De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Está na hora de vender os fundos imobiliários? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/15/esta-na-hora-de-vender-os-fundos-imobiliarios/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/15/esta-na-hora-de-vender-os-fundos-imobiliarios/#respond Sun, 15 Aug 2021 05:30:20 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/NYpredios-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2710 Depois de uma alta de 36% em 2019, quando os fundos imobiliários (FIIs) conquistaram a atenção dos investidores, eles têm desapontado neste ano e em 2020. Vendo o desempenho recente, muitos investidores refletem sobre a venda deles. Discuto abaixo alguns pontos que você deve considerar nesta decisão.

Ao enfrentarmos uma perda, nossa ação natural é querer nos afastar daquilo que traz o sentimento ruim. Assim, queremos vender ativos que apresentam desempenho passado ruim e aplicar naqueles que apresentam bom retorno.

Quando se trata de investimentos, essa pode ser a pior decisão. Aquelas aplicações que tiveram performance ruim, podem estar justamente baratas e serem uma oportunidade. Já os que subiram, podem apresentar pouco potencial de repetir a alta anterior.

Para avaliar, devemos olhar para frente e ver qual retorno podemos ter de cada ativo, considerando um cenário. Também devemos sempre comparar o retorno com alternativas livres de risco para entender se o balanço de retorno e risco está adequado.

Também é preciso entender que uma alternativa livre de risco não significa livre de perdas no curto prazo. Por exemplo, o melhor ativo para comparar com os FIIs são os títulos públicos referenciados ao IPCA, popularmente conhecidos como Tesouro IPCA.

No entanto, o retorno médio dos títulos públicos referenciados ao IPCA com vencimento superior a 5 anos (IMAB5+) é negativo em -6,5% em 2021. Portanto, a melhor alternativa comparável aos FIIs também pode sofrer com as oscilações de mercado.

Evolução da volatilidade do IFIX (linha amarela) e dos títulos públicos com vencimento superior a 5 anos (IMAB5+, linha branca). Fonte: Bloomberg.

Quando comparamos a volatilidade do IMAB5+ com a dos FIIs (IFIX), observamos que a volatilidade dos títulos públicos de vencimento superior a 5 anos (linha branca) é superior à dos FIIs (linha amarela).

Vamos comparar os retornos potenciais.

Investindo em um título público referenciado ao IPCA podemos ganhar um retorno médio de IPCA+4,5% ao ano. Mas, este retorno é bruto de IR.

O IR em um título público incide tanto sobre a inflação quanto sobre a taxa real. Assim, o retorno líquido de IR cai para aproximadamente IPCA + 3,1%, se considerarmos investimento por mais de 2 anos (alíquota de 15%) e uma inflação média de 5% ao ano.

Escolhi dois FIIs para comparar o retorno que você pode obter com o do título público. Um é um fundo conhecido como fundo de papel que é aquele que compra apenas títulos de renda fixa conhecidos como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). O outro é um fundo de tijolo que aplica em imóveis.

O FII de papel selecionado para avaliar foi o chamado FII Barigui Rendimentos Imobiliários (BARI11). A carteira do fundo é formada por CRIs, dos quais mais de 39% com rendimento médio de IPCA+6,45% ao ano e mais de 34% com retorno de IGPM + 9,45%. Apresento a tabela abaixo retirada do relatório gerencial do fundo. Lembrar que este rendimento é isento de IR.

A tabela abaixo apresenta a média dos retornos dos títulos para cada indexador no BARI11.

Tabela com a taxa média dos títulos por indexado, sua proporção na carteira e prazo médio de vencimento (duration) para o FII BARI11. Fonte: relatório gerencial BARI11.

Vamos comparar com algo que estamos acostumados. O rendimento do CDI deve subir para 8% ao ano ao final de 2021, mas este retorno é bruto de IR. Considerando o IR e a inflação, o CDI deve render menos de 1,8% ao ano de juros real líquido de IR.

Assim, é importante refletir bem antes de trocar um retorno potencial como o do FII acima pelo CDI, apenas para fugir da volatilidade do FII.

Também o retorno por rendimentos deste FII supera o de títulos públicos referenciados ao IPCA como o apresentado acima.

Os fundos de tijolo que investem em imóveis do segmento logístico também apresentaram desvalorização. Este segmento de imóveis foi pouco afetado com vacância durante a pandemia, pois galpões logísticos foram mais demandados para fazer frente a expansão de centros de distribuição devido às vendas online.

Um fundo como o XP Log FII (XPLG11) conta com mais de uma dezena de galpões com uma concentração no estado de São Paulo e uma vacância financeira de menos de 2%.

Gráficos com locatários dos galpões do XPLG11 e os indexadores de correção dos aluguéis. Fonte: relatório gerencial do XPLG11.

O dividendo pago atualmente pelo fundo corresponde a um ganho em relação a sua cota de 7,2% ao ano líquido de IR. Este retorno é obtido dividindo o valor recebido em aluguéis pela cota do FII. Ressalto que os aluguéis que proporcionam este retorno são reajustados anualmente pelo IPCA.

Esta rentabilidade é bem superior à alcançada em aluguéis de imóveis. Segundo o portal FipZap, a taxa de retorno bruta de IR e de custos de aluguel de imóveis comerciais é de 5,47% ao ano.

O cálculo deste retorno segue a mesma forma da apresentada para o FII acima, mas este retorno do FipZap não considera uma série de custos e no caso do FII já é líquido no seu bolso.

Todos acompanhamos que o custo do material de construção tem subido muito forte. Desta forma, a construção de novos galpões tem um custo mais elevado. Portanto, é possível que quando ocorrerem vencimentos dos atuais contratos de locação, estes possam ser revisados para cima.

Portanto, também nestes casos é importante considerar com cuidado se deseja vender simplesmente pela queda recente. No entanto, é sempre importante avaliar se a alocação está adequada ao seu perfil de investidor.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Saiba como os maiores gestores estão investindo, que riscos enxergam e quais seus resultados https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/08/saiba-como-os-maiores-gestores-estao-investindo-que-riscos-enxergam-e-quais-seus-resultados/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/08/saiba-como-os-maiores-gestores-estao-investindo-que-riscos-enxergam-e-quais-seus-resultados/#respond Sun, 08 Aug 2021 05:30:37 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Verde-Asset-3-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2699 Se você acha que o ano está difícil para as aplicações financeiras, você não está sozinho. Os cinco maiores gestores independentes de recursos compartilham da mesma angústia.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Ibiuna, Kapitalo, Legacy, SPX e Verde estão entre cinco maiores gestoras de recursos do país.

Estes gestores acumulam de forma conjunta um patrimônio de mais de R$ 160 bilhões. Suas opiniões são acompanhadas da mesma forma como investidores seguem o que Buffett fala.

Sempre é importante escutar profissionais experientes e esta visão é fornecida gratuitamente para você em suas Cartas Mensais.

As cartas referentes ao mês de julho foram divulgadas nesta semana. Nelas, eles comentam sobre o desempenho e expectativas. Nos comentários, algo foi unânime, a frustração pelos resultados. A rentabilidade neste ano (quadro abaixo) não está brilhante como outrora.

Rentabilidade dos principais gestores independentes de fundos multimercados brasileiros e da média geral brasileira, representada pelo IHFA (índice da Anbima de fundos multimercados), no ano de 2021 até julho.

Luis Stuhlberger, gestor do fundo Verde, explicita esta frustração quando menciona:

“O mercado brasileiro vem sofrendo nos últimos dois meses, indo na direção contrária da nossa expectativa, que associava a aceleração da vacinação com reabertura econômica.”

Como sempre falei a meus alunos: a única coisa certa em investimentos é que em algum momento estaremos errados. Descobrir quando e onde é parte fundamental para o sucesso.

Mas descobrir onde está errado, não é tão simples quanto olhar para o resultado passado e observar onde você perdeu dinheiro. A SPX concorda e em sua carta explica que no processo de investimento o desafio é distinguir o que é sinal do que é ruído:

“Como investidores, devemos sempre nos questionar se a variação dos dados e dos preços de ativos decorre da aleatoriedade de sua distribuição probabilística ou de uma mudança em nosso cenário econômico base.”

