De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Você pode ter sua aposentadoria garantida se fizer isso https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/voce-pode-ter-sua-aposentadoria-garantida-se-fizer-isso/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/voce-pode-ter-sua-aposentadoria-garantida-se-fizer-isso/#respond Sun, 28 Nov 2021 05:30:57 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/hernca-personare-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2843 Você tem apenas mais um mês para aproveitar um dos maiores benefícios que o governo proporciona para aqueles que recebem salário. Este benefício é tão relevante que pode garantir boa parte de sua renda na aposentadoria. No entanto, a maioria das pessoas perde esta vantagem por falta de planejamento.

Explico abaixo como você também pode se beneficiar. Mas ressalto, novamente, que ele é exclusivo para aqueles que recebem salário.

Já escrevi explicando a razão de todos terem um plano de previdência, além de um plano para sua previdência. Hoje, focarei em um dos benefícios que aprendi ao longo de meus anos como investidor deste produto.

Comecei a trabalhar em 1998 e, desde então, contribuí para um plano de previdência. No início, a ideia era postergar parte do pagamento do Imposto de Renda (IR) de 27,5% sobre o salário. Naquele momento, eu não tinha ideia de quanto retorno financeiro essa postergação poderia me gerar no futuro.

Ilustrarei o benefício por meio de um exemplo simples. Imagine que você começou a aplicar em 2000 em um plano de previdência do tipo PGBL (ou FAPI que era muito comum no passado).

Considere que sua renda anual bruta tributável foi de R$100 mil nos últimos 21 anos. O plano do tipo PGBL permite que você reduza a base tributável em até 12%, desde que invista esta proporção. Portanto, você poderia ter aplicado R$12 mil todos os anos e assim ter postergado o pagamento do IR de 27,5% que pagaria sobre estes R$12 mil.

Ou seja, você deixou de pagar, anualmente, R$ 3,3 mil em IR (=R$ 12 mil *27,5%). Normalmente, este montante já sumiria de sua conta, pois você já o paga em IR, caso não aplique em PGBL. No entanto, se fez um PGBL, você postergou o pagamento, reduziu a alíquota a ser paga e ainda ganhou com o rendimento deste.

A grande mágica ocorre por meio dos juros compostos, isto é, dos juros sobre juros.

Este valor de R$ 3,3 mil, que você aplicou no final de 1999, teria se transformado em R$ 39.611,80, hoje, se seu PGBL rendesse apenas 100% do CDI.

Mas existem produtos que remuneram ainda mais que o CDI. Por exemplo, previdências referenciadas ao IPCA de curto prazo. Estas aplicações no longo prazo renderam mais que 150% do CDI. Portanto, você poderia ter ainda mais.

A tabela abaixo demonstra, quanto o IR postergado se valorizou, do respectivo ano até a última sexta-feira. E qual o valor total que você teria acumulado de rendimentos sobre um imposto que, como mencionei, sumiria de sua conta se você não adota essa prática.

Tabela com o benefício de se aplicar em plano do tipo PGBL. Segunda coluna contém o valor máximo a aplicar em PGBL se a renda bruta anual é de R$100 mil. Terceira coluna contém o IR que foi postergado. Na quarta e quinta coluna há a valorização do respectivo IR postergado.

É isso mesmo. A partir de um valor, que sumiria de sua conta, você ganhou rendimentos e ele se multiplicou.

O mais impressionante é a conclusão a seguir.

Antes, vamos relembrar uma característica do PGBL com regime tributário regressivo. Passados dez anos, a alíquota de IR a ser paga sobre o valor de R$ 12.000,00 se reduz para 10%, dos 27,5% anteriores.

Observe o número final que representa a soma de todo o rendimento. O imposto que você vai pagar sobre este ganho é menor que a soma de todos os impostos que teria pagado ao longo de todos os anos. Não importa se considerar que vai pagar 10% sobre R$306 mil ou sobre R$426 mil. Em ambos os casos, o IR sobre o valor final será menor que a soma de tudo o que teria pago ao longo dos anos.

Você parou para pensar que uma parte do IR que pagaria hoje pode te render quase meio milhão em alguns anos se planejar esta aplicação?

Mas tudo isso que mencionei foi só relativo à parte da vantagem fiscal. Ainda tem mais.

Perceba que fiz a conta considerando apenas a parcela de imposto postergado. No entanto, este representa menos de um terço do valor total que você aplicou no PGBL.

Portanto, o valor total que teria acumulado ao longo dos anos superaria R$ 1,1 milhão no caso de o retorno ser apenas igual ao CDI. Perceba que com esse valor, sua aposentadoria está muito bem encaminhada.

Agora eu te pergunto, daqui a vinte anos, você deseja ter sua aposentadoria garantida? Se sua resposta é sim, não perca esta oportunidade de aplicar 12% de seu salário em PGBL por nem mais um ano.

Reforço, que o benefício explicado é apenas uma das vantagens de se aplicar em um plano de previdência do tipo PGBL e ele é exclusivo para quem recebe salário e faz a declaração de IR pelo modelo completo.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Descubra três fatores irrelevantes em previdência privada, mas com que a maioria se preocupa https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/03/descubra-tres-fatores-irrelevantes-em-previdencia-privada-mas-que-a-maioria-se-preocupa/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/03/descubra-tres-fatores-irrelevantes-em-previdencia-privada-mas-que-a-maioria-se-preocupa/#respond Sun, 03 Oct 2021 05:30:45 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Prevdencia-personare-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2763 A contratação de um plano de previdência privada demanda a escolha de uma série de fatores. Alguns são muito relevantes. Outros têm pouca ou nenhuma relevância, mas o curioso é que os investidores erroneamente se preocupam mais com estes.

Já presenciei vários investidores decidirem errado, recusando a portabilidade para um produto melhor, pois não queriam perder o “benefício” que tinham.

O problema é que alguns benefícios não têm nenhum valor. Comento a seguir sobre três fatores que os investidores costumam se preocupar, mas não possuem relevância.

 

A idade para início do benefício no meu plano importa?

O produto previdência privada deve ser considerado como um veículo de acumulação de recursos.

Os recursos poupados podem ter diversas finalidades. Usualmente, as duas principais utilizações são para ter uma renda na aposentadoria ou para sucessão.

