De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Com taxas prefixadas e inflação mais elevadas, entenda qual renda fixa é melhor https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/07/com-taxas-prefixadas-e-inflacao-mais-elevadas-entenda-qual-renda-fixa-e-melhor/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/07/com-taxas-prefixadas-e-inflacao-mais-elevadas-entenda-qual-renda-fixa-e-melhor/#respond Sun, 07 Nov 2021 05:30:53 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/sem-cabeca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2809 A alta da inflação acima do esperado e o ruído político promoveram uma forte elevação da curva de juros. Com isso, as taxas de juros de títulos de renda fixa prefixados parecem bem interessantes quando comparadas com as taxas disponíveis no início de 2021. No entanto, a inflação ainda preocupa e investidores se questionam se vale a pena correr o risco das taxas prefixadas, ou é melhor a segurança dos títulos referenciados ao IPCA. Explico abaixo o que precisa avaliar para decidir.

A curva de juros  futura, negociada na B3 e que é utilizada para precificação dos títulos de renda fixa já sugere que a Selic pode superar 13% ao ano em meados 2022.

A tabela abaixo apresenta na segunda coluna a estimativa do mercado para as variações da Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM) e, na última coluna a expectativa da taxa DI após a elevação dos juros. Para entender os números na tabela, 100 pontos base de variação da Selic equivalem a uma alta de 1%.

A tabela acima apresenta as datas das próximas reuniões do COPOM, as estimativas do mercado para as altas em cada reunião e a taxa DI resultante após a reunião. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Perceba que as taxas negociadas no mercado já consideram que a taxa Selic pode alcançar 13,5% ao ano em junho de 2022.

Desde o final de 2017, brasileiros não têm disponível taxas de retorno acima de 10% ao ano em títulos de renda fixa. Este retorno parece tentador, mas para decidir entre o indexador prefixado ou referenciado ao IPCA, é preciso fazer uma difícil aposta. Antes de explicar qual é a aposta, apresento alguns detalhes que você também deve considerar.

O primeiro ponto a entender é que quando for comparar títulos de renda fixa de remuneração diferente, deve considerar o mesmo emissor. Obviamente, um título público que rende a Selic vai render menos que um título pós-fixado emitido por um banco médio.

Por exemplo, o título Tesouro Selic, devido à taxa de custódia cobrada pela CBLC de 0,25%, deve render próximo de 90% do CDI. Já um CDB de banco médio, pode render mais de 130% do CDI. Essa diferença de rentabilidade ocorre pelo risco de crédito do banco. Quem investe menos de R$250 mil por emissor, conta com a garantia do FGC. Portanto, para estes casos, o risco é mitigado e o CDB de banco médio é imbatível em relação ao Tesouro Selic.

O mesmo raciocínio se aplica quando compara um CDB de banco médio prefixado ou referenciado ao IPCA e o título do Tesouro de mesma remuneração. Para o mesmo prazo, o CDB provavelmente terá maior rentabilidade

Entretanto, meu objetivo é explicar como você pode decidir entre a remuneração prefixada e IPCA. Portanto, usarei os títulos públicos do Tesouro Nacional para a comparação, considerando, assim, o mesmo risco de crédito.

A decisão entre os títulos não deve considerar apenas o retorno que é apresentado hoje, mas o que deve ocorrer com os movimentos do COPOM e da inflação, nos próximos anos. Entenda, que um título prefixado pode parecer mais vantajoso hoje, mas pode perder para a Selic, dependendo das alterações de taxa de juros que o COPOM deve praticar até o vencimento do título.

Vamos nos restringir, no entanto, à decisão apenas às duas remunerações: IPCA e prefixada. O processo de escolha é simples, mas, como mencionei, vai exigir que você faça uma aposta em relação ao que há implícito nas curvas de juros em cada momento até o vencimento do título. O site da Anbima te ajuda neste cálculo.

A Anbima atualiza, diariamente, a tabela abaixo, disponível no link. Nesta tabela encontrará a taxa equivalente para o Tesouro IPCA e Tesouro prefixado para cada prazo.

Estrutura a termo de taxas de juros (ETTJ) calculada pela Anbima. Taxas equivalentes aos títulos públicos referenciados a IPCA e prefixado para os vários anos de vencimento. Fonte: Anbima

Na última coluna desta tabela, há a taxa de inflação implícita no título prefixado que faz ele ser equivalente ao referenciado ao IPCA, de mesmo vencimento. A deliberação entre IPCA ou prefixado reside em como sua perspectiva diverge desta inflação implícita.

Vamos usar os títulos com vencimento em cinco anos (2026) para ilustrar. Se você acredita que a inflação de hoje até cinco anos a frente será superior 6,33% ao ano, você deve preferir o título referenciado à inflação. Mas, se você acha que a inflação, nos próximos cinco anos, será inferior a 6,33% ao ano, deve preferir o título prefixado.

A rentabilidade do título prefixado é a composição da taxa do Tesouro IPCA e da inflação implícita. Por exemplo, com o título do quinto ano: 11,97% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,0633) – 1.

Logo, se acredita que a inflação nos próximos cinco anos será de 4% ao ano, se comprar o título referenciado à inflação, vai ganhar 9,51% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,04) – 1. Portanto, menos que a remuneração do título prefixado para o mesmo período que hoje é de 11,97% ao ano.

De outra forma, caso suspeite que a inflação nos próximo cinco anos, será de apenas 7% ao ano, melhor comprar o título referenciado ao IPCA. Isso ocorre, pois o título referenciado ao IPCA vai render 12,67% = (1 + 0,0530) * (1 + 0,07) – 1. Logo, mais que o título prefixado.

Como vimos, o processo de escolha é simples, mas para se chegar à decisão correta, você precisa ter uma boa previsão sobre a inflação nos próximos anos. Na dúvida, prefira a segurança dos títulos referenciados ao IPCA, se for investir com prazo superior a três anos de vencimento.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Economistas começam a revisar suas projeções para 2022, mas o mercado sai na frente https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/24/economistas-comecam-a-revisar-suas-projecoes-para-2022-mas-o-mercado-sai-na-frente/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/24/economistas-comecam-a-revisar-suas-projecoes-para-2022-mas-o-mercado-sai-na-frente/#respond Sun, 24 Oct 2021 05:30:40 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Mark-Abramson-The-New-York-Times-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2787 As novas sinalizações sobre a política fiscal do governo levaram economistas a iniciar revisões de suas projeções de crescimento econômico, inflação, juros e câmbio para o próximo ano. No entanto, o mercado, nesta semana, já ajustou os preços dos ativos para um cenário bem pior.

