De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Bitcoin pode cair mais 50% até o fim do ano https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/25/bitcoin-pode-cair-mais-50-ate-o-fim-do-ano/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/25/bitcoin-pode-cair-mais-50-ate-o-fim-do-ano/#respond Sun, 25 Jul 2021 05:30:11 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/Bitcoin-180x120.jpeg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2690 Nenhum outro ativo desperta maior debate que as criptomoedas. O centro das discussões está em questões como qual deveria ser seu valor justo, com que tipo de ativo ele pode ser caracterizado e se este é um investimento que protege o investidor de algo.

Não importa de que lado você está desta discussão. Uma coisa é certa: ninguém consegue atribuir um valor justo ao Bitcoin.

Existem várias razões para não se conseguir definir um valor como em outros ativos. Uma delas é o fato de sua única virtude ser a dificuldade de se gerar mais moedas, devido ao elevado custo desta geração.

Outra razão para o debate sobre seu valor justo é a incerteza sobre sua própria definição. O Bitcoin já foi comparado ao ouro, ou seja, qualificando-o como uma commodity. Mas também se costuma dizer que ele é como uma moeda.

O fato é que ele não é nem um nem outro, pois as características entre eles são distintas.

A evolução de seu preço mostra esta distinção. Ele não se comporta como outros ativos. E diferente de qualquer ativo, ele teve a façanha de estar passando pela sua segunda bolha em menos de três anos.

O primeiro estouro de bolha ocorreu em 2018. Ao final de 2017 o Bitcoin ultrapassou o preço de US$ 18 mil. Ao final de 2018 este preço caiu para US$ 3mil, ou seja, uma queda de mais de 80%.

Menos de três anos depois, em abril de 2021 ele atingiu US$ 63 mil.

Tão impressionante quanto a recuperação até esta nova máxima é o fato de a queda deste ano ser tão similar à ocorrida em 2018.

Evolução dos preços do Bitcoin na queda ocorrida ao longo do ano de 2018 (linha azul) e na queda ocorrida neste ano de 2021 desde seu preço máximo em cada período.

O gráfico acima mostra na linha azul a queda ocorrida ao longo do ano de 2018. Na linha laranja a queda ocorrida neste ano.

Se o padrão continuar o mesmo, espere ver o valor do Bitcoin caindo para menos de US$15 mil antes do fim de 2021.

E agora, no que você vai apostar?

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Cinco práticas em investimentos que você deve evitar https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/06/09/cinco-praticas-em-investimentos-que-voce-deve-evitar/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/06/09/cinco-praticas-em-investimentos-que-voce-deve-evitar/#respond Sun, 09 Jun 2019 05:30:24 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/Fernando-Frazão-24.jul_.12-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1734 Desde março do ano passado a taxa básica da economia – Selic – está em sua mínima histórica. Este foi o período mais longo de manutenção por parte do Comitê de Política Monetária. Este extenso prazo está fazendo os investidores saírem de sua zona de conforto. Embora isso seja um direcionamento positivo, pode levar muitos a cometer erros. Alerto abaixo alguns que você deve evitar.

Conforme ressalta Nathan Mayer Rothschild o Banqueiro alemão, reconhecido como o homem mais rico do mundo em sua época:

É preciso muita audácia e muita cautela para ganhar muito dinheiro; e quando você acumula muito dinheiro, é preciso dez vezes mais inteligência para não perdê-lo.

Se o homem mais rico do mundo, que construiu sua fortuna no meio financeiro, destaca que é difícil manter um patrimônio, imagine para o investidor comum sem vasto conhecimento.

 

Concentrar os investimentos

Neste ponto há crítica aos dois extremos.

De um lado, há aqueles que se dizem conservadores e têm medo de ver seu portfólio variar. Portanto, concentram todas suas aplicações em ativos referenciados ao CDI. Enquanto minimizam o risco de seu portfólio não cair no mês seguinte, elevam o risco de sua carteira estar abaixo da meta de longo prazo, pois o rendimento pode não ser capaz de proporcionar um juros real (acima da inflação) suficiente.

Por outro lado, existem alguns que concentram todo o portfólio em ações, pois acham que o CDI é muito baixo. Isto também não é adequado, pois mesmo que a expectativa com uma classe de ativo seja a melhor possível, se o investidor se concentrar nela, vai perder a chance de elevar a participação quando ocorrer momentos desfavoráveis. E em um mercado de risco, eles sempre ocorrem.

A desculpa para concentrar, muitas vezes é justificada pela provocação do milionário Andrew Carnegie que sugere:

Coloque todos os ovos em uma cesta e depois a vigie. Não atire para todos os lados, pois os grandes sucessos da vida se devem à concentração.

Mas como bem rebatido por Benjamin Graham, em seu livro O Investidor Inteligente,

algumas poucas fortunas são feitas com concentração, mas esta é responsável pela maior parte dos grandes fracassos da vida.

 

Falta de paciência

Nem todos os investimentos promovem resultados positivos na velocidade que desejamos.

Principalmente nós brasileiros, acostumados com os altos ganhos contínuos do CDI, não suportamos esperar.

Como afirma o bilionário Warren Buffet:

O mercado de ações é um mecanismo de transferência de dinheiro dos impacientes para os pacientes.

 

Se apegar a um ativo

Para o investidor inicial é muito difícil entender a diferença entre ter paciência e se apegar a um investimento mal sucedido. Por isso, é necessário controlar as emoções e analisar friamente cada aplicação, considerando sua expectativa futura e não em relação ao seu desempenho passado.

Da mesma forma, não é recomendável se apegar a aplicações bem sucedidas. A mesma avaliação das perspectivas futuras deve ser realizada. Por exemplo, como no artigo que escrevi no último domingo. Muitos são incapazes de vender os títulos públicos mesmo entendendo que existe uma assimetria negativa de ganhos.

 

Day trade

As promessas de ganhos extraordinários, com dedicação de pouco tempo e trabalho, faz com que muitos destinem partes consideráveis de seu portfólio a esta forma de aplicação.

O day trade consiste em se comprar e vender um ativo no mesmo dia apurando-se um ganho ou prejuízo. Conforme estudo realizado pelos pesquisadores Bruