De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Com taxas prefixadas e inflação mais elevadas, entenda qual renda fixa é melhor https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/07/com-taxas-prefixadas-e-inflacao-mais-elevadas-entenda-qual-renda-fixa-e-melhor/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/07/com-taxas-prefixadas-e-inflacao-mais-elevadas-entenda-qual-renda-fixa-e-melhor/#respond Sun, 07 Nov 2021 05:30:53 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/sem-cabeca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2809 A alta da inflação acima do esperado e o ruído político promoveram uma forte elevação da curva de juros. Com isso, as taxas de juros de títulos de renda fixa prefixados parecem bem interessantes quando comparadas com as taxas disponíveis no início de 2021. No entanto, a inflação ainda preocupa e investidores se questionam se vale a pena correr o risco das taxas prefixadas, ou é melhor a segurança dos títulos referenciados ao IPCA. Explico abaixo o que precisa avaliar para decidir.

A curva de juros  futura, negociada na B3 e que é utilizada para precificação dos títulos de renda fixa já sugere que a Selic pode superar 13% ao ano em meados 2022.

A tabela abaixo apresenta na segunda coluna a estimativa do mercado para as variações da Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM) e, na última coluna a expectativa da taxa DI após a elevação dos juros. Para entender os números na tabela, 100 pontos base de variação da Selic equivalem a uma alta de 1%.

A tabela acima apresenta as datas das próximas reuniões do COPOM, as estimativas do mercado para as altas em cada reunião e a taxa DI resultante após a reunião. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Perceba que as taxas negociadas no mercado já consideram que a taxa Selic pode alcançar 13,5% ao ano em junho de 2022.

Desde o final de 2017, brasileiros não têm disponível taxas de retorno acima de 10% ao ano em títulos de renda fixa. Este retorno parece tentador, mas para decidir entre o indexador prefixado ou referenciado ao IPCA, é preciso fazer uma difícil aposta. Antes de explicar qual é a aposta, apresento alguns detalhes que você também deve considerar.

O primeiro ponto a entender é que quando for comparar títulos de renda fixa de remuneração diferente, deve considerar o mesmo emissor. Obviamente, um título público que rende a Selic vai render menos que um título pós-fixado emitido por um banco médio.

Por exemplo, o título Tesouro Selic, devido à taxa de custódia cobrada pela CBLC de 0,25%, deve render próximo de 90% do CDI. Já um CDB de banco médio, pode render mais de 130% do CDI. Essa diferença de rentabilidade ocorre pelo risco de crédito do banco. Quem investe menos de R$250 mil por emissor, conta com a garantia do FGC. Portanto, para estes casos, o risco é mitigado e o CDB de banco médio é imbatível em relação ao Tesouro Selic.

O mesmo raciocínio se aplica quando compara um CDB de banco médio prefixado ou referenciado ao IPCA e o título do Tesouro de mesma remuneração. Para o mesmo prazo, o CDB provavelmente terá maior rentabilidade

Entretanto, meu objetivo é explicar como você pode decidir entre a remuneração prefixada e IPCA. Portanto, usarei os títulos públicos do Tesouro Nacional para a comparação, considerando, assim, o mesmo risco de crédito.

A decisão entre os títulos não deve considerar apenas o retorno que é apresentado hoje, mas o que deve ocorrer com os movimentos do COPOM e da inflação, nos próximos anos. Entenda, que um título prefixado pode parecer mais vantajoso hoje, mas pode perder para a Selic, dependendo das alterações de taxa de juros que o COPOM deve praticar até o vencimento do título.

Vamos nos restringir, no entanto, à decisão apenas às duas remunerações: IPCA e prefixada. O processo de escolha é simples, mas, como mencionei, vai exigir que você faça uma aposta em relação ao que há implícito nas curvas de juros em cada momento até o vencimento do título. O site da Anbima te ajuda neste cálculo.

A Anbima atualiza, diariamente, a tabela abaixo, disponível no link. Nesta tabela encontrará a taxa equivalente para o Tesouro IPCA e Tesouro prefixado para cada prazo.

Estrutura a termo de taxas de juros (ETTJ) calculada pela Anbima. Taxas equivalentes aos títulos públicos referenciados a IPCA e prefixado para os vários anos de vencimento. Fonte: Anbima

Na última coluna desta tabela, há a taxa de inflação implícita no título prefixado que faz ele ser equivalente ao referenciado ao IPCA, de mesmo vencimento. A deliberação entre IPCA ou prefixado reside em como sua perspectiva diverge desta inflação implícita.

Vamos usar os títulos com vencimento em cinco anos (2026) para ilustrar. Se você acredita que a inflação de hoje até cinco anos a frente será superior 6,33% ao ano, você deve preferir o título referenciado à inflação. Mas, se você acha que a inflação, nos próximos cinco anos, será inferior a 6,33% ao ano, deve preferir o título prefixado.

A rentabilidade do título prefixado é a composição da taxa do Tesouro IPCA e da inflação implícita. Por exemplo, com o título do quinto ano: 11,97% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,0633) – 1.

Logo, se acredita que a inflação nos próximos cinco anos será de 4% ao ano, se comprar o título referenciado à inflação, vai ganhar 9,51% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,04) – 1. Portanto, menos que a remuneração do título prefixado para o mesmo período que hoje é de 11,97% ao ano.

De outra forma, caso suspeite que a inflação nos próximo cinco anos, será de apenas 7% ao ano, melhor comprar o título referenciado ao IPCA. Isso ocorre, pois o título referenciado ao IPCA vai render 12,67% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,07) – 1. Logo, mais que o título prefixado.

Como vimos, o processo de escolha é simples, mas para se chegar à decisão correta, você precisa ter uma boa previsão sobre a inflação nos próximos anos. Na dúvida, prefira a segurança dos títulos referenciados ao IPCA, se for investir com prazo superior a três anos de vencimento.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Onde investir para se proteger da inflação? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/09/05/onde-investir-para-se-proteger-da-inflacao/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/09/05/onde-investir-para-se-proteger-da-inflacao/#respond Sun, 05 Sep 2021 05:30:49 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/planejamento-é-o-caminho-para-a-independencia-financeira-Unsplash-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2733 A divulgação do IPCA 15, na semana passada, de 0,89% em agosto elevou o receio com relação ao fantasma da inflação. Esta medida é uma prévia da inflação oficial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Se confirmado, o IPCA deve acumular em doze meses encerrados em agosto o patamar de 9,7%.

Parece natural a decisão de ter parte do portfólio protegido pela inflação. No entanto, o retorno dos ativos neste ano confunde os investidores sobre qual deles pode ser utilizado como proteção.

A tabela abaixo apresenta a rentabilidade em 2021 até a última sexta-feira (3/setembro) dos 10 principais investimentos brasileiros e do IPCA no ano acumulado até julho.

Rentabilidade em 2021 até a última sexta-feira (3/setembro) dos 10 principais investimentos brasileiros e do IPCA no ano acumulado até julho. Fonte: Economatica

Perceba que nenhum ativo neste ano obteve rentabilidade suficiente para alcançar metade do retorno da inflação.

De fato, 60% deles apresentam variação negativa. Até mesmo ativos referenciados ao IPCA como os populares Tesouro IPCA apresentam retorno abaixo.

O pior de todos eles inclusive são os títulos públicos do Tesouro com vencimento superior a cinco anos. O título Tesouro IPCA+ 2045, por exemplo, perde mais de 21% no ano.

Qual o melhor investimento para evitar esta perda de poder de compra?

Antes de apontar quais investimentos podem ser considerados para proteção da inflação, é importante ressaltar que a expectativa não é que a variação do IPCA permaneça elevada como no último ano.

Segundo o boletim semanal Focus do Banco Central desta última segunda-feira, economistas do mercado esperam que o IPCA em 2022 caia para menos de 4%.

Explico abaixo quatro instrumentos que podem ser considerados para proteção contra inflação. No entanto, esta proteção deve ser avaliada em um horizonte de médio prazo, ou seja, de mais de dois anos.

No curto prazo, como observamos na tabela acima, a volatilidade da marcação a mercado pode prejudicar o reflexo da proteção.

 

Títulos públicos

Não é qualquer título público que deve ser comprado neste momento e não basta que ele seja referenciados ao IPCA.

Neste momento de instabilidade política, é arriscado investir nos títulos de vencimento longo. A variação destes vai ser muito mais influenciada pelos movimentos de taxa de juros causados pelo ruído político e fiscal.

Prefira os títulos com vencimento de curto a médio prazo. Estes títulos devem sofrer muito pouco com eventuais aumentos de taxa de juros, favorecendo o ganho de curto prazo da inflação.

 

Títulos privados

Para os títulos privados, você deve seguir a mesma estratégia dos títulos públicos. No entanto, estes possuem uma vantagem adicional.

Os títulos privados possuem um prêmio em relação aos títulos públicos. Esse prêmio pode elevar em 30% o juro real, ou seja, os juros acima da inflação que ganha quando comparado aos títulos públicos.

Por exemplo, o Tesouro IPCA 2026 tem taxa de IPCA + 4,5% ao ano. No entanto, deve subtrair desta remuneração a taxa de custódia da CBLC. Assim, o retorno que deve receber, ainda bruto de IR, será de IPCA + 4,25% ao ano. Existem CDBs de mesmo prazo com retorno de IPCA + 5,6% ao ano. Logo, uma taxa de rendimento acima da inflação 31% maior.

Uma vantagem extraordinária dos CDBs em cima dos títulos públicos é o fato de eles não serem marcados a mercado. Assim, o investidor percebe mais facilmente o efeito de proteção para a inflação.

 

Fundos de investimentos

Os fundos referenciados ao IPCA cujo prazo médio dos títulos seja até 6 anos também podem ser utilizados.

Procure os fundos que possuem como índice de referência (ou benchmark) o IMA-B5. A carteira deste índice é composta pelos títulos públicos referenciados ao IPCA com vencimento até 5 anos.

Cuidado para não se confundir com o IMA-B 5+. Este é formado pelos títulos de longo prazo.

O prazo médio dos títulos no IMA-B 5 é de dois anos e meio. Esta é a vantagem dos fundos que perseguem este benchmark. Você investe em uma carteira de títulos e não em um título fixo.

Se investir em fundos de crédito privado, pode ter a mesma vantagem em rentabilidade para estes títulos citados acima. Também, para alguns fundos pode ter a isenção de IR.

Os títulos e fundos referenciados ao IMA-B5 sempre ganharam do IPCA no longo prazo. Veja pelo gráfico abaixo que nos últimos 18 anos o IMA-B5 rendeu mais de 4 vezes a variação do IPCA. Um investimento de R$ 10.000,00 no IMA-B5 em 2003, se valorizou para R$90.111,3 atualmente. O mesmo investimento em um ativo que se valoriza apenas o IPCA atingiria R$ 26.430,3 no mesmo período. Como comparação, neste período o CDI apesar de ganhar do IPCA, rendeu 36% menos que o IMA-B5.

A dificuldade para avaliar o benefício ocorre apenas quando se avalia em intervalos curtos, como neste ano.

Evolução de um investimento de R$100 no IMA-B5 e no IPCA nos últimos 18 anos. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Fundos imobiliários

Os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) também podem ser uma boa alternativa para proteção da inflação. Os aluguéis são corrigidos pela inflação. Portanto, os dividendos dos FIIs devem subir com o tempo.

Eles guardam uma vantagem em relação aos imóveis diretamente, pela diversificação, liquidez, isenção de IR e maior remuneração.

Os FIIs que investem em CRIs são uma alternativa interessante para os que desejam correr menos risco.

 

A paciência para esperar passar o período de maior turbulência será recompensada com maior remuneração no futuro.

Lembre-se de manter parte dos recursos em liquidez. Esta é uma boa estratégia para capturar oportunidades com uma eventual alta de taxas de juros mais forte que o esperado.

 

Michael Viriato é sócio e fundador da Casa do Investidor.

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Com a inflação em alta, veja duas aplicações que você deve evitar em seu portfólio https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/13/com-a-inflacao-em-alta-veja-duas-aplicacoes-que-voce-deve-evitar-em-seu-portfolio/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/13/com-a-inflacao-em-alta-veja-duas-aplicacoes-que-voce-deve-evitar-em-seu-portfolio/#respond Sun, 13 Jun 2021 05:30:19 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Mark-Abramson-The-New-York-Times-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2616 A divulgação da inflação oficial para o mês de maio acendeu uma luz amarela no radar dos investidores. A variação de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula uma alta de mais de 8% em doze meses.

A preocupação não é à toa. Observe no gráfico abaixo que, nos últimos 20 anos, em poucos momentos a inflação esteve tão elevada.

Evolução da variação de preços em 12 meses medida pelo IPCA. Fonte: Bloomberg.

Segundo dados da pesquisa entre economistas realizada pelo Banco Central (BC), a inflação deve cair, retornando para a meta de 3,50% ao ano até meados do próximo ano. Esta previsão pode ser vista no gráfico abaixo na linha vermelha.

Evolução do IPCA e da meta de inflação do BC. Fonte e elaboração: Banco Central.

Embora os economistas pareçam mais otimistas, o mercado financeiro não está pagando para ver.

Os juros futuros negociados na B3 já têm implícito uma possibilidade de elevação da Selic para 7% ao ano em janeiro de 2022 e superando 9% ao ano em 2024.

Lembre-se, você deve sempre investir considerando o que deve ocorrer em relação ao que o mercado já espera.

Uma alta de juros já está precificada. Assim, você deve considerar se esta alta é maior ou menor do que o que você espera que o BC realize.

Com esta incerteza sobre o movimento dos juros, duas aplicações têm recebido aportes dos investidores. Mas você deveria evitá-las no curto prazo.

A primeira aplicação que você deveria evitar é a caderneta de poupança.

Segundo dados do BC, só nos primeiros 7 dias de junho, investidores aplicaram mais de R$ 10 bilhões na poupança.

O volume aplicado na caderneta soma mais de R$ 1 trilhão. Para se ter uma noção da magnitude, isto representa mais de 17% do valor de mercado total de todas as empresas com ações na bolsa de valores brasileira (B3).

Embora a poupança tenha rendimento positivo, ela é com certeza inferior a outras aplicações de mesmo risco como CDBs. Se você precisa de alguma liquidez, prefira aplicar em CDBs de vencimentos curtos e referenciados ao IPCA.

Muitos investidores fogem para a poupança com receio da volatilidade nos ativos. No entanto, em CDB, você também não vai ter volatilidade e ainda vai terá rentabilidade muito superior à da poupança.

O segundo movimento que os investidores deveriam evitar é a aquisição de títulos referenciados ao IPCA ou prefixados com vencimento superior a seis anos, ou seja, de longo prazo.

O último balanço divulgado pela plataforma do Tesouro Direto mostra que os títulos referenciados ao IPCA com prazo superior a dez anos têm sido preferidos pelos investidores.

Os preços de títulos de longo prazo são mais afetados pelos movimentos de taxa de juros.

Caso a inflação persista e o BC tenha de elevar a taxa de juro mais do que o mercado já precifica, os títulos de longo prazo podem sofrer duras perdas.

Para se proteger da inflação, o mais recomendado são títulos ou fundos de investimentos de renda fixa referenciados ao IPCA, mas com vencimento de curto prazo, ou seja, com menos de seis anos.

 

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Se você conseguir separar estes dois elementos, vai alcançar mais rápido sua independência financeira https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/11/se-voce-conseguir-separar-estes-dois-elementos-vai-alcancar-mais-rapido-sua-independencia-financeira/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/11/se-voce-conseguir-separar-estes-dois-elementos-vai-alcancar-mais-rapido-sua-independencia-financeira/#respond Sun, 11 Apr 2021 05:30:45 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2538 Neste sábado, enquanto assistia a um curso de Wendell de Carvalho, percebi que algo que ele falava sobre comportamento pessoal, também poderia ser atribuído ao nosso comportamento financeiro.

Neste curso, ele abordava como, curiosamente, nos frustramos quando somos contrariados por fatores que não controlamos.

Por exemplo, reclamamos quando outras pessoas têm atitudes contrárias ao que desejamos e ficamos irritados por elas não seguirem nossa vontade. Assim, agimos como se fossemos deuses cuja vontade devesse ser seguida.

Apesar de sabermos que vamos ser contrariados, ainda assim, nos concentramos nestes fatores e atitudes sobre as quais não temos influência.

Wendell argumenta que, usualmente, desconsideramos os aspectos de nossas vidas que temos influência e, focando no que não temos controle, ficamos paralisados reclamando e perdemos a chance de nos desenvolver.

Interessante observar, que o mesmo fato ocorre no aspecto financeiro de nossas vidas. Também agimos como se fossemos deuses esperando que o mercado e a economia reflitam o que desejamos.

Parece improvável que isto ocorra. E esta pode ser uma das principais razões que atrasam ou inibem você de chegar à independência financeira.

Nos investimentos, nos concentramos em reclamar, por exemplo, sobre as atitudes de governantes, das atitudes de juízes, da economia, da alta dos preços, da inflação e da taxa de câmbio.

Reclamamos nos dias em que o mercado cai e no dia seguinte quando o mercado sobe por não termos comprado. Neste quesito, surpreendentemente, muitos se concentram no movimento dos próximos minutos ou segundos do mercado e reclamam das plataformas de negociação ou da conexão da internet que falhou logo no momento que iriam negociar.

Racionalmente, podemos concluir que estes fatores não estão sob nosso controle.

De fato, existem mais fatores que estão fora de nosso controle do que aqueles que estão em nossa zona de influência. Devemos, portanto, separar bem estes dois elementos. Ilustrativamente, podemos colocá-los em uma pirâmide.

Quanto antes você focar nas variáveis que realmente estão em sua zona de influência, mais rápido alcançará sua independência financeira

Você já teve a sensação de que parece que faz muito e não evoluiu financeiramente?

Focamos na base da pirâmide, ou seja, nos elementos que estão fora de nosso controle e que são a maioria. Concentrando neles, ficamos presos em nosso estado e não evoluímos.

Ao contrário, devemos gastar mais energia no que realmente conseguimos fazer alguma diferença.

Você provavelmente conhece pessoas que não eram afortunadas, mas conseguiram construir o caminho para a independência financeira.

Elas focaram nestes pequenos fatores que estão em nossa zona de influência. Mirando nestes fatores elas escalaram mais rápido o caminho até sua independência.

Assim, pare um momento neste fim de semana e reflita sobre quais variáveis estão sob seu controle e o que você pode fazer para alavancar seus ganhos com elas.