Semanalmente, o Banco Central (BC) agrega e divulga a expectativa média dos economistas com relação às principais variáveis econômicas. O relatório divulgado na última segunda-feira já representa um passado distante. Veja abaixo a média dessas expectativas.

Expectativa média dos economistas para 2022 sobre as principais variáveis econômicas. Fonte: Relatório Focus do Banco Central do Brasil.

Em relatório divulgado neste sábado pela corretora XP Investimentos, o economista Caio Megale revisou suas projeções sobre as mesmas variáveis. Veja abaixo que os números se distanciam do que foi a pesquisa do BC.

Revisão das projeções de Caio Megale sobre as principais variáveis econômicas para 2022. Fonte: Relatório da XP Investimentos.

De fato, a revisão de Megale não foi a única. Na sexta-feira, o Credit Suisse também revisou seus números e agora espera que o crescimento econômico no próximo ano seja de apenas 0,6%, que a inflação suba para 5,5% e que a Selic atinja 10,5% ao ano em 2022.

Mais revisões devem ocorrer nas próximas semanas e, provavelmente, o relatório Focus do BC não vai capturar todas as revisões tão logo. No entanto, os investidores já ajustaram nos preços dos ativos o novo cenário pior.

 

Quanto o mercado já precifica para Selic em 2022?

Com a alta na curva de juros que ocorreu esta semana, o mercado já precifica que a Selic alcançaria antes do fim de 2022 o patamar de 12% ao ano.

O quadro abaixo apresenta o que o mercado de juros futuro já tem implícito para aumentos da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). A primeira coluna são as datas das próximas reuniões do COPOM, a segunda coluna são os aumentos previstos e a terceira coluna qual o valor resultante para a taxa DI.

Expectativas de altas da taxa Selic pelo COPOM implícitas na curva de juros futuro. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Portanto, o mercado já precifica que o COPOM deve elevar os juros mais do que os economistas esperam.

 

Qual a expectativa do mercado para o IPCA em 2022?

Considerando, as taxas negociadas para os títulos de renda fixa prefixados e as taxas reais dos títulos referenciados ao IPCA, é possível descobrir a inflação implícita pelo mercado.

Esta inflação implícita já está acima de 6% ao ano para os próximos anos. Logo, acima da projeção revisada pelas corretoras mencionadas.

 

O que o mercado já colocou no preço das ações para 2022?

O cenário de taxas de juros mais altas e de crescimento econômico menor se reflete nas empresas em menor crescimento de lucros.

O gráfico abaixo apresenta a evolução nos últimos 10 anos do índice de ações Ibovespa (linha branca) e da expectativa para o ano seguinte para o lucro médio ponderado das empresas que o formam (linha verde). Perceba que ambos andam em sincronia no longo prazo.

Evolução nos últimos 10 anos do índice de ações Ibovespa (linha branca) e da expectativa para o ano seguinte para o lucro médio ponderado das empresas que o formam (linha verde). Fonte e elaboração: Bloomberg.

O mercado espera que em 2021 o lucro médio ponderado do Ibovespa (EPS – Earnings Per Share, ou lucro por ação) seja equivalente a R$ 14,39 mil. Para 2022, esperava-se que este EPS fosse de R$13,3 mil. Logo, os analistas já tinham em suas projeções uma queda 7,5% para 2022 nos lucros.

No entanto, a queda dos preços das ações desta semana sugere que a expectativa para o lucro médio das empresas apresente queda adicional de 15% para 2022. Ou seja, que a queda dos lucros em 2022 superaria os 20%.

Uma queda de lucros de mais de 20% considera um crescimento econômico para o país pior que o esperado pelas corretoras mencionadas.

 

E o câmbio para 2022?

Já o câmbio tem seguido de perto a trajetória do risco país. O gráfico abaixo apresenta a evolução do risco país medido pelo Credit Default Swap (CDS) (linha laranja) e do câmbio R$/ USD$ (linha branca).

Evolução do risco país medido pelo Credit Default Swap (CDS) (linha laranja) e do câmbio R$/ USD$ (linha branca). Fonte e elaboração: Bloomberg.

Considerando o atual patamar do risco país e como o câmbio era negociado em momentos anteriores que o risco país atingiu este mesmo nível, é possível esperar mais desvalorizações para nossa moeda no futuro.

 

Como agir no portfólio?

Avaliando as expectativas dos economistas e do mercado, é possível tirar algumas conclusões.

Cuidado ao decidir sobre sua carteira considerando apenas as mudanças que estão sendo realizadas pelos economistas e analistas. Muitas destas mudanças já estão refletidas nos preços de mercado.

Assim, para tomar suas decisões, reflita sobre o que pode ocorrer aos preços em relação ao que o mercado já considera, como mencionado acima.

Também é muito importante atentar para seu perfil de investidor e considerar horizontes de investimentos mais longos quando se deseja se expor a risco em momentos de mercado mais volátil como o atual.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Se você tem previdência há mais de cinco anos está na hora de revê-la – Parte II https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/02/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la-parte-ii/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/02/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la-parte-ii/#respond Sun, 02 May 2021 05:30:02 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Warren-Buffett-ensina-em-sua-reunião-anual-Rick-Wilking-Reuters.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2555 Na semana passada, expliquei duas razões pelas quais você deveria revisar o produto de previdência se você aplica há mais de cinco anos. Mas, quando se fala em previdência, não se pode pensar apenas no produto. Há mais três pontos que você precisa revisar em seu plano.

Conforme descrevi na semana passada, há cinco anos, a taxa básica de juros da economia era de 14,25% ao ano.

Em 2016, a taxa real de juros para títulos públicos de dez anos de vencimento era de 6% ao ano. A taxa real de juros de um título de vencimento de mesmo prazo agora está em 3,9% ao ano.

