comparado ao movimento como o ocorrido em 2011, o qual ficou conhecido como Occupy Wall Street (OWS). No entanto, ao contrário do OWS, o caso GameStop deixa lições aos investidores.

A situação conhecida como short squeeze ocorrida no caso GameStop não é novidade. Conforme descreve o especialista em avaliação de empresas, casos similares ocorrem desde 1862. No entanto, antes, os responsáveis foram grandes investidores.

A diferença deste é que foi promovido por um movimento conjunto de investidores menores, organizados em mídias sociais.

Já é conhecido o impacto que movimentos coordenados em mídias sociais podem promover. Aqui no Brasil vimos a greve dos caminhoneiros que parou o país. Internacionalmente, o movimento conhecido como Primavera Árabe derrubou governos e pode ser atribuído à popularização destas mídias.

No mercado financeiro, a consequência mais relevante foi esta, ocorrida nas últimas semanas. No entanto, se engana quem pensa que os pequenos investidores ganharam e os grandes perderam. De fato, alguns poucos investidores individuais tiveram altos ganhos, mas os maiores beneficiados também foram grandes investidores.

Lista dos principais acionistas da GameStop meses antes da alta. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Veja acima a lista de investidores institucionais que possuíam as ações antes do ocorrido. Possivelmente, estes se aproveitaram da situação para vender suas posições com elevados lucros.

Diversos investidores individuais, seguindo histórias de ganhos rápidos, acabaram com grandes prejuízos. As ações da GameStop despencaram mais de 88% na última semana (ver gráfico abaixo).

Evolução das ações da GameStop nos últimos dois meses. Fonte e elaboração: Bloomberg

Se avaliarmos estes eventos de forma mais abrangente, podemos tirar importantes lições.

Então, o que podemos aprender com esta polêmica?

Abaixo apresento seis reflexões que se pode levantar neste caso.

 

Construa e siga seu plano de investimento

Neste caso da GameStop, investidores foram atraídos pela expectativa de ganhos elevados e rápidos. Profissionais de mercado sabem que esse é o caminho certo para perder muito e rápido.

Usualmente, aqueles que caem em armadilhas como esta são os que não possuem um plano e nem perspectiva.

Quem tem um plano sabe exatamente para onde está indo e o caminho que deve o levar até seu objetivo. Para alcançar mais rápido seu objetivo, ter um bom plano de investimento é fundamental!

Já viu algum investidor de sucesso alcançar suas metas e construir um patrimônio sem traçar e seguir uma estratégia? Eu também não!

 

Tenha Disciplina

A disciplina vai além de seguir o seu plano de investimento. O hábito da disciplina te protege também das decisões por impulso.

Como lembra Stephen Covey em seu livro Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, a palavra disciplina vem de discípulo. Ou seja, se você tem disciplina, então é discípulo de um objetivo grandioso, de uma meta ambiciosa. Portanto, como bom discípulo, vai destinar seus melhores esforços para perseguir esta meta e não se  desvirtuar com falsas promessas.

 

Diversifique

Diversificar os investimentos é uma estratégia que visa a proteger suas aplicações e melhorar a relação entre retorno e risco de sua carteira.

Muitos investidores se enganam, acreditando que basta adicionar mais ativos na carteira para ter um portfólio diversificado. Isso não é verdade. Você diversifica quando você adiciona ativos descorrelacionados. Ou seja, ativos que podem ter resultados positivos quando todo o resto vai mal.

 

Seja Paciente

Desconfie de quem te apresenta elevados ganhos em curto prazo.

Ou você vai ter que contar com a sorte ou vai entrar em uma cilada. A sorte é sempre uma aliada que ajudou diversos empresários de sucesso, mas nenhum deles contou com ela. Ela simplesmente ocorreu quando eles estavam fazendo a coisa certa todos os dias.

A construção de um patrimônio leva tempo e, é normal que leve mesmo. Mas, se você tiver paciência e se mantiver fiel aos seus objetivos, você chegará lá!

 

Esteja junto de bons profissionais

Nenhum empresário de sucesso ou atleta de ponta conseguiu chegar ao topo sozinho. Todos eles contaram com equipes profissionais para os ajudar.

Atletas contam com seus técnicos para os orientar sobre como chegar mais rápido aos seus objetivos.

Grandes empresários contratam consultorias e possuem equipes que os aconselha sobre as melhores escolhas e os riscos existentes no caminho.

Você pode chegar mais rápido se tiver a ajuda certa.

