De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Chegou a Black Friday de imóveis; descubra como aproveitar https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/chegou-a-black-friday-de-imoveis-descubra-como-aproveitar/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/chegou-a-black-friday-de-imoveis-descubra-como-aproveitar/#respond Sun, 21 Nov 2021 05:30:47 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/NYpredios-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2835 Desanimados com os rendimentos dos investimentos financeiros de risco, investidores têm migrado para imóveis. Enquanto o Ibovespa, fundos imobiliários e títulos públicos de longo prazo referenciados ao IPCA caem neste ano 13,4%, 9,6% e 7,1%, respectivamente, os preços dos imóveis residenciais sobem 5,18%, segundo o portal FipZap. Mas será que a compra de imóveis residenciais é o melhor investimento imobiliário no momento?

Para caracterizar um investimento imobiliário como a melhor oportunidade, podem ser elencados vários critérios. Neste momento, vou comentar sobre apenas um deles: o preço negociado em relação ao custo de reposição.

Ninguém é capaz de discordar que comprar um ativo abaixo de seu custo de reposição é um bom indício de um grande negócio. Esse conceito não é recente. Em 1966, Nicholas Kaldor criou um índice para medir esta característica. A partir de 1977, este índice ganhou popularidade com o trabalho do prêmio Nobel em economia, James Tobin.

Este índice é chamado Q de Tobin e é calculado a partir da divisão do valor de mercado pelo custo de reposição do ativo, conforme equação abaixo.

Equação de James Tobin de 1977. Representa a relação entre o valor de mercado e o custo de se repor o ativo.

Segundo Tobin, o mercado estaria em equilíbrio quando este índice fosse igual a 1, ou seja, o preço de mercado fosse igual ao custo de reposição. Quando o índice está entre 0 e 1, isso significa que o ativo está sub precificado, ou seja, está barato.

Com isso, eu coloco um questionamento para sua reflexão. Você acredita que os lançamentos residenciais que eventualmente você vê no seu bairro estão saindo abaixo do custo de reposição? Ou mesmo igual?

Você com certeza já sabe a resposta. Mas neste momento pode estar se questionando se existe algum imóvel que negocia abaixo de seu custo de reposição.

Possivelmente se pesquisar muito, pode ser que encontre imóveis cujo proprietário esteja enfrentando dificuldades financeiras, que estejam com processos ou em leilão, e, nesse caso, possivelmente estariam abaixo do custo de reposição, ou seja com um Q de Tobin menor que 1.

No entanto, não precisa procurar muito e vai encontrar uma série de fundos imobiliários (FIIs) de tijolo que se encontram abaixo de seu custo de reposição.

Vou ilustrar este caso, citando apenas alguns exemplos de FIIs do segmento de logística. O segmento de logística foi um dos segmentos que até se beneficiaram durante a pandemia com o crescimento do comércio online. A expansão do comércio eletrônico elevou a demanda por galpões logísticos para proporcionar distribuição mais eficiente.

O custo de construção de um galpão logístico não é único. Ou seja, como um apartamento, localização e outras características alteram o custo de reposição. No entanto, considerando transações recentes e informes de prospectos de emissões é possível dizer que o custo médio de reposição de galpões de alto padrão é próximo de R$ 3 mil por metro quadrado.

A tabela abaixo apresenta alguns dados dos FIIs do segmento de logística.

Tabela com dados de valor de mercado, área bruta locável, e valor de mercado por valor patrimonial (VM/PL). Fonte: Economática e relatórios dos FIIs.

A quarta coluna da tabela acima apresenta o valor de mercado que cada FII de logística negocia por metro quadrado. É possível observar que vários FIIs negociados na B3 do segmento de logística apresentam valor abaixo do que seria um custo de reposição médio. Ou seja, estão com o Q de Tobin abaixo de 1.

É como se tivesse chegado a Black Friday e existissem descontos de 10 a 30% sobre o custo de se construir os imóveis.

A última coluna desta tabela apresenta a taxa de dividendos anualizada de cada FII. A taxa de dividendos representa quanto se ganha em dividendos em proporção ao preço de mercado do momento. Esta taxa é isenta de IR. O ganho de dividendos de FIIs de tijolo como estes nada mais é que o repasse do aluguel dos imóveis. Lembro que este aluguel é corrigido pela inflação anualmente.

A taxa média deste segmento está superior a 8% ao ano isento de IR. Isso está bem superior ao rendimento médio que se obtém em investimentos de imóvel residencial para aluguel. Segundo o  FipeZap a taxa anual de rendimento de aluguel de imóveis residenciais está em 4,63%, bruta de IR e de custos. Ou seja, nestes FIIs você ganharia o dobro de rendimento de aluguel que um imóvel residencial.