O gráfico abaixo apresenta a evolução da taxa real de juros de um título com vencimento de dez anos a frente. Perceba que a taxa esteve na média menor que 3,5% ao ano desde o final de 2019.

Evolução da taxa real de juros de um título com vencimento de dez anos a frente. Fonte: Bloomberg

A taxa de juros de títulos públicos define o patamar base de retorno para todo o mercado. O retorno esperado dos investimentos financeiros é calculado acrescentando-se um prêmio sobre esta taxa.

Assim, se ela cai, isso quer dizer que todas as aplicações de forma esperada devem render menos no horizonte futuro.

Dessa forma, se seu objetivo final com a previdência não se alterou, você deve revisar os aportes mensais ou revisar o risco de sua carteira.

 

Revisar o aporte

Por exemplo, em 2016, quando a taxa real de juros era de 6% ao ano, um investidor conservador, poderia estimar que com R$ 1.539,23 seria capaz de em trinta anos atingir o patrimônio de R$ 1,5 milhões em termos reais.

É mais adequado calcular em termos reais, pois em trinta anos, se você não ajustar pela inflação, não vai conseguir viver com R$ 1,5 milhões da mesma forma que se vive hoje. Por isso, se utiliza a taxa de juros acima da inflação para o cálculo.

Com a taxa de juros agora a 3,9% ao ano, alguém que planeja ter em trinta anos R$ 1,5 milhões a valores de hoje, deve agora investir mensalmente R$ 2.226,72.

Portanto, você deveria fazer um esforço de poupança de quase 50% a mais.

 

Revisar o risco

Caso não consiga realizar esta aplicação mensal adicional e deseja manter o objetivo inicial, pode revisar o risco de sua carteira a fim de chegar ao retorno médio de IPCA+6% que tinha antes.

Isso quer dizer que deve adicionar produtos com mais risco como fundos de previdência com investimentos em ações nacionais e internacionais.

 

Objetivo

Periodicamente também deve revisar o objetivo que tem com a previdência.

A maioria dos investidores aplica em planos de previdência, mas o fazem sem traçar um objetivo.

Sem esta meta, fica inviável para o investidor entender se o que tem feito de aportes e diversificação de produtos é suficiente para satisfazer suas necessidades no futuro.

Portanto, esta meta é fundamental. Depois de fixada a meta, ela também precisa ser revista periodicamente, pois suas necessidades podem se alterar com o tempo.

Por exemplo, há cinco anos, você poderia acreditar que uma renda de R$ 5 mil por mês seria suficiente para você. Desta forma, o objetivo de chegar em um patrimônio de R$ 1,5 milhões a valores de hoje seria muito adequado.

No entanto, se você revisou seus gastos e percebeu que agora seria necessária uma renda de R$ 10 mil mensais, seu objetivo final também precisa ser revisado o quanto antes.

Quanto mais cedo revisar seu objetivo melhor, pois precisará ajustar os aportes ou o risco em menor intensidade.

Revisar o plano de previdência pode ser comparado a ir ao dentista ou ao médico para tratar de sua saúde. Se você demorar para fazer check-ups, o dano na sua saúde financeira pode ser pior.

 

Michael Viriato é sócio fundador da Casa do Investidor.

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Se você tem previdência há mais de cinco anos está na hora de revê-la https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la/#respond Sun, 25 Apr 2021 05:30:56 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/João-Wainer-29.nov_.10-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2551 Não existe nada que você investe e esquece. Mesmo para investimentos que são caracterizados como de longo prazo, como os produtos de previdência privada.

No caso dos planos de previdência, destaco duas razões que justificam você reavaliar seu produto caso esteja aplicando há mais de cinco anos.

Ao contrário do preconceito criado por motivos ultrapassados, o produto de previdência conhecido pelas siglas PGBL e VGBL é um dos melhores veículos de investimento de longo prazo.

Embora seja caracterizado como seguro, você pode considerá-lo como fundo de investimentos. Mas é um fundo que possui vantagens adicionais.

Tanto VGBL quanto PGBL possuem vantagens em economia de impostos seja nos investimentos ou em sucessão patrimonial. Adicionalmente, possuem blindagem patrimonial maior que fundos de investimentos.

No caso do PGBL a vantagem se estende à redução dos impostos sobre seu salário. Conforme escrevi anteriormente, apenas com esta economia de imposto, você poderia dobrar seu salário.

Todas estas vantagens só se tornam realmente interessantes se o produto que você investe for bom. E por que você deve ficar mais atento a isso se aplica há mais de cinco anos?

 

Taxa de administração

Você lembra quanto era a taxa básica da economia, a taxa Selic, em 2016 até setembro?

a) 20,25%

b) 14,25%

c) 8,25%

d) 2,25%

Apesar de ter sido criado em 1997, o produto do tipo PGBL e VGBL foram regulamentados em 2002. Desde 2002 até 2016 a taxa Selic foi em média de 13,6% ao ano.

Em 2016, até setembro, a taxa Selic era de 14,25% ao ano.

Quando as taxas de juros eram mais altas e não havia competição com as grandes seguradoras ligadas aos maiores bancos, as taxas cobradas eram significativamente maiores que as atuais.

A competição extinguiu a cobrança da taxa de carregamento e promoveu a redução das taxas de administração para os novos fundos de previdência para patamar similar ao cobrado nos fundos abertos.

Normalmente, as seguradoras lançam produtos novos e mantém os antigos com taxas mais altas. Portanto, se você não faz a portabilidade, você fica sujeito às taxas mais altas.

Segundo a Economatica há fundos de previdência (PGBL e VGBL) com taxa de administração que superam 2,75% ao ano em produtos referenciados à Selic.

Como a Selic atual é de 2,75% ao ano, os clientes destes fundos pagam mais em taxa que ganham em seus investimentos. Portanto, o retorno chega a ser negativo.

Portanto, se você tem um destes fundos, precisa, urgentemente, realizar a portabilidade para produtos mais novos que possuem taxas menores. Por exemplo, nas seguradoras independentes existe plano de previdência referenciado à Selic sem taxa de administração.

 

Produto

O volume aplicado em fundos de previdência privada supera R$ 1 trilhão em abril de 2021.