Muitas vezes o mercado não corresponde imediatamente seguindo sua expectativa. Nestas horas, a experiência vale para decidir se é melhor manter a convicção ou se deve ser promovido algum ajuste no cenário e portfólio.

Assim, comento as principais visões destes gestores em relação aos três principais mercados: juros, câmbio e bolsa.

Com relação à inflação brasileira, é quase consenso a expectativa de elevação. A inflação implícita nos títulos de renda fixa está em 5% ao ano. Os gestores acreditam que há risco de esta inflação ser superada.

No entanto, também é consenso a visão sobre existência de prêmio nos juros reais em títulos de vencimentos mais curtos.

A visão para o câmbio não é consensual. No entanto, apenas a SPX aposta em alta do dólar contra o Real. Os outros quatro têm visão contrária.

Para o mercado de bolsa, há uma harmonia dentre eles de que tanto o mercado nacional, quanto o internacional têm potencial de valorização. O que varia entre os gestores é a intensidade da aposta.

Outra unanimidade é a percepção de maior risco nos ativos brasileiros. Os recentes ruídos políticos e o debate de elevação dos gastos do governo contribuem para esta visão.

“Por outro lado, a conjuntura econômica está mais favorável com crescimento acima do esperado, em linha com a boa performance do setor externo”, aponta a Kapitalo.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Entenda os impactos do projeto de reforma tributária para os investimentos de pessoas físicas https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/27/quais-os-impactos-do-projeto-de-reforma-tributaria-para-os-investimentos-de-pessoas-fisicas/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/27/quais-os-impactos-do-projeto-de-reforma-tributaria-para-os-investimentos-de-pessoas-fisicas/#respond Sun, 27 Jun 2021 05:30:40 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2645 A proposta de reforma tributária trouxe volatilidade aos mercados financeiros nesta sexta-feira. É importante ressaltar que esta é uma proposta do governo federal, que será amplamente discutida no congresso e ainda contará com sugestões de associações e entidades de classe.

Deve-se considerar o curto período para discussão e aprovação. Assumindo que julho e dezembro são meses de férias, o congresso terá apenas 4 meses para realizar todo o trâmite de forma que ela seja válida no próximo ano. Embora alguns pontos dela possuam forte apelo popular, parece um prazo curto para tamanha consequência.

Portanto, há uma probabilidade não desprezível que esta reforma seja aprovada apenas parcialmente, seja aprovada com mudanças, ou até mesmo seja postergada como outras no passado.

Discuto abaixo os efeitos que ela pode trazer aos ativos, caso ela seja aprovada tal qual foi proposta.

 

Qual o impacto para a Renda Fixa e fundos multimercados?

O projeto trouxe duas vantagens tributárias para a renda fixa e fundos multimercados.

O primeiro vem da simplificação com apenas uma alíquota independente do período de investimento. Anteriormente, quem ficasse mais tempo, pagava uma alíquota menor que chegava a 15% ao ano sobre os rendimentos.

Se a reforma passar, agora a alíquota será única de 15% ao ano tanto para títulos quanto para fundos de renda fixa, multimercados e cambiais.

A outra vantagem é a redução de duas para uma cobrança de “come cotas” por ano.

Foram prejudicados aqueles que possuíam fundos exclusivos. Estes que antes pagavam IR apenas no resgate e não possuíam “come cotas” perderão esta vantagem.

Neste caso, o melhor e único veículo, sem “come cotas”, para investimento de longo prazo e com menor alíquota de IR passará a ser a previdência privada.

 

Qual o impacto para ações?

Na parcela de ações, relativamente, os fundos de investimentos em ações saem beneficiados.

O investidor pessoa física passará a pagar 20% de IR sobre os dividendos e passa a apurar os ganhos e perdas apenas trimestralmente.

Apenas as pessoas físicas são tributadas nos dividendos. Os fundos de investimentos em ações continuam não sendo tributados sobre os dividendos recebidos. Assim, estes últimos têm duas vantagens.

A primeira delas é a possibilidade de reinvestir a totalidade dos dividendos e não somente o líquido como as pessoas físicas.

A segunda vantagem é que quando a pessoa física fizer qualquer resgate no fundo, ela só pagará 15% de IR. Ou seja, se uma ação paga dividendo e você resgata este mesmo valor do fundo, você pagaria apenas 15% de IR. Portanto, um IR menor que se ela investisse direto na ação. Enquanto, se o mesmo dividendo fosse recebido diretamente por você estaria sujeito a 20% de IR. Mas ainda não existe consenso se os dividendos recebidos pelos fundos serão ou não tributados.

O mercado de ações pode sofrer com a elevação da alíquota sobre os dividendos, mas ela só tem efeito para as pessoas físicas. Portanto, o impacto é mais reduzido. Adicionalmente, o IR no lucro para as empresas será reduzido, compensando parte da tributação dos dividendos. Também as empresas podem fazer suas distribuições por meio de recompras de ações, assim, reduzindo impacto de tributos.

Considerando estas compensações, que apenas as pessoas físicas serão tributadas e que estas representam apenas um terço do mercado, o impacto, com a reforma aprovada, não chegaria a 5% nos preços dos ativos. Os ativos já ajustaram parte desta queda na própria sexta-feira.

 

Qual o impacto para os fundos imobiliários?

A classe de fundos de investimentos imobiliários (FIIs) foi a mais duramente atingida, por isso, vou escrever mais sobre ela. A isenção sobre os dividendos para pessoas físicas deve acabar se a reforma passar.

Os dividendos dos FIIs para pessoas físicas devem ser tributados à alíquota de 15% a partir do próximo ano, caso a reforma passe como foi apresentada.

A perda deste benefício justifica uma queda nos preços. Entretanto, os FIIs já negociavam com um prêmio por este risco.

O gráfico abaixo mostra o desempenho dos FIIs e dos títulos públicos referenciados ao IPCA de longo prazo nos últimos seis anos. Perceba que desde o ano passado, os FIIs ficaram para trás. Sem dúvida, parte já é uma correção pelo risco de tributação que vem sendo mencionado.

Evolução do índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX) e do índice de títulos públicos referenciados a o IPCA de longo prazo (IMA-B5+) nos últimos seis anos. Fonte e elaboração: Bloomberg

 

Enquanto alternativas de risco similar, como as bolsas brasileira e internacionais e os fundos imobiliários nos EUA sobem este ano, os FIIs acumulam perda média de 5% em 2021 e ficaram para trás no ano passado.

O gráfico abaixo apresenta a evolução do Ibovespa e dos FIIs nos últimos seis anos. Observe que desde 2015 até o final de 2020, foi possível ganhar nos fundos imobiliário o mesmo que o Ibovespa e com menos risco. A diferença entre os dois ocorreu nos últimos meses.

Evolução do índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX) e do Ibovespa nos últimos seis anos. Fonte e elaboração: Bloomberg

 

Portanto, não se deve esperar queda acentuada, pois parte do risco já está precificado e o ativo já negocia com prêmio em relação aos comparáveis.

Apesar desta isenção ser um dos maiores benefícios dos FIIs, seu fim não descaracteriza o produto como veículo para diversificação dos investimentos por três razões.

Primeiro, é reconhecido o poder de proteção para inflação da classe de investimento imobiliária.

A segunda razão é o fato de a isenção dos dividendos não ser a única vantagem do veículo fundo imobiliário em relação a investir nos imóveis diretamente. Além de maior liquidez, menor risco e custo, adicionalmente, a taxa de retorno por aluguel dos FIIs é maior que a de imóveis comerciais e residenciais. O portal FipZap aponta uma taxa média de retorno por aluguel dos imóveis comerciais e residenciais em 5,47% e 4,66% ao ano, respectivamente, enquanto nos FIIs está em quase 8% ao ano.

Por último, o prêmio dos FIIs em relação à renda fixa e em relação às ações pagadoras de dividendos ainda justifica o investimento nesta classe. Lembro que títulos públicos possuem IR sobre rendimento em 15% ao ano e as ações pagadoras de dividendos serão tarifadas de forma similar aos FIIs.

O gráfico abaixo mostra que a taxa de dividendos média dos FIIs está hoje em 8% ao ano, enquanto títulos públicos de prazo médio de 10 anos e referenciados ao IPCA têm retorno de apenas 4% ao ano.