 

Michael Viriato é sócio fundador da Casa do Investidor.

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Três investimentos que não podem faltar em seu portfólio em 2021 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/12/27/tres-investimentos-que-nao-podem-faltar-em-seu-portfolio-em-2021/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/12/27/tres-investimentos-que-nao-podem-faltar-em-seu-portfolio-em-2021/#respond Sun, 27 Dec 2020 05:30:07 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Michael-Nagle-Xinhua-operador-de-bolsa-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2430 A pandemia provocada pelo Covid-19 demandou dos governos estímulos fiscais e monetários. Em 2020 esta injeção de recursos trouxe duas consequências: taxas de juros de curto prazo mais baixas e inflação mais elevada. Estes reflexos devem se propagar por 2021 e definir três investimentos que você deve possuir para o próximo ano.

Você já deve ter notado os preços mais altos de bens e serviços nos últimos meses.

Segundo o boletim semanal Focus do Banco Central desta última segunda-feira (21/dez), economistas do mercado esperam que o IPCA em 2021 seja de 3,37% ao ano. Portanto, 2021 deve ser o segundo ano em que a Selic e o CDI perdem do IPCA, conforme expectativa destes economistas.

Neste ambiente, ativos conhecidos como ativos reais, ações e ativos financeiros referenciados ao IPCA devem se destacar. Vamos começar por estes últimos.

Títulos e fundos de renda fixa referenciados à inflação

Não é qualquer título público que deve ser comprado neste momento. Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, da dívida pública federal de R$ 4,8 trilhões, a maior parcela é de títulos referenciados à Selic. Justamente estes são os títulos que mencionei acima que deveriam perder da inflação.

Distribuição da dívida pública federal nos indexadores. Fonte e elaboração: Tesouro Nacional

Para obter juros reais, acima da inflação, o foco devem ser os títulos e fundos referenciados ao IPCA (ou NTN-B), pois estes rendem uma taxa de juros real mais a variação da inflação. No gráfico acima, são os classificados como “Índice de Preços”.

Entretanto, é arriscado investir nos títulos de vencimento longo, ou seja, acima de seis anos para o vencimento. A variação destes vai ser muito mais influenciada pelos movimentos de taxa de juros. Se o Banco Central elevar as taxas de juros acima do esperado, os títulos de longo prazo podem sofrer negativamente e você não vai capturar os ganhos da inflação no curto prazo.

Prefira os títulos com vencimento de curto e médio prazos, com vencimento inferior a seis anos. Estes títulos devem sofrer muito pouco com eventuais aumentos de taxa de juros, favorecendo o ganho de curto prazo da inflação.

Para os títulos privados, você deve seguir esta mesma estratégia. No entanto, estes possuem uma vantagem adicional.

Os títulos privados possuem um prêmio em relação aos títulos públicos. Esse prêmio pode quase dobrar o juro real, ou seja, os juros acima da inflação obtidos.

Por exemplo, o título público Tesouro IPCA 2026 tem taxa de IPCA + 2,4% ao ano. No entanto, deve subtrair desta remuneração a taxa de custódia da CBLC. Assim, o retorno que deve receber, ainda bruto de IR, será de IPCA + 2,15% ao ano. Existem CDBs de mesmo prazo com retorno de IPCA + 4,0% ao ano. Portanto, quase o dobro de juros real.

Alternativamente, há fundos de renda referenciados ao IPCA isentos de IR. Estes além de promoverem o prêmio do título privado, também possuem o benefício da isenção de IR.

O cenário de juros de curto prazo menores e maior inflação deve promover uma migração por parte dos investidores. Este rebalanceamento dos portfólios já vem ocorrendo e deve se prolongar pelo próximo ano.

Esta migração deve favorecer ações e os chamados ativos reais como fundos imobiliários.

 

Fundos de ações nacionais e internacionais

Não há dúvidas de que o mercado de ações deve ser favorecido. No entanto, depois da alta recente observada no mercado brasileiro, o investimento direto em ações se torna ainda mais desafiador.

Adicionalmente, existem riscos não desprezíveis de o crescimento econômico brasileiro decepcionar, tendo em vista os riscos relativos à extensão da pandemia e a fragilidade de nossa dívida pública.

Neste sentido, é ainda mais recomendável o investimento por meio de fundos de ações com bons gestores para navegar neste ambiente.

Tabela contendo principais índices de ações internacionais, variação de preço e múltiplos PE (Preço/ Lucro) e Dividend Yield (taxa de dividendos). Fonte e elaboração: Bloomberg.

Também é recomendável a diversificação internacional. Pelo viés denominado home biased (viés doméstico), concentramos os investimentos em ativos braseiros. Por estarem mais próximos, temos a falsa impressão de que estes ativos são menos arriscados.

A figura acima mostra uma tabela com os múltiplos P/L (preço/ lucro) e Dividend Yield (taxa de dividendo). O P/L é internacionalmente usado como forma de padronização dos preços para comparação. Este múltiplo no caso brasileiro não é dos menores e os riscos inerentes a nossa economia sugerem atenção.

Ainda assim, nosso mercado deve ser favorecido pelo fluxo positivo para mercados emergentes e pelo rebalanceamento de carteiras dos investidores no Brasil.

 

Fundos imobiliários

Os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) também são uma boa alternativa para proteção da inflação. Os aluguéis dos imóveis são corrigidos pela inflação.

Adicionalmente, quando comparamos os dividendos dos FIIs com a taxa de juros de títulos públicos referenciados de dez anos de vencimento, vemos que os dividendos estão quase em sua máxima histórica relativa (painel inferior da figura abaixo).

Evolução do ganho de dividendo dos fundos imobiliários e da taxa de títulos públicos referenciados a IPCA de 10 anos (painel superior) e a relação entre os dois (painel inferior). Fonte e elaboração: Bloomberg.

Os FIIs guardam uma vantagem em relação ao investimento em imóveis diretamente, pela diversificação, liquidez, isenção de IR e maior remuneração.

Os FIIs que investem em CRIs são uma alternativa interessante para os que desejam correr menos risco.