Os gestores especialistas perceberam que os grandes bancos estavam nadando neste patrimônio cobrando altas taxas de administração, com produtos atrasados e com performance ruim.

Assim, eles também entraram neste mercado oferecendo produtos melhores e com taxas de administração menores.

Inicialmente, eles entraram por meio das seguradoras independentes. Assim, estas ainda possuem a maior oferta de produtos especializados.

Se você possui um plano antigo, avalie as alternativas em gestores especialistas em seguradoras independentes. Com a portabilidade, além de poder reduzir as taxas de administração, poderá ter acesso a fundos com melhor gestão.

 

Se você fizer a portabilidade para produtos novos, mais bem geridos e com menor taxa, pode elevar a rentabilidade de seus investimentos em até 3% ao ano.

Como a previdência privada é para o longo prazo, em 25 anos, este retorno, a mais, pode fazer com que seu patrimônio seja mais que o dobro de você não fazer nada hoje. E isto pode fazer toda a diferença quando você estiver se aposentando.

 

Michael Viriato é sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra quais são os riscos em renda fixa atualmente https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/18/descubra-quais-sao-os-riscos-em-renda-fixa-atualmente/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/18/descubra-quais-sao-os-riscos-em-renda-fixa-atualmente/#respond Sun, 18 Oct 2020 05:30:20 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/Xinhua-Wang-Ying-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2352 Com a queda da taxa Selic para 2% ao ano (0,17% ao mês), investidores estão correndo para balancear suas carteiras buscando maiores retornos. A velocidade da queda dos juros surpreendeu muitos investidores e vários ainda não conseguiram adequar seus portfólios à nova realidade de rendimentos. Aponto alguns riscos que você precisa atentar para melhorar a rentabilidade, mas manter a segurança.

No passado, o investidor não precisava fazer nenhum planejamento, pois a remuneração de aplicações com liquidez diária já era suficientemente boa.

A liquidez dos investimentos é a capacidade de transformar os recursos investidos em dinheiro sem sofrer com as condições de mercado. Algumas aplicações que possuem maior carência ou maior prazo de vencimento são premiadas com uma maior taxa de retorno em relação ao CDI. Entretanto, não basta investir em títulos com maior retorno. É preciso avaliar os riscos de movimento da curva de juros e o que o mercado já precifica nesta curva.

Um risco no cenário econômico emerge e o investidor deve considerar de forma mais cuidadosa os efeitos que podem ser produzidos na Selic e na curva de juros.

Nos últimos vinte anos, apenas em um momento tivemos a inflação superando o CDI em quatro meses seguidos como estamos passando agora. Observe na tabela abaixo que, assim como atualmente, o IPCA também esteve maior que o CDI entre novembro de 2012 e fevereiro de 2013.

 

A tabela indica o IPCA, o CDI e a diferença entre ambos nos últimos quatro meses e em 2013. Nestes dois períodos, o IPCA superou o CDI por quatro meses seguidos.

Uma característica marca os dois momentos. Assim como em 2013, a Selic hoje também se encontra no seu mínimo histórico.

Sem dúvida, o cenário de ociosidade econômica e de desemprego atuais são diferentes daqueles encontrados em 2013. No entanto, a dívida pública líquida como percentual do PIB nunca esteve tão alta como agora.

Evolução da dívida líquida pública em relação ao PIB desde 2011. Fonte: Bloomberg.

Talvez você se pergunte, mas e daí? Qual o risco? Afinal, os economistas esperam que a Selic permaneça baixa.

Para decidir as taxas de juros de curto prazo, a taxa Selic, o Banco Central (BC) persegue o regime de metas de inflação. Nesse regime, ele acompanha as expectativas dos agentes. E essa expectativa pode mudar rapidamente se a confiança for abalada.

Em 2013, logo depois de a inflação superar o CDI por quatro meses seguidos o BC iniciou um processo de elevação das taxas de juros como forma de administrar essa expectativa.

Sinais de que a confiança do mercado começa a ser abalada já estão sendo precificados nas taxas de juros. Isso ocorre não só pela elevação das taxas mais longas, mas também no prêmio que investidores estão cobrando acima da taxa Selic.

Nos últimos trinta dias os títulos referenciados à taxa Selic (Tesouro Selic) apresentaram forte queda como pode ser visto no gráfico abaixo. Esta queda impactou os fundos de liquidez e fundos multimercados que compram esses títulos em suas carteiras. Ou seja, manter os investimentos em ativos de liquidez pode não te garantir retorno positivo no curto prazo.

Evolução do índice de títulos públicos federais referenciados à taxa Selic (IMA-S). Fonte: Bloomberg.

Embora os economistas não prevejam elevação da taxa Selic no curto prazo, os agentes de mercado já precificam na curva de juros a possibilidade de a Selic se elevar já em 2020.

A figura abaixo mostra a taxa de juros prefixada negociada no mercado para cada prazo. A curva verde inferior indica as taxas negociadas no mercado em julho de 2020 e a curva laranja superior as taxas negociadas no mercado na última sexta-feira.

Curva de juros atual e há três meses. Fonte: Bloomberg.

O ambiente de investimento de renda fixa se torna agora ainda mais desafiador, tendo em vista o atual patamar da taxa Selic e do CDI. O aplicador precisa realizar além de um adequado planejamento de sua liquidez e de fluxo de caixa, também ter o entendimento do cenário econômico e da curva de juros de forma a evitar perdas com os movimentos de mercado.

 

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Com a queda dos juros, saiba se ficou mais vantajoso comprar ou alugar https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/08/16/com-a-queda-dos-juros-saiba-se-ficou-mais-vantajoso-comprar-ou-alugar/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/08/16/com-a-queda-dos-juros-saiba-se-ficou-mais-vantajoso-comprar-ou-alugar/#respond Sun, 16 Aug 2020 05:30:17 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/NYpredios-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2270 Enquanto a economia se retrai, a queda da taxa Selic para o mínimo histórico e o maior tempo dispendido em casa têm aquecido o mercado imobiliário. Segundo o portal FipeZap, o preço médio de venda de imóveis residenciais sobe 1,39% em 2020, até julho. Esta valorização supera a inflação medida pelo IPCA, que no ano atinge apenas 0,46%. Mas será que a simples queda da taxa básica de juros deveria mudar a decisão entre comprar ou alugar um imóvel?