A maioria dos investidores não quer que a data seja longa, ou não quer sair do plano que está, pois tem receio de perder o “benefício” de uma data selecionada antes.

No entanto, você pode, a qualquer momento, alterar a data de início do benefício. Portanto, a escolha inicial não é um fator relevante.

Adicionalmente, você não vai querer contratar o benefício. Você provavelmente se contorceu na cadeira com esta afirmação. Talvez tenha pensado: Como assim? Mas eu tenho poupado tanto tempo para ter o benefício. Vou explicar isso a seguir, mas antes, vamos falar sobre outro fator.

 

Vale a pena portar minha previdência e perder a tábua atuarial?

Muitos gerentes de banco argumentam que você perderia a tábua atuarial (tábua biométrica) se mudasse de plano.

A tábua atuarial basicamente define a expectativa de vida quando da contratação do benefício. A princípio este é um importante fator. No entanto, ele perde ou ganha relevância dependendo da taxa de juros que se ganha no período de aproveitamento do benefício.

Faça o seguinte exercício quando falarem para você sobre tábua atuarial. Pergunte qual a taxa de juros que você ganha durante o período de benefício.

Apenas alguns planos contratados antes da virada do século possuem alguma remuneração de juros prometida.

Desconheço plano de previdência privada que pague qualquer taxa de juros no período de benefício.

Assim, racionalmente, ninguém deveria retirar do plano de previdência que rende juros para contratar um benefício que não rende juros.

Ressalto, você nunca deveria querer contratar o benefício de renda de seu plano de previdência privada.

Logo, a tábua atuarial pouco importa, pois você deve sempre querer manter os recursos em seu plano de previdência. Afinal, qualquer remuneração é melhor que nenhuma.

Para viver da renda do plano de previdência acumulado, basta resgatar periodicamente o que se deseja, mantendo o restante aplicado no plano e obtendo remuneração.

 

Compensa portar minha previdência mesmo que ela tenha benefício vitalício na aposentadoria?

O texto na figura abaixo foi retirado do regulamento de uma das maiores entidades de previdência do país. Destaquei duas partes para você considerar se contratar o benefício vitalício faz sentido.

Trecho do regulamento de planos de previdência VGBL e PGBL distribuídos por uma das maiores seguradoras do país.

Esse texto demonstra o ponto que mencionei na questão anterior. O benefício nos planos de previdência possui taxa de juros zero. Logo, como mencionei anteriormente, não vale a pena contratar o benefício.

Outra desvantagem da renda vitalícia também foi grifada na figura. Usualmente, o benefício cessa se o beneficiário falecer.

Isso quer dizer que se você falecer um ano após iniciar o período de recebimento, toda a reserva que você guardou por 10, 20 ou 30 anos será revertida para a seguradora.

Já imaginou você se privando por 30 anos para criar uma reserva e toda ela sendo revertida para a seguradora. Sua família não aproveitaria nada.

Novamente, você não vai querer contratar o benefício e vai preferir manter os recursos no produto de previdência privada, pois se você vier a falecer, toda a reserva vai para seus herdeiros.

Escolha adequadamente seu plano de previdência, levando em consideração o que realmente importa.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Aplicações financeiras, apólice de seguro ou imóvel; o que é melhor deixar como herança? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/09/26/aplicacoes-financeiras-apolice-de-seguro-ou-imovel-o-que-e-melhor-deixar-como-heranca/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/09/26/aplicacoes-financeiras-apolice-de-seguro-ou-imovel-o-que-e-melhor-deixar-como-heranca/#respond Sun, 26 Sep 2021 05:30:52 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/hernca-personare-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2757 Quem não deseja garantir a tranquilidade financeira de seus entes queridos? Este anseio, se planejado, pode ser mais simples do que se imagina.

Como mencionei na semana passada, para a finalidade de sucessão, ou seja, deixar um patrimônio para a segurança da família, existem três alternativas usuais: imóvel, apólice de seguro e aplicações financeiras.

Avaliamos na semana passada o imóvel em relação a uma apólice de seguros. Nesta comparação, percebemos que a apólice de seguros é melhor que o imóvel. Expliquei que esta vantagem do seguro é ressaltada no quesito rentabilidade quando o imóvel é adquirido de forma financiada.

Sabendo que o seguro é melhor que o imóvel, vem a próxima dúvida.

 

Será que aplicações financeiras conseguem superar uma apólice de seguro?

Recordo que quando se fala em sucessão, há quatro princípios que caracterizam a adequação do produto. O bem deve:

  • Ser perfeitamente divisível;
  • Possuir baixa despesa para transferência;
  • Permitir rápida transferência aos beneficiários;
  • Proporcionar flexibilidade ao beneficiário em como decidir usar melhor o benefício.

Assim como uma apólice de seguro, investimentos financeiros também atendem aos quatro critérios.

No entanto, quando se fala em aplicações financeiras com o intuito de sucessão, não podemos generalizar.

O produto adequado de aplicação financeira com o intuito de sucessão deve ser um produto de previdência VGBL ou PGBL. A escolha entre os dois depende da forma como faz a declaração de IR.

Os produtos de previdência também atendem aos quatro critérios de adequação. São perfeitamente divisíveis, possuem baixo custo de transmissão, são de rápido recebimento, pois não passam por inventário e permitem que o beneficiário tenha flexibilidade em como melhor empregar.

Como o seguro já garante o pagamento do capital desde a primeira parcela, eles são imbatíveis no curto prazo.

No longo prazo, para períodos de quase 20 anos, o resultado pode se inverter.

Considerando uma aplicação em previdência que produza um retorno equivalente a um juro real, ou seja, acima da inflação, de 4,0% ao ano, o produto de previdência seria mais vantajoso que a apólice de seguro após 19 anos. Neste exemplo, comparamos a mesma contribuição mensal usada para o seguro, que simulei na semana passada.

A maior desvantagem da previdência em relação ao seguro é a facilidade em se interromper as contribuições ou de utilizar os recursos e distorcer a finalidade inicialmente planejada.

 

Qual a melhor estratégia?

Claramente o imóvel é a pior alternativa como veículo de sucessão.

A melhor estratégia é fazer um balanceamento com uma apólice de seguros e um produto de previdência.

A apólice de seguros deve ser calculada de forma a ser suficiente para cobrir sua falta no curto prazo. O produto de previdência deve atender a visão de longo prazo.

A parte mais difícil é manter a disciplina de não usar os valores poupados para atender um desejo seu de comprar um imóvel.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Vale a pena pagar o INSS? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/06/vale-a-pena-pagar-o-inss/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/06/vale-a-pena-pagar-o-inss/#respond Sun, 06 Jun 2021 05:30:16 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/Unidade-de-previdência-social-no-Jabaquara-na-zona-sul-de-São-Paulo-Rivaldo-Gomes-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2609 Com as incertezas levantadas pela reforma da previdência de 2019 e a elevação da dívida pública depois da pandemia, muitos começaram a se questionar sobre a validade em se pagar o chamado Carnê do INSS.

Apesar desta contribuição ser facultativa apenas aos profissionais liberais e autônomos, a discussão é válida para que todos entendam o tamanho do benefício que os contribuintes possuem.

Não me prenderei a todos os detalhes para tentar focar no entendimento do que é mais provável que o beneficiário se utilize.

Quando se fala em INSS, muitos pensam apenas em aposentadoria por tempo de contribuição ou idade. No entanto, os benefícios vão além destes: aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, pensão por morte, salário-maternidade, dentre outros.

Como mencionei, vou restringir a análise e me fixar apenas nos benefícios de aposentadoria por idade e por invalidez.

Farei todos os cálculos com base no salário-mínimo atual de R$ 1.100,00, mas o mesmo raciocínio vale para as faixas superiores bastando fazer a proporção.

Imagine um profissional autônomo que esteja em dúvida sobre a validade do pagamento. Considere que ele possua 35 anos de idade e por ser do sexo masculino, deva se aposentar por idade aos 65 anos.

Neste caso, ele pagará mensalmente, por 30 anos, a chamada Guia da Previdência Social (GPS). O valor da contribuição é de 20% do salário. Portanto, ele tem de pagar R$ 220 mensais ao INSS.

Primeiro avaliarei em que condição os R$ 220,00 por mês seriam suficientes para uma renda de R$ 1.100,00 ao se aposentar, se este valor fosse direcionado para uma aplicação financeira.

Assim, considere que o contribuinte decida por guardar o mesmo valor em uma aplicação que renda acima da inflação o equivalente a 3% ao ano líquido de IR. Esta é a rentabilidade atual de um título público federal referenciado ao IPCA de 30 anos.

Ao final dos 30 anos de investimento, este autônomo teria acumulado o total de R$ 127,3 mil a valores de hoje. Lembrar que o cálculo está sendo feito apenas com o juro real.

A grande questão é: Com este montante, por quantos anos ele conseguiria ter uma renda equivalente ao salário-mínimo?

Considerando o mesmo rendimento líquido e real de 3% ao ano, um montante de R$ 127,3 mil seria suficiente para cobrir menos de 12 anos de uma renda de R$ 1,1 mil.

Portanto, considerando apenas a aposentadoria por idade, o INSS parece ser interessante.

Mas também deve ser considerada a questão da aposentadoria por invalidez. Neste caso, considere o mesmo indivíduo do exemplo.

Assuma que ele deseja fazer um seguro de invalidez por acidente e invalidez funcional por doença. Considere que a partir do acionamento do seguro ele deseje ter a renda de um salário-mínimo por 40 anos.

Neste caso, ele deveria pagar um seguro que custa aproximadamente R$ 40 por mês.

Perceba que dentro do valor do INSS já está incluso este benefício.

Assim, se você considerasse apenas este benefício, o valor que sobraria como contribuição para sua aposentadoria privada seria ainda mais reduzido.

Portanto, respondendo à pergunta central, vale a pena pagar o INSS. E perceba que só considerei dois dos benefícios.

Entretanto, agora se chega a outra questão fundamental.

Se o INSS tem tantas vantagens, como é que a conta fecha?

Claramente este modelo não é sustentável e precisará ser revisto novamente no futuro. Então a incerteza reside sobre qual modelo você estará sujeito quando se aposentar.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Se você vai iniciar seu planejamento financeiro, não esqueça disto https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/23/se-vai-iniciar-seu-planejamento-financeiro-nao-esqueca-disto/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/23/se-vai-iniciar-seu-planejamento-financeiro-nao-esqueca-disto/#respond Sun, 23 May 2021 05:30:38 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/Lara-de-Souza-Domingos-5-aprendeu-com-os-pais-Fabiana-Alves-de-Souza-e-Rogério-Santos-os-limites-do-dinheiro-e-dos-gastos-Ronny-Santos-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2582 Quando se pensa em planejamento financeiro, a maioria dos indivíduos concentra sua atenção nos investimentos e na sua aposentadoria. De fato, a aposentadoria é um dos elementos essenciais. No entanto, não devemos esquecer do bem-estar daqueles que dependem de nós. E este é um dos pontos onde a maioria falha.

O planejamento financeiro deve incluir seis pilares: administração do fluxo de caixa, planejamento e administração de investimentos, planejamento da aposentadoria, análise do perfil tributário, análise e administração de riscos e planejamento da sucessão patrimonial. Embora se costume avaliá-los em separado, eles são dependentes.

Usualmente, nos concentramos nos primeiros pilares e esquecemos os últimos. E é sobre estes últimos que vou comentar, ou seja, sobre um dos elementos do gerenciamento de risco e sucessão patrimonial.

Ao longo da vida, tão importante quanto investir para realizar seus projetos pessoais é acumular recursos para garantir a tranquilidade financeira da sua família.

No entanto, como não conseguimos prever tudo, existe um risco de ocorrer uma fatalidade antes de alcançarmos este objetivo.

Neste caso, temos duas escolhas. Ou assumimos este risco e deixamos para a sorte decidir, ou transferimos este risco para uma entidade que seria uma seguradora.

Trabalhar os conceitos de gerenciamento de risco e sucessão dentro do seu planejamento significa ter uma solução financeira completa para sua família no caso de sua ausência, ou seja, uma garantia com liquidez imediata aos seus herdeiros.

De fato, já estamos acostumados a não contar com a sorte e a realizar transferência de risco. No entanto, ela costuma ser feita apenas quando se trata de nosso automóvel.