Evolução nos últimos seis anos da taxa de dividendo média do índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX) e da taxa de juros de um título público referenciado ao IPCA de 10 anos. Fonte e elaboração: Bloomberg

 

Em relação ao dividendo médio do índice de ações pagadoras de dividendos da B3 (IDIV), os FIIs além de pagarem uma taxa de dividendos superior, também possuem menor risco, medido pela volatilidade.

Evolução nos últimos seis anos da taxa de dividendo média do índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX) e da taxa de dividendos média do índice das empresas pagadoras de dividendos da B3 (IDIV). Fonte e elaboração: Bloomberg

 

Portanto, é esperada uma volatilidade no curto prazo pelo ajuste de carteiras dos investidores, mas o produto FII ainda guarda vantagens de diversificação no portfólio.

Considerando todas as mudanças, acredito que boa parte dos impactos já estão ajustados nos preços dos ativos, embora eles ainda possam sofrer volatilidade nos próximos meses à medida que novas informações surjam. Ou seja, podemos ver altas e baixas nos preços dos ativos, seguindo as alterações que serão discutidas pelo congresso.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Se você tem previdência há mais de cinco anos está na hora de revê-la https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la/#respond Sun, 25 Apr 2021 05:30:56 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/João-Wainer-29.nov_.10-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2551 Não existe nada que você investe e esquece. Mesmo para investimentos que são caracterizados como de longo prazo, como os produtos de previdência privada.

No caso dos planos de previdência, destaco duas razões que justificam você reavaliar seu produto caso esteja aplicando há mais de cinco anos.

Ao contrário do preconceito criado por motivos ultrapassados, o produto de previdência conhecido pelas siglas PGBL e VGBL é um dos melhores veículos de investimento de longo prazo.

Embora seja caracterizado como seguro, você pode considerá-lo como fundo de investimentos. Mas é um fundo que possui vantagens adicionais.

Tanto VGBL quanto PGBL possuem vantagens em economia de impostos seja nos investimentos ou em sucessão patrimonial. Adicionalmente, possuem blindagem patrimonial maior que fundos de investimentos.

No caso do PGBL a vantagem se estende à redução dos impostos sobre seu salário. Conforme escrevi anteriormente, apenas com esta economia de imposto, você poderia dobrar seu salário.

Todas estas vantagens só se tornam realmente interessantes se o produto que você investe for bom. E por que você deve ficar mais atento a isso se aplica há mais de cinco anos?

 

Taxa de administração

Você lembra quanto era a taxa básica da economia, a taxa Selic, em 2016 até setembro?

a) 20,25%

b) 14,25%

c) 8,25%

d) 2,25%

Apesar de ter sido criado em 1997, o produto do tipo PGBL e VGBL foram regulamentados em 2002. Desde 2002 até 2016 a taxa Selic foi em média de 13,6% ao ano.

Em 2016, até setembro, a taxa Selic era de 14,25% ao ano.

Quando as taxas de juros eram mais altas e não havia competição com as grandes seguradoras ligadas aos maiores bancos, as taxas cobradas eram significativamente maiores que as atuais.

A competição extinguiu a cobrança da taxa de carregamento e promoveu a redução das taxas de administração para os novos fundos de previdência para patamar similar ao cobrado nos fundos abertos.

Normalmente, as seguradoras lançam produtos novos e mantém os antigos com taxas mais altas. Portanto, se você não faz a portabilidade, você fica sujeito às taxas mais altas.

Segundo a Economatica há fundos de previdência (PGBL e VGBL) com taxa de administração que superam 2,75% ao ano em produtos referenciados à Selic.

Como a Selic atual é de 2,75% ao ano, os clientes destes fundos pagam mais em taxa que ganham em seus investimentos. Portanto, o retorno chega a ser negativo.

Portanto, se você tem um destes fundos, precisa, urgentemente, realizar a portabilidade para produtos mais novos que possuem taxas menores. Por exemplo, nas seguradoras independentes existe plano de previdência referenciado à Selic sem taxa de administração.

 

Produto

O volume aplicado em fundos de previdência privada supera R$ 1 trilhão em abril de 2021.

Os gestores especialistas perceberam que os grandes bancos estavam nadando neste patrimônio cobrando altas taxas de administração, com produtos atrasados e com performance ruim.

Assim, eles também entraram neste mercado oferecendo produtos melhores e com taxas de administração menores.

Inicialmente, eles entraram por meio das seguradoras independentes. Assim, estas ainda possuem a maior oferta de produtos especializados.

Se você possui um plano antigo, avalie as alternativas em gestores especialistas em seguradoras independentes. Com a portabilidade, além de poder reduzir as taxas de administração, poderá ter acesso a fundos com melhor gestão.

 

Se você fizer a portabilidade para produtos novos, mais bem geridos e com menor taxa, pode elevar a rentabilidade de seus investimentos em até 3% ao ano.

Como a previdência privada é para o longo prazo, em 25 anos, este retorno, a mais, pode fazer com que seu patrimônio seja mais que o dobro de você não fazer nada hoje. E isto pode fazer toda a diferença quando você estiver se aposentando.

 

Michael Viriato é sócio fundador da Casa do Investidor.

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Os melhores e os piores de janeiro e qual deve ser o melhor investimento do ano https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/01/31/os-melhores-e-os-piores-de-janeiro-e-qual-deve-ser-o-melhor-investimento-do-ano/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/01/31/os-melhores-e-os-piores-de-janeiro-e-qual-deve-ser-o-melhor-investimento-do-ano/#respond Sun, 31 Jan 2021 05:30:09 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2467 O mês de janeiro marcou o tom que o investidor deve esperar para o ano. Depois de atingir o máximo histórico de 125 mil pontos ainda na primeira semana de janeiro, o Ibovespa encerrou o mês com queda superior a 3%. Quem acha que a volatilidade era assunto do ano passado, vai se frustrar em 2021. Saliento que um dos ativos com maior rendimento no mês, também, deve ser o destaque do ano e não deve ser a GameStop.

Comento abaixo os resultados das principais aplicações. No final do artigo, apresento tabela com a evolução do retorno dos mais importantes ativos nos últimos meses.

 

Renda fixa

Novamente, o CDI perdeu da inflação no mês de janeiro. Este é o oitavo mês consecutivo. Historicamente isto nunca ocorreu, mas você deve se preparar para que este cenário se torne uma rotina.

Neste sentido, o investidor deve restringir o que mantém em ativos referenciados ao CDI para apenas o que pretende usar no curto prazo para resgates ou para rebalanceamento da carteira.

Cuidado ao investir em títulos de longo prazo referenciados ao IPCA ou prefixado. Perceba que no mês de janeiro os títulos longos sofreram. Se a inflação continuar surpreendendo para cima, essa perda pode se elevar.

Prefira os fundos que investem em títulos de renda fixa com vencimentos mais curtos.

 

Fundos Multimercados

Os fundos multimercados enfrentam um cenário desafiador. Os prêmios dos ativos mais reduzidos e a maior volatilidade neste momento são dois elementos que, em conjunto, dificultam a administração para quem precisa apresentar ganhos todos os meses a fim de não ser crucificado.

 

Fundos imobiliários (FIIs)

Depois de um ano de 2020 frustrante, em que a média dos FIIs apresentou queda de mais de 10%, em janeiro, eles tiveram retorno melhor que os ativos de maior risco como o Ibovespa.

Quando avaliados no período dos últimos dez anos, os FIIs se mantêm como um investimento melhor que as ações pagadoras de dividendos, medidas pelo índice de dividendos da B3 (ver figura abaixo). Não só o desempenho foi melhor, como também o risco foi menor quando medido pela volatilidade.

Evolução do Índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX, linha branca) e do índice de ações pagadoras de dividendos (IDIV, linha laranja). Fonte: Bloomberg

Reforça-se que este é um investimento de risco comparável a uma carteira de imóveis. No entanto, é muito mais seguro que o investimento em um ativo individual.

 

Moedas

Quem avaliou o desempenho do dólar nos últimos dois meses do ano de 2020 e apostou que ele deveria entrar em trajetória de queda, foi surpreendido.

Embora muitos analistas globais apontem para uma fraqueza do dólar, esta se refere apenas quando comparada às principais moedas do mundo.

O cenário contra o Real tende a ser diferente. A explicação é o ruído político e fragilidade fiscal de nosso país.

Investimentos em dólar são o principal instrumento para reduzir o risco de quem possui ativos de risco na carteira.

 

Ouro

Esqueça o ouro como ativo descorrelacionado com o mercado e que pode trazer o benefício de redução de risco. Perceba na tabela no final do artigo que ao longo dos últimos meses o metal apresenta maior correlação com os ativos de risco.

Quem investe no metal para se beneficiar do movimento expansionista americano, poderia se aproveitar ainda mais o fizesse por meio de fundos de ações internacionais.

 

Renda Variável – Ações.

O mercado brasileiro se descolou do americano logo depois da eleição do presidente. O desempenho positivo do Brasil em relação aos EUA atingiu seu máximo na primeira semana de janeiro.

Em cerca de trinta dias, o Ibovespa se valorizou mais de 10% acima do S&P500. No entanto, quase toda performance superior foi perdida ao longo das três últimas semanas de janeiro (ver figura abaixo). O Ibovespa foi abatido pelas incertezas fiscais, volta de restrições pela pandemia e atraso na campanha de vacinação que podem prejudicar as expectativas de crescimento econômico para o ano.

Evolução do Ibovespa e do S&P500 com base 100 em 30/11/2020. Fonte: Bloomberg.

Outros mercados emergentes foram mais beneficiados pelo movimento expansionista americano. Neste sentido, o índice de ações chinesas foi o destaque de resultado positivo para o mês de janeiro.

O crescimento econômico da China surpreendeu no ano passado e analistas já revisam, para cima, as expectativas para 2021. Adicionalmente, o múltiplo Preço/ Lucro da China se encontra atrativo quando comparado a outros países emergentes, inclusive o Brasil. Este múltiplo é um indicador internacionalmente utilizado para comparar empresas e índices, bem como avaliar quem está mais barato.

 

Assim como no mês de janeiro, a volatilidade dos ativos de risco deve se manter elevada no restante do ano. Portanto, a melhor estratégia é ter uma boa diversificação e atentar para o controle do risco.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

Retorno das principais classes de ativos ao longo dos últimos meses. Fonte: Economatica
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Três investimentos para você viver de renda e qual eu mais gosto https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/12/06/tres-investimentos-para-voce-viver-de-renda-e-qual-eu-mais-gosto/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/12/06/tres-investimentos-para-voce-viver-de-renda-e-qual-eu-mais-gosto/#respond Sun, 06 Dec 2020 05:30:05 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2403 Desafio quem não deseja ter um patrimônio financeiro capaz de gerar uma renda passiva suficiente para  sua independência financeira. No entanto, não basta ter um grande patrimônio para garantir uma renda sustentável. É importante investir nos produtos certos. Discuto abaixo três investimentos e qual patrimônio você precisaria possuir para ter uma renda mensal de R$ 5 mil.

A maior parte dos investidores associa aplicações financeiras a dois veículos: a caderneta de poupança e aplicações de curto prazo referenciadas ao CDI ou à taxa Selic. No entanto, estes três não possuem uma característica essencial para quem pensa em viver de renda.

No passado, até era possível se imaginar um investidor viver de renda com o patrimônio aplicado em títulos referenciados ao CDI ou Selic.

O gráfico a seguir apresenta no painel superior a evolução da taxa Selic e da inflação medida pelo IPCA. O painel inferior tem a diferença entre as duas taxas. Perceba que até 2017, a diferença entre as duas taxas, chamada de juros real de curto prazo, era na média superior a 4% ao ano.

No painel superior, encontra-se a evolução da taxa básica de juros, Selic, e do IPCA. No painel inferior, apresenta-se a diferença entre estas duas taxas, ou seja, a taxa real de juros de curto prazo. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Portanto, quem investia nestes títulos, ganhava sem correr risco e com liquidez um retorno de 4% acima da inflação. Esta vantagem acabou. Perceba que a partir de 2020, os juros reais de curto prazo passaram a ser negativos. Isto quer dizer que você perde poder de compra se investe nele.

Portanto, caderneta de poupança, CDI e Selic não deveriam ser ativos a investir para quem quer viver de renda. Pelo menos, deveriam ser a menor parcela.

Você já entendeu qual atributo falta a estes ativos. A proteção para a inflação é uma importante característica necessária para que um veículo financeiro se caracterize como adequado para os rentistas.

Comento abaixo três ativos você deveria considerar e ressalto qual mais gosto.

 

Renda Fixa

Apesar de descartarmos os ativos citados anteriormente, não quer dizer que toda a renda fixa esteja descartada.

Os títulos de renda referenciados ao IPCA proporcionam no longo prazo uma rentabilidade formada por dois elementos: inflação e juros real.

No caso dos títulos públicos, popularmente conhecidos por Tesouro IPCA (ou NTN-B) a rentabilidade de longo prazo está em 4% ao ano mais o IPCA

O nome Tesouro IPCA advém da plataforma onde cerca de 10% destes títulos foram emitidos, o sistema da B3 denominado Tesouro Direto.

Considerando esta rentabilidade acima da inflação seria necessário R$ 1,5 milhões nestes títulos para ter uma renda bruta de IR de R$5 mil.

No entanto, o retorno dos títulos públicos é tributado. Logo, seria necessário um investimento acima de R$ 2 milhões para ter a renda de R$ 5 mil mensais líquidos de IR.

Os títulos privados referenciados ao IPCA, possuem uma vantagem em relação aos títulos públicos que é a remuneração superior. Em média, eles apresentam uma taxa real 20% superior. Adicionalmente, algumas emissões possuem o benefício de isenção de IR.

Entretanto, esse prêmio de rentabilidade não é de graça, estas aplicações possuem maior risco e, por isso, demandam um maior trabalho de análise de crédito. Em função deste risco, uma carteira de títulos privados deve ser bem diversificada e nenhum emissor individual deveria representar mais de 4% de seu patrimônio.

Considerando os maiores ganhos, é necessário investir proporcionalmente menos nesses títulos para ter os mesmos ganhos mensais.

O ideal para aquele que sonha em viver de renda é construir uma carteira que incorpore pelo menos duas das alternativas de investimentos descritas acima. Também é importante ponderar adequadamente as opções de acordo com seu perfil de investidor.

Quando se investe em renda fixa, o retorno esperado é somente pelos juros. Existem alternativas que podem proporcionar ao investidor também ganhos de capital. No caso dos títulos de renda fixa, o ganho de capital que eventualmente seja recebido nada mais é do que a antecipação dos ganhos de juros futuros.

Imóveis

Os imóveis são um dos veículos preferidos daqueles que almejam viver de renda. Embora mais arriscados que títulos de renda fixa, a atratividade dos imóveis para investidores é a capacidade de se tocar nele, o que traz ao investidor uma falsa sensação de segurança.

Observa-se no gráfico abaixo que a rentabilidade obtida em investimentos imobiliários caiu conjuntamente com a redução da taxa básica (Selic), mencionada acima.

Evolução da taxa básica de juros, Selic, e das taxas de rendimento de aluguel de imóvel comercial e residencial. Fonte e elaboração: FipeZap.

A linha amarela reflete o rendimento de aluguel de imóveis residenciais e a verde de imóveis comerciais. O valor do aluguel é corrigido anualmente pela inflação. Portanto, é possível considerar este rendimento como juros real.

Atualmente, o rendimento médio de imóveis comerciais, que é superior ao residencial, é de 5,41% ao ano. Entretanto, este rendimento está longe de ser líquido para o investidor. Existe o IR e todos os custos associados, como imobiliária, manutenção, vacância e outros. O retorno líquido para o proprietário cai pelo menos 40%. Assim, o rendimento líquido a considerar seria de 3,2% ao ano acima da inflação.

Portanto, o valor investido em imóveis comerciais necessário para ter a mesma renda mensal de R$ 5 mil é de R$ 1,88 milhões.

O investimento em um imóvel diretamente tem quatro desvantagens: falta de liquidez, alto custo de transação, imposto de renda sobre os rendimentos e maior risco pela falta de diversificação. Todas essas características negativas são superadas com o investimento por meio de fundos de investimentos imobiliários (FIIs).

Os FIIs atendem a todas as vantagens de uma aplicação para rentistas. Além de suplantar as desvantagens do investimento direto em imóvel, os FIIs têm um benefício adicional.

Eles possuem uma rentabilidade líquida de IR superior à obtida no investimento imobiliário direto. O gráfico abaixo apresenta o dividendo médio recebido dos FIIs, comparado aos juros reais dos títulos públicos referenciados à inflação de longo prazo.

Evolução da taxa de juros real dos títulos públicos referenciados a IPCA de longo prazo e do dividendo médio no IFIX, índice de fundos imobiliários da B3. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Como os FIIs, em média, apresentam um ganho em dividendos de 0,55% ao mês (ou 6,6% ao ano), bastaria um investimento de R$ 900 mil para ter a renda mensal de R$ 5 mil líquidos de IR.

 

Ações pagadoras de dividendos

Em média, empresas pagadoras de dividendos proporcionam uma rentabilidade de 4,8% ao ano. Esse retorno é calculado dividindo o valor do dividendo pelo preço de mercado da ação.

É possível dizer que este valor é real, ou seja, acima da inflação, pois as empresas repassam a inflação nos preços de seus bens e serviços vendidos. Portanto, no longo prazo, é possível assumir que os lucros deveriam subir pelo menos a inflação.

Considerando a rentabilidade de 4,8% ao ano, seria necessário um patrimônio de R$ 1,25 milhões em uma carteira de ações para ter uma renda equivalente a R$5 mil mensais.

 

Qual deles eu mais gosto

Perceba que mesmo o dividendo médio das ações mais pagadoras de dividendos é aquém do recebido pelos FIIs. Veja no gráfico abaixo a evolução da taxa de dividendos média dos fundos imobiliários e de ações pagadoras de dividendos.

Evolução da taxa de dividendos média do IDIV, índice de ações pagadoras de dividendos da B3, e do IFIX. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Embora os FIIs apresentem volatilidade nos preços por negociar em bolsa, as ações apresentam volatilidade ainda superior.

Outra desvantagem das ações em relação aos FIIs é a necessidade de um trabalho muito mais ativo para gerir essa carteira de ações. São necessárias pesquisas e acompanhamento aprofundado para entender se a empresa não pode perder sua capacidade de geração de lucros e, consequentemente, de pagamento de dividendos.

Alguém poderia argumentar que as ações poderiam apresentar um maior ganho de capital. É possível, mas isso não foi verdade na última década, quando comparamos os dois.

Evolução dos preços do IDIV e IFIX na última década. O IFIX obteve retorno maior que o IDIV. Fonte e elaboração: Bloomberg.

O gráfico acima apresenta na linha branca o IFIX que é o índice de FIIs da B3 e na linha amarela o IDIV que é o índice de empresas pagadoras de dividendos da B3. O IFIX além de apresentar maior retorno que o IDIV na última década, teve menor risco medido pela volatilidade.

Assim, neste momento, o veículo que acredito ser o mais eficiente para viver de renda são os fundos imobiliários.

Alerto que todas estas alternativas apresentam algum tipo de risco e devem ser ponderadas em um portfólio diversificado considerando o perfil de investidor.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Estes 3 fatores deveriam fazer você considerar um fundo de previdência como investimento https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/09/06/estes-3-fatores-deveriam-fazer-voce-considerar-um-fundo-de-previdencia-como-investimento/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/09/06/estes-3-fatores-deveriam-fazer-voce-considerar-um-fundo-de-previdencia-como-investimento/#respond Sun, 06 Sep 2020 05:30:44 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2299 A indústria de fundos de investimentos se aproxima dos R$ 6 trilhões de patrimônio. Deste patrimônio, os fundos de previdência representam apenas 17%. O volume financeiro em produtos previdenciários é menor que o investido na popular caderneta de poupança. Dois motivos fizeram com que a preferência pela previdência ficasse em segundo plano, mas isso mudou e, agora, três fatores deveriam fazer você reconsiderar.

Distribuição dos fundos de investimentos nas diversas classificações da Anbima. Fonte: Anbima

A falta de apelo sobre os planos de previdência, reconhecidos por suas iniciais VGBL e PGBL é justificada por dois motivos: elevadas taxas, produtos com baixa rentabilidade e pouca especialização. No entanto, estas justificativas caíram por terra com a evolução do mercado.

O crescimento da concorrência no setor de seguradoras e a maior conscientização financeira dos investidores impulsionou o movimento de queda das taxas e busca pela melhoria dos produtos.

As taxas de carregamento – cobrança de um percentual sobre o valor aportado ou resgatado – foram abolidas pelas principais seguradoras. Adicionalmente, as elevadas taxas de administração que tornavam os produtos piores que fundos de investimentos similares convergiram para as taxas destes.

Com relação às taxas de administração, ainda existe um estoque de produtos antigos que carregam cobranças mais altas e que o tipo de produto não justifica, usualmente, nos fundos com baixo risco e especialização. Nesse caso, você deve realizar a portabilidade para os produtos melhores.

Outro fator que tem revolucionado é o crescente número de gestores especialistas que têm replicado suas estratégias nesses produtos. Há cerca de dez anos, apenas investidores do segmento private – pessoas com alguns milhões para investir – tinham acesso a esses gestores independentes.

O primeiro movimento de popularização veio com corretoras distribuindo os fundos de investimentos, destes desconhecidos gestores e, permitindo com que pequenos investidores tivessem acesso. As seguradoras também aderiram à maior diversificação de produtos distribuídos, possibilitando ao investidor aplicar em planos de previdência com produtos administrados por gestores reconhecidos.

As maiores desvantagens dos produtos de previdências foram mitigadas e as diferenças entre os produtos de previdência e os fundos de investimentos abertos foram reduzidas.

Neste sentido, há três razões que justificam seu portfólio possuir produtos de previdência privada do tipo VGBL ou PGBL.

Sucessão

Você provavelmente conhece alguém cuja família enfrentou problemas no recebimento ou na divisão dos bens financeiros com a morte de um parente.

Os produtos VGBL e PGBL, por se categorizarem como seguro, não entram em inventário e na maior parte do país não estão sujeitos à tributação de transmissão de bens por herança.

Assim, a sucessão destes recursos financeiros, para a família se torna mais rápida, pois já foi dividida, anteriormente e está livre das amarras de inventário. Deste modo, evita-se o custo com advogados, que pode chegar a 10% do patrimônio, segundo tabela sugerida pela OAB. Adicionalmente, economiza-se o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) que pode alcançar 8%. Apenas poucos Estados brasileiros possuem liminar para recolher esse imposto dos produtos de previdência.

Portanto, além da maior velocidade de recebimento, é possível atingir uma economia de até 18%, se considerado os dois custos acima. Para se colocar em perspectiva o que apenas essa despesa significa, considere dois investidores que investem em produtos referenciados ao CDI atual de 1,9% ao ano. Um deles usa VGBL e o outro um fundo de investimento (FI) ou o Tesouro Selic (TS). O FI e o TS precisariam render 153% ao ano da rentabilidade do VGBL para que ambas as famílias tenham o mesmo recurso disponível como herança, caso o parente venha a óbito em vinte anos.

Alguns imaginam que, ao ficarem mais velhos ou com problemas graves de saúde, deveriam retirar os recursos de VGBLs ou PGBLs, mas é exatamente o contrário. A diferença de rentabilidade mencionada acima cresce inversamente com o tempo. Se o óbito do parente fosse ocorrer em dez anos, o FI e o TS precisariam render 207% ao ano da valorização do VGBL.

Com a elevação da possibilidade de óbito, que vem com a idade ou com enfermidade, recomenda-se que uma parcela maior seja revertida para produtos de previdência como forma de planejamento sucessório. Ao ponto que se o óbito fosse ocorrer amanhã, hoje todos os seus recursos deveriam estar em um VGBL ou PGBL.

Se você tem algum conhecido nestas condições, compartilhe esse artigo como forma de orientá-lo.

 

Menor imposto e taxas

Há duas vantagens fiscais em produtos de previdência: ausência de come-cotas e possibilidade da alíquota de IR cair a 10%.

Os produtos VGBL são similares a fundos de investimento, mas ao contrário dos FI de renda fixa ou multimercado, os VGBLs e PGBL não possuem a antecipação de IR semestral, chamada de come-cota.

Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, até 15 anos, a ausência de come-cotas não faz muita diferença, mas no longo prazo ela é significativa. Em trinta anos, assumindo que duas aplicações tenham rendimento igual a 6,4%, a aplicação sem come-cota resultará em um valor, líquido de IR, 20% maior. Portanto, mais um percentual para acrescer ao que deixará a seus familiares ou que terá em sua aposentadoria.

O gráfico reflete o resultado líquido de IR, ao longo de semestres, de uma aplicação de R$10 mil em um investimento com come-cota como um fundo de investimento de renda fixa e outro sem come-cota como um VGBL. Ambos com retorno bruto de IR igual a 6,4% ao ano.

O gráfico reflete o resultado líquido de IR, ao longo de semestres, de uma aplicação de R$10 mil em um investimento com come-cota como um fundo de investimento de renda fixa e outro sem come-cota como um VGBL. Ambos com retorno bruto de IR igual a 6,4% ao ano. Para o VGBL foi utilizada alíquota de IR final de 10% e para o fundo de investimento de 15%.

Há dois regimes tributários para os produtos de previdência. No caso mais simples, chamado de regressivo ou definitivo, a alíquota de IR decai de 35% até 10% em dez anos e em caso de transmissão por herança, a alíquota não é superior a 25%. Lembra-se que investimentos tradicionais como os FI, títulos públicos e ações possuem uma alíquota mínima de 15% sobre os rendimentos. Portanto, é possível economizar mais 5% nos produtos de previdência.

Para aqueles que fazem a declaração completa, o benefício que o PGBL traz é ainda maior. Além da vantagem de imposto menor mencionado acima, você adia o pagamento de parte do IR sobre seu salário e ainda reduz a alíquota incidente em quase metade. No entanto, as vantagens de custos não estão só na parte fiscal.

A maior parte dos produtos de previdência, mesmo os multimercados e de ações, não possui taxa de performance. Até o ano passado, não era permitido a estes produtos terem esta cobrança. Assim, o gestor pode correr menos risco no produto para dar o mesmo resultado que o FI com esta taxa.

 

Disciplina

O maior vilão, responsável por indivíduos não conseguirem acumular patrimônio até a aposentadoria, é a falta de disciplina. Infelizmente, somos naturalmente procrastinadores e imediatistas.

Adiamos a decisão de começar a poupar e preferimos consumir toda a renda mensal hoje sem deixar nada para a poupança para a previdência.

Assim como a compra do imóvel é importante para a formação do patrimônio financeiro, pois te obriga a pagar um financiamento e não te permite vender, os planos de previdência podem ter o mesmo efeito, mas com uma vantagem complementar.

A adesão a um plano de previdência faz com que parte de sua renda seja automaticamente destinada a esta reserva, logo, é igualmente disciplinador ao financiamento imobiliário. Entretanto, ao contrário do empréstimo financeiro que te faz pagar o dobro do valor do imóvel, o investimento de longo prazo em uma previdência permite que você tenha o dobro do que colocou.

Apesar de ainda haver espaço para evolução, flexibilizando sua legislação mais restritiva, os produtos de previdência progrediram o suficiente nos últimos três anos para se tornarem parte de seu portfólio. No entanto, ainda é necessário realizar pesquisa para escolha dos melhores produtos e verificar a adequação do perfil de investidor ao plano selecionado, antes de realizar qualquer investimento.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Cinco perguntas para descobrir o imóvel certo para investir https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/21/cinco-perguntas-para-descobrir-o-imovel-certo-para-investir/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/21/cinco-perguntas-para-descobrir-o-imovel-certo-para-investir/#respond Sun, 21 Jun 2020 05:30:48 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Chicago-imovel-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2195 Há menos de quatro anos, o retorno sem risco e com liquidez de um investidor era superior a 14% ao ano. Após a redução da Selic, nesta última quarta-feira, este rendimento caiu para menos de 0,20% ao mês. Esta redução tem despertado o interesse pela diversificação de investimentos no segmento imobiliário. Discuto abaixo algumas questões para se perguntar antes de comprar.

A primeira questão que se deve levantar é se realmente faz sentido comprar imóvel para investir. De fato, acredito que ter uma parcela de até 30% do patrimônio em imóveis pode fazer sentido, no longo prazo, se o investimento atender a certos critérios.

Quando se adquire um imóvel para investimento, há duas fontes de ganho: rendimento de aluguel e ganho de capital. O rendimento de aluguel é peça fundamental, pois se o imóvel não apresenta perspectiva de aluguel fácil, seu ganho de capital pode ficar comprometido. Portanto, é fundamental avaliar com cuidado esta primeira pergunta.

 

Para quem será alugado?

O primeiro erro ao pensar em adquirir um imóvel para investimento é adquirir algo pensando em si e não em quem pode utilizar. Parece algo simples, mas é preciso ter cuidado para que suas preferências não restrinjam o espectro de pessoas que possam desejar alugar.

Neste sentido, deve ser realizada uma avaliação criteriosa de mercado para entender a demanda. Se for um imóvel residencial, deve avaliar características de facilidade de transporte, proximidade de centros comerciais, faculdades, ou hospitais de forma a ampliar as possibilidades de pessoas interessadas.

Cuidado com imóveis de veraneio. Eles podem parecer um paraíso para você, mas o interesse de terceiros pode não ser o mesmo.

Quando avaliar salas comerciais, além de facilidades de transporte, é muito importante entender que tipos de negócios podem demandar, se já existem outros similares na região e como o seu se destacaria.

As características do imóvel influenciam no preço, mas são elementos fundamentais no retorno. Se comprar um imóvel por um preço “barato” e não conseguir alugar para ninguém, pode ter certeza de que vai obter um preço ainda mais barato quando desejar vender.

 

O rendimento proveniente de aluguel, líquido de impostos e custos, oferece taxa de retorno competitiva com alternativas de mesmo risco?

O retorno líquido de todos os custos é peça fundamental na escolha do imóvel certo. Não confie no seu “sexto sentido” ou em perspectivas sem qualquer fundamento.

Você deve fazer uma pesquisa no prédio e na região para entender qual o valor de aluguel que poderá receber.

Pesquise sobre novos empreendimentos nas proximidades e os possíveis proprietários no mesmo prédio. Imagine, se todos do seu condomínio também forem alugar, possivelmente, haverá excesso de oferta. Lembre-se que, neste caso, o preço do aluguel pode cair.

Conforme pode ser visto na figura abaixo, a pesquisa mais recente do portal FipeZap aponta que o rendimento médio nacional de aluguel bruto de despesas é de 5,44% ao ano para imóveis comerciais e de 4,85% ao ano para residenciais. Essas taxas são calculadas dividindo o valor do aluguel anunciado pelo preço de venda.

Evolução da taxa de aluguel residencial (linha laranja) e comercial (linha verde) e da taxa de juros real implícita no CDI. Fone: FipeZap

Perceba que o preço de venda não é seu custo de aquisição. Você deveria acrescentar custos de transmissão como o ITBI e a corretagem de venda que, provavelmente, terá de pagar. Isso pode encarecer o preço em até 10%. Portanto, considere o custo total para calcular a taxa de aluguel.

Entenda que o condomínio não é uma receita sua. Portanto, se seu imóvel tiver um alto condomínio, seu aluguel ficará comprometido, pois o inquilino vai comparar o custo total com outros imóveis na região.

Encontrada a sua taxa de aluguel, subtraia dela o imposto de renda, custo de imobiliária, despesas de manutenção periódica e uma taxa de vacância.

Lembre-se, o rendimento líquido não pode ser inferior ao rendimento líquido de IR de um título público de longo prazo referenciado ao IPCA. Esse rendimento líquido de IR hoje é superior a 3% + IPCA ao ano. Não é adequada a comparação com a taxa de juros real implícita no CDI como realizado pelo FipeZap na figura acima.

Você só pode adquirir um imóvel com rendimento de aluguel líquido de custos igual ou inferior ao do título público, se acreditar que o preço do imóvel vai subir mais que a inflação para compensar.

Uma alternativa a comprar imóvel direto são os fundos de investimentos imobiliários (FIIs). Conforme apresentado na figura abaixo, eles estão proporcionando retorno médio próximo de 6,5% ao ano líquido de taxas e IR.