 

Destaco que estes não são as únicas aplicações que um investidor deve ter em carteira. Tampouco, que se deve acabar com investimentos de liquidez. Manter parte dos recursos em liquidez e baixo risco servem para capturar oportunidades com oscilações desfavoráveis do mercado.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra qual é a melhor opção para financiar seu imóvel https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/12/20/descubra-qual-e-a-melhor-opcao-para-financiar-seu-imovel/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/12/20/descubra-qual-e-a-melhor-opcao-para-financiar-seu-imovel/#respond Sun, 20 Dec 2020 05:30:37 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/NYpredios-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2426 Usualmente o mercado imobiliário tende a sofrer fortemente durante períodos de contração econômica. Entretanto, ao contrário do senso comum, neste ano, os imóveis não só não apresentaram a queda esperada, como também estão com demanda mais aquecida. Entretanto, antes de fechar o negócio, compradores enfrentam um novo dilema.

Antigamente, a parte mais difícil era escolher o imóvel ideal. Parece que o fato de as pessoas terem passado mais tempo em casa, seu ideal de imóvel ficou mais claro. No entanto, uma nova dúvida aflige os compradores: qual a melhor forma de financiar a aquisição.

Há alguns anos, existia apenas uma forma de financiamento que era TR + taxa fixa. O surgimento de três novas modalidades tem confundido os compradores.

Atualmente existem quatro formas de financiamento: Taxa Fixa, TR + Taxa Fixa, IPCA + Taxa Fixa e Poupança + Taxa Fixa.

Exceto pela primeira, perceba que as formas de financiamento são compostas de dois elementos. O primeiro é um indexador de correção monetária: TR, IPCA (índice oficial de inflação) e a taxa de rendimento da Poupança. O segundo é uma Taxa Fixa que é o elemento de juros prefixado.

Muitos imaginam que pagar a menor Taxa Fixa é a melhor escolha. Sabendo disso, alguns bancos concentram a propaganda nesta parte do custo do financiamento e influenciam de forma errada o processo de compra. O indexador de correção é parte relevante e pode chegar a ser até maior que a Taxa Fixa.

Mostro abaixo quais formas de financiamento possuem a menor Taxa Fixa e explico porque selecionar um delas pode ser um grande erro.

Fazendo uma pesquisa neste último sábado entre os principais bancos, encontrei as seguintes alternativas para financiamento de um imóvel de valor de R$ 500 mil por 20 anos: 9% ao ano prefixado, TR + 6,99% ao ano, IPCA + 3,55% ao ano e Poupança + 3,99% ao ano.

O comprador desavisado ficaria tentado a escolher o financiamento com a correção monetária pelo IPCA ou pela Poupança, pois possuem a menor Taxa Fixa.

Preste atenção nas propagandas. Naquelas em que a forma de financiamento é com correção por Poupança ou por IPCA, estes indexadores aparecem em letras muito pequenas. Quase não dá para ver que há um indexador e o destaque é apenas na Taxa Fixa. Você bem sabe que estas letras pequenas costumam esconder um risco. Aqui não é diferente.

O IPCA acumulado dos últimos 12 meses já supera os 4,2% ao ano. Portanto, o indexador já é maior que a própria Taxa Fixa do financiamento. Segundo o relatório Focus do Banco Central (BC), nos próximos três anos, o IPCA deve superar 3,5% ao ano.

Logo, quando compomos a Taxa Fixa de 3,55% ao ano com esta correção de 3,5% ao ano, já resulta em uma taxa total superior aos 6,99% ao ano da correção com TR.

Lembrar que enquanto a Selic for menor que 8,5% ao ano, a TR será zero.

Não se espera que a Selic suba acima de 8,5% ao ano nos próximos anos. Se por acaso ela ultrapassar esta marca daqui a 5 anos, isso só ocorreria porque o IPCA superou os 6% ao ano. Nesta condição, a TR ainda continuaria muito baixa. Assim, o financiamento com correção monetária pelo IPCA é muito arriscado e pior neste momento.

A correção pela Poupança segue raciocínio similar. Conforme o relatório Focus do BC, economistas de mercado esperam uma taxa Selic de 3%, 4,5% e 6% ao ano ao final de 2021, 2022 e 2023, respectivamente.

Como a Poupança remunera 70% da Selic, a partir de 2022, se a Selic estiver a 4,5% ao ano, a Poupança renderá 3,15% ao ano. Ao compor a taxa de financiamento total de Poupança + 3,99% ao ano, o resultado também será superior a 6,99% ao ano.

Logo, vimos que entre as três formas de financiamento com correção monetária, justamente a tradicional relativa à TR continua sendo a mais indicada.

Mas será que ela também é a melhor escolha quando comparada à Taxa Fixa de 9% ao ano sem correção monetária?

Para que o financiamento pela taxa prefixada sem correção monetária seja melhor que a corrigida pela TR é necessário que a TR suba acima de 1,87% ao ano. Esta situação, no cenário atual parece muito distante de ocorrer. A TR só esteve maior que este patamar quando a Selic ultrapassou os 12% ao ano.

Como parece improvável que a Selic supere 12% ao ano em um horizonte razoável de projeção, a melhor alternativa se mantém como a correção pela TR.

Reforço que a escolha da forma de financiamento assume cenários de mercado e probabilidades. O intuito deste texto foi o de orientar o leitor sobre como realizar a comparação. Assim como, analisar qual o cenário de mercado atual parece mais provável e qual forma de financiamento seria mais vantajosa nesta condição.

Neste sentido, apesar das várias alternativas de financiamento existentes no atual momento, aquela que parece mais interessante continua sendo a velha e tradicional Taxa Fixa + TR.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Quatro investimentos para seu patrimônio ficar protegido da inflação https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/25/quatro-investimentos-para-seu-patrimonio-ficar-protegido-da-inflacao/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/25/quatro-investimentos-para-seu-patrimonio-ficar-protegido-da-inflacao/#respond Sun, 25 Oct 2020 05:30:32 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/Dolar-Marcello-Casal-Jr-ABr.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2360 A divulgação do IPCA 15, na última quinta-feira, de 0,94% em outubro elevou o receio com relação ao fantasma da inflação. Como escrevi na semana passada, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) superou o CDI por quatro meses consecutivos apenas em 2013. Confirmada as expectativas, será a primeira vez que a inflação vai superar o CDI no ano. Neste cenário, o que fazer para proteger seu patrimônio?