Analogamente a uma ação negociada em bolsa de valores, o imóvel também tem duas fontes de retorno: ganho de capital e dividendos. Nos imóveis, os dividendos são representados pelo aluguel. E o ganho de capital significa a apreciação do ativo.

Como afirma o especialista internacionalmente reconhecido, Aswath Damodaran, os imóveis também podem ser avaliados seguindo os mesmos modelos de avaliação de ações. Pela sua característica de maior estabilidade nas receitas de aluguel, argumenta-se que seja possível utilizar modelos mais simples.

O modelo mais simples de avaliação de ações que também pode ser empregado para o mercado imobiliário foi apresentado em 1956 pelos autores Myron J. Gordon e Eli Shapiro. Usualmente, ele é conhecido como modelo de Gordon.

A equação deste método é facilmente utilizada, pois considera apenas três fatores: o dividendo (D), a taxa de desconto (k) e a taxa de crescimento dos dividendos (g). O valor do ativo (V) é o resultado da equação de Gordon apresentada na figura abaixo. Em seguida, vamos esclarecer cada um dos componentes.

Modelo de avaliação de ativos apresentado em 1956 pelos autores Myron J. Gordon e Eli Shapiro.

O que usar como dividendo (D)?

No modelo acima, o dividendo é o que o detentor do ativo recebe anualmente. Nesse caso, a expectativa de aluguel anual deve ser reduzida das despesas exclusivas de quem é o proprietário do imóvel.

Um exemplo desta última despesa é a parcela não recorrente ou adicional do condomínio que é paga apenas pelo proprietário, mas não pelo locatário, como despesas de limpeza e reforma da fachada do prédio. Estas despesas só são pagas se você for o proprietário. Portanto, sendo locatário é como se você economizasse, ou seja, deixasse de pagar por elas.

Lembre-se de não considerar o condomínio e impostos no valor do aluguel, pois estas despesas você as teria sendo proprietário ou locatário.

O que usar como taxa de desconto (k)?

Em qualquer modelo de avaliação, a taxa de desconto deve sempre refletir o risco do fluxo de caixa que está no numerador. Ela é composta de dois elementos: a taxa livre de risco e o prêmio pelo risco que acabamos de mencionar.

Como taxa livre de risco, usualmente se utiliza a taxa dos títulos públicos federais, pois são os ativos com menor risco de crédito de um país.

Como o aluguel sobe com a inflação, podemos utilizar a taxa de juros real (acima da inflação). Nesse caso, os títulos públicos referenciados à inflação de dez anos possuem taxa próxima de 3,5% ao ano, como pode ser observado no site da plataforma Tesouro Direto.

O prêmio pelo risco depende da probabilidade de haver inadimplência e vacância. Usualmente, o prêmio – taxa acima dos títulos públicos – recomendado para imóveis é de 2% ao ano.

Portanto, a taxa de desconto média acima da inflação a ser utilizada seria de 5,5% ao ano (= 3,5% + 2%).

A queda da taxa Selic influenciou na redução desta taxa de desconto. Esta taxa era 2% maior em 2018, por exemplo.

O que usar como taxa de crescimento (g)?

A taxa de crescimento retrata quanto se espera que o imóvel se valorize acima da inflação de forma perpétua. Uma taxa de crescimento média de longo prazo seria de 1% ao ano no caso brasileiro.

Se assumirmos uma inflação de 4% ao ano no longo prazo, a valorização nominal futura esperada se aproximaria de 5% ao ano. Logo, em pouco mais de catorze anos, com estas premissas, o imóvel dobraria de valor, e, também, o aluguel.

Exemplo

Utilizando as premissas mencionadas, basta aplicar os dados na fórmula de Gordon acima, considerando o valor do aluguel do imóvel em vista.

Por exemplo, se o imóvel que você estuda adquirir tem apartamentos sendo alugados por R$ 2 mil/ mês e não existem despesas em excesso ao condomínio do locatário, basta considerar a variável D como R$ 24 mil anual (=R$ 2 mil * 12).

Aplicação do modelo de Gordon para avaliar um imóvel.

Se o valor de venda do imóvel é superior a R$533 mil, a melhor alternativa é alugar o mesmo imóvel. Caso contrário, a aquisição do imóvel é mais recomendada.

Ressalta-se que as variáveis crescimento real e taxa de desconto podem ser revisadas para se adequarem a cada caso. Por exemplo, se uma região possui maior perspectiva de valorização, é adequado elevar a taxa de crescimento de 1% ao ano para até 2% ao ano. E a taxa de desconto pode ser reduzida para 0,5% ao ano se considerarmos que seu próprio aluguel não teria risco de inadimplência ou vacância.

Com esses ajustes, o imóvel com mesmo aluguel anual de R$ 24 mil poderia valer R$ 800 mil como mostrado na figura abaixo.

Aplicação do modelo de Gordon para avaliar um imóvel.

Assim, se o imóvel que procura possui aluguel de R$ 2 mil por mês e é anunciado à venda por mais de R$ 800 mil, é mais recomendável alugar esse imóvel do que o adquirir.

Portanto, com a queda das taxas de juros, houve uma ampliação da faixa de preços que, relativamente ao valor do aluguel, seria vantajosa a compra do imóvel.

Com essa simples conta, sua decisão financeira na aquisição ou aluguel do imóvel será mais fundamentada.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Três ações que você precisa tomar para se tornar um bilionário https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/07/26/tres-acoes-que-precisa-tomar-para-se-tornar-um-bilionario/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/07/26/tres-acoes-que-precisa-tomar-para-se-tornar-um-bilionario/#respond Sun, 26 Jul 2020 05:30:00 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/João-Wainer-29.nov_.10-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2247 Quando se fala em bilionários, uma lista de referência emerge, a lista levantada pela publicação Forbes. Todos desejamos ser parte desta lista, mas poucos têm coragem de fazer o necessário. Em geral, procuramos por atalhos. Discuto abaixo as ações comuns que proporcionaram fortuna ao seleto grupo.

Quantos bilionários você acha que existem no mundo?

a) menos de mil indivíduos;

b) entre dois mil e três mil pessoas;

c) entre cinco e sete mil indivíduos;

d) mais de oito mil pessoas.