Não tenho carro pelos últimos cinco anos, mas lembro que possuía um seguro contra roubo e colisão no passado. Aposto que você também possui este seguro. Mas quando o assunto é sua família, você também pensa em não contar com a sorte, certo?

Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), até 2016 o valor dispendido no Brasil em seguro de automóvel era superior ao de vida (ver figura abaixo). Ou seja, os brasileiros se preocupavam mais com o seguro do próprio carro do que com o bem-estar de sua família. Mas, este comportamento tem mudado nos últimos anos.

Distribuição do volume gasto pelos brasileiros nos principais segmentos do
mercado de seguros (excl. VGBL). Fonte e elaboração: 8º Relatório de análise e acompanhamento dos mercados supervisionados – SUSEP

O seguro de vida tem papel fundamental na proteção financeira, principalmente, na fase em que você ainda está acumulando recursos.

Este é o período crucial uma vez que um imprevisto nesta fase pode comprometer a situação financeira de toda a família.

Além do papel de gerenciamento de risco, o seguro de vida também pode ser utilizado como ferramenta de sucessão. O seguro do tipo vitalício costuma ser empregado para essa situação. No entanto, vou abordar apenas o caso de gerenciamento do risco de falecimento.

Então como planejar o capital adequado para seu seguro de vida?

Não há uma metodologia única. Um enfoque menos rigoroso determina que você precisaria ter um patrimônio segurado igual ao seu custo mensal até seus filhos deixarem de ser seus dependentes financeiros.

Lembro que seu patrimônio financeiro acumulado, também serve de seguro para sua família. Portanto, o capital necessário para o seguro deve ser reduzido de suas reservas financeiras.

Assim, a medida em que você vai poupando mais, menor será a necessidade de seguro para a segurança de sua família. Ou seja, você pode rever seu seguro ou manter o capital de forma a dar mais conforto aos seus herdeiros.

Imagine que você está com 40 anos, que seus gastos mensais somem R$10 mil e que tenha filhos com dez anos de idade. Considerando que eles serão dependentes por mais 15 anos, você deveria ter um patrimônio segurado de R$ 1,8 milhões (= R$10 mil * 12 * 15).

Entretanto, se você tem R$ 800 mil em aplicações financeiras, deveria fazer um seguro de R$ 1 milhão de capital. A tabela abaixo contém uma simulação para o custo anual por período de 15 anos para um seguro de capital de R$ 1 milhão em caso de falecimento.

Simulação de seguro anual para o capital de R$ 1 milhão para um período de 15 anos.

Colocando em perspectiva o seguro que estamos mais acostumados em contratar, percebe-se a vantagem relativa do valor do seguro de vida. Compare com o seguro de um carro.

Consultei algumas seguradoras e encontrei que o custo para o seguro anual de um automóvel de valor de mercado de R$ 60 mil é aproximadamente R$ 2 mil. O seguro de um veículo usualmente está entre 3% e 3,5% do valor deste.

Nos exemplos acima, o seguro de vida custa menos de 0,5% do valor segurado. Portanto, perceba que você costuma pagar mais por um bem menos precioso.

A escolha do seguro também é muito importante. Não contrate um seguro no qual as prestações sobem a medida em que você vai ficando mais velho. Também, prefira aqueles em que a avaliação médica é realizada antes da contratação. Considerando estes dois pontos, poderá garantir que você irá conseguir pagar a prestação e que seus filhos receberão o seguro.

Então, analise e escolha bem este item quando for realizar seu planejamento financeiro.

 

Michael Viriato é assessor financeiro e sócio fundador da Casa do Investidor

]]>
0
Se você tem previdência há mais de cinco anos está na hora de revê-la – Parte II https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/02/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la-parte-ii/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/02/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la-parte-ii/#respond Sun, 02 May 2021 05:30:02 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Warren-Buffett-ensina-em-sua-reunião-anual-Rick-Wilking-Reuters.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2555 Na semana passada, expliquei duas razões pelas quais você deveria revisar o produto de previdência se você aplica há mais de cinco anos. Mas, quando se fala em previdência, não se pode pensar apenas no produto. Há mais três pontos que você precisa revisar em seu plano.

Conforme descrevi na semana passada, há cinco anos, a taxa básica de juros da economia era de 14,25% ao ano.

Em 2016, a taxa real de juros para títulos públicos de dez anos de vencimento era de 6% ao ano. A taxa real de juros de um título de vencimento de mesmo prazo agora está em 3,9% ao ano.

O gráfico abaixo apresenta a evolução da taxa real de juros de um título com vencimento de dez anos a frente. Perceba que a taxa esteve na média menor que 3,5% ao ano desde o final de 2019.

Evolução da taxa real de juros de um título com vencimento de dez anos a frente. Fonte: Bloomberg

A taxa de juros de títulos públicos define o patamar base de retorno para todo o mercado. O retorno esperado dos investimentos financeiros é calculado acrescentando-se um prêmio sobre esta taxa.

Assim, se ela cai, isso quer dizer que todas as aplicações de forma esperada devem render menos no horizonte futuro.

Dessa forma, se seu objetivo final com a previdência não se alterou, você deve revisar os aportes mensais ou revisar o risco de sua carteira.

 

Revisar o aporte

Por exemplo, em 2016, quando a taxa real de juros era de 6% ao ano, um investidor conservador, poderia estimar que com R$ 1.539,23 seria capaz de em trinta anos atingir o patrimônio de R$ 1,5 milhões em termos reais.

É mais adequado calcular em termos reais, pois em trinta anos, se você não ajustar pela inflação, não vai conseguir viver com R$ 1,5 milhões da mesma forma que se vive hoje. Por isso, se utiliza a taxa de juros acima da inflação para o cálculo.

Com a taxa de juros agora a 3,9% ao ano, alguém que planeja ter em trinta anos R$ 1,5 milhões a valores de hoje, deve agora investir mensalmente R$ 2.226,72.

Portanto, você deveria fazer um esforço de poupança de quase 50% a mais.

 

Revisar o risco

Caso não consiga realizar esta aplicação mensal adicional e deseja manter o objetivo inicial, pode revisar o risco de sua carteira a fim de chegar ao retorno médio de IPCA+6% que tinha antes.