 

Invista em sua educação financeira

Investir no mercado financeiro é desafiante, devido aos inúmeros detalhes, eu concordo. No entanto, posso te garantir que quanto mais conhecimento e entendimento você tiver sobre investimentos, mais chances de sucesso terá e menos suscetível às ciladas vai estar.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra se você está errando como a maioria dos brasileiros https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/07/05/descubra-se-voce-esta-errando-como-a-maioria-dos-brasileiros/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/07/05/descubra-se-voce-esta-errando-como-a-maioria-dos-brasileiros/#respond Sun, 05 Jul 2020 05:30:24 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2209 Estudos empíricos atestam que a decisão de alocação estratégica entre as classes de ativos é crucial no retorno de longo prazo. Quando se fala em longo prazo, deve-se imaginar um horizonte de investimento de 10 anos ou mais. É justamente nesta parcela de longo prazo que a média dos brasileiros está errando.

Antes de avaliar como os brasileiros investem, vamos entender quem provavelmente tem acesso à melhor orientação sobre investimentos.

As instituições financeiras segregam investidores, quando pessoas físicas, em três segmentos básicos: varejo, varejo de alta renda e private. A segmentação está relacionada ao volume de investimentos.

Usualmente, o private é formado por aplicadores com mais de R$ 5 milhões, equivalente a US$1 milhão em aplicações financeiras líquidas. O varejo de alta renda costuma ser constituído por aqueles com mais de R$ 100 mil reais. Por fim, aqueles com investimentos menores que R$100 mil constituem o varejo.

Dos três segmentos, qual você acredita que, na média, tem mais acesso à informação e orientação financeira?

Concordamos que por serem uma parcela menor e que concentram mais recursos, investidores do segmento private, costumam ter acesso à  melhor orientação financeira. Que tal entender como eles estão alocando seus portfólios?

As três figuras a seguir são distribuições de alocação de recursos em fundos de investimento para cada um dos três segmentos, com dados da Anbima. Seu desafio é atribuir cada gráfico a seu segmento. Qual seria a distribuição de alocação dos investidores private?

Distribuição de fundos de investimentos entre classes de ativos para os segmentos varejo, varejo de alta renda e private. Cada letra representa um segmento. Fonte: Anbima.
Distribuição de fundos de investimentos entre classes de ativos para os segmentos varejo, varejo de alta renda e private. Cada letra representa um segmento. Fonte: Anbima.
Distribuição de fundos de investimentos entre classes de ativos para os segmentos varejo, varejo de alta renda e private. Cada letra representa um segmento. Fonte: Anbima.

Em qualquer dos segmentos, existem investidores conservadores, moderados e agressivos. É razoável estimar que a média de todos os investidores resulta em um perfil moderado. Portanto, podemos afirmar que os gráficos seriam atribuídos aos investidores moderados.

Se você disse que a distribuição do varejo é aquela com letra C e o private é aquela com letra A, você acertou. Perceba, que o percentual em fundos de renda fixa alocado para o private está em apenas 20%. Enquanto, no varejo, este percentual supera 80%.

A alocação em fundos de ações, para o varejo, é a menor entre todos os segmentos.

Apenas uma pequena parcela dos brasileiros se enquadra na categoria private. Portanto, a grande maioria dos brasileiros deve estar com alocação em ações menor do que deveria. Com a queda das taxas de juros a patamares, historicamente baixos, esta reduzida alocação em ações pode ter um reflexo considerável no potencial de retorno de longo prazo para estes investidores.

Entretanto, esta ainda não é a maior falha entre os investidores. Quando se avalia os recursos totais em previdência privada, o problema pode ser ainda maior.

Os recursos investidos em previdência privada são usualmente aqueles de perfil de longo prazo. Este horizonte de investimento é justificado pela finalidade da aplicação que costuma ser para aposentadoria ou sucessão.

Os dados da Anbima mostram que o volume total alocado em previdência privada aberta alcança R$ 928 bilhões. No entanto, os fundos de previdência qualificados como de renda fixa somam R$ 818 bilhões. Ou seja, quase 90% dos recursos de brasileiros em previdência são mais conservadores que a distribuição em fundos de investimentos.

Menos de 3% dos fundos de previdência dos brasileiros estão alocados em fundos de ações. Este número demonstra uma grande incoerência na alocação para aposentadoria.

Como os recursos em previdência têm perfil de mais longo prazo que fundos abertos, eles deveriam ser a parcela mais agressiva dos investidores. Seria de se esperar que a alocação em ações média, em previdência, superasse aquela apresentada pelos investidores private em fundos abertos.

O reflexo da remuneração mais baixa recente das taxas de juros certamente vai promover esta movimentação, mas não espere os outros fazerem primeiro, pois pode ser tarde para você salvar sua aposentadoria.