Lembre-se, somos quase 8 bilhões de pessoas no mundo.

Menos 0,00003% da população faz parte do grupo de pessoas com fortuna superior a US$ 1 bilhão. Segundo a amostra levantada pela Forbes, encerrada em 18 de março de 2020, existiam cerca de dois mil bilionários no mundo.

A crise também afetou este grupo de indivíduos. Devido a ela, 58 pessoas deixaram de ser bilionárias em relação ao ano anterior e 51% ficaram menos ricas.

O patrimônio deste grupo caiu US$700 bilhões neste ano em relação a 2019, para US$ 8 trilhões. Para se colocar em perspectiva, o PIB brasileiro é de cerca de R$ 7 trilhões. Portanto, estas duas mil pessoas, no mundo, possuem riqueza equivalente a mais de cinco vezes a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no Brasil em um ano.

A possibilidade de se tornar um bilionário é baixa, mas o caminho, passa antes, por ser milionário. Portanto, entender a trajetória destas pessoas é relevante para você planejar sua trilha em direção à liberdade financeira.

Excluindo aqueles que herdaram suas fortunas, três características são comuns aos bilionários.

Empreendedorismo

Não há nada de errado em trabalhar oito a doze horas por dia para outra pessoa. No entanto, como o número de horas que você pode vender é limitado, dificilmente o valor desta hora será significativo o suficiente para torná-lo rico.

Ao contrário do que muitos imaginam, menos de 10% dos bilionários são apenas investidores como o renomado Warren Buffett.

Normalmente, os bilionários são empreendedores fundadores ou se tornaram sócios de empreendimentos que prosperaram.

Empreender não é tarefa fácil e, por isso, quando bem sucedida resulta em grandes ganhos.

 

Tempo

Interessante notar que menos de 15% dos bilionários são indivíduos com menos de 50 anos. Apenas alguns empreendedores de negócios disruptivos como Facebook, Snapchat e jogos onlines conseguiram gerar fortuna em poucos anos.

A maioria dos jovens bilionários herdou sua fortuna.

Empresas levam tempo para maturar. O processo é similar ao efeito dos juros compostos nos investimentos. Leva muito tempo e, no início, parece que o patrimônio não cresce.

Mesmo um investidor como Buffett, começou a carreira com um patrimônio de apenas US$ 20 mil nos seus vinte anos de idade. E seu patrimônio foi resultante não só de rentabilidade, mas também de novos aportes.

Se considerarmos somente o rendimento de sua empresa de 20,3% ao ano, o patrimônio inicial se transformaria em apenas US$ 549 milhões ao fim de 2019. Portanto, para chegar a seu patrimônio bilionário foram necessários mais investimentos ao longo do tempo.

Com um retorno de 20,3% ao ano, o patrimônio dobra em pouco menos de 4 anos. Isso quer dizer que se começar hoje, como Buffett, com R$20 mil e, tiver este retorno anual, vai demorar 30 anos para chegar a R$5,1 milhões. Cerca de 10 anos depois já vai ter R$32,5 milhões e, se esperar mais cinco anos, supera os R$80 milhões.

Portanto, leva tempo para se construir fortuna.

 

Risco

Ninguém jamais construiu fortuna sem correr riscos.

Quando olhamos a foto dos bilionários atuais vemos apenas sorriso e glamour. Entretanto, no caminho houve pouco disto, mas muito mais de suor e lágrimas.

De fato, a grande maioria dos empreendedores falha e perde todo o investimento. O risco é a incerteza sobre a rentabilidade futura. Esse retorno, muitas vezes, chega a ser a perda de todo o capital investido, quando se trata de empreendimento.

Mesmo investidores mais diversificados como Buffett, Jim Simons e Ray Dalio fizeram diversos negócios fracassados dentre aqueles bem sucedidos.

Neste primeiro semestre, por exemplo, Buffett amargou prejuízos bilionários, vendendo, com desvalorização de mais de 50%, participações em empresas aéreas que adquiriu anteriormente.

Ao longo de sua carreira, as perdas não se resumiram a apenas uma pequena parcela de seu patrimônio. Em vários anos o retorno no ano calendário foi negativo. Em um deles a perda total chegou a quase 50% de todo o patrimônio. Isso ocorreu dez anos depois de iniciar suas atividades. Naquele ano, vários investidores perderam a esperança e se retiraram. Não tiveram paciência.

Você estaria disposto a perder 50% de seu patrimônio, sem ter a certeza de que vai recuperar e ainda assim perseverar?

Ninguém constrói fortuna com retornos de 2% ao ano como os existentes nos títulos referenciados à Selic ou na poupança, que rende menos ainda.

Assim, se não está disposto a arriscar, a aceitar que, em alguns momentos, algumas aplicações não serão bem sucedidas e a ter paciência para esperar a maturação destes investimentos, a conquista de fortuna dificilmente é atingida.

No entanto, é preciso ter muito cuidado com o risco que corre. Não procure fórmulas milagrosas no Youtube. Perceba que mesmo o investidor mais bem sucedido do mundo, não foi capaz de ganhar uma média de mais de 1,55% ao mês. Se alguém prometer retornos maiores e sem risco, desconfie.

Acima de tudo, deve respeitar seu perfil de investidor para que não se desespere e realize perdas, quando deveria estar investindo mais.

Você encontrará mais curiosidades sobre estes bilionários e suas bibliografias no site da Forbes.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra se você está errando como a maioria dos brasileiros https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/07/05/descubra-se-voce-esta-errando-como-a-maioria-dos-brasileiros/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/07/05/descubra-se-voce-esta-errando-como-a-maioria-dos-brasileiros/#respond Sun, 05 Jul 2020 05:30:24 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2209 Estudos empíricos atestam que a decisão de alocação estratégica entre as classes de ativos é crucial no retorno de longo prazo. Quando se fala em longo prazo, deve-se imaginar um horizonte de investimento de 10 anos ou mais. É justamente nesta parcela de longo prazo que a média dos brasileiros está errando.

Antes de avaliar como os brasileiros investem, vamos entender quem provavelmente tem acesso à melhor orientação sobre investimentos.

As instituições financeiras segregam investidores, quando pessoas físicas, em três segmentos básicos: varejo, varejo de alta renda e private. A segmentação está relacionada ao volume de investimentos.

Usualmente, o private é formado por aplicadores com mais de R$ 5 milhões, equivalente a US$1 milhão em aplicações financeiras líquidas. O varejo de alta renda costuma ser constituído por aqueles com mais de R$ 100 mil reais. Por fim, aqueles com investimentos menores que R$100 mil constituem o varejo.

Dos três segmentos, qual você acredita que, na média, tem mais acesso à informação e orientação financeira?

Concordamos que por serem uma parcela menor e que concentram mais recursos, investidores do segmento private, costumam ter acesso à  melhor orientação financeira. Que tal entender como eles estão alocando seus portfólios?

As três figuras a seguir são distribuições de alocação de recursos em fundos de investimento para cada um dos três segmentos, com dados da Anbima. Seu desafio é atribuir cada gráfico a seu segmento. Qual seria a distribuição de alocação dos investidores private?

Distribuição de fundos de investimentos entre classes de ativos para os segmentos varejo, varejo de alta renda e private. Cada letra representa um segmento. Fonte: Anbima.
Distribuição de fundos de investimentos entre classes de ativos para os segmentos varejo, varejo de alta renda e private. Cada letra representa um segmento. Fonte: Anbima.
Distribuição de fundos de investimentos entre classes de ativos para os segmentos varejo, varejo de alta renda e private. Cada letra representa um segmento. Fonte: Anbima.

Em qualquer dos segmentos, existem investidores conservadores, moderados e agressivos. É razoável estimar que a média de todos os investidores resulta em um perfil moderado. Portanto, podemos afirmar que os gráficos seriam atribuídos aos investidores moderados.

Se você disse que a distribuição do varejo é aquela com letra C e o private é aquela com letra A, você acertou. Perceba, que o percentual em fundos de renda fixa alocado para o private está em apenas 20%. Enquanto, no varejo, este percentual supera 80%.

A alocação em fundos de ações, para o varejo, é a menor entre todos os segmentos.

Apenas uma pequena parcela dos brasileiros se enquadra na categoria private. Portanto, a grande maioria dos brasileiros deve estar com alocação em ações menor do que deveria. Com a queda das taxas de juros a patamares, historicamente baixos, esta reduzida alocação em ações pode ter um reflexo considerável no potencial de retorno de longo prazo para estes investidores.

Entretanto, esta ainda não é a maior falha entre os investidores. Quando se avalia os recursos totais em previdência privada, o problema pode ser ainda maior.

Os recursos investidos em previdência privada são usualmente aqueles de perfil de longo prazo. Este horizonte de investimento é justificado pela finalidade da aplicação que costuma ser para aposentadoria ou sucessão.

Os dados da Anbima mostram que o volume total alocado em previdência privada aberta alcança R$ 928 bilhões. No entanto, os fundos de previdência qualificados como de renda fixa somam R$ 818 bilhões. Ou seja, quase 90% dos recursos de brasileiros em previdência são mais conservadores que a distribuição em fundos de investimentos.

Menos de 3% dos fundos de previdência dos brasileiros estão alocados em fundos de ações. Este número demonstra uma grande incoerência na alocação para aposentadoria.

Como os recursos em previdência têm perfil de mais longo prazo que fundos abertos, eles deveriam ser a parcela mais agressiva dos investidores. Seria de se esperar que a alocação em ações média, em previdência, superasse aquela apresentada pelos investidores private em fundos abertos.

O reflexo da remuneração mais baixa recente das taxas de juros certamente vai promover esta movimentação, mas não espere os outros fazerem primeiro, pois pode ser tarde para você salvar sua aposentadoria.

 

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra quão próximo está de sua independência financeira https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/28/descubra-quao-proximo-esta-de-sua-independencia-financeira/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/28/descubra-quao-proximo-esta-de-sua-independencia-financeira/#respond Sun, 28 Jun 2020 05:30:09 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Planejamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2202 Com a queda do CDI para seu mínimo histórico de 0,18% ao mês, muitos reconsideram a possibilidade de atingir a independência financeira por meio de aplicações financeiras. Comento abaixo como isso ainda é possível, quanto tempo levaria para atingir e o que deve fazer.

 

O que é independência financeira?

Independência financeira é muitas vezes confundida com aposentadoria. No entanto, são conceitos distintos.

Como define o guru Tony Robbins em seu livro “Dinheiro, domine esse jogo”, você atinge a independência financeira quando seu patrimônio financeiro é capaz de gerar rendimentos suficientes para manter seu estilo de vida atual.

Se seu custo de vida é de R$60 mil anuais, ou R$ 5 mil mensais, você precisa ter um patrimônio com potencial de gerar este retorno anual.

Não quer dizer que você irá parar de trabalhar, ou seja se aposentar, mas que pode procurar um trabalho que eleve seu bem-estar.

 

Como calcular?

A forma correta de calcular o patrimônio necessário para esta renda deve considerar apenas o retorno acima da inflação.

Internacionalmente, a taxa usualmente utilizada é de 4% ao ano. Esta prática é conhecida como “regra dos 4%”. Para o caso brasileiro, esta taxa é ainda mais razoável. Explico a razão abaixo.

Voltando ao nosso exemplo, se você tem um custo de vida de R$ 60 mil anual, deve colocar como objetivo ter um patrimônio de R$ 1,5 milhões. Se a renda almejada é de R$ 10 mil, suas aplicações financeiras devem ser pelo menos o dobro, ou seja, R$ 3 milhões.

Para chegar a este valor, basta dividir a renda anual almejada por 0,04, ou seja, 4%.

 

Onde investir?

A regra dos 4% foi criada pelo assessor financeiro William Bengen em 1994. O autor denominou esta regra como Safemax rule, mas o nome não ganhou tanta repercussão quanto o citado anteriormente.

Bengen sugere que o portfólio para seguir esta regra não deve ter menos de 50% alocado em ativos ações e o restante alocado em títulos de renda fixa de prazo intermediário. Avalie toda a pesquisa de Bengen que deu origem a esta regra no link.