Isso quer dizer que deve adicionar produtos com mais risco como fundos de previdência com investimentos em ações nacionais e internacionais.

 

Objetivo

Periodicamente também deve revisar o objetivo que tem com a previdência.

A maioria dos investidores aplica em planos de previdência, mas o fazem sem traçar um objetivo.

Sem esta meta, fica inviável para o investidor entender se o que tem feito de aportes e diversificação de produtos é suficiente para satisfazer suas necessidades no futuro.

Portanto, esta meta é fundamental. Depois de fixada a meta, ela também precisa ser revista periodicamente, pois suas necessidades podem se alterar com o tempo.

Por exemplo, há cinco anos, você poderia acreditar que uma renda de R$ 5 mil por mês seria suficiente para você. Desta forma, o objetivo de chegar em um patrimônio de R$ 1,5 milhões a valores de hoje seria muito adequado.

No entanto, se você revisou seus gastos e percebeu que agora seria necessária uma renda de R$ 10 mil mensais, seu objetivo final também precisa ser revisado o quanto antes.

Quanto mais cedo revisar seu objetivo melhor, pois precisará ajustar os aportes ou o risco em menor intensidade.

Revisar o plano de previdência pode ser comparado a ir ao dentista ou ao médico para tratar de sua saúde. Se você demorar para fazer check-ups, o dano na sua saúde financeira pode ser pior.

 

Michael Viriato é sócio fundador da Casa do Investidor.

]]>
0
Se você tem previdência há mais de cinco anos está na hora de revê-la https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la/#respond Sun, 25 Apr 2021 05:30:56 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/João-Wainer-29.nov_.10-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2551 Não existe nada que você investe e esquece. Mesmo para investimentos que são caracterizados como de longo prazo, como os produtos de previdência privada.

No caso dos planos de previdência, destaco duas razões que justificam você reavaliar seu produto caso esteja aplicando há mais de cinco anos.

Ao contrário do preconceito criado por motivos ultrapassados, o produto de previdência conhecido pelas siglas PGBL e VGBL é um dos melhores veículos de investimento de longo prazo.

Embora seja caracterizado como seguro, você pode considerá-lo como fundo de investimentos. Mas é um fundo que possui vantagens adicionais.

Tanto VGBL quanto PGBL possuem vantagens em economia de impostos seja nos investimentos ou em sucessão patrimonial. Adicionalmente, possuem blindagem patrimonial maior que fundos de investimentos.

No caso do PGBL a vantagem se estende à redução dos impostos sobre seu salário. Conforme escrevi anteriormente, apenas com esta economia de imposto, você poderia dobrar seu salário.

Todas estas vantagens só se tornam realmente interessantes se o produto que você investe for bom. E por que você deve ficar mais atento a isso se aplica há mais de cinco anos?

 

Taxa de administração

Você lembra quanto era a taxa básica da economia, a taxa Selic, em 2016 até setembro?

a) 20,25%

b) 14,25%

c) 8,25%

d) 2,25%

Apesar de ter sido criado em 1997, o produto do tipo PGBL e VGBL foram regulamentados em 2002. Desde 2002 até 2016 a taxa Selic foi em média de 13,6% ao ano.

Em 2016, até setembro, a taxa Selic era de 14,25% ao ano.

Quando as taxas de juros eram mais altas e não havia competição com as grandes seguradoras ligadas aos maiores bancos, as taxas cobradas eram significativamente maiores que as atuais.

A competição extinguiu a cobrança da taxa de carregamento e promoveu a redução das taxas de administração para os novos fundos de previdência para patamar similar ao cobrado nos fundos abertos.

Normalmente, as seguradoras lançam produtos novos e mantém os antigos com taxas mais altas. Portanto, se você não faz a portabilidade, você fica sujeito às taxas mais altas.

Segundo a Economatica há fundos de previdência (PGBL e VGBL) com taxa de administração que superam 2,75% ao ano em produtos referenciados à Selic.

Como a Selic atual é de 2,75% ao ano, os clientes destes fundos pagam mais em taxa que ganham em seus investimentos. Portanto, o retorno chega a ser negativo.

Portanto, se você tem um destes fundos, precisa, urgentemente, realizar a portabilidade para produtos mais novos que possuem taxas menores. Por exemplo, nas seguradoras independentes existe plano de previdência referenciado à Selic sem taxa de administração.

 

Produto

O volume aplicado em fundos de previdência privada supera R$ 1 trilhão em abril de 2021.

Os gestores especialistas perceberam que os grandes bancos estavam nadando neste patrimônio cobrando altas taxas de administração, com produtos atrasados e com performance ruim.

Assim, eles também entraram neste mercado oferecendo produtos melhores e com taxas de administração menores.

Inicialmente, eles entraram por meio das seguradoras independentes. Assim, estas ainda possuem a maior oferta de produtos especializados.

Se você possui um plano antigo, avalie as alternativas em gestores especialistas em seguradoras independentes. Com a portabilidade, além de poder reduzir as taxas de administração, poderá ter acesso a fundos com melhor gestão.

 

Se você fizer a portabilidade para produtos novos, mais bem geridos e com menor taxa, pode elevar a rentabilidade de seus investimentos em até 3% ao ano.

Como a previdência privada é para o longo prazo, em 25 anos, este retorno, a mais, pode fazer com que seu patrimônio seja mais que o dobro de você não fazer nada hoje. E isto pode fazer toda a diferença quando você estiver se aposentando.

 

Michael Viriato é sócio fundador da Casa do Investidor.

]]>
0
Começar a poupar mais tarde tem algumas vantagens; descubra quais https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/11/29/comecar-a-poupar-mais-tarde-tem-algumas-vantagens-descubra-quais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/11/29/comecar-a-poupar-mais-tarde-tem-algumas-vantagens-descubra-quais/#respond Sun, 29 Nov 2020 05:30:48 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/Contando-dinheiro-Gabriel-Cabral-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2395 Você provavelmente já ouviu que quem começa a poupar mais cedo faz um esforço menor, pois o tempo está a seu favor. Muitos que adiaram o início da formação de patrimônio acabam por se desestimular por acharem que não dá mais tempo. No entanto, não é uma verdade que para aqueles que começam seus investimentos mais tarde só existam desvantagens. Comento abaixo em que situações, estes últimos podem ser privilegiados em relação aos mais novos.