 

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra quão próximo está de sua independência financeira https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/28/descubra-quao-proximo-esta-de-sua-independencia-financeira/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/28/descubra-quao-proximo-esta-de-sua-independencia-financeira/#respond Sun, 28 Jun 2020 05:30:09 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Planejamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2202 Com a queda do CDI para seu mínimo histórico de 0,18% ao mês, muitos reconsideram a possibilidade de atingir a independência financeira por meio de aplicações financeiras. Comento abaixo como isso ainda é possível, quanto tempo levaria para atingir e o que deve fazer.

 

O que é independência financeira?

Independência financeira é muitas vezes confundida com aposentadoria. No entanto, são conceitos distintos.

Como define o guru Tony Robbins em seu livro “Dinheiro, domine esse jogo”, você atinge a independência financeira quando seu patrimônio financeiro é capaz de gerar rendimentos suficientes para manter seu estilo de vida atual.

Se seu custo de vida é de R$60 mil anuais, ou R$ 5 mil mensais, você precisa ter um patrimônio com potencial de gerar este retorno anual.

Não quer dizer que você irá parar de trabalhar, ou seja se aposentar, mas que pode procurar um trabalho que eleve seu bem-estar.

 

Como calcular?

A forma correta de calcular o patrimônio necessário para esta renda deve considerar apenas o retorno acima da inflação.

Internacionalmente, a taxa usualmente utilizada é de 4% ao ano. Esta prática é conhecida como “regra dos 4%”. Para o caso brasileiro, esta taxa é ainda mais razoável. Explico a razão abaixo.

Voltando ao nosso exemplo, se você tem um custo de vida de R$ 60 mil anual, deve colocar como objetivo ter um patrimônio de R$ 1,5 milhões. Se a renda almejada é de R$ 10 mil, suas aplicações financeiras devem ser pelo menos o dobro, ou seja, R$ 3 milhões.

Para chegar a este valor, basta dividir a renda anual almejada por 0,04, ou seja, 4%.

 

Onde investir?

A regra dos 4% foi criada pelo assessor financeiro William Bengen em 1994. O autor denominou esta regra como Safemax rule, mas o nome não ganhou tanta repercussão quanto o citado anteriormente.

Bengen sugere que o portfólio para seguir esta regra não deve ter menos de 50% alocado em ativos ações e o restante alocado em títulos de renda fixa de prazo intermediário. Avalie toda a pesquisa de Bengen que deu origem a esta regra no link.

Conforme definido pelo portal Investopedia, títulos de médio prazo são aqueles com vencimento entre 2 a 10 anos. Um título só é definido como de longo prazo, se ele tiver vencimento superior a dez anos.

Perceba nisto uma lição muito importante. Vai ser muito mais difícil alcançar sua independência financeira se você investir em caderneta de poupança ou em títulos que rendem apenas o CDI. Estas são aplicações de curto prazo.

Você vai precisar sair da falsa zona de conforto da baixa volatilidade.

Para o Brasil, como ainda há disponível títulos públicos e privados com retorno superior a 4% ao ano acima da inflação, sua meta pode ser atingida mais fácil e rápido que internacionalmente.

No entanto, isso não quer dizer que não precisa ter investimentos de renda variável, mas que pode ter uma proporção menor e ainda assim obter retornos mais elevados que os do estudo de Bengen. Portanto, possibilitando que sua meta seja alcançada de forma mais rápida.

 

Quanto tempo?

O tempo para se alcançar sua independência financeira depende de quatro variáveis: o valor atual de suas aplicações, a meta que deseja alcançar, quanto pode aportar mensalmente e da taxa média de retorno de seu portfólio no horizonte de investimento.

Considerando o exemplo acima em que se deseja ter uma renda mensal de R$ 5 mil. Assim, se seu patrimônio inicial é de R$ 100 mil, se pode investir mensalmente R$ 1 mil e você tem um portfólio de perfil moderado que rende 6% ao ano real (acima da inflação), levariam 29,5 anos para chegar na sua independência financeira.

Considerando a mesma rentabilidade real de 6% ao ano, a tabela abaixo simula outras situações de patrimônio inicial e de aporte mensal. Os números que estão com fundo verde representam o prazo para atingir sua independência financeira.

A tabela apresenta o número de anos para se atingir a independência financeira, considerando uma taxa real equivalente a 6% ao ano, um patrimônio objetivo de R$ 1,5 milhões e as diferentes possibilidades de patrimônio inicial e aplicação mensal.

Para realizar cálculo com valores diferentes, você pode usar a função NPER(taxa de juros mensal; aportes mensais; patrimônio hoje; – meta de patrimônio final) no Excel. Basta substituir os quatro parâmetros.

O caminho para a independência financeira pode ser comparado a uma jornada. O primeiro passo é definir uma meta atingível. Entretanto, se não iniciar a jornada e se não mantiver a disciplina no caminho, é uma ilusão esperar que se chegue ao destino.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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