Segundo o boletim semanal Focus do Banco Central desta última segunda-feira, economistas do mercado esperam que o IPCA em 2020 seja de 2,76%. Embora o CDI atual seja de 1,9% ao ano, esta taxa veio caindo ao longo do ano. Assim, a variação do CDI esperada para 2020 é de 2,8% ao ano. Como o último IPCA 15 foi acima do esperado é provável que a inflação supere o CDI em 2020.

Antes de apontar quais são os investimentos para se proteger da inflação, vamos entender o que é o IPCA.

 

O que é o IPCA?

Existem vários índices que se propõem medir a variação dos preços de uma cesta de bens e serviços. Cada um deles é diferente em um aspecto relativo à composição desta cesta.

Por exemplo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também produzido pelo IBGE, mede variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos.

A cesta de bens e serviços que o IPCA abrange é diferente, pois ela é a cesta consumida por famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos. Daí vem o termo Amplo, representado pela letra “A” no fim da sigla. Este índice alcança um espectro mais abrangente.

A diferença entre o IPCA e o IPCA 15 se encontra no período de coleta de preços. Como este último captura os preços do dia 16 do mês anterior até o dia 15 do mês corrente, ele é uma prévia do primeiro que mede o mês completo.

Sua inflação pode ser maior o menor que o IPCA, mas este índice é uma boa medida para a corrosão do poder de compra de seu patrimônio. E a importância de monitorar este índice é prevenir que seus investimentos sejam prejudicados.

 

Entretanto, qual a melhor estratégia para evitar esta perda?

Com medo da inflação, você pode imaginar que a melhor estratégia seria investir todo seu portfólio em produtos referenciados a ela. No entanto, esta não é a melhor estratégia.

É importante manter parte dos recursos em produtos de liquidez referenciados ao CDI e explicarei a razão à frente. Antes, vamos entender que produtos seriam mais adequados neste momento para proteção da inflação.

 

Títulos púbicos

Não é qualquer título público que deve ser comprado neste momento. Você deve adquirir o título Tesouro IPCA (ou NTN-B), pois este rende uma taxa de juros real mais a variação da inflação.

Entretanto, é arriscado investir nos títulos de vencimento longo. A variação destes vai ser muito mais influenciada pelos movimentos de taxa de juros. Se o Banco Central elevar as taxas de juros acima do esperado, os títulos de longo prazo vão sofrer negativamente e você não vai capturar os ganhos da inflação no curto prazo.

Prefira os títulos com vencimento de curto a médio prazo. Estes títulos devem sofrer muito pouco com eventuais aumentos de taxa de juros, favorecendo o ganho de curto prazo da inflação.

 

Títulos privados

Para os títulos privados, você deve seguir a mesma estratégia dos títulos públicos. No entanto, estes possuem uma vantagem adicional.

Os títulos privados possuem um prêmio em relação aos títulos públicos. Esse prêmio pode quase dobrar o juro real, ou seja, os juros acima da inflação que ganha quando comparado aos títulos públicos.

Por exemplo, o Tesouro IPCA 2026 tem taxa de IPCA + 2,9% ao ano. No entanto, deve subtrair desta remuneração a taxa de custódia da CBLC. Assim, o retorno que deve receber, ainda bruto de IR, será de IPCA + 2,65% ao ano. Existem CDBs de mesmo prazo com retorno de IPCA + 4,8% ao ano. Logo, uma taxa de rendimento acima da inflação 80% maior.

 

Fundos de investimentos

Os fundos referenciados ao IPCA cujo prazo médio dos títulos seja até 6 anos também podem ser utilizados.

Procure os fundos que possuem como índice de referência (ou benchmark) o IMA-B 5. A carteira deste índice é composta pelos títulos públicos referenciados ao IPCA com vencimento até 5 anos.

Cuidado para não se confundir com o IMA-B 5+. Este é formado pelos títulos de longo prazo.

O prazo médio dos títulos no IMA-B 5 é de dois anos e meio. Esta é a vantagem dos fundos que perseguem este benchmark. Você investe em uma carteira de títulos e não em um título fixo.

 

Fundos imobiliários

Os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) também podem ser uma boa alternativa para proteção da inflação. Os aluguéis são corrigidos pela inflação. Portanto, os dividendos dos FIIs podem subir.

Eles guardam uma vantagem em relação aos imóveis diretamente, pela diversificação, liquidez, isenção de IR e maior remuneração.

Os FIIs que investem em CRIs são uma alternativa interessante para os que desejam correr menos risco.

 

Lembre-se de manter parte dos recursos em liquidez. Esta é uma boa estratégia para capturar oportunidades com uma eventual alta de taxas de juros mais a frente. Embora não seja esperada uma alta significativa da inflação, tampouco das taxas de juros pelo Banco Central, sempre é bom manter uma reserva para poder aproveitar caso ela ocorra.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra quais são os riscos em renda fixa atualmente https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/18/descubra-quais-sao-os-riscos-em-renda-fixa-atualmente/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/18/descubra-quais-sao-os-riscos-em-renda-fixa-atualmente/#respond Sun, 18 Oct 2020 05:30:20 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/Xinhua-Wang-Ying-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2352 Com a queda da taxa Selic para 2% ao ano (0,17% ao mês), investidores estão correndo para balancear suas carteiras buscando maiores retornos. A velocidade da queda dos juros surpreendeu muitos investidores e vários ainda não conseguiram adequar seus portfólios à nova realidade de rendimentos. Aponto alguns riscos que você precisa atentar para melhorar a rentabilidade, mas manter a segurança.

No passado, o investidor não precisava fazer nenhum planejamento, pois a remuneração de aplicações com liquidez diária já era suficientemente boa.

A liquidez dos investimentos é a capacidade de transformar os recursos investidos em dinheiro sem sofrer com as condições de mercado. Algumas aplicações que possuem maior carência ou maior prazo de vencimento são premiadas com uma maior taxa de retorno em relação ao CDI. Entretanto, não basta investir em títulos com maior retorno. É preciso avaliar os riscos de movimento da curva de juros e o que o mercado já precifica nesta curva.

Um risco no cenário econômico emerge e o investidor deve considerar de forma mais cuidadosa os efeitos que podem ser produzidos na Selic e na curva de juros.

Nos últimos vinte anos, apenas em um momento tivemos a inflação superando o CDI em quatro meses seguidos como estamos passando agora. Observe na tabela abaixo que, assim como atualmente, o IPCA também esteve maior que o CDI entre novembro de 2012 e fevereiro de 2013.