Reforço que o fato de um ativo possuir seu valor de mercado abaixo do custo de reposição não evita que ele não possa se desvalorizar ainda mais. A convergência ao equilíbrio, ou seja, para um Q de Tobin igual a 1, pode ocorrer apenas no longo prazo.

No entanto, alguns FIIs proporcionam uma excelente renda de dividendos no período intermediário até que a convergência ao custo de reposição ocorra. Assim, pode ser que exista um momento melhor para investir neles, mas eles parecem preferíveis à alternativa de aplicar em imóveis residenciais como investimento.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Morgan Stanley recomenda cautela nos investimentos em ações americanas https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/16/morgan-stanley-recomenda-cautela-nos-investimentos-em-acoes-americanas/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/16/morgan-stanley-recomenda-cautela-nos-investimentos-em-acoes-americanas/#respond Tue, 16 Nov 2021 05:30:55 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/Bolsa-Brendan-McDemid-Reuters-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2829 No mês passado, escrevi que brasileiros poderiam estar se precipitando em migrar seus investimentos para aplicar na bolsa americana. Nesta segunda-feira, os sites Bloomberg e MarketWatch alertaram seus leitores sobre a nova recomendação do Morgan Stanley.

O Morgan Stanley divulgou nota recomendando aos investidores cautela ao investir no índice de ações americanas, S&P500, para 2022. Segundo a Bloomberg, a projeção do Morgan Stanley para o índice americano em 2022 é de 4.400 pontos. Isso representa uma desvalorização de 6% em relação ao atual nível de preço.

O Morgan Stanley não foi a única grande instituição financeira a ter uma visão mais cautelosa para o mercado acionário. A Goldman Sachs também sugeriu cuidado.

A razão para esta mudança de recomendação não é diferente do que já alertei no mês passado: frustração nas expectativas de crescimento anteriores, inflação acima do esperado e possibilidade de elevação das taxas de juros acima do esperado.

Apesar desta nova perspectiva mais cautelosa de algumas instituições americanas, esta visão não é unanimidade.

Segundo levantamento da Bloomberg, o Wells Fargo, por exemplo, sugere que o S&P 500 poderia atingir 4.850 pontos ainda este ano de 2021. Portanto, uma valorização de mais 3% em menos de dois meses.

Outros grandes bancos mantém visão otimista sobre o crescimento dos lucros das empresas, que dá suporte à valorização das ações. Além do Wells Fargo, UBS e JP Morgan, apostam em forte crescimento de lucros para o próximo ano.

Conforme pesquisa entre estrategistas realizada pela Bloomberg, existe uma expectativa média de crescimento de lucros de 7,7% para 2022.

Não obstante as expectativas favoráveis, com um crescimento de lucros esperado inferior a 8%, não é de se esperar que o índice americano se valorize mais que o próprio crescimento esperado dos lucros.

Comparativamente, o Brasil tem hoje títulos de renda fixa que apresentam retorno superior a este, sem o risco do mercado de ações. A própria taxa Selic deve superar os 10% no próximo ano. Portanto, reflita bem antes de elevar investimentos na bolsa americana.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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O extraordinário Verde ficou vermelho; entenda a razão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/o-extraordinario-verde-ficou-vermelho-entenda-a-razao/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/o-extraordinario-verde-ficou-vermelho-entenda-a-razao/#respond Tue, 09 Nov 2021 05:30:27 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Luis-Stuhlberger-gestor-da-Verde-Asset-Anna-Carolina-Negri-Valor-Agência-O-Globo-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2816 Eles possuem um histórico de retorno de dar inveja a Warren Buffett, têm uma das melhores equipes do mercado brasileiro, possuem um gestor cujos ensinamentos são ouvidos internacionalmente, mas tudo isso não tem sido suficiente para salvar o desempenho em 2021. O relatório do fundo Verde, do aclamado gestor Luis Stuhlberger, foi divulgado esta semana e explica por que o fundo pode ter seu segundo ano negativo em um quarto de século.

O ano ainda não acabou, mas o fundo já perde quase 3%. Lembro que a perda deste ano apenas tira parte do brilho do fundo que transformou em R$ 181,5 mil, R$ 1 mil aplicados em 1997.

O desempenho do fundo Verde é um reflexo da dificuldade que a indústria de fundos multimercados tem enfrentado em 2021. Assim como Stuhlberger, o mercado tem sido surpreendido com as rápidas mudanças de cenário ocorridas no ano.

No relatório ele lamenta que acreditava que já “havia bastante notícia ruim no preço” dos ativos, “e que os agentes políticos tinham incentivos razoáveis para não romper o teto dos gastos.” Entretanto, como ele explica “essa visão se provou errada”.

As perdas do Verde no mês foram concentradas no mercado de ações, mas no ano os prejuízos se espalham por todos os mercados: renda fixa, câmbio e ações. O que mostra que nenhuma classe de ativo no Brasil passa ilesa neste ano.

Em um ano em que mesmo profissionais experientes estão tendo dificuldade é ainda mais importante atentar para que seu portfólio esteja adequadamente ajustado ao seu perfil de investidor.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Chegou o momento em que o mercado historicamente sobe mais https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/chegou-o-momento-em-que-o-mercado-historicamente-sobe-mais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/chegou-o-momento-em-que-o-mercado-historicamente-sobe-mais/#respond Sun, 31 Oct 2021 05:30:48 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2800 Em 2021, o investimento em ações no Brasiltem sido desafiador, para não dizer angustiante. Depois de atingir as máximas históricas em junho, o índice caiu quase 21%, atingindo o nível de novembro do ano passado. Esta forte desvalorização abalou a confiança do investidor no mercado de ações brasileiro, mas será que este é o melhor momento para vender?

Os últimos dois meses foram os piores do ano. O Ibovespa caiu sequencialmente mais de 6% em setembro e outubro.

O que passamos nestes últimos dois meses não foi algo comum. Desvalorizações de mais de 6,5% não são frequentes. Desde 2000, ou seja, nos últimos 251 meses, em apenas 31 meses ocorreram perdas superiores a 6,5%.

No entanto, a história mostra que o mercado pode premiar aqueles que suportaram a desvalorização.

A tabela abaixo apresenta o mapa de calor dos retornos mensais do Ibovespa nos últimos 26 anos, desde 1996.

Mapa de calor dos retornos mensais do Ibovespa nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

A média de retorno mensal dos últimos 25 anos anteriores a 2021 está na primeira linha da tabela. Nela, é possível perceber que os dois últimos meses do ano são destacadamente os melhores.

A média de retorno destes dois meses é de aproximadamente 3,5% ao mês. O terceiro melhor mês do ano, janeiro tem uma média de retorno de 2,5%.

Esta sazonalidade positiva não é uma exclusividade no Brasil. Ela ocorre no mundo inteiro, mas no Brasil o retorno médio de novembro e dezembro são superiores.

Veja nas tabelas abaixo o mapa de calor do índice americano e em seguida do índice global, S&P500 e MSCI ACWI, respectivamente.

Mapa de calor dos retornos mensais do S&P500 nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

 

Mapa de calor dos retornos mensais do MSCI ACWI nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Ressalto que as tabelas não representam uma garantia de retorno, mas indicam uma maior probabilidade de resultado positivo para o restante do ano.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Economistas começam a revisar suas projeções para 2022, mas o mercado sai na frente https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/24/economistas-comecam-a-revisar-suas-projecoes-para-2022-mas-o-mercado-sai-na-frente/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/24/economistas-comecam-a-revisar-suas-projecoes-para-2022-mas-o-mercado-sai-na-frente/#respond Sun, 24 Oct 2021 05:30:40 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Mark-Abramson-The-New-York-Times-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2787 As novas sinalizações sobre a política fiscal do governo levaram economistas a iniciar revisões de suas projeções de crescimento econômico, inflação, juros e câmbio para o próximo ano. No entanto, o mercado, nesta semana, já ajustou os preços dos ativos para um cenário bem pior.

Semanalmente, o Banco Central (BC) agrega e divulga a expectativa média dos economistas com relação às principais variáveis econômicas. O relatório divulgado na última segunda-feira já representa um passado distante. Veja abaixo a média dessas expectativas.

Expectativa média dos economistas para 2022 sobre as principais variáveis econômicas. Fonte: Relatório Focus do Banco Central do Brasil.

Em relatório divulgado neste sábado pela corretora XP Investimentos, o economista Caio Megale revisou suas projeções sobre as mesmas variáveis. Veja abaixo que os números se distanciam do que foi a pesquisa do BC.

Revisão das projeções de Caio Megale sobre as principais variáveis econômicas para 2022. Fonte: Relatório da XP Investimentos.

De fato, a revisão de Megale não foi a única. Na sexta-feira, o Credit Suisse também revisou seus números e agora espera que o crescimento econômico no próximo ano seja de apenas 0,6%, que a inflação suba para 5,5% e que a Selic atinja 10,5% ao ano em 2022.

Mais revisões devem ocorrer nas próximas semanas e, provavelmente, o relatório Focus do BC não vai capturar todas as revisões tão logo. No entanto, os investidores já ajustaram nos preços dos ativos o novo cenário pior.

 

Quanto o mercado já precifica para Selic em 2022?

Com a alta na curva de juros que ocorreu esta semana, o mercado já precifica que a Selic alcançaria antes do fim de 2022 o patamar de 12% ao ano.

O quadro abaixo apresenta o que o mercado de juros futuro já tem implícito para aumentos da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). A primeira coluna são as datas das próximas reuniões do COPOM, a segunda coluna são os aumentos previstos e a terceira coluna qual o valor resultante para a taxa DI.

Expectativas de altas da taxa Selic pelo COPOM implícitas na curva de juros futuro. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Portanto, o mercado já precifica que o COPOM deve elevar os juros mais do que os economistas esperam.

 

Qual a expectativa do mercado para o IPCA em 2022?

Considerando, as taxas negociadas para os títulos de renda fixa prefixados e as taxas reais dos títulos referenciados ao IPCA, é possível descobrir a inflação implícita pelo mercado.

Esta inflação implícita já está acima de 6% ao ano para os próximos anos. Logo, acima da projeção revisada pelas corretoras mencionadas.

 

O que o mercado já colocou no preço das ações para 2022?

O cenário de taxas de juros mais altas e de crescimento econômico menor se reflete nas empresas em menor crescimento de lucros.

O gráfico abaixo apresenta a evolução nos últimos 10 anos do índice de ações Ibovespa (linha branca) e da expectativa para o ano seguinte para o lucro médio ponderado das empresas que o formam (linha verde). Perceba que ambos andam em sincronia no longo prazo.

Evolução nos últimos 10 anos do índice de ações Ibovespa (linha branca) e da expectativa para o ano seguinte para o lucro médio ponderado das empresas que o formam (linha verde). Fonte e elaboração: Bloomberg.

O mercado espera que em 2021 o lucro médio ponderado do Ibovespa (EPS – Earnings Per Share, ou lucro por ação) seja equivalente a R$ 14,39 mil. Para 2022, esperava-se que este EPS fosse de R$13,3 mil. Logo, os analistas já tinham em suas projeções uma queda 7,5% para 2022 nos lucros.

No entanto, a queda dos preços das ações desta semana sugere que a expectativa para o lucro médio das empresas apresente queda adicional de 15% para 2022. Ou seja, que a queda dos lucros em 2022 superaria os 20%.

Uma queda de lucros de mais de 20% considera um crescimento econômico para o país pior que o esperado pelas corretoras mencionadas.

 

E o câmbio para 2022?

Já o câmbio tem seguido de perto a trajetória do risco país. O gráfico abaixo apresenta a evolução do risco país medido pelo Credit Default Swap (CDS) (linha laranja) e do câmbio R$/ USD$ (linha branca).

Evolução do risco país medido pelo Credit Default Swap (CDS) (linha laranja) e do câmbio R$/ USD$ (linha branca). Fonte e elaboração: Bloomberg.

Considerando o atual patamar do risco país e como o câmbio era negociado em momentos anteriores que o risco país atingiu este mesmo nível, é possível esperar mais desvalorizações para nossa moeda no futuro.

 

Como agir no portfólio?

Avaliando as expectativas dos economistas e do mercado, é possível tirar algumas conclusões.

Cuidado ao decidir sobre sua carteira considerando apenas as mudanças que estão sendo realizadas pelos economistas e analistas. Muitas destas mudanças já estão refletidas nos preços de mercado.

Assim, para tomar suas decisões, reflita sobre o que pode ocorrer aos preços em relação ao que o mercado já considera, como mencionado acima.

Também é muito importante atentar para seu perfil de investidor e considerar horizontes de investimentos mais longos quando se deseja se expor a risco em momentos de mercado mais volátil como o atual.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Brasileiros trocam Ibovespa por S&P500; será que este é um bom momento? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/17/brasileiros-trocam-ibovespa-por-sp500-sera-que-este-e-um-bom-momento/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/17/brasileiros-trocam-ibovespa-por-sp500-sera-que-este-e-um-bom-momento/#respond Sun, 17 Oct 2021 05:30:11 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Michael-Nagle-Xinhua-operador-de-bolsa-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2781 O desânimo em relação ao cenário econômico nacional tem incentivado brasileiros a investir nos mercados internacionais. O mercado preferido tem sido o americano dado o desempenho excepcional nos últimos três anos. Comento abaixo o que você deve ponderar antes de tomar esta decisão.

 

Investir agora no mercado americano é um bom momento?

A resposta a esta questão deve considerar seu horizonte de investimento e o quanto você deseja investir em proporção do seu portfólio.

Vamos iniciar por este último, ou seja, a intensidade do movimento.

Imagine que você faz de uma única vez a compra de supermercado de todo um ano. Concorda que você provavelmente vai perder oportunidades de preço com esta atitude? O mesmo ocorre no mercado de ações. O ideal é comprar aos poucos se este for o desejo.

Portanto, se deseja diversificar em ações americanas, evite realizar o movimento em apenas um único instante.

Esta atitude é ainda mais recomendável quando se considera o nível de preço deste mercado, aqui representado pelo seu principal índice o S&P500.

Assim, comento sobra a questão do horizonte de investimento. Se seu horizonte de investimento é de curto prazo, muito cuidado.

Lembro que no passado, os EUA eram praticamente os únicos líderes do crescimento econômico global. Ou seja, se a economia americana crescia, o mundo seguia crescendo. Caso a economia americana apresentasse frustração no crescimento, o mundo refletia este cenário.

Hoje esta liderança é dividida com a China. Por uma felicidade daqueles que projetam crescimento, a China vive um ciclo econômico adiantado dos EUA.

Evolução da taxa de crescimento do PIB da China (linha branca) e dos EUA (linha laranja). Fonte e elaboração: Bloomberg.

A figura acima apresenta, trimestralmente desde 2017, a taxa de crescimento do PIB da China (linha branca) e dos EUA (linha laranja). Perceba que a taxa de crescimento da China frustrou expectativas e caiu no segundo trimestre deste ano.

Apostaria que algo similar pode ocorrer com os EUA no quarto trimestre de 2021. Isso poderia levar a uma queda do mercado de ações americano, assim como ocorreu com o índice de ações chinês.

Adicionalmente, as ações americanas negociam com um múltiplo médio preço por lucro, o chamado P/L, bastante elevado.

Não digo que as ações estejam caras, mas para justificar novas altas no curto prazo, não pode haver frustração no crescimento.

Outra questão a se levantar é o movimento de preços de commodities. É reconhecido que quando se passa por momentos de alta destes preços, os países produtores destes itens básicos costumam ser mais beneficiados.

No último ciclo de alta dos preços, entre 2004 e 2008, os mercados emergentes andaram em linha com a alta das commodities.

Evolução do índice MSCI Mercados Emergentes (linha laranja) e do preço do petróleo (linha branca) entre 2004 e 2008. Fonte e elaboração: Bloomberg.

O gráfico acima apresenta o índice MSCI Mercados Emergentes, que representa a média dos mercados acionários de países emergentes, e o preço do petróleo. Perceba que os dois apresentam desempenho similar.

No entanto, podemos ver no gráfico abaixo que o S&P500 (linha branca) apresentou, no mesmo período, um desempenho mais de cinco vezes menor que os mercados emergentes (linha laranja).

Evolução do índice MSCI Mercados Emergentes (linha laranja) e S&P500 (linha branca) entre 2004 e 2008. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Assim, neste momento, se deseja diversificar sua exposição às ações brasileiras, avalie se expor a outros mercados emergentes.

Por fim, nos últimos 100 anos, foi muito rara a ocorrência de mais de três anos de altas consecutivas do S&P500. O índice sobe 19% este ano, depois de se valorizar 28,9% e 16,3% em 2019 e 2020, respectivamente

Portanto, uma alta forte para o índice americano em 2022, ou seja, superior a 8%, não parece o mais provável.

Entretanto, se seu horizonte é de dez anos, ou seja, de longo prazo, o mercado americano continua sendo uma excelente fonte de diversificação dos investimentos.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Entenda por que BDRs podem não ser bons investimentos para viver de renda https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/entenda-por-que-bdrs-podem-nao-ser-bons-investimentos-para-viver-de-renda/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/entenda-por-que-bdrs-podem-nao-ser-bons-investimentos-para-viver-de-renda/#respond Sun, 10 Oct 2021 05:30:44 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Impostos-reduzem-ganhos-de-dividendos-de-BDRs-Max-Francioli-Arte-Agora-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2772 A valorização das ações americanas, aliada à queda das ações brasileiras, tem provocado uma migração do interesse de investidores pelos chamados BDRs. De forma errada, muitos acreditam que eles são iguais a ações e, assim, correm o risco de até cair na malha fina da Receita Federal.

BDR é a sigla para Brazilian Depositary Receipt. Ele representa um recibo de uma ação estrangeira negociada no Brasil. De forma análoga, ações brasileiras negociadas nas bolsas americanas têm o nome de ADR, que representa American Depositary Receipt.

Sua negociação na bolsa brasileira B3 é similar ao de uma ação. No entanto, a forma como o brasileiro é tributado em BDRs não é igual à tributação de ações brasileiras.

Você provavelmente acompanhou o recente debate da reforma tributária. Possivelmente, você se incomodou com a possibilidade dos dividendos de ações brasileiras serem tributados em 15%.

No caso dos BDRs, a mordida do leão é mais forte.

Eles são tributados na fonte em 30% no caso de a empresa ser sediada nos EUA. Adicionalmente, há a cobrança de uma taxa pelo agente de custódia, que varia de 3% a 5%.

Isto significa que você só recebe entre 65% e 67% do dividendo divulgado.

Mas não para por aí.