A procrastinação é uma característica comum a todos. Adiamos tudo aquilo que não nos traz prazer imediato. Com a formação de poupança para aposentadoria não é diferente.

A fórmula para se chegar ao montante necessário para se aposentar é amplamente conhecida e já discutimos algumas vezes nesta coluna. Basta dividir o montante desejado de renda do primeiro ano por 4%. Esse número dá nome à regra. Ela é conhecida como regra dos 4% e foi apresentada por William Bengen em 1994.

Por exemplo, se pretende se aposentar com uma renda no primeiro ano de R$10 mil mensal no primeiro ano, você deve ter um patrimônio de R$ 3 milhões. Para se chegar a esta conta, basta multiplicar a renda mensal por 12 e, em seguida, dividir por 0,04 (10.000 * 12 / 0,04 = R$ 3 milhões). Para saber quando pode retirar no segundo ano, basta corrigir o valor de R$ 10 mil pela inflação.

Bengen afirma que um portfólio com 50% em renda fixa e 50% em ativos de renda variável será suficiente para durar trinta anos com estas retiradas.

Daí vem a primeira vantagem de quem começa mais tarde.

 

Maior previsibilidade sobre incertezas

O maior risco da formação de reserva para a aposentadoria é ela não ser suficiente para todo o período de benefício.

A fórmula dos 4% não pode ser adotada para quem se aposenta mais cedo. Para estes, a reserva deve ser maior.

Quem começa entre 35 e 50 anos a montar sua reserva, provavelmente vai se aposentar apenas aos 65 anos e, portanto, é muito menor o risco de considerar um prazo de usufruto de benefício de trinta anos. Assim, a regra dos 4% pode ser aplicada com maior confiança.

 

Dificuldade de se poupar no estágio inicial da carreira

Durante uma carreira profissional, o pico de renda mensal auferida é, usualmente, atingida entre 40 e 50 anos.

Um jovem com uma renda menor, tem muito mais dificuldade de fazer poupança, pois sua renda, às vezes, é suficiente apenas para pagar alimentação, transporte e moradia.

Mesmo com esforço, poupar mais de 20% do salário é um desafio se você não mora com os pais e tem menos de 30 anos.

Mesmo com custos mais elevados, quando se tem uma renda maior, é possível acumular uma maior proporção da renda.

Esta vantagem é ainda maior quando conjugada com os menores custos que são comuns ao se ultrapassar os 50 anos.

 

Menores custos

Ao se atingir os 50 anos, muitos dos custos relacionados à constituição e manutenção de família já ficaram parar trás.

Possivelmente, você já adquiriu um imóvel. Portanto, não precisa pagar financiamento imobiliário ou aluguel.

Talvez seus filhos já estejam saindo da faculdade. Logo, os custos de educação e manutenção destes já se encerrou.

Com a idade, alguns gastos relacionados a vaidade típica de um jovem como carros de luxo ou extravagâncias noturnas já não existem.

Os menores custos e a maior renda são os elementos fundamentais para que sua capacidade de poupança seja máxima. Neste momento, em alguns casos é possível poupar mais de 50% da renda.

 

Maturidade em manter a poupança

Um dos maiores problemas de se iniciar poupança quando jovem é a maturidade para manter a própria reserva criada. Os jovens são mais facilmente suscetíveis a cair nas armadilhas de enriquecimento “fácil e rápido”.

Dificilmente uma pessoa mais madura colocaria em risco a reserva com investimentos em estratégias mirabolantes apresentadas nas mídias sociais. Os mais velhos têm maior consciência sobre a dificuldade de acúmulo. Assim, tendem a proteger mais o portfólio, analisando criteriosamente os investimentos.

Também estes dificilmente cairiam na armadilha de torrar sua reserva de aposentadoria com um imóvel de veraneio ou com algum bem de consumo que sabidamente vai gerar mais custos e drenar sua capacidade de poupança.

 

Não importa se você está começando cedo ou tarde. O que importa é iniciar e criar um plano para se chegar ao objetivo de reserva para sua aposentadoria.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

]]>
0
Quer se aposentar cedo? Siga o movimento FIRE https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/04/quer-se-aposentar-cedo-siga-o-movimento-fire/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/04/quer-se-aposentar-cedo-siga-o-movimento-fire/#respond Sun, 04 Oct 2020 05:30:10 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Planejamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2333 Na semana passada escrevi que todos poderiam se aposentar como milionários. Como expliquei, o processo é muito simples, mas o caminho não é fácil. Recebi questionamentos de leitores sobre o tempo para atingir o objetivo. Alguns eram jovens e não queriam esperar a idade usual de aposentadoria. Outros já estavam em idade avançada e não possuíam muito tempo para criar a reserva.

O que estes leitores estão procurando é FIRE. Você sabe o significado desta palavra?

A palavra FIRE usualmente está associada a fogo em inglês. No entanto, ela é a sigla de um movimento que se iniciou em 1992 com a publicação do livro de Vicki Robin e Joe Dominguez, Your Money or your life, mas ganhou força na última década. A sigla FIRE significa Financial Independence Retire Early (Independência Financeira Aposente-se Cedo).

O livro de Robin estrutura um processo para se interpretar e lidar com as angústias enfrentadas na vida e sua relação com o dinheiro.

A grande maioria das pessoas não reflete sobre o que é importante em sua vida. Elas se sentem frustradas com seus empregos e descontam em consumo excessivo por meio de dívidas, ficando assim reféns do que buscam se afastar.

Segundo estudo da Mackinsey, a motivação do brasileiro no trabalho é uma das menores do mundo e uma pesquisa do Instituto Locomotiva apresenta que 56% dos brasileiros desejam mudar de emprego.

Para dar um basta neste círculo vicioso Robin sugere nove passos. O primeiro passo envolve reconhecer o que você fez com sua renda até o momento. Você deve levantar tudo o que já ganhou até hoje em salário e o que possui de ativos líquidos de dívidas.

Esta seria uma forma de se reconhecer suas prioridades passadas e como elas te levaram até o ponto em que se encontra. Muitas pessoas levam sua vida financeira sem direção ou consciência de onde suas decisões as estão levando.