 

A tabela indica o IPCA, o CDI e a diferença entre ambos nos últimos quatro meses e em 2013. Nestes dois períodos, o IPCA superou o CDI por quatro meses seguidos.

Uma característica marca os dois momentos. Assim como em 2013, a Selic hoje também se encontra no seu mínimo histórico.

Sem dúvida, o cenário de ociosidade econômica e de desemprego atuais são diferentes daqueles encontrados em 2013. No entanto, a dívida pública líquida como percentual do PIB nunca esteve tão alta como agora.

Evolução da dívida líquida pública em relação ao PIB desde 2011. Fonte: Bloomberg.

Talvez você se pergunte, mas e daí? Qual o risco? Afinal, os economistas esperam que a Selic permaneça baixa.

Para decidir as taxas de juros de curto prazo, a taxa Selic, o Banco Central (BC) persegue o regime de metas de inflação. Nesse regime, ele acompanha as expectativas dos agentes. E essa expectativa pode mudar rapidamente se a confiança for abalada.

Em 2013, logo depois de a inflação superar o CDI por quatro meses seguidos o BC iniciou um processo de elevação das taxas de juros como forma de administrar essa expectativa.

Sinais de que a confiança do mercado começa a ser abalada já estão sendo precificados nas taxas de juros. Isso ocorre não só pela elevação das taxas mais longas, mas também no prêmio que investidores estão cobrando acima da taxa Selic.

Nos últimos trinta dias os títulos referenciados à taxa Selic (Tesouro Selic) apresentaram forte queda como pode ser visto no gráfico abaixo. Esta queda impactou os fundos de liquidez e fundos multimercados que compram esses títulos em suas carteiras. Ou seja, manter os investimentos em ativos de liquidez pode não te garantir retorno positivo no curto prazo.

Evolução do índice de títulos públicos federais referenciados à taxa Selic (IMA-S). Fonte: Bloomberg.

Embora os economistas não prevejam elevação da taxa Selic no curto prazo, os agentes de mercado já precificam na curva de juros a possibilidade de a Selic se elevar já em 2020.

A figura abaixo mostra a taxa de juros prefixada negociada no mercado para cada prazo. A curva verde inferior indica as taxas negociadas no mercado em julho de 2020 e a curva laranja superior as taxas negociadas no mercado na última sexta-feira.

Curva de juros atual e há três meses. Fonte: Bloomberg.

O ambiente de investimento de renda fixa se torna agora ainda mais desafiador, tendo em vista o atual patamar da taxa Selic e do CDI. O aplicador precisa realizar além de um adequado planejamento de sua liquidez e de fluxo de caixa, também ter o entendimento do cenário econômico e da curva de juros de forma a evitar perdas com os movimentos de mercado.

 

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Aprenda a analisar a valorização de seu imóvel https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/12/02/aprenda-a-analisar-a-valorizacao-de-seu-imovel/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/12/02/aprenda-a-analisar-a-valorizacao-de-seu-imovel/#respond Sun, 02 Dec 2018 04:30:00 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Chicago-imovel-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1468 Você provavelmente já ouviu alguém falar que fez um excelente negócio na compra do imóvel, pois ele dobrou de preço ou já valorizou mais de 60%. Mas será que foi um bom negócio?

Temos por hábito de comparar os preços nominais e esquecemos que a simples variação de preço pode ser explicada apenas pela inflação média ao consumidor.

A mesma comparação ocorre com o câmbio. Olhamos o valor nominal e esquecemos que naturalmente há uma razão para ele subir, ou seja, o Real se desvalorizar.

Todo valor nominal, como o preço de um imóvel ou a taxa de câmbio, deve ser corrigido pela inflação no tempo. Esta correção é para manter o valor de compra no tempo. Ou seja, R$100 comprava muito mais bens e serviços no passado. Assim, devemos corrigir este valor pela inflação que ele possa ter o mesmo poder de compra.

Imóveis

Imagine que comprou um imóvel há 20 anos, isto é, no final de 1998 e pagou R$ 500 mil. Você sabe quanto esse imóvel deveria ter se valorizado apenas para corrigir a inflação?

A inflação medida pelo IPC-A (IBGE) neste período foi de 251%. Isto significa que para ter o mesmo poder de compra, aqueles seus R$ 500 mil, deveriam ter se transformado em R$ 1,75 milhões. Logo, o imóvel deveria ter se valorizado para pelo menos este valor.

Entretanto, para entender se este foi um bom investimento, deveria compará-lo pelo menos com uma alternativa de investimento livre de risco como o CDI. No mesmo período de 20 anos, o CDI se valorizou 1280%. Portanto, seu investimento teria se valorizado para R$ 6,9 milhões.

Como avaliar de forma simples

Uma forma prática de atualizar valores no tempo em relação a vários índices diferentes é utilizar o aplicativo disponibilizado pelo Banco Central do Brasil. O aplicativo se chama Calculadora do Cidadão e pode ser instalado no seu celular.

Ao abrir o programa, vai perceber que ele possui várias funções diferentes como: aplicação, financiamento, valor futuro e correção de valores. Entretanto, explicarei apenas este último.

Selecionando a função de correção de valores, vai abrir a tela na figura abaixo marcado com o número 1.

Tela do aplicativo Calculadora do Cidadão. Este app é disponibilizado pelo Banco Central.

Nesta tela, no Item 2, deve selecionar o índice de reajuste. No exemplo acima, utilizamos o IPC-A e o CDI. Em seguida, deve escolher o intervalo de correção marcado na figura no Campo 3. Finalmente, no Item 4, deve colocar o valor a ser corrigido.

Câmbio

No caso do câmbio, a correção deve ser realizada por duas taxas de inflação, uma de cada país relacionado na taxa de câmbio.

Para explicar, assumiremos algumas premissas simplificadoras que podem ser compreendidas por meio do livro Macroeconomia para Executivos Teoria e Prática no Brasil de Cristiane Schimidt e Fabio Giambiagi.

Se a taxa de câmbio Reais por Dólar (R$/USD$) é de R$3,9/ USD$, isto significaria que o mesmo bem comprado por USD$100 nos Estados Unidos (EUA), custaria R$390 no Brasil. Passado um ano, considere que a inflação no Brasil e nos EUA foi de 4% e 2%, respectivamente.

