De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Você pode ter sua aposentadoria garantida se fizer isso https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/voce-pode-ter-sua-aposentadoria-garantida-se-fizer-isso/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/voce-pode-ter-sua-aposentadoria-garantida-se-fizer-isso/#respond Sun, 28 Nov 2021 05:30:57 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/hernca-personare-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2843 Você tem apenas mais um mês para aproveitar um dos maiores benefícios que o governo proporciona para aqueles que recebem salário. Este benefício é tão relevante que pode garantir boa parte de sua renda na aposentadoria. No entanto, a maioria das pessoas perde esta vantagem por falta de planejamento.

Explico abaixo como você também pode se beneficiar. Mas ressalto, novamente, que ele é exclusivo para aqueles que recebem salário.

Já escrevi explicando a razão de todos terem um plano de previdência, além de um plano para sua previdência. Hoje, focarei em um dos benefícios que aprendi ao longo de meus anos como investidor deste produto.

Comecei a trabalhar em 1998 e, desde então, contribuí para um plano de previdência. No início, a ideia era postergar parte do pagamento do Imposto de Renda (IR) de 27,5% sobre o salário. Naquele momento, eu não tinha ideia de quanto retorno financeiro essa postergação poderia me gerar no futuro.

Ilustrarei o benefício por meio de um exemplo simples. Imagine que você começou a aplicar em 2000 em um plano de previdência do tipo PGBL (ou FAPI que era muito comum no passado).

Considere que sua renda anual bruta tributável foi de R$100 mil nos últimos 21 anos. O plano do tipo PGBL permite que você reduza a base tributável em até 12%, desde que invista esta proporção. Portanto, você poderia ter aplicado R$12 mil todos os anos e assim ter postergado o pagamento do IR de 27,5% que pagaria sobre estes R$12 mil.

Ou seja, você deixou de pagar, anualmente, R$ 3,3 mil em IR (=R$ 12 mil *27,5%). Normalmente, este montante já sumiria de sua conta, pois você já o paga em IR, caso não aplique em PGBL. No entanto, se fez um PGBL, você postergou o pagamento, reduziu a alíquota a ser paga e ainda ganhou com o rendimento deste.

A grande mágica ocorre por meio dos juros compostos, isto é, dos juros sobre juros.

Este valor de R$ 3,3 mil, que você aplicou no final de 1999, teria se transformado em R$ 39.611,80, hoje, se seu PGBL rendesse apenas 100% do CDI.

Mas existem produtos que remuneram ainda mais que o CDI. Por exemplo, previdências referenciadas ao IPCA de curto prazo. Estas aplicações no longo prazo renderam mais que 150% do CDI. Portanto, você poderia ter ainda mais.

A tabela abaixo demonstra, quanto o IR postergado se valorizou, do respectivo ano até a última sexta-feira. E qual o valor total que você teria acumulado de rendimentos sobre um imposto que, como mencionei, sumiria de sua conta se você não adota essa prática.

Tabela com o benefício de se aplicar em plano do tipo PGBL. Segunda coluna contém o valor máximo a aplicar em PGBL se a renda bruta anual é de R$100 mil. Terceira coluna contém o IR que foi postergado. Na quarta e quinta coluna há a valorização do respectivo IR postergado.

É isso mesmo. A partir de um valor, que sumiria de sua conta, você ganhou rendimentos e ele se multiplicou.

O mais impressionante é a conclusão a seguir.

Antes, vamos relembrar uma característica do PGBL com regime tributário regressivo. Passados dez anos, a alíquota de IR a ser paga sobre o valor de R$ 12.000,00 se reduz para 10%, dos 27,5% anteriores.

Observe o número final que representa a soma de todo o rendimento. O imposto que você vai pagar sobre este ganho é menor que a soma de todos os impostos que teria pagado ao longo de todos os anos. Não importa se considerar que vai pagar 10% sobre R$306 mil ou sobre R$426 mil. Em ambos os casos, o IR sobre o valor final será menor que a soma de tudo o que teria pago ao longo dos anos.

Você parou para pensar que uma parte do IR que pagaria hoje pode te render quase meio milhão em alguns anos se planejar esta aplicação?

Mas tudo isso que mencionei foi só relativo à parte da vantagem fiscal. Ainda tem mais.

Perceba que fiz a conta considerando apenas a parcela de imposto postergado. No entanto, este representa menos de um terço do valor total que você aplicou no PGBL.

Portanto, o valor total que teria acumulado ao longo dos anos superaria R$ 1,1 milhão no caso de o retorno ser apenas igual ao CDI. Perceba que com esse valor, sua aposentadoria está muito bem encaminhada.

Agora eu te pergunto, daqui a vinte anos, você deseja ter sua aposentadoria garantida? Se sua resposta é sim, não perca esta oportunidade de aplicar 12% de seu salário em PGBL por nem mais um ano.

Reforço, que o benefício explicado é apenas uma das vantagens de se aplicar em um plano de previdência do tipo PGBL e ele é exclusivo para quem recebe salário e faz a declaração de IR pelo modelo completo.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Você está preparado para ser sócio da família de seu sócio? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/14/voce-esta-preparado-para-ser-socio-da-familia-de-seu-socio/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/14/voce-esta-preparado-para-ser-socio-da-familia-de-seu-socio/#respond Sun, 14 Nov 2021 05:30:36 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Daian-moura-XPseg-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2822 Que a pandemia impôs mudanças na vida pessoal de todos não é novidade e já estamos nos adaptando. No meio corporativo, também não foi diferente, mas, não me refiro à eventual queda nas vendas por mudanças de hábitos. Algumas empresas que poderiam não estar sofrendo com vendas, enfrentam outro desafio, a sucessão.

Quando falamos de sucessão, logo pensamos em planejamento financeiro pessoal. Neste caso, um indivíduo planeja a melhor forma de transmitir seus bens aos herdeiros. Existem duas grandes preocupações. A primeira em relação aos custos de transmissão, como os impostos. A segunda com relação a evitar brigas entre os herdeiros que, usualmente, resultam em dilapidação do patrimônio.

No entanto, o objetivo aqui é discutirmos o aspecto da sucessão no meio corporativo. A pandemia, na verdade, despertou nos empresários o sentido de urgência em planejar a sucessão empresarial.

Assim como eu, você provavelmente está se perguntando: mas como a pandemia alterou a visão de urgência no planejamento sucessório corporativo? Afinal, já ocorriam eventos de sucessão empresarial no passado.

Quem me respondeu esta dúvida foi Daian Moura, Head de Seguros da XP Inc, em visita ao nosso escritório nesta última quinta-feira.

Segundo Daian, a pandemia despertou no empresariado a noção de fragilidade de governança na estrutura societária e de como ela pode ser impactante para a continuidade dos negócios.

Antigamente, imaginava-se que se um dos sócios de uma empresa ficasse doente, haveria tempo para se estruturar a sucessão. Ou seja, havia tempo para passar o controle das contas financeiras, negociar com a família a divisão de controle e discutir com clientes e fornecedores a nova estrutura.

Moura, explicou que a pandemia mostrou que os empresários que não estavam com tudo isso já planejado, sofreram, além da perda de um amigo próximo, a burocracia do processo de inventário e discussões com familiares do ex-sócio.

A mesma briga entre herdeiros, que pode arruinar o patrimônio financeiro deixado por uma pessoa, também pode prejudicar o futuro da empresa. Segundo ele, algumas companhias não resistiram por simplesmente não conseguirem acesso ao caixa da empresa para manterem a continuidade do negócio.

Como o seguro de sucessão corporativa pode salvar a continuidade dos negócios de sua empresa?

Quando um dos sócios vem a falecer, os outros deveriam estar preparados para comprar a participação deste imediatamente, fugindo assim das agruras do processo de inventário. Para isso, os sócios deveriam manter sempre em liquidez imediata o valor para aquisição das ações dos outros sócios e essa troca de controle deve estar prevista no acordo de acionistas da empresa.

Entretanto, como questionou o executivo da XP, Maurício Honorato, qual empresário mantém em aplicações de liquidez um valor suficiente para comprar a participação dos outros sócios?

Para evitar os problemas em troca de controle repentinas como estas, Moura sugere que toda empresa que se preocupa com sua governança deveria ter um seguro de sucessão corporativa e ter um acordo de acionistas que estabeleça este seguro como ferramenta de troca de controle. Lembro que governança forma uma das letras da sigla ESG que é tão falada atualmente.

Recentemente expliquei que o seguro de vida é uma das mais eficientes ferramentas para planejamento sucessório de pessoas físicas.

Costumo dizer que indivíduos devem planejar suas finanças como as empresas fazem as delas. Agora posso dizer que também os empresários têm a aprender com as pessoas físicas no que diz respeito ao planejamento financeiro, pelo menos, quando se fala em sucessão.

 

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Descubra três fatores irrelevantes em previdência privada, mas com que a maioria se preocupa https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/03/descubra-tres-fatores-irrelevantes-em-previdencia-privada-mas-que-a-maioria-se-preocupa/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/03/descubra-tres-fatores-irrelevantes-em-previdencia-privada-mas-que-a-maioria-se-preocupa/#respond Sun, 03 Oct 2021 05:30:45 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Prevdencia-personare-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2763 A contratação de um plano de previdência privada demanda a escolha de uma série de fatores. Alguns são muito relevantes. Outros têm pouca ou nenhuma relevância, mas o curioso é que os investidores erroneamente se preocupam mais com estes.

Já presenciei vários investidores decidirem errado, recusando a portabilidade para um produto melhor, pois não queriam perder o “benefício” que tinham.

O problema é que alguns benefícios não têm nenhum valor. Comento a seguir sobre três fatores que os investidores costumam se preocupar, mas não possuem relevância.

 

A idade para início do benefício no meu plano importa?

O produto previdência privada deve ser considerado como um veículo de acumulação de recursos.

Os recursos poupados podem ter diversas finalidades. Usualmente, as duas principais utilizações são para ter uma renda na aposentadoria ou para sucessão.

A maioria dos investidores não quer que a data seja longa, ou não quer sair do plano que está, pois tem receio de perder o “benefício” de uma data selecionada antes.

No entanto, você pode, a qualquer momento, alterar a data de início do benefício. Portanto, a escolha inicial não é um fator relevante.

Adicionalmente, você não vai querer contratar o benefício. Você provavelmente se contorceu na cadeira com esta afirmação. Talvez tenha pensado: Como assim? Mas eu tenho poupado tanto tempo para ter o benefício. Vou explicar isso a seguir, mas antes, vamos falar sobre outro fator.

 

Vale a pena portar minha previdência e perder a tábua atuarial?

Muitos gerentes de banco argumentam que você perderia a tábua atuarial (tábua biométrica) se mudasse de plano.

A tábua atuarial basicamente define a expectativa de vida quando da contratação do benefício. A princípio este é um importante fator. No entanto, ele perde ou ganha relevância dependendo da taxa de juros que se ganha no período de aproveitamento do benefício.

Faça o seguinte exercício quando falarem para você sobre tábua atuarial. Pergunte qual a taxa de juros que você ganha durante o período de benefício.

Apenas alguns planos contratados antes da virada do século possuem alguma remuneração de juros prometida.

Desconheço plano de previdência privada que pague qualquer taxa de juros no período de benefício.

Assim, racionalmente, ninguém deveria retirar do plano de previdência que rende juros para contratar um benefício que não rende juros.

Ressalto, você nunca deveria querer contratar o benefício de renda de seu plano de previdência privada.

Logo, a tábua atuarial pouco importa, pois você deve sempre querer manter os recursos em seu plano de previdência. Afinal, qualquer remuneração é melhor que nenhuma.

Para viver da renda do plano de previdência acumulado, basta resgatar periodicamente o que se deseja, mantendo o restante aplicado no plano e obtendo remuneração.

 

Compensa portar minha previdência mesmo que ela tenha benefício vitalício na aposentadoria?

O texto na figura abaixo foi retirado do regulamento de uma das maiores entidades de previdência do país. Destaquei duas partes para você considerar se contratar o benefício vitalício faz sentido.

Trecho do regulamento de planos de previdência VGBL e PGBL distribuídos por uma das maiores seguradoras do país.

Esse texto demonstra o ponto que mencionei na questão anterior. O benefício nos planos de previdência possui taxa de juros zero. Logo, como mencionei anteriormente, não vale a pena contratar o benefício.

Outra desvantagem da renda vitalícia também foi grifada na figura. Usualmente, o benefício cessa se o beneficiário falecer.

Isso quer dizer que se você falecer um ano após iniciar o período de recebimento, toda a reserva que você guardou por 10, 20 ou 30 anos será revertida para a seguradora.

Já imaginou você se privando por 30 anos para criar uma reserva e toda ela sendo revertida para a seguradora. Sua família não aproveitaria nada.

Novamente, você não vai querer contratar o benefício e vai preferir manter os recursos no produto de previdência privada, pois se você vier a falecer, toda a reserva vai para seus herdeiros.

Escolha adequadamente seu plano de previdência, levando em consideração o que realmente importa.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Aplicações financeiras, apólice de seguro ou imóvel; o que é melhor deixar como herança? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/09/26/aplicacoes-financeiras-apolice-de-seguro-ou-imovel-o-que-e-melhor-deixar-como-heranca/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/09/26/aplicacoes-financeiras-apolice-de-seguro-ou-imovel-o-que-e-melhor-deixar-como-heranca/#respond Sun, 26 Sep 2021 05:30:52 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/hernca-personare-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2757 Quem não deseja garantir a tranquilidade financeira de seus entes queridos? Este anseio, se planejado, pode ser mais simples do que se imagina.

Como mencionei na semana passada, para a finalidade de sucessão, ou seja, deixar um patrimônio para a segurança da família, existem três alternativas usuais: imóvel, apólice de seguro e aplicações financeiras.

Avaliamos na semana passada o imóvel em relação a uma apólice de seguros. Nesta comparação, percebemos que a apólice de seguros é melhor que o imóvel. Expliquei que esta vantagem do seguro é ressaltada no quesito rentabilidade quando o imóvel é adquirido de forma financiada.

Sabendo que o seguro é melhor que o imóvel, vem a próxima dúvida.

 

Será que aplicações financeiras conseguem superar uma apólice de seguro?

Recordo que quando se fala em sucessão, há quatro princípios que caracterizam a adequação do produto. O bem deve:

  • Ser perfeitamente divisível;
  • Possuir baixa despesa para transferência;
  • Permitir rápida transferência aos beneficiários;
  • Proporcionar flexibilidade ao beneficiário em como decidir usar melhor o benefício.

Assim como uma apólice de seguro, investimentos financeiros também atendem aos quatro critérios.

No entanto, quando se fala em aplicações financeiras com o intuito de sucessão, não podemos generalizar.

O produto adequado de aplicação financeira com o intuito de sucessão deve ser um produto de previdência VGBL ou PGBL. A escolha entre os dois depende da forma como faz a declaração de IR.

Os produtos de previdência também atendem aos quatro critérios de adequação. São perfeitamente divisíveis, possuem baixo custo de transmissão, são de rápido recebimento, pois não passam por inventário e permitem que o beneficiário tenha flexibilidade em como melhor empregar.

Como o seguro já garante o pagamento do capital desde a primeira parcela, eles são imbatíveis no curto prazo.

No longo prazo, para períodos de quase 20 anos, o resultado pode se inverter.

Considerando uma aplicação em previdência que produza um retorno equivalente a um juro real, ou seja, acima da inflação, de 4,0% ao ano, o produto de previdência seria mais vantajoso que a apólice de seguro após 19 anos. Neste exemplo, comparamos a mesma contribuição mensal usada para o seguro, que simulei na semana passada.

A maior desvantagem da previdência em relação ao seguro é a facilidade em se interromper as contribuições ou de utilizar os recursos e distorcer a finalidade inicialmente planejada.

 

Qual a melhor estratégia?

Claramente o imóvel é a pior alternativa como veículo de sucessão.

A melhor estratégia é fazer um balanceamento com uma apólice de seguros e um produto de previdência.

A apólice de seguros deve ser calculada de forma a ser suficiente para cobrir sua falta no curto prazo. O produto de previdência deve atender a visão de longo prazo.

A parte mais difícil é manter a disciplina de não usar os valores poupados para atender um desejo seu de comprar um imóvel.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Imóvel ou apólice de seguro; o que é melhor deixar para seus herdeiros? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/09/19/imovel-ou-apolice-de-seguro-o-que-e-melhor-deixar-para-seus-herdeiros/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/09/19/imovel-ou-apolice-de-seguro-o-que-e-melhor-deixar-para-seus-herdeiros/#respond Sun, 19 Sep 2021 05:30:50 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/o-que-é-melhor-deixar-para-seus-herdeiros-Personare-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2749 Apesar da queda de casos devido ao coronavírus, a preocupação das famílias com a sucessão continua acelerando. Neste sentido, a maior dúvida é: qual a melhor forma de construir um colchão de segurança para a família?

Para a finalidade de sucessão, ou seja, deixar um patrimônio para a segurança da família, existem três alternativas usuais: imóvel, apólice de seguro e aplicações financeiras. Analiso abaixo as duas primeiras alternativas, exemplificando com um caso real.

A comparação com aplicações financeiras será tratada no próximo artigo, no qual explicarei a melhor estratégia.

 

Os imóveis são a melhor forma de deixar patrimônio para a família?

Já ouvi de muitos que o brasileiro gosta de imóvel. Portanto, vários argumentam que esta seria a melhor alternativa, pois agrega a satisfação de um desejo ao objetivo de sucessão.

Essa afirmação esconde algo mais profundo dos brasileiros. A ausência de educação financeira e conhecimento de alternativas de investimentos a eles.

Para a maioria dos brasileiros, a alternativa aos imóveis é a caderneta de poupança ou fundos de investimentos atrelados ao CDI. Com esse universo restrito, os imóveis acabam sendo realmente melhores.

No entanto, esse não é o universo comparável. Um imóvel é um investimento de risco, ilíquido e de longo prazo. Assim, a comparação deveria ser com investimentos equivalentes. Vou falar sobre estes no próximo artigo. Nesse momento, vou abordar as vantagens e desvantagens do imóvel.

O imóvel possui três grandes vantagens em termos de poupança para sucessão.

A primeira delas é a capacidade de se criar uma obrigação definitiva de poupança. Como a maioria das pessoas faz a aquisição financiada, ela acaba se tornando uma obrigação que o investidor precisa honrar.

Outra vantagem do imóvel para sucessão é que ele é um investimento ilíquido. Assim, o investidor não tem como cair na tentação de o utilizar para uma finalidade não programada.

Por último, o fato de não ter seu preço cotado a mercado, ajuda o investidor a não tomar decisões erradas. Apesar de ser um investimento de risco, o imóvel não tem seu preço variando instantaneamente. Assim, o investidor não sente os efeitos de momentos econômicos desfavoráveis e acaba sendo mais fácil carregar a aplicação pelo longo prazo.

Perceba que as vantagens não estão relacionadas ao princípio da sucessão, mas à disciplina do investidor seguir seu plano.

Exatamente em relação aos princípios de adequação para a sucessão, que o imóvel guarda suas principais desvantagens.

Quando se fala em sucessão, há quatro princípios que caracterizam a adequação do produto. O bem deve:

  • Ser perfeitamente divisível;
  • Possuir baixa despesa para transferência;
  • Permitir rápida transferência aos beneficiários;
  • Proporcionar flexibilidade ao beneficiário em como decidir usar melhor o benefício.

O imóvel não consegue atender a nenhum destes requisitos.

Já recebi consulta de famílias divididas pela discordância sobre o que fazer com a herança imobiliária. Um quer vender, o outro não quer e nenhum deseja pagar os custos de manutenção. Chegam até a correr o risco de perder o imóvel por dívidas de condomínio.

O imóvel tem alto custo para transferência e pode inviabilizar o benefício de herança desejado.

Adicionalmente, o herdeiro muitas vezes se vê com um bem que acaba por se tornar uma dor de cabeça para administrar ou cobrir seus custos.

O tempo de transferência de um imóvel pode ser bem elevado. Há processos de inventário que duram anos. Nesse tempo, o bem se deprecia e, dessa forma, se desvaloriza.

Por fim, a grande maioria das pessoas que compra imóveis para deixar de herança o fazem por meio de financiamento. Assim, acabam pagando mais que o valor do bem, às vezes até o dobro, para prover uma herança que vale menos que o valor pago.

Por exemplo, simulei no site de um grande banco a compra financiada por 10 anos de um imóvel de R$ 500 mil, com uma entrada de R$ 100 mil. Você pagaria prestações que iniciariam em R$ 6.177,27 e terminariam em R$ 3.380,56.

No final do período, você terá dispendido um total de quase R$ 700 mil pelo imóvel de valor inicial de R$ 500 mil.

Adicionalmente, o herdeiro ainda vai arcar com custos elevados de transferência.

 

Uma apólice de seguro é melhor que um imóvel para sucessão?

Uma apólice de seguro cumpre os quatro princípios que caracterizam um produto a ser adequado para sucessão.

O seguro de vida é perfeitamente divisível, tem baixo custo de transmissão, possibilita ao beneficiário a escolha de como melhor utilizar a herança e seu recebimento é rápido.

Assim, uma apólice de seguro de vida é mais adequada que um imóvel para sucessão.

No entanto, surge uma dúvida: ela é mais barata que um imóvel?

Simulei em uma grande seguradora o custo para uma apólice vitalícia para uma pessoa do sexo masculino e para uma do sexo feminino. Ambos com 40 anos de idade. A apólice vitalícia seria paga em 10 anos, ou seja, em prazo similar ao do financiamento imobiliário.

Para o mesmo valor pago em prestações do imóvel, o capital segurado seria de R$ 1.200.000,00 e R$ 1.450.000,00 para a pessoa de sexo masculino e a do feminino, respectivamente. Ressalto que esse capital ainda é corrigido pelo IPCA.

Portanto, além de ter melhor adequação, para o mesmo valor pago em financiamento imobiliário, é possível ter uma apólice com valor de quase o triplo do imóvel.

E agora, você ainda prefere deixar um imóvel de R$ 500 mil ou um patrimônio médio de mais de R$ 1.300.000,00 para seus herdeiros?

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Da mesma forma que ele alcançou o topo do Everest, você também pode atingir sua independência financeira https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/20/da-mesma-forma-que-ele-alcancou-o-topo-do-everest-voce-tambem-pode-atingir-sua-independencia-financeira/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/20/da-mesma-forma-que-ele-alcancou-o-topo-do-everest-voce-tambem-pode-atingir-sua-independencia-financeira/#respond Sun, 20 Jun 2021 05:30:41 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/WhatsApp-Image-2021-06-20-at-01.59.08-320x213.jpeg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2626 O caminho para atingir metas desafiadoras é muito similar, seja no esporte ou na vida financeira. Aprendi o método para percorrer este caminho com um colega no passado e este conhecimento foi reforçado com outro amigo que superou algo que apenas 30 brasileiros conseguiram.

A entrevista de hoje é sobre o caminho para alcançar o topo do Everest, mas também poderia ser o de atingir sua independência financeira.

Para alcançar o ponto mais alto do mundo, Leonardo Silverio precisou de Foco, Disciplina e Planejamento. O mesmo que você precisa para alcançar sua independência financeira.

Ele definiu seu objetivo, criou um plano para chegar lá com ajuda de profissionais e teve a disciplina de seguir o plano. Este é o mesmo roteiro que todos devem fazer para chegar a seus objetivos, inclusive os financeiros.

Adicionalmente, como descreve na entrevista, Leonardo também manteve o foco mesmo quando eventos o distanciaram de seu objetivo.

Assim como nos investimentos financeiros, muitos procuram atalhos ou desistem, mas como Leonardo explica, a ajuda de profissionais e a paciência de seguir com seu plano fizeram a diferença.

Abaixo transcrevo a entrevista que fiz com Leonardo Silverio, o trigésimo brasileiro a escalar o Everest.

Baixa visibilidade durante a escalada ao cume da Terra. Leonardo Silverio.

Como surgiu a meta de escalar o Everest?

A ideia de escalar o Everest era um sonho distante que, muito embora me fascinasse, não era um pensamento que eu levava muito a sério. Eu nunca havia escalado montanha alguma antes dos 45 anos de idade e o montanhismo era um universo bem longe do meu. Porém, em um dado momento, este sonho de infância começou a se transformar em uma meta e o ingrediente que faltava era, na verdade, muito simples: perceber que escalar o Everest não seria uma tarefa impossível, intangível. Percebi isso, inicialmente, lendo matérias sobre escaladores e vendo que eles não eram super heróis: sua genética era normal, não eram necessariamente mais novos ou mais velhos do que eu e nem vinham de famílias tradicionais de escalada. Eles eram, claramente, pessoas cujo real diferencial se resumia ao seguinte: uma imensa capacidade de foco e determinação. Se você estiver com um bom condicionamento físico, disponibilidade de tempo e condições financeiras, você também pode pensar em escalar a montanha mais alta do mundo. Então, fui conversar com um especialista em Everest e, com ele, desenhamos um plano de treinamento. Olhar para este plano e sentir confiança, percebendo que sua realização dependeria somente de mim, da minha capacidade de foco e disciplina, foi o que de fato transformou aquele sonho em uma meta. A partir daquele momento, ir ao Everest praticamente mudou a minha identidade: eu não era mais uma pessoa com um sonho, eu era agora um cara sendo forjado para ir ao Everest. 

 

Você fez um planejamento para atingir esta meta ou foi simplesmente tentando?

O primeiro passo foi um planejamento detalhado. Ele foi feito juntamente com um profissional, o montanhista Carlos Santalena, que tem o recorde de ser o brasileiro que mais chegou no cume do Everest até hoje. Fui até sua agência e, juntos, traçamos um plano. Eu teria que, primeiramente, fazer um curso de escalada em rocha e fazer um “batismo” em uma montanha no Brasil. Depois, iria à Bolívia fazer um curso de escalada em gelo e escalar uma montanha com neve, que não existe no Brasil. Logo depois, eu teria que escalar no Equador, para ganhar um pouco mais de experiência em alta-montanha. A última etapa seria escalar o Aconcágua, na Argentina, como um teste final. Se tudo desse certo, eu seria considerado “aprovado” para escalar o Everest. Com estas etapas em mãos, pude estimar o tempo que eu teria que dedicar e, principalmente, estimar todos os custos do projeto.  

 

Você buscou ajuda profissional para todo o planejamento ou foi consultando nas mídias sociais?

Eu busquei ajuda profissional. As mídias sociais ajudam, principalmente, pelas histórias e elas podem tanto te desmotivar quanto motivar. Porém, quando a “coisa fica séria”, você tem que conversar com alguém técnico e profissional, alguém que vai primeiro entender quem você é e o que você deseja, antes de te propor algo. O Carlos Santalena, por exemplo, fez perguntas específicas sobre minha experiência prévia, perguntou se eu já havia viajado para algum lugar alto – eu já havia ido a Cuzco, no Peru -, investigou a minha aptidão física – eu havia corrido uma maratona três meses antes da conversa – para que o planejamento fosse otimizado para a minha pessoa. Só quem trabalha na área e tem anos de experiência consegue te dar este nível de ajuda.

Leonardo Silvério comemora a proximidade da meta. Leonardo Silvério.

 

Houve algum momento em que pensou em desistir?

O momento em que eu pensei realmente em desistir foi antes da expedição, quando veio a pandemia do coronavírus e o governo do Nepal cancelou a temporada de 2020. Eu havia programado a minha vida para realizar esta meta em 2020 e, agora, teria que decidir se eu tentaria escalar novamente em 2021. A cotação do dólar havia subido de R$3,90 para acima de R$5,00 em pouquíssimo tempo e eu não havia ainda pago toda a expedição. De qualquer maneira, eu só teria que dar uma resposta a esta questão no final do ano, perto de novembro. Então, eu continuei a minha preparação física, enquanto observava o andamento da pandemia e, durante este tempo, minha motivação teve altos e baixos. Acredito que a minha decisão de tentar novamente o Everest foi ajudada, em muito, por perceber que eu estava, neste ano, muito melhor preparado física e mentalmente do que em 2020. Ficar esperando uma segunda chance me deu a oportunidade de me preparar mais e melhor.

Durante a expedição, houve só um momento em que eu me perguntei “O que estou mesmo fazendo aqui? E se eu desistir agora?” Isso ocorreu no final da expedição, quando foi levantada a hipótese de não existir janela para atacar o cume. Para chegar no cume do Everest, o ideal é que se espere um dia em que as condições climáticas sejam ideais, ou seja, sem tempestade de neve e com ventos abaixo de 20 Km/h. Porém, neste ano, houve dois ciclones na China que afetaram o clima na montanha e, segundo as previsões, não haveria mais janela de tempo na temporada. Eu recebi a notícia como se tivessem jogado um balde de água na minha cabeça. O que me sustentou, mentalmente, foi a lembrança de uma das frases que eu escutei logo que cheguei no Campo Base, no início da expedição: “a maior habilidade que você vai ter que demonstrar aqui é a paciência”. O que aconteceu em seguida foi que, depois de alguns dias esperando a previsão climática melhorar, o que não aconteceu como queríamos, começamos a discutir se haveria um plano-B. No final, resolvemos atacar o cume do Everest no dia em que o clima estava menos pior. Pegaríamos, talvez, ventos de 50Km/h, para compensar, teríamos que aumentar ainda mais nosso foco e cuidado. Foi o que fizemos.

Parecem muitas barracas no acampamento base, mas como na vida, já são poucos os que tentam realmente, e menos ainda conseguem ter a disciplina para seguir o plano até o fim. Leonardo Silvério.

Qual a sensação de atingir sua meta?

Quando cheguei no cume, foi um momento de emoções intensas. Eu estava fisicamente exausto,  porém alegre e com uma sensação imensa de alívio. Era um final bem sucedido de um projeto que deveria ter durado 1 ano mas que durou 2 anos, em que tive que abrir mão de muitas coisas e em que a vida pessoal, profissional e afetiva foram afetadas. Mas lá em cima, no ponto mais alto do planeta, de repente, tudo fez sentido. Acredito que um dos maiores prêmios ao chegar ao cume do Everest é sentir que todo o caminho e esforço anteriores foram validados. Ainda hoje, semanas após ter atingido o cume, sinto as mesmas sensações que senti no cume, quando fecho os olhos e lembro dos últimos passos. Talvez, então, o maior prêmio do Everest seja ter essa história para contar para os outros e para mim mesmo.

Leonardo Silvério tira selfie do topo do mundo. Leonardo Silvério.

 

Qual a próxima meta?

Esta pergunta é interessante. No momento, estou ainda descansando e fazendo minha vida voltar aos eixos, sem pensar em grandes metas de longo prazo. Porém, ao mesmo tempo, perceber que um sonho que tive quando criança se transformou em um plano, um plano que foi bem feito, e que, depois de dar todos os passos e de cumprir todas as etapas planejadas, consegui realizar a meta, fica em mim uma extrema sensação de confiança na minha capacidade de realização. Meu foco, determinação e persistência foram testadas ao extremo e eu passei na prova. Talvez este seja um excesso de confiança, reconheço, e independente disso espero que minha próxima meta seja bem mais simples e mais perto de casa.

 

Várias lições podem ser extraídas deste desafio que Leonardo compartilhou conosco. Sob a ótica dos investimentos, precisamos criar um objetivo, montar um plano para atingi-lo, ter paciência diante das incertezas e resultados abaixo do esperado, manter o foco na meta e ter disciplina para seguir o planejamento.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

Leonardo Silvério no Campo Base no Everest. Leonardo Silvério.
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Vale a pena pagar o INSS? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/06/vale-a-pena-pagar-o-inss/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/06/vale-a-pena-pagar-o-inss/#respond Sun, 06 Jun 2021 05:30:16 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/Unidade-de-previdência-social-no-Jabaquara-na-zona-sul-de-São-Paulo-Rivaldo-Gomes-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2609 Com as incertezas levantadas pela reforma da previdência de 2019 e a elevação da dívida pública depois da pandemia, muitos começaram a se questionar sobre a validade em se pagar o chamado Carnê do INSS.

Apesar desta contribuição ser facultativa apenas aos profissionais liberais e autônomos, a discussão é válida para que todos entendam o tamanho do benefício que os contribuintes possuem.

Não me prenderei a todos os detalhes para tentar focar no entendimento do que é mais provável que o beneficiário se utilize.

Quando se fala em INSS, muitos pensam apenas em aposentadoria por tempo de contribuição ou idade. No entanto, os benefícios vão além destes: aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, pensão por morte, salário-maternidade, dentre outros.

Como mencionei, vou restringir a análise e me fixar apenas nos benefícios de aposentadoria por idade e por invalidez.

Farei todos os cálculos com base no salário-mínimo atual de R$ 1.100,00, mas o mesmo raciocínio vale para as faixas superiores bastando fazer a proporção.

Imagine um profissional autônomo que esteja em dúvida sobre a validade do pagamento. Considere que ele possua 35 anos de idade e por ser do sexo masculino, deva se aposentar por idade aos 65 anos.

Neste caso, ele pagará mensalmente, por 30 anos, a chamada Guia da Previdência Social (GPS). O valor da contribuição é de 20% do salário. Portanto, ele tem de pagar R$ 220 mensais ao INSS.

Primeiro avaliarei em que condição os R$ 220,00 por mês seriam suficientes para uma renda de R$ 1.100,00 ao se aposentar, se este valor fosse direcionado para uma aplicação financeira.

Assim, considere que o contribuinte decida por guardar o mesmo valor em uma aplicação que renda acima da inflação o equivalente a 3% ao ano líquido de IR. Esta é a rentabilidade atual de um título público federal referenciado ao IPCA de 30 anos.

Ao final dos 30 anos de investimento, este autônomo teria acumulado o total de R$ 127,3 mil a valores de hoje. Lembrar que o cálculo está sendo feito apenas com o juro real.

A grande questão é: Com este montante, por quantos anos ele conseguiria ter uma renda equivalente ao salário-mínimo?

Considerando o mesmo rendimento líquido e real de 3% ao ano, um montante de R$ 127,3 mil seria suficiente para cobrir menos de 12 anos de uma renda de R$ 1,1 mil.

Portanto, considerando apenas a aposentadoria por idade, o INSS parece ser interessante.

Mas também deve ser considerada a questão da aposentadoria por invalidez. Neste caso, considere o mesmo indivíduo do exemplo.

Assuma que ele deseja fazer um seguro de invalidez por acidente e invalidez funcional por doença. Considere que a partir do acionamento do seguro ele deseje ter a renda de um salário-mínimo por 40 anos.

Neste caso, ele deveria pagar um seguro que custa aproximadamente R$ 40 por mês.

Perceba que dentro do valor do INSS já está incluso este benefício.

Assim, se você considerasse apenas este benefício, o valor que sobraria como contribuição para sua aposentadoria privada seria ainda mais reduzido.

Portanto, respondendo à pergunta central, vale a pena pagar o INSS. E perceba que só considerei dois dos benefícios.

Entretanto, agora se chega a outra questão fundamental.

Se o INSS tem tantas vantagens, como é que a conta fecha?

Claramente este modelo não é sustentável e precisará ser revisto novamente no futuro. Então a incerteza reside sobre qual modelo você estará sujeito quando se aposentar.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Vitalício ou temporário, qual o melhor? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/30/vitalicio-ou-temporario-qual-o-melhor/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/30/vitalicio-ou-temporario-qual-o-melhor/#respond Sun, 30 May 2021 05:30:22 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/20180708_194855-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2601 Quando nos deparamos com várias alternativas, usualmente, temos dificuldade em selecionar qual a melhor e não tomamos qualquer atitude. Isto vale no supermercado e em finanças não é diferente.

Tenho certeza de que você se preocupa com sua família e com o futuro financeiro dela caso uma fatalidade ocorra com você.

No entanto, quando se trata de uma decisão que terá impacto de longo prazo, queremos sempre tomar a melhor decisão. Mas esbarramos em uma infinidade de opções. Com medo de errar, acabamos por adiar esta escolha.

Não tenho a pretensão de esclarecer todos as alternativas de proteção para sua família em um único texto. No entanto, explicarei a dúvida do título.

 

É melhor um seguro de vida temporário ou vitalício?

Esta é uma pergunta que recebo com grande frequência. Vou explicar quais critérios você deve utilizar para responder. No entanto, a resposta final exige uma parcela de subjetividade.

A dúvida entre o seguro de vida vitalício e o temporário ocorre, pois o primeiro tem um custo mais elevado, mas por outro lado oferece ao segurado uma proteção por tempo mais extenso (vitalícia).

A comparação não deve ser simplesmente pela diferença de preço, mas, também com o objetivo desejado e com o que você deve fazer com a diferença de preço e com o que ela pode proporcionar.

Vamos começar com os critérios objetivos. Para isso, vou colocar um exemplo.

Considere um indivíduo com 40 anos de idade, cujo único filho tenha apenas 5 anos. Assuma que o capital segurado desejado seja de R$ 1 milhão. Suponha, também, que o prazo adequado para proteção financeira do filho seja de 20 anos, ou seja, até ele ter 25 anos de idade.

Podemos colocar aqui duas alternativas.

1 – O segurado poderia fazer um seguro vitalício pagando anualmente R$ 43.855,00 por 10 anos;

2 – O segurado poderia fazer um seguro temporário pagando anualmente R$ 2.901,81 por 20 anos.

A princípio, pode parecer que a escolha é óbvia, ou seja, pela alternativa 2, que é o seguro temporário, pois parece mais barata. No entanto, não é bem assim.

 

Qual objetivo você deve considerar quando for escolher entre o seguro vitalício ou temporário?

O seguro vitalício tem uma função adicional à de proteção familiar que é a de sucessão.

Como o próprio nome diz, o seguro é válido durante toda sua vida. Portanto, ele tem a função de proporcionar uma herança para seu beneficiário.

Já o seguro temporário, tem a finalidade apenas de fornecer cobertura pelo período escolhido. Assim, terminado o período, encerra-se a proteção familiar.

Deste modo, o seguro temporário deve ser selecionado se deseja uma proteção até o momento em que você acredita que já tenha construído um patrimônio para garantir a segurança financeira de sua família. Alternativamente, até o momento em que acredita que não deveria ser mais responsável financeiramente por estes, ou seja, até seus filhos se tornarem adultos.

 

Quando o seguro temporário em conjunto com uma previdência é mais vantajoso que o seguro vitalício?

Para entender a equivalência das duas alternativas de seguros, vamos fazer o seguinte exercício.

Considere que você investe em uma previdência a diferença entre os dois prêmios, pelos 10 anos que paga o seguro vitalício. Ou seja, você poupa R$ 40.953,19 (= 43.855,00 – 2.901,81).

Suponha que esta previdência tenha uma rentabilidade equivalente a uma taxa líquida de IR de 3% ao ano acima da inflação. Lembrar que o seguro é isento de IR, mas uma previdência não é.

Assim, levaria pelo menos 15 anos, depois que terminar de pagar o seguro temporário de 20 anos, para que este junto com a previdência ultrapasse o valor de R$ 1 milhão de herança do seguro vitalício.

Neste caso, apenas depois que o indivíduo no exemplo acima superasse os 75 anos de idade, o seguro temporário junto com uma reserva em previdência ultrapassaria o seguro vitalício.

 

Qual vantagem adicional o seguro de vida vitalício possui?

O seguro vitalício guarda uma vantagem adicional. Em alguns estados da federação, como o Rio de Janeiro, já existe disputa para se taxar herança na forma de previdência. Já o seguro é considerado livre de ITCMD.

Assim, se em algum momento a previdência passar a ser tributada, o seguro vitalício como veículo de sucessão se torna ainda mais vantajoso.

Perceba que a escolha entre as duas alternativas reside principalmente no objetivo pelo qual deseja fazer o seguro. Se a finalidade é de proteção familiar com sucessão, o seguro vitalício deve ser considerado.

Caso o objetivo seja apenas proteção por um tempo, o seguro temporário deve ser o escolhido.

 

Para que objetivo você não deve contratar um seguro vitalício?

Um ponto muito importante a considerar é a não escolha do seguro vitalício se o objetivo for ter uma proteção e uma poupança para você.

Já recebi questionamentos se o seguro vitalício seria uma alternativa de poupança, pois ele pode ser resgatado.

No entanto, se o objetivo for criar uma reserva financeira para você conjuntamente com a característica de proteção familiar, uma previdência em adição ao seguro temporário é uma solução mais vantajosa, pois a todo momento terá uma reserva de retirada maior.
O seguro vitalício é melhor que imóvel como herança?

Já vi algumas famílias cogitarem comprar um apartamento para deixar para os filhos como herança.

Não sou fã desta alternativa, pois pode estar deixando como herança uma briga entre membros da família ou um problema para seu herdeiro.

Muitas vezes um dos filhos não deseja vender o imóvel e a briga está armada na família.

Deve ser considerado que um imóvel vazio é um custo e se deteriora.

Pode ocorrer de o arrastar da disputa familiar ou do inventário levarem a uma dívida de condomínio que acaba por deteriorar o patrimônio.

Como veículo de sucessão e proteção o seguro vitalício consegue ser muitas vezes mais eficiente que um imóvel. Primeiro em termos de blindagem patrimonial. Segundo, não é trivial encontrar um apartamento pelo qual você paga R$ 438 mil (= 10 * R$ 43.855) e logo em seguida ele vale mais que o dobro e este valor ainda é corrigido pelo IPCA.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Se você vai iniciar seu planejamento financeiro, não esqueça disto https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/23/se-vai-iniciar-seu-planejamento-financeiro-nao-esqueca-disto/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/23/se-vai-iniciar-seu-planejamento-financeiro-nao-esqueca-disto/#respond Sun, 23 May 2021 05:30:38 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/Lara-de-Souza-Domingos-5-aprendeu-com-os-pais-Fabiana-Alves-de-Souza-e-Rogério-Santos-os-limites-do-dinheiro-e-dos-gastos-Ronny-Santos-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2582 Quando se pensa em planejamento financeiro, a maioria dos indivíduos concentra sua atenção nos investimentos e na sua aposentadoria. De fato, a aposentadoria é um dos elementos essenciais. No entanto, não devemos esquecer do bem-estar daqueles que dependem de nós. E este é um dos pontos onde a maioria falha.

O planejamento financeiro deve incluir seis pilares: administração do fluxo de caixa, planejamento e administração de investimentos, planejamento da aposentadoria, análise do perfil tributário, análise e administração de riscos e planejamento da sucessão patrimonial. Embora se costume avaliá-los em separado, eles são dependentes.

Usualmente, nos concentramos nos primeiros pilares e esquecemos os últimos. E é sobre estes últimos que vou comentar, ou seja, sobre um dos elementos do gerenciamento de risco e sucessão patrimonial.

Ao longo da vida, tão importante quanto investir para realizar seus projetos pessoais é acumular recursos para garantir a tranquilidade financeira da sua família.

No entanto, como não conseguimos prever tudo, existe um risco de ocorrer uma fatalidade antes de alcançarmos este objetivo.

Neste caso, temos duas escolhas. Ou assumimos este risco e deixamos para a sorte decidir, ou transferimos este risco para uma entidade que seria uma seguradora.

Trabalhar os conceitos de gerenciamento de risco e sucessão dentro do seu planejamento significa ter uma solução financeira completa para sua família no caso de sua ausência, ou seja, uma garantia com liquidez imediata aos seus herdeiros.

De fato, já estamos acostumados a não contar com a sorte e a realizar transferência de risco. No entanto, ela costuma ser feita apenas quando se trata de nosso automóvel.

Não tenho carro pelos últimos cinco anos, mas lembro que possuía um seguro contra roubo e colisão no passado. Aposto que você também possui este seguro. Mas quando o assunto é sua família, você também pensa em não contar com a sorte, certo?

Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), até 2016 o valor dispendido no Brasil em seguro de automóvel era superior ao de vida (ver figura abaixo). Ou seja, os brasileiros se preocupavam mais com o seguro do próprio carro do que com o bem-estar de sua família. Mas, este comportamento tem mudado nos últimos anos.

Distribuição do volume gasto pelos brasileiros nos principais segmentos do
mercado de seguros (excl. VGBL). Fonte e elaboração: 8º Relatório de análise e acompanhamento dos mercados supervisionados – SUSEP

O seguro de vida tem papel fundamental na proteção financeira, principalmente, na fase em que você ainda está acumulando recursos.

Este é o período crucial uma vez que um imprevisto nesta fase pode comprometer a situação financeira de toda a família.

Além do papel de gerenciamento de risco, o seguro de vida também pode ser utilizado como ferramenta de sucessão. O seguro do tipo vitalício costuma ser empregado para essa situação. No entanto, vou abordar apenas o caso de gerenciamento do risco de falecimento.

Então como planejar o capital adequado para seu seguro de vida?

Não há uma metodologia única. Um enfoque menos rigoroso determina que você precisaria ter um patrimônio segurado igual ao seu custo mensal até seus filhos deixarem de ser seus dependentes financeiros.

Lembro que seu patrimônio financeiro acumulado, também serve de seguro para sua família. Portanto, o capital necessário para o seguro deve ser reduzido de suas reservas financeiras.

Assim, a medida em que você vai poupando mais, menor será a necessidade de seguro para a segurança de sua família. Ou seja, você pode rever seu seguro ou manter o capital de forma a dar mais conforto aos seus herdeiros.

Imagine que você está com 40 anos, que seus gastos mensais somem R$10 mil e que tenha filhos com dez anos de idade. Considerando que eles serão dependentes por mais 15 anos, você deveria ter um patrimônio segurado de R$ 1,8 milhões (= R$10 mil * 12 * 15).

Entretanto, se você tem R$ 800 mil em aplicações financeiras, deveria fazer um seguro de R$ 1 milhão de capital. A tabela abaixo contém uma simulação para o custo anual por período de 15 anos para um seguro de capital de R$ 1 milhão em caso de falecimento.

Simulação de seguro anual para o capital de R$ 1 milhão para um período de 15 anos.

Colocando em perspectiva o seguro que estamos mais acostumados em contratar, percebe-se a vantagem relativa do valor do seguro de vida. Compare com o seguro de um carro.

Consultei algumas seguradoras e encontrei que o custo para o seguro anual de um automóvel de valor de mercado de R$ 60 mil é aproximadamente R$ 2 mil. O seguro de um veículo usualmente está entre 3% e 3,5% do valor deste.

Nos exemplos acima, o seguro de vida custa menos de 0,5% do valor segurado. Portanto, perceba que você costuma pagar mais por um bem menos precioso.

A escolha do seguro também é muito importante. Não contrate um seguro no qual as prestações sobem a medida em que você vai ficando mais velho. Também, prefira aqueles em que a avaliação médica é realizada antes da contratação. Considerando estes dois pontos, poderá garantir que você irá conseguir pagar a prestação e que seus filhos receberão o seguro.

Então, analise e escolha bem este item quando for realizar seu planejamento financeiro.

 

Michael Viriato é assessor financeiro e sócio fundador da Casa do Investidor

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Se minha carteira rende menos que a inflação em 2021, devo mudar? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/09/se-minha-carteira-rende-menos-que-a-inflacao-em-2021-devo-mudar/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/09/se-minha-carteira-rende-menos-que-a-inflacao-em-2021-devo-mudar/#respond Sun, 09 May 2021 05:30:35 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2561 Nos últimos 20 anos, quem investiu em ativos que rendiam a Selic, ganhou em média mais de 5% acima do IPCA ao ano. Mas esta situação se inverteu desde meados do ano passado. O investidor brasileiro vai ter de se acostumar com algo que o investidor internacional já está habituado há muitos anos.

Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, a taxa Selic sempre rendeu acima do IPCA, até o ano passado. O investidor brasileiro se acostumou mal em ser “conservador”. Foram duas décadas que levaram o brasileiro a se educar de forma errada em como avaliar o desempenho de seus investimentos.

O gráfico acima apresenta no painel superior a evolução da taxa Selic (linha branca) e do IPC-A de 12 meses (linha amarela). No painel inferior há a evolução da diferença entre a Selic e o UPC-A. Fonte: Bloomberg.

No passado, não era necessário correr qualquer risco ou mesmo abdicar de liquidez. Era possível ter um ganho certo, acima da inflação praticamente todos os meses, com ativo de liquidez diária e sem risco.

As duas primeiras décadas do século foram o “paraíso dos rentistas”, parafraseando nosso Ministro da Economia. Como diz o provérbio: “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”. E acabou.

Só há dois caminhos para se ganhar da inflação atualmente. Alocar parte da carteira em risco ou abdicar de liquidez em investimentos com maior prazo.

No entanto, estas duas alternativas também estão frustrando investidores brasileiros em 2021.

Retornos das principais classes de ativos brasileiros em 2021 (até 06/maio/2021). Fonte: Economatica.

Conforme pode ser observado na tabela acima, a inflação medida pelo IPC-A ganha de todas as aplicações.

Mesmo quem fugiu para os populares títulos Tesouro IPCA, para se proteger da inflação, amarga perdas este ano. As perdas dos títulos públicos atingem 17% em 2021 para quem, por exemplo, investiu no TESOURO IPCA+ 2045.

Passados pouco mais de quatro meses, alguns investidores começam a se questionar.

Mas o que os investidores deveriam fazer?

Se você tem apenas ativos referenciados ao CDI ou à taxa Selic, conscientize-se que o “paraíso dos rentistas” acabou. Agora é necessário diversificar.

Ainda assim, alguns se questionam se realmente fizeram bom negócio em sair da Selic. Um investidor que tivesse diversificado sua carteira entre as nove classes de ativos estaria perdendo 0,9% neste ano, ponderando igualmente todos os investimentos.

Será que vale a pena sair da Selic ou CDI, já que, apesar de perder da inflação, pelo menos o ganho é positivo?

De forma geral, o problema não é a diversificação, mas a forma de análise. Não é razoável analisar, no curto prazo, o desempenho de ativos que possuem horizonte de longo prazo.

Mesmo os títulos referenciados ao IPC-A, podem perder da inflação no curto prazo. Os títulos Tesouro IPC-A rendem uma taxa real de juros mais o IPC-A.

Hoje eles rendem em média IPC-A + 3% ao ano. Entretanto, este retorno acima do IPC-A só é garantido no horizonte de investimento que é, em média, de sete anos para todos os títulos públicos emitidos.

O que justifica eles perderem do IPC-A no curto prazo é a marcação a mercado. A taxa real acima do IPC-A flutua no mercado e esta flutuação acaba sendo mais representativa no retorno no curto prazo.

A única forma de você ter garantido o retorno mensal acima do IPC-A é se investir em CDBs referenciados ao IPC-A que são marcados na curva. Assim, eles não sofrem com a variação diária do mercado.

No entanto, para ter ganhos de 3% acima do IPC-A, estes CDBs devem ter prazo médio de pelo menos três anos. E você não poderia resgatá-los até o vencimento, ou teria perdas como os títulos marcados a mercado.

Portanto, se sua carteira está dividida em investimentos com horizonte de médio prazo, por exemplo de três a cinco anos, este deve ser o prazo de análise.

A alteração da carteira deve ter como justificativa a mudança da expectativa sobre o cenário econômico futuro e seus reflexos nos investimentos para frente e não o desempenho passado de curto prazo. Se alterar sua carteira baseando-se apenas no desempenho passado de curto prazo, corre o risco de vender, quando deveria estar comprando, e de comprar, quando deveria estar vendendo.

 

Michael Viriato é assessor financeiro e sócio fundador da Casa do Investidor.

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