Portanto, em termos de rentabilidade, a compra de imóvel por meio de FIIs é, na média, imbatível. Perceba que o rendimento líquido deles é bem superior ao dos títulos públicos de longo sem descontar o IR destes últimos.

Evolução do ganho de dividendos (isentos de IR) médio dos fundos de investimentos imobiliários (FIIs) da B3 (índice IFIX), representado pela linha branca, e da taxa de retorno real (acima da inflação e bruto de IR) dos títulos públicos referenciados a IPCA de vencimento de 30 anos (linha laranja). Fonte: Bloomberg.

 

Qual a liquidez para venda?

Quando investidores realizam qualquer aplicação financeira, sempre questionam qual a liquidez para venda. Até mesmo quando aplicam em investimentos que deveriam segurar por mais de dois anos, como fundos de ações, estes investidores se incomodam quando a aplicação tem prazo de resgate de 30 dias.

A avaliação de liquidez também ocorre quando se analisa a compra de um carro. A capacidade de se desfazer bem e rápido do automóvel é considerada.

No entanto, estranhamente, esta preocupação não é considerada na aquisição de um imóvel. Muitas vezes consideram natural a possibilidade de passar mais de um ano sem conseguir vender.

É importante analisar a capacidade de venda. Esta pesquisa pode ser feita de forma simples consultando o tempo de anúncio e corretores.

Neste quesito, os FIIs, novamente, saem na frente. Sua liquidez é de apenas dois dias.

 

O imóvel demanda investimento em reparos frequentes ou manutenção?

Cuidado com imóveis mais velhos. Podem parecer baratos, mas possivelmente vão demandar investimentos na parte elétrica ou hidráulica.

Esse custo é de responsabilidade do proprietário. Portanto, custos frequentes de manutenção podem reduzir sua rentabilidade.

Novamente, os FIIs saem na frente nesta questão, pois a rentabilidade distribuída já é líquida destes custos e ainda de um percentual provisionado para gastos.

 

Qual o risco de vacância?

A vacância é um dos principais riscos para quem adquire imóvel para investimento. Neste momento em que empresas estão refletindo sobre a necessidade de espaço e de endereço, maior deve ser sua atenção na aquisição de salas comerciais.

Imóveis residenciais também não estão isentos de risco. Locatários estudam mudança para o interior ou de tamanho do imóvel.

A melhor forma de mitigar o risco de vacância é pela diversificação. Ou seja, se tiver muitos imóveis e a vacância for de 20%, você ainda terá 80% dos imóveis provendo renda que será suficiente para cobrir os custos daqueles vazios e ainda obter lucro.

No entanto, se tiver apenas um ou dois imóveis, seu risco é maior. Além de perder a renda de seu único imóvel, os custos de condomínio, impostos e manutenção vão retirar receita de outras aplicações financeiras, podendo se transformar em um estorvo.

Também neste sentido, como por meio de FIIs, você pode investir em dezenas de imóveis com um valor significativamente baixo, eles são muito mais seguros que o investimento em imóveis diretamente.

 

A análise de um investimento imobiliário de forma a elevar as probabilidades de ganho é uma atividade tão árdua quanto a avaliação de uma empresa para compra de suas ações. No entanto, poucas pessoas gastam o tempo necessário na sua realização. Neste sentido, os fundos de investimentos imobiliários se mostram como alternativa mais segura e de retorno superior.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra o que esperar para os fundos imobiliários neste ano https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/19/descubra-o-que-esperar-para-os-fundos-imobiliarios-neste-ano/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/19/descubra-o-que-esperar-para-os-fundos-imobiliarios-neste-ano/#respond Sun, 19 Jan 2020 05:30:50 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Chicago-imovel-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2039 A recente desvalorização dos fundos de investimentos imobiliários (FIIs) no início de 2020 levantou suspeitas de que estes tenham atingido seu máximo. A valorização média de 10,6% em dezembro e de 36% em 2019 dos FIIs surpreendeu os investidores. Justifico a seguir a valorização e o que você deve esperar para esta classe de ativos neste ano.

Para quem acompanha esta coluna, a surpresa foi quanto à velocidade da alta, mas não sua intensidade. Escrevi nos últimos dois anos alertando sobre como eles estavam subvalorizados.

No entanto, não foi só no Brasil que esta classe de ativos foi agraciada.

 

IFIX x REITs

O gráfico abaixo mostra que a valorização dos REITs (Real Estate Investment Trust) equivalentes aos FIIs nos EUA tiveram valorização similar no ano passado.

Evolução dos Fundos imobiliários no Brasil (IFIX B3) e nos EUA (REIT Bloomberg). Base 100 em 31/12/2018. Fonte: Bloomberg

O mesmo motivo que pode fazer os REITs se valorizarem nos EUA também deve promover a alta dos FIIs aqui no Brasil. Entretanto, antes de apresentar esta razão, vamos analisar mais alguns números que justificam a alta recente.

 

FIIs e Renda Fixa

A atração para os FIIs ocorreu pela forte queda na taxa básica de juros e o fato de os dividendos mensais dos FIIs se assemelharem a títulos de renda fixa referenciados a IPCA.

A similaridade deles se refletiu também na rentabilidade dos últimos quatro anos. A figura abaixo mostra que o retorno do índice IMAB5+, formado pelos títulos públicos federais referenciados ao IPCA com vencimento superior a cinco anos, foi similar ao dos FIIs. O rendimento dos FIIs está representado pela valorização do IFIX. Este é o índice de FIIs calculado pela B3. Ambos os índices – FIIX e IMAB5+ – consideram o reinvestimento dos dividendos e juros dos títulos que o formam. Assim, esta valorização já os contabiliza.

Valorização dos índices de fundos imobiliários (IFIX) e de renda fixa referenciada à inflação com vencimento superior a cinco anos (IMAB5+) em cada ano. Fonte: Bloomberg.

A valorização passada dos FIIs refletiu apenas o ajuste nos preços como resultado da queda das taxas de juros, que também favoreceu os títulos de renda fixa.

No longo prazo, os FIIs ainda estão atrás da valorização dos títulos referenciados à inflação como pode ser visto no gráfico abaixo.

Evolução dos índices de fundos imobiliários e de renda fixa referenciada à inflação. Base 100 em 03/01/2011. Fonte: Bloomberg.

No entanto, ao contrário dos títulos de renda fixa, cujo montante de juros pago não pode subir, o aluguel dos FIIs pode variar. Por esse motivo eles são classificados como renda variável e possuem maior potencial.

A provável alta do valor pago nos aluguéis é um dos motivos que deve promover novas valorizações para os FIIs. Explico abaixo o motivo para acreditar que os aluguéis devem subir, mas antes, vamos comparar o rendimento recebido de se investir em imóvel diretamente ou por meio de FIIs.

 

Dividendos de FIIs x Aluguel de Imóveis

Segundo o portal FipeZap, a taxa média de aluguel dos imóveis comerciais está em 5,35% ao ano. Isso representa uma taxa mensal de 0,45% (= 5,35% / 12). O gráfico abaixo mostra a evolução desta taxa junto com a de imóveis residenciais e a taxa de juros real.

Evolução da taxa de aluguel de imóveis comerciais e residenciais e da taxa de juros real. Fonte: https://fipezap.zapimoveis.com.br/

O IFIX também está hoje com uma taxa de dividendos média de 5,37% ao ano. Entretanto, este rendimento já é líquido de impostos e qualquer taxa. O mesmo não ocorre com a taxa de aluguel de imóveis comerciais.

Para quem investe diretamente em uma sala comercial, a taxa média apresentada no gráfico de 5,35% ao ano não é líquida. Ainda precisa ser reduzido o imposto de renda e a taxa da imobiliária. Portanto, o rendimento líquido deve cair para 3,41% ao ano. Esta taxa ainda não assume possíveis vacâncias, custos na aquisição e despesas de manutenção do imóvel. Se considerarmos todos estes custos, o ganho líquido atual é inferior a 3% ao ano para quem compra o imóvel diretamente.

Logo, os FIIs ainda têm espaço relativo para se valorizar. Mas a possibilidade de alta dos aluguéis deve ser a principal justificativa para novas valorizações.

 

Ciclo de alta

O último relatório da maior gestora de renda fixa do mundo, a Pimco, explica porque os preços dos imóveis devem se valorizar nos EUA.

O gráfico abaixo retirado do relatório disponível no site da Pimco mostra que o excesso de imóveis construídos antes da crise de 2008 está na mínima desde 2000. Já a proporção de pessoas com imóveis (homeownership rate, na linha azul do gráfico) ainda não atingiu o patamar anterior de 2008. Por este motivo, a gestora acredita em mais elevação de preço por lá.

Gráfico retirado do relatório da gestora global de renda fixa Pimco. Em verde, excesso de imóveis construídos antes da crise de 2008 está na mínima desde 2000. Em azul, a proporção de pessoas com imóveis (homeownership rate). Fonte: Pimco (www.pimco.com.br).

No Brasil, os preços dos imóveis comerciais ainda não pararam de cair, mas os preços dos aluguéis já. No último relatório do FipeZap (abaixo) o preço dos imóveis apresentava queda de preço em doze meses de 2,55%. Mas os aluguéis já apontavam alta de 0,37%, embora ainda abaixo da inflação.

Variação dos preços de venda e aluguel de imóveis comerciais. Fonte: https://fipezap.zapimoveis.com.br/

Com uma maior demanda proveniente do crescimento econômico e redução dos estoques de imóveis vazios depois da recessão dos últimos anos, tanto o preço de venda como dos aluguéis deve subir.

Portanto, os fundos imobiliários ainda possuem potencial de alta tanto relativamente a se comprar o imóvel diretamente quanto pela elevação dos valores de aluguéis.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Evite em 2020 estes três erros que cometeu em seus investimentos de 2019 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/05/evite-em-2020-estes-tres-erros-que-cometeu-em-seus-investimentos-de-2019/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/05/evite-em-2020-estes-tres-erros-que-cometeu-em-seus-investimentos-de-2019/#respond Sun, 05 Jan 2020 05:30:32 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/Painel-eletrônico-de-negociação-de-ações-na-sede-da-Bolsa-brasileira-em-São-Paulo-Amanda-Perobelli-Reuters-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2026 O início de ano é um momento de reflexão e promessa. Refletir sobre o que errou no ano anterior e prometer a si mesmo o que deve evitar no ano que se inicia. Analiso três destes erros que muitos cometeram em 2019 e proponho alternativas para melhorar o desempenho de sua carteira em 2020.

 

Caderneta de Poupança

Segundo relatório do Banco Central do Brasil (BC) de 03/01/2020, o saldo em caderneta de poupança acumulava ao final de 2019 o total de R$ 844,3 bilhões. Pior que o saldo é saber que a captação líquida neste ano que se encerrou foi de R$12,2 bilhões.

A rentabilidade da poupança em 2019 foi de 4,18%. Esta rentabilidade deve se equiparar com a inflação medida pelo IPCA para o mesmo período. Logo, o investidor que aplicou na poupança teve apenas a correção de seu poder de compra. Mas a perspectiva deste produto é muito pior.

A caderneta rende 70% da taxa Selic. Portanto, ela deve se valorizar apenas 3,15% ao ano (ou 0,26% ao mês) a partir de dezembro de 2019. Como a meta de inflação do BC é de 4% em 2020, o investidor da poupança deve perder da inflação mesmo que o BC seja eficiente em sua responsabilidade.

Então por que tantos brasileiros continuam aplicando, mesmo sabendo que vão ter um resultado certo ruim?

Existem dois falsos argumentos que são usualmente utilizados para justificar a aplicação na poupança.

Alguns argumentam que a poupança seria uma alternativa para investimentos de liquidez, mas isto é uma falácia. A poupança não é um investimento de liquidez. Se resgatada entre as datas de aniversário, ela perde seu retorno. As alternativas de liquidez à poupança são fundos DIs ou CDBs de liquidez diária que remunerem mais de 83% do CDI.

Com relação ao risco, muitos confundem que a poupança seria garantida pelo governo. Isso não é verdade. A poupança tem o risco do emissor e é garantida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de R$250 mil. Existem alternativas como CDB, LC, LCI e LCA que possuem o mesmo risco e podem proporcionar maior retorno.

 

Concentrar em CDI

O passado de altos juros fez com que os brasileiros concentrassem suas carteiras em ativos referenciados ao CDI, pois eles proporcionavam alto retorno e quase nenhuma variação. Esta concentração ainda se manteve em 2019.

O investidor brasileiro se acostumou mal com estas aplicações de baixa volatilidade e a esperar que seu portfólio suba todos os dias e meses. Muitos se auto definiram como conservadores mesmo tendo capacidade de correr mais risco, tendo em vista o ciclo de vida e momento financeiro. Sua habilidade de suportar variação na carteira foi perdida pela falta de prática.

Investidores desenvolveram uma resistência a ativos que tenham possibilidade de variar para baixo, pois atribuem a eles um risco maior que o real. Seria equivalente a uma pessoa que tenha pavor em andar de bicicleta, pois pode morrer se cair. Este risco existe, mas a maior probabilidade, se andar com cautela é de que uma queda provoque apenas arranhões que serão curados com o tempo.

Para investimentos destinados ao longo prazo, como aqueles para aposentadoria, o ideal é que se corra mais risco, pois há tempo para recuperar eventuais perdas no futuro. Assim, seu plano de previdência deveria ser a parcela de maior risco de sua carteira.

Diversifique seu portfólio em fundos multimercados, imobiliários, de ações e internacionais, mantendo em liquidez e baixo risco apenas o que deve utilizar em até 2 anos.

 

Ganhos fáceis e rápidos

Neste momento de juros mais baixos, vários são iludidos por anúncios de alternativas com ganhos elevados e rápidos. Comento dois que foram muito divulgados em 2019.

Um destes foi o de investimento em ações de empresas de maconha. O maior ETF (fundo negociado em bolsa) do mundo, conhecido pelo código MJ, que possuía há um ano mais de R$ 4 bilhões de patrimônio e é composto por 36 empresas do setor, caiu mais de 35% em 2019. Algumas ações de empresas badaladas deste setor como a Tilray caíram mais de 70% no ano passado.

Analise com muito cuidado aplicações que tiveram forte desempenho no passado e que o preço atual já considera tudo de bom que possa ocorrer com o ativo.

Outra febre que tem se espalhado desde o ano passado é a de que pessoas simples podem ganhar a vida trabalhando apenas alguns minutos no dia realizando operações com ações e derivativos (instrumentos financeiros conhecidos como futuros e opções).

O pesquisador Bruno Giovannetti já atestou em pesquisa o quanto os investidores pessoas físicas perdem em seus investimentos em operações de day trading e de swing trade. As primeiras são aquelas em que o investidor compra e vende ações ou derivativos no mesmo dia e a segunda é aquela em que ele permanece com a ação por mais dias.

O maior erro para aqueles que desejam investir no mercado acionário é achar que a simplicidade na negociação das ações se reflete em facilidade de ganhar.

Seguir carteiras recomendadas por corretoras também não tem se mostrado uma saída lucrativa. O Jornal Valor Econômico organiza uma carteira formada pelas 10 ações mais recomendações pelas corretoras. Esta é chamada Carteira Valor. A Carteira Valor perde do Ibovespa em 60, 48, 36, 24 e 12 meses, ou seja, em todos os horizontes de tempo.

Selecionar ações não é fácil. Muitos investem em ações de grandes bancos como Itaú e Bradesco com o argumento de que o elevado dividendo e o fato de serem grandes empresas as torna imbatíveis. No entanto, mesmo se considerado o dividendo, estes investidores estariam melhores nos últimos 36, 24 e 12 meses aplicando com menor risco no Ibovespa. A ação do Itaú, por exemplo, rendeu 70% menos que o Ibovespa em 2019, mesmo considerando os dividendos. Outra queridinha de anos anteriores, tida como “segura” e grande pagadora de dividendos, a Cielo caiu mais de 20% em 2019 enquanto o Ibovespa subiu mais de 30%.

Se deseja investir em ações, faça este investimento em fundos de ações indexados ou em fundos de ações de um gestor especialista. Desta forma, estará diversificado e contará com a ajuda de um profissional. Entenda que os gestores profissionais contam com vantagens de acesso à informação e equipes para ajudá-los a encontrar as melhores oportunidades.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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