Trecho do Perguntas e Respostas IRPF 2021 da Receita Federal.

Para complicar, pode haver um acréscimo de IR e a forma de pagamento é estranha ao investidor brasileiro.

A forma de tributação do dividendo de BDRs é similar a como se paga ganho de capital de ações brasileiras, ou seja, mensalmente, mas com alíquota eventualmente maior. Segundo a legislação brasileira, o dividendo de BDR deve ser tributado seguindo a tabela progressiva de IR.

Portanto, caso o Brasil não tenha acordo de tributação com o país de origem da empresa, você pode ter esta carga tributária adicional e ter de recolher o imposto no mês subsequente do recebimento do dividendo.

Não se iluda pensando que se enviar os recursos para o exterior vai se livrar de toda esta carga tributária. Você está igualmente sujeito.

Para não correr riscos tributários com investimentos internacionais, uma alternativa são os fundos de investimentos em BDRs ou mesmo em ações internacionais.

Assim, cuidado ao ouvir sobre taxas de dividendos de BDRs. Você deve descontar pelo menos 33% do número divulgado e atentar para sua declaração no Brasil.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Qual o custo de se investir como Warren Buffett? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/29/qual-o-custo-de-se-investir-como-warren-buffett/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/29/qual-o-custo-de-se-investir-como-warren-buffett/#respond Sun, 29 Aug 2021 05:30:28 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/Nicholas-Kamm-5.jun_.2012-AFP-320x213.jpeg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2726 O retorno passado que Warren Buffett – maior investidor do mundo – obteve é impressionante. Nos últimos 33 anos, sua empresa Berkshire se valorizou 9.586%. Se em julho de 1988 você tivesse investido o equivalente a R$ 10.400,00, hoje teria mais de R$ 1 milhão.

Aposto que a maioria dos leitores gostaria de ter esse retorno. Mas o que significa investir como Buffett, ou seja, o que você teria enfrentado?

Depois que percorremos um caminho, ou ao analisarmos uma trajetória passada, o trajeto parece ser sempre mais palatável. Como sabemos o que ocorreu e o que obteríamos se tivéssemos paciência, usualmente relativizamos a dificuldade ou acreditamos que teríamos maior capacidade de suportar os percalços.

Esse comportamento é comum a todos. Por exemplo, quando me perguntam se é fácil fazer um doutorado trabalhando no mercado financeiro e ainda dando aula à noite, eu digo que é tranquilo.

No entanto, quando olho para trás, sei que por vários momentos pensei em desistir pela exaustão que as três atividades juntas exigiram. Entretanto, avaliando ex-post, a perseverança e o fato de manter a visão no horizonte me fizeram continuar.

Nos investimentos é semelhante. Se você deseja ter retornos em excesso, vai passar por momentos em que tudo parece que vai dar errado. Warren Buffett sabe bem disso.

Vamos ver se você entende o desafio que Buffett passou. Para isso, responda os dois desafios a seguir:

1 – Nos 396 meses dos últimos 33 anos, em quantos meses você acha que Buffett teve retorno negativo?

a) 10% dos meses

b) 20% dos meses

c) 30% dos meses

d) 40% dos meses

e) 50% dos meses

 

2 – Nos últimos 33 anos, qual o pior retorno em um período de cinco anos Buffett enfrentou? Ou seja, em janelas de cinco anos, qual o resultado na pior janela de 5 anos nesses 396 meses?

a) -17% no período 5 anos

b) -10% no período de 5 anos

c) -3% no período de 5 anos

d) +4% no período de 5 anos

e) +11% no período de 5 anos

 

Antes de responder a estas perguntas vamos relativizar o retorno de Buffett.

Se você tivesse investido no S&P500, o principal índice de ações americano, você teria obtido um retorno de 1.516%, no mesmo período de 33 anos.

Assim, os mesmos R$ 10.400,00 teriam se transformado em apenas R$ 168 mil se tivesse escolhido o índice americano. Lembra quanto teria obtido se tivesse investido de forma ativa com um gestor especialista como Buffett?

O retorno foi menor no S&P500, mas o risco também foi 25% menor neste que na ação de Buffett. Buffett apresentou um resultado muito superior, mas correu mais risco, medido pela volatilidade dos retornos.

Também o S&P500 apresentou menos meses negativos que Buffett.

Incentivados pelo bom retorno do índice S&P500 nos últimos anos e popularização de ETFs e investimentos passivos, vejo muitos investidores aplicarem neste sem considerar os riscos. Assim, eu coloco esta pergunta para você refletir.

3 – Nos últimos 33 anos, qual o pior retorno em um período de cinco anos você teria enfrentado se investisse no S&P500?

a) -36% no período 5 anos

b) -26% no período de 5 anos

c) -16% no período de 5 anos

d) -6% no período de 5 anos

e) +6% no período de 5 anos

Enquanto o S&P500 sobe, a maioria dos investidores não entende o que é o risco. Só se entende o que é “risco” quando se perde. Assim como somente quando se perde é que você conhece qual sua habilidade em suportar risco.

Vamos às respostas.

Nos últimos 33 anos, Buffett apresentou retorno negativo em 40% dos meses. Isso significa que na média, dos 12 meses de um ano qualquer, ele enfrentou praticamente cinco meses negativos. Em alguns anos, 8 dos 12 meses foram negativos.

No pior período de cinco anos, Buffett teve resultado negativo de 17%. Isso significa que se tivesse investido R$100, passados cinco anos neste pior período, você teria apenas R$83.

Você seria capaz de suportar cinco anos perdendo e ainda assim manter a perspectiva positiva?

O investimento no S&P500 não é tão mais seguro quando se avalia na ótica de possibilidade de perda em período de cinco anos.

O pior período de 5 anos do índice americano apresentou resultado negativo de -36%. Ou seja, se investiu R$100, teria R$64 depois de cinco anos na pior janela de cinco anos do S&P500 nas últimas três décadas.

Essa pior janela ocorreu no período de cinco anos que se encerrou em fevereiro de 2009.

Assim, cuidado ao analisar o passado e avaliar seu resultado médio. Existe prêmio por se correr risco. No entanto, este cobra um custo.

Existem vários gestores brasileiros que possuem médias de retornos similares aos de Buffett. No entanto, é preciso investir no longo prazo e passar pelos altos e baixos para capturar este retorno médio.

Reflita se você tem habilidade em suportar meses negativos e períodos prolongados de baixos retornos. Assim, poderá alocar em risco a proporção do capital adequada ao seu perfil de investidor.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Antes de começar a operar com ações saiba responder a estas três questões https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/01/antes-de-comecar-a-operar-com-acoes-saiba-responder-a-estas-tres-questoes/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/01/antes-de-comecar-a-operar-com-acoes-saiba-responder-a-estas-tres-questoes/#respond Sun, 01 Aug 2021 05:30:10 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/Xinhua-Wang-Ying-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2694 Não importa se você já negocia ou apenas pretende negociar ações, existem três questões que em algum momento você vai se deparar. Portanto, o ideal é que já planeje uma solução para cada uma delas antes de as enfrentar.

Apesar do fraco desempenho do Ibovespa, que sobe apenas 2,3% no ano até a última sexta-feira, o número de investidores em ações não para de crescer.

Segundo dados da B3, o número de investidores pessoas físicas cresceu mais de 50% este ano em relação ao ano passado. O total de aplicadores se aproxima de 4 milhões.

Eles são atraídos por uma expectativa de que vão acertar exatamente qual ação vai ter um próximo salto. Alguns até acertam uma destas ações quando compram empresas em suas ofertas iniciais, o chamado IPO. Mas, logo ficam frustrados por não saberem responder às três dúvidas que mencionei.

Esta pode ser a principal razão pela qual aplicadores individuais percam dinheiro com ações ou percam do Ibovespa como mostra o estudo de Bruno Giovannetti da FGV.

Comento abaixo as três questões e por que não saber como responder pode te prejudicar.
 
O que comprar?

Todos somos atraídos pelo desejo de acertar a próxima ação que vai disparar. Mas construir uma carteira de ações vai além de procurar uma ou outra ação.

Por mais que você tenha feito um excelente investimento no passado. Você em algum momento vai se desfazer dele e trocar.

Ao contrário do que muitos imaginam, não se compra um ativo para carregar por toda a vida. Há momentos em que ou devido ao cenário econômico ou por oscilação de preço, o ativo pode não ser mais vantajoso ficar e você precisa trocar por outro.

A construção de uma carteira exige um processo contínuo de novas ideias de investimentos. Se você não tem um processo de geração de ideias, pode ficar preso a um investimento que eventualmente perde valor ou que tem potencial de valorização menor que o Ibovespa.

Gestores profissionais possuem equipes de analistas internos, além dos externos (das corretoras), que ficam pesquisando, filtrando e trazendo ideias de novos investimentos.

Assim, antes de iniciar, se questione qual processo você vai se utilizar para geração de novas ideias.

Se você não possui um processo, talvez seja melhor delegar seus recursos para quem possui uma estratégia.
 
Quanto comprar?

Quando o assunto é o quanto comprar de cada ação, existem três tipos básicos de investidores: os colecionadores, os Kamikazes e os estrategistas.

Os colecionadores são aqueles que vão comprando um pouquinho de cada ação. Estes acabam formando uma carteira com cinquenta ou mais ativos. Dificilmente ele sabe o objetivo de retorno ou razão de cada um.

Carteiras como estas na maioria das vezes desempenham pior que o Ibovespa além de trazerem dificuldade adicional de acompanhamento e reinvestimento de dividendos. Pela quantidade de ativos, o investidor dificilmente sabe quanto está rendendo.

O Investidor Kamikaze é aquele que concentra mais de 50% de sua carteira em um ou dois ativos. Quando tudo dá certo, este pode ter resultados mais expressivos. No entanto, dificilmente este resultado se perpetua.

Usualmente, estes investidores tiveram sorte no primeiro investimento e, em seguida, superestimam sua capacidade de escolha e subestimam o risco que enfrentam com a concentração.

Os estrategistas são aqueles que desenvolvem um modelo que orienta a diversificação entre setores e ações de forma a reduzir o risco da carteira e tirar o melhor de cada ativo.

Seja um estrategista. Antes de começar elabore um plano com um conjunto de regras e filtros de diversificação.
 
Quando vender?

Dificilmente você vai comprar uma ação e vai carregá-la para sempre.

Entenda que quando você ouve histórias de pessoas que ganharam muito quando mantiveram uma ação por uma década, você só ouviu a história exatamente daquela que deu certo. Estas são uma pequena minoria.

O bilionário Warren Buffett, conhecido por manter ativos por longo tempo, frequentemente se desfaz de suas ações. No ano passado, por exemplo, vendeu todas as ações do setor de aviação de sua carteira. Também se desfez de posições do setor financeiro.

Gestores profissionais estão a todo instante revisitando os casos de seus investimentos e reavaliando. Se as condições mudam, uma venda deve ocorrer.

Antes de iniciar qualquer investimento, você deve ter regras de quando deverá vender.

Ao contrário do conhecimento geral, não se vende uma ação apenas quando ela atinge seu potencial. Sua carteira deve ser sempre comparada com alternativas de investimento.

Quando se tem um processo de geração de ideias, a todo instante você está comparando seu investimento com outros. Se surge outro ativo com maior potencial, você deveria trocar ou pode ficar para trás do próprio Ibovespa que também é rebalanceado a cada quatro meses.
 

A construção e manutenção de uma carteira de investimento deve ser feita com uma estratégia.

Se você não tem uma estratégia definida que responda às três questões acima, reflita em delegar a administração dos recursos a um profissional. Assim, reduz o risco de ter seu portfólio rendendo menos que o Ibovespa.

 

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Bitcoin pode cair mais 50% até o fim do ano https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/25/bitcoin-pode-cair-mais-50-ate-o-fim-do-ano/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/25/bitcoin-pode-cair-mais-50-ate-o-fim-do-ano/#respond Sun, 25 Jul 2021 05:30:11 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/Bitcoin-180x120.jpeg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2690 Nenhum outro ativo desperta maior debate que as criptomoedas. O centro das discussões está em questões como qual deveria ser seu valor justo, com que tipo de ativo ele pode ser caracterizado e se este é um investimento que protege o investidor de algo.

Não importa de que lado você está desta discussão. Uma coisa é certa: ninguém consegue atribuir um valor justo ao Bitcoin.

Existem várias razões para não se conseguir definir um valor como em outros ativos. Uma delas é o fato de sua única virtude ser a dificuldade de se gerar mais moedas, devido ao elevado custo desta geração.

Outra razão para o debate sobre seu valor justo é a incerteza sobre sua própria definição. O Bitcoin já foi comparado ao ouro, ou seja, qualificando-o como uma commodity. Mas também se costuma dizer que ele é como uma moeda.

O fato é que ele não é nem um nem outro, pois as características entre eles são distintas.

A evolução de seu preço mostra esta distinção. Ele não se comporta como outros ativos. E diferente de qualquer ativo, ele teve a façanha de estar passando pela sua segunda bolha em menos de três anos.

O primeiro estouro de bolha ocorreu em 2018. Ao final de 2017 o Bitcoin ultrapassou o preço de US$ 18 mil. Ao final de 2018 este preço caiu para US$ 3mil, ou seja, uma queda de mais de 80%.

Menos de três anos depois, em abril de 2021 ele atingiu US$ 63 mil.

Tão impressionante quanto a recuperação até esta nova máxima é o fato de a queda deste ano ser tão similar à ocorrida em 2018.

Evolução dos preços do Bitcoin na queda ocorrida ao longo do ano de 2018 (linha azul) e na queda ocorrida neste ano de 2021 desde seu preço máximo em cada período.

O gráfico acima mostra na linha azul a queda ocorrida ao longo do ano de 2018. Na linha laranja a queda ocorrida neste ano.

Se o padrão continuar o mesmo, espere ver o valor do Bitcoin caindo para menos de US$15 mil antes do fim de 2021.

E agora, no que você vai apostar?

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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