Desta forma, o artigo americano passou a custar USD$102 (=100 * (1 + 0,02)) e o brasileiro, R$405,6 (= 390 * (1 + 0,04)). Logo, a nova taxa de câmbio deveria ser de R$3,98/ USD$.

A variação entre as duas taxas de câmbio foi, aproximadamente, de 2% (=(3,98 – 3,9) / 3,9). Ou seja, a taxa de câmbio se desvalorizaria pelo diferencial de inflação. Essa teoria da paridade do poder de compra é aplicada ao cálculo do famoso índice Big Mac.

Portanto, como a inflação brasileira é superior à americana, é esperado que nossa moeda se desvalorize no longo prazo em relação à dos EUA. Ou seja, também não devemos avaliar o valor nominal do câmbio e comparar com o passado sem fazer as devidas correções.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Qual o impacto da eleição para os investidores do Tesouro Direto? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/09/23/qual-o-impacto-da-eleicao-para-os-investidores-do-tesouro-direto/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/09/23/qual-o-impacto-da-eleicao-para-os-investidores-do-tesouro-direto/#respond Sun, 23 Sep 2018 05:10:48 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/FED-chicago-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1344 Os investidores mais conservadores que optaram pela popular plataforma do Tesouro Direto têm sentido no bolso o custo da incerteza eleitoral. Sem compreender a dinâmica do mercado de juros, indagam como estão perdendo, mesmo sem o Banco Central estar elevando a taxa de juros.

Estes investidores foram levados pelas notícias de ganhos mais elevados que alguns títulos alcançaram na plataforma há três anos e alocaram boa parte de suas economias naqueles títulos que mais se valorizaram, como o Tesouro IPCA 2035.

Passada a euforia, pagam agora o custo da falta de diversificação e de planejamento dos investimentos.

A diversificação mitiga o risco de perda, pois o ganho em aplicações diferentes compensa parte do prejuízo. O adequado planejamento evita com que seja necessário realizar o prejuízo quando o mais indicado seria aproveitar os preços mais baixos.

Por que os títulos se desvalorizam mesmo quando o Banco Central não faz qualquer movimento?

A confusão se inicia aqui. Não é a taxa de juros de curto prazo que define o preço do título, mas a taxa de juros futura. E esta última é definida em negociações no mercado financeiro.

Para entender esta relação, imagine uma gangorra, que é um brinquedo infantil comum nos parques. E, ao invés de haver uma criança, em cada lado da gangorra, há a taxa de juros futura de um lado e do outro o preço do título.

Efeito da alta da taxa de juros sobre o preço do título de renda fixa. Quando a taxa sobe, o preço cai.

Quando a taxa de juros futura sobe, o preço do título cai. Da mesma forma, quando a taxa de juros futura cai, o preço do título sobe.

Efeito da queda da taxa de juros sobre o preço do título de renda fixa. Quando a taxa cai, o preço do título sobe.

Desde o final de abril a taxa de juros do título Tesouro IPCA 2035 subiu para 5,90%+IPCA e estava 5,30%+IPCA. Esta alta fez com que o preço do título caísse para R$1.188 de R$1.280 há cinco meses, ou seja, uma queda de mais de 5,3% no período.

Ressalta-se que esta desvalorização ocorreu em um momento em que a inflação, medida pelo IPCA, teve um dos maiores saltos dos últimos anos. Não fosse a elevação do IPCA, o prejuízo teria sido ainda pior.

Se não tivesse ocorrido a elevação da taxa, desde o final de abril, seu título teria se valorizado R$1.336, ou seja, 4,4% de alta até a última quinta-feira (20/09/2018). Portanto, seu título Tesouro IPCA 2035 está valendo hoje 11% a menos do que poderia estar valendo. E parte desse prejuízo é explicado pela incerteza eleitoral.

Por que a incerteza eleitoral está gerando estas perdas?

Para entender a razão de a eleição causar parte dos prejuízos, é necessário relacionar o país com um devedor comum.

Considere uma pessoa comum que possui uma dívida. Se você, enquanto credor, acredita que esta pessoa vai se endividar ainda mais para poder pagar seus gastos correntes, provavelmente, cobraria uma taxa de juros maior para emprestar dinheiro a ela. Esta elevação dos juros seria uma forma de você ser remunerado pelo risco de eventual inadimplência.

Alguns candidatos à eleição mostraram menor compromisso em controlar os gastos do governo, o que sugere a possibilidade de elevação da dívida pública. Assim, da mesma forma que você, no exemplo anterior, os grandes investidores elevaram a taxa de juros média exigida para emprestar ao governo no longo prazo.

Quais títulos sofrem mais?

Esta elevação de juros não é igual para todos os prazos.

As taxas de juros para prazos mais curtos são menos afetadas que as dos mais longos. Isso ocorre, pois se imagina que um governo que não controle os gastos terá uma dívida cada vez maior no futuro. Logo, a capacidade de pagamento tenderia a piorar com o tempo.

O impacto da elevação da taxa também não é o mesmo para todos os vencimentos, mesmo que o movimento de elevação da taxa seja igual.

Quanto mais longo o título, maior é a sensibilidade dele a variações nas taxas de juros. Este efeito pode ser exemplificado, novamente, com a analogia da gangorra.

Nesta analogia, o prazo é a distância da barra do brinquedo.

Efeito da alta da taxa de juros sobre o preço do título de renda fixa. Quanto mais longo o vencimento do título, maior o impacto de uma variação da taxa de juros sobre, o preço do título.

Quanto mais longo o prazo do título, maior é o impacto pela variação na taxa de juros. Tanto para o lado negativo, quanto para o lado positivo.

Por exemplo, desde o final de abril, os títulos Tesouro IPCA 2019 se valorizaram 2,6%. Ou seja, como seu prazo de vencimento é muito curto, praticamente não sofreram efeito algum.

Lembro que se o investidor não vender o título nesse momento menos favorável e esperar até o vencimento, ele receberá a rentabilidade contratada.

Portanto, quando for investir em renda fixa, divida em prazos de acordo com sua necessidade de fluxo de caixa para não precisar vender antes do vencimento.

Adicionalmente, diversifique entre indexadores e em títulos privados, que podem render mais que os títulos públicos.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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