Provavelmente, vai concluir que não tem ativos suficientes considerando a renda que já recebeu. Assim, pode refletir melhor sobre os passos seguintes. Nestes próximos passos se inicia seu planejamento financeiro.

Vai precisar entender quanto cada despesa que possui representa em termos de horas de trabalho. Por exemplo, se deseja comprar um carro, quanto tem de trabalhar para o adquirir? Se deseja jantar em um restaurante caro, quantas horas vai precisar trabalhar para trocar por esta refeição?

Essa análise é importante para colocar na balança quanta energia precisa gastar em trabalho para cada gasto desejado. Para isso, precisa responder às três questões abaixo para cada despesa:

1 – Recebi desta despesa a satisfação necessária em proporção à energia dispendida em forma de trabalho?

2 – Esta despesa está alinhada com meus valores e propósitos de vida?

3 – Como esta despesa mudaria se eu não precisasse trabalhar para ganhar dinheiro?

Assim, vai poder ponderar melhor se a despesa deveria ser cortada, elevada ou mantida. E terá a consciência que ela está alinhada com seu objetivo.

Com esse trabalho elaborado, precisa colocar tudo em uma planilha e acompanhar a evolução. O objetivo desta planilha é construir o gráfico abaixo.

Gráfico demonstra a evolução de seu salário mensal, suas despesas e do rendimento auferido pelo investimento da diferença entre os dois primeiros.

A linha azul contínua representa o salário mensal. A linha pontilhada vermelha indica suas despesas mensais. À medida que toma consciência de cada despesa, de sua importância e alinhamento com seu objetivo de se aposentar mais cedo, vai reduzi-las.

A diferença entre a linha azul e a vermelha é o capital que irá se acumular e que produzirá por meio de rendimentos financeiros a linha verde.

Agora que tem o controle de suas finanças, pode traçar seu objetivo de se tornar independente financeiramente e se aposentar mais cedo. Para isso, deve reduzir mais rápido a linha vermelha das despesas.

Quão mais rápido conseguir cortar despesas, mais rápido a linha verde dos rendimentos se aproximará da vermelha como no gráfico abaixo. Quando as duas linhas, da despesa e de rendimentos financeiros se cruzam, identificado pelo círculo na cor preta, significa que você atingiu sua independência financeira.

Gráfico demonstra a evolução de seu salário mensal, suas despesas e do rendimento auferido pelo investimento da diferença entre os dois primeiros. O ponto de cruzamento da linha verde e vermelha identifica o momento que atinge sua independência financeira.

Ao atingir sua independência financeira, você não mais precisaria trabalhar para pagar suas despesas. Isso não significa que vai parar de trabalhar, mas que poderá tomar suas decisões sem se preocupar com aspectos financeiros.

Portanto, a velocidade que você poderá atingir sua independência financeira depende apenas de você e qual prioridade deste objetivo em relação às despesas que tem hoje.

Ressalto a importância da disciplina em todos os passos. Assim como quando decide emagrecer, você pode simplesmente parar de comer por um mês e vai perder alguns quilos rapidamente. No entanto, a grande maioria das pessoas que não realiza este processo de emagrecimento de forma disciplinada e com objetivos ganha estes quilos nos meses seguintes. Também se não criou um plano e não destacou cada despesa com sua prioridade e o que ela vai representar de desalinhamento, vai perder o foco de seu objetivo.

Depois de atingida a independência financeira, a meta passa a ser a aposentadoria. Os seguidores deste movimento utilizam a regra dos 4% para calcular quanto precisam guardar para se aposentar.

O processo é simples, mas não é fácil de seguir, pois exige disciplina para investir e para não gastar os investimentos que serão a base de sua independência financeira. Assim como no esporte, atletas se valem de um treinador ou técnico para manterem a disciplina dos treinos, avalie um profissional de finanças para te ajudar a formular e seguir seu plano.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

]]>
0
Estes 3 fatores deveriam fazer você considerar um fundo de previdência como investimento https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/09/06/estes-3-fatores-deveriam-fazer-voce-considerar-um-fundo-de-previdencia-como-investimento/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/09/06/estes-3-fatores-deveriam-fazer-voce-considerar-um-fundo-de-previdencia-como-investimento/#respond Sun, 06 Sep 2020 05:30:44 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2299 A indústria de fundos de investimentos se aproxima dos R$ 6 trilhões de patrimônio. Deste patrimônio, os fundos de previdência representam apenas 17%. O volume financeiro em produtos previdenciários é menor que o investido na popular caderneta de poupança. Dois motivos fizeram com que a preferência pela previdência ficasse em segundo plano, mas isso mudou e, agora, três fatores deveriam fazer você reconsiderar.

Distribuição dos fundos de investimentos nas diversas classificações da Anbima. Fonte: Anbima

A falta de apelo sobre os planos de previdência, reconhecidos por suas iniciais VGBL e PGBL é justificada por dois motivos: elevadas taxas, produtos com baixa rentabilidade e pouca especialização. No entanto, estas justificativas caíram por terra com a evolução do mercado.

O crescimento da concorrência no setor de seguradoras e a maior conscientização financeira dos investidores impulsionou o movimento de queda das taxas e busca pela melhoria dos produtos.

As taxas de carregamento – cobrança de um percentual sobre o valor aportado ou resgatado – foram abolidas pelas principais seguradoras. Adicionalmente, as elevadas taxas de administração que tornavam os produtos piores que fundos de investimentos similares convergiram para as taxas destes.

Com relação às taxas de administração, ainda existe um estoque de produtos antigos que carregam cobranças mais altas e que o tipo de produto não justifica, usualmente, nos fundos com baixo risco e especialização. Nesse caso, você deve realizar a portabilidade para os produtos melhores.

Outro fator que tem revolucionado é o crescente número de gestores especialistas que têm replicado suas estratégias nesses produtos. Há cerca de dez anos, apenas investidores do segmento private – pessoas com alguns milhões para investir – tinham acesso a esses gestores independentes.

O primeiro movimento de popularização veio com corretoras distribuindo os fundos de investimentos, destes desconhecidos gestores e, permitindo com que pequenos investidores tivessem acesso. As seguradoras também aderiram à maior diversificação de produtos distribuídos, possibilitando ao investidor aplicar em planos de previdência com produtos administrados por gestores reconhecidos.