Conforme definido pelo portal Investopedia, títulos de médio prazo são aqueles com vencimento entre 2 a 10 anos. Um título só é definido como de longo prazo, se ele tiver vencimento superior a dez anos.

Perceba nisto uma lição muito importante. Vai ser muito mais difícil alcançar sua independência financeira se você investir em caderneta de poupança ou em títulos que rendem apenas o CDI. Estas são aplicações de curto prazo.

Você vai precisar sair da falsa zona de conforto da baixa volatilidade.

Para o Brasil, como ainda há disponível títulos públicos e privados com retorno superior a 4% ao ano acima da inflação, sua meta pode ser atingida mais fácil e rápido que internacionalmente.

No entanto, isso não quer dizer que não precisa ter investimentos de renda variável, mas que pode ter uma proporção menor e ainda assim obter retornos mais elevados que os do estudo de Bengen. Portanto, possibilitando que sua meta seja alcançada de forma mais rápida.

 

Quanto tempo?

O tempo para se alcançar sua independência financeira depende de quatro variáveis: o valor atual de suas aplicações, a meta que deseja alcançar, quanto pode aportar mensalmente e da taxa média de retorno de seu portfólio no horizonte de investimento.

Considerando o exemplo acima em que se deseja ter uma renda mensal de R$ 5 mil. Assim, se seu patrimônio inicial é de R$ 100 mil, se pode investir mensalmente R$ 1 mil e você tem um portfólio de perfil moderado que rende 6% ao ano real (acima da inflação), levariam 29,5 anos para chegar na sua independência financeira.

Considerando a mesma rentabilidade real de 6% ao ano, a tabela abaixo simula outras situações de patrimônio inicial e de aporte mensal. Os números que estão com fundo verde representam o prazo para atingir sua independência financeira.

A tabela apresenta o número de anos para se atingir a independência financeira, considerando uma taxa real equivalente a 6% ao ano, um patrimônio objetivo de R$ 1,5 milhões e as diferentes possibilidades de patrimônio inicial e aplicação mensal.

Para realizar cálculo com valores diferentes, você pode usar a função NPER(taxa de juros mensal; aportes mensais; patrimônio hoje; – meta de patrimônio final) no Excel. Basta substituir os quatro parâmetros.

O caminho para a independência financeira pode ser comparado a uma jornada. O primeiro passo é definir uma meta atingível. Entretanto, se não iniciar a jornada e se não mantiver a disciplina no caminho, é uma ilusão esperar que se chegue ao destino.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Selic deve cair abaixo da faixa mínima de inflação; O que fazer? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/selic-deve-cair-abaixo-da-faixa-minima-de-inflacao-o-que-fazer/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/selic-deve-cair-abaixo-da-faixa-minima-de-inflacao-o-que-fazer/#respond Sun, 14 Jun 2020 05:30:10 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/suica-poupanca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2191 Se as expectativas do mercado forem confirmadas, o Comitê de Política Monetária (COPOM) deve reduzir a taxa básica da economia, a Selic, para 2,25% ao ano na próxima quarta-feira. Esse percentual é inferior à faixa mínima de inflação perseguida pelo Banco Central (BC). Discuto abaixo qual reflexo este movimento deve ter em como os brasileiros investem e nos preços dos ativos de risco.

Este movimento impactará consideravelmente o investimento mais popular dentre os brasileiros, a caderneta de poupança.

A tradicional caderneta de poupança tem um volume de quase R$ 1 trilhão em aplicações. Para entender como este volume é relevante, veja a comparação. O total de investimentos em todas as categorias de títulos públicos na plataforma do Tesouro Direto era de R$60 bilhões ao final de abril, ou seja, 6% do que há aplicado na poupança.

Como a poupança rende apenas 70% da taxa Selic, ela vai ter um retorno de apenas 0,13% ao mês a partir da próxima semana, equivalente a 1,58% ao ano.

Assim, se você aplicar R$ 10 mil na poupança, vai ganhar por mês R$13. Ou seja, o suficiente apenas para pagar dois cafés expressos.

Com esta rentabilidade, o investimento na poupança demoraria 45 anos para dobrar. Mesmo que não se importe de esperar este prazo, o investidor ainda deve ficar insatisfeito, pois a maior probabilidade é que o retorno não será suficiente para repor o poder de compra. O IPCA esperado para os próximos doze meses é superior a 2% ao ano.

Talvez você imagine que todos já sabem disso. No entanto, a captação líquida dos meses de maio e junho de 2020 (até o dia 05/ 06) mostra que não. Nestes 36 dias a captação líquida da caderneta foi de quase R$50 bilhões. Esse volume foi superior a toda a captação de do ano de 2020 em fundos de ações no país.

Muitos que investem em poupança não se deram conta desta mudança de rentabilidade. A maior parte dos investidores toma a decisão de investimento olhando para o retorno nos doze meses anteriores. Neste período, a rentabilidade da caderneta foi de 3,3%. Logo, a rentabilidade passada foi o dobro do que será o retorno no próximo ano.

Portanto, a caderneta de poupança perde qualquer atratividade.

Aos poucos, estes aplicadores perceberão esta desvantagem e devem migrar parte de suas poupanças para alternativas de maior risco e de maior prazo. Esta alteração deve trazer um fluxo importante de investimentos que pode favorecer os ativos de risco no país.

Pessoas ouvem com tom assustador o volume de R$75 bilhões de saída de investidores estrangeiros da B3 em 2020. No entanto, mais espantoso é saber que a captação líquida da poupança supera este valor no mesmo período. Se o fluxo para a caderneta tivesse sido direcionado para o mercado acionário, os preços dos ativos estariam bem mais elevados.

Desconheço estudos sobre qual o horizonte de investimento dos poupadores de poupança, mas possivelmente mais de 30% dos recursos aplicados não são resgatados por mais de três anos. É muito razoável imaginar que em três anos, a bolsa deve se valorizar mais de 10%. Portanto, podendo apresentar o dobro do retorno da poupança no mesmo período.

A queda da taxa de juros a ser implementada pelo Copom não tem impacto imediato, mas ao longo dos próximos meses deve favorecer aplicações de maior risco com o deslocamento de investimentos desfavoráveis como o da poupança ou de títulos referenciados à Selic.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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