As maiores desvantagens dos produtos de previdências foram mitigadas e as diferenças entre os produtos de previdência e os fundos de investimentos abertos foram reduzidas.

Neste sentido, há três razões que justificam seu portfólio possuir produtos de previdência privada do tipo VGBL ou PGBL.

Sucessão

Você provavelmente conhece alguém cuja família enfrentou problemas no recebimento ou na divisão dos bens financeiros com a morte de um parente.

Os produtos VGBL e PGBL, por se categorizarem como seguro, não entram em inventário e na maior parte do país não estão sujeitos à tributação de transmissão de bens por herança.

Assim, a sucessão destes recursos financeiros, para a família se torna mais rápida, pois já foi dividida, anteriormente e está livre das amarras de inventário. Deste modo, evita-se o custo com advogados, que pode chegar a 10% do patrimônio, segundo tabela sugerida pela OAB. Adicionalmente, economiza-se o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) que pode alcançar 8%. Apenas poucos Estados brasileiros possuem liminar para recolher esse imposto dos produtos de previdência.

Portanto, além da maior velocidade de recebimento, é possível atingir uma economia de até 18%, se considerado os dois custos acima. Para se colocar em perspectiva o que apenas essa despesa significa, considere dois investidores que investem em produtos referenciados ao CDI atual de 1,9% ao ano. Um deles usa VGBL e o outro um fundo de investimento (FI) ou o Tesouro Selic (TS). O FI e o TS precisariam render 153% ao ano da rentabilidade do VGBL para que ambas as famílias tenham o mesmo recurso disponível como herança, caso o parente venha a óbito em vinte anos.

Alguns imaginam que, ao ficarem mais velhos ou com problemas graves de saúde, deveriam retirar os recursos de VGBLs ou PGBLs, mas é exatamente o contrário. A diferença de rentabilidade mencionada acima cresce inversamente com o tempo. Se o óbito do parente fosse ocorrer em dez anos, o FI e o TS precisariam render 207% ao ano da valorização do VGBL.

Com a elevação da possibilidade de óbito, que vem com a idade ou com enfermidade, recomenda-se que uma parcela maior seja revertida para produtos de previdência como forma de planejamento sucessório. Ao ponto que se o óbito fosse ocorrer amanhã, hoje todos os seus recursos deveriam estar em um VGBL ou PGBL.

Se você tem algum conhecido nestas condições, compartilhe esse artigo como forma de orientá-lo.

 

Menor imposto e taxas

Há duas vantagens fiscais em produtos de previdência: ausência de come-cotas e possibilidade da alíquota de IR cair a 10%.

Os produtos VGBL são similares a fundos de investimento, mas ao contrário dos FI de renda fixa ou multimercado, os VGBLs e PGBL não possuem a antecipação de IR semestral, chamada de come-cota.

Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, até 15 anos, a ausência de come-cotas não faz muita diferença, mas no longo prazo ela é significativa. Em trinta anos, assumindo que duas aplicações tenham rendimento igual a 6,4%, a aplicação sem come-cota resultará em um valor, líquido de IR, 20% maior. Portanto, mais um percentual para acrescer ao que deixará a seus familiares ou que terá em sua aposentadoria.

O gráfico reflete o resultado líquido de IR, ao longo de semestres, de uma aplicação de R$10 mil em um investimento com come-cota como um fundo de investimento de renda fixa e outro sem come-cota como um VGBL. Ambos com retorno bruto de IR igual a 6,4% ao ano.

O gráfico reflete o resultado líquido de IR, ao longo de semestres, de uma aplicação de R$10 mil em um investimento com come-cota como um fundo de investimento de renda fixa e outro sem come-cota como um VGBL. Ambos com retorno bruto de IR igual a 6,4% ao ano. Para o VGBL foi utilizada alíquota de IR final de 10% e para o fundo de investimento de 15%.

Há dois regimes tributários para os produtos de previdência. No caso mais simples, chamado de regressivo ou definitivo, a alíquota de IR decai de 35% até 10% em dez anos e em caso de transmissão por herança, a alíquota não é superior a 25%. Lembra-se que investimentos tradicionais como os FI, títulos públicos e ações possuem uma alíquota mínima de 15% sobre os rendimentos. Portanto, é possível economizar mais 5% nos produtos de previdência.

Para aqueles que fazem a declaração completa, o benefício que o PGBL traz é ainda maior. Além da vantagem de imposto menor mencionado acima, você adia o pagamento de parte do IR sobre seu salário e ainda reduz a alíquota incidente em quase metade. No entanto, as vantagens de custos não estão só na parte fiscal.

A maior parte dos produtos de previdência, mesmo os multimercados e de ações, não possui taxa de performance. Até o ano passado, não era permitido a estes produtos terem esta cobrança. Assim, o gestor pode correr menos risco no produto para dar o mesmo resultado que o FI com esta taxa.

 

Disciplina

O maior vilão, responsável por indivíduos não conseguirem acumular patrimônio até a aposentadoria, é a falta de disciplina. Infelizmente, somos naturalmente procrastinadores e imediatistas.

Adiamos a decisão de começar a poupar e preferimos consumir toda a renda mensal hoje sem deixar nada para a poupança para a previdência.

Assim como a compra do imóvel é importante para a formação do patrimônio financeiro, pois te obriga a pagar um financiamento e não te permite vender, os planos de previdência podem ter o mesmo efeito, mas com uma vantagem complementar.

A adesão a um plano de previdência faz com que parte de sua renda seja automaticamente destinada a esta reserva, logo, é igualmente disciplinador ao financiamento imobiliário. Entretanto, ao contrário do empréstimo financeiro que te faz pagar o dobro do valor do imóvel, o investimento de longo prazo em uma previdência permite que você tenha o dobro do que colocou.

Apesar de ainda haver espaço para evolução, flexibilizando sua legislação mais restritiva, os produtos de previdência progrediram o suficiente nos últimos três anos para se tornarem parte de seu portfólio. No entanto, ainda é necessário realizar pesquisa para escolha dos melhores produtos e verificar a adequação do perfil de investidor ao plano selecionado, antes de realizar qualquer investimento.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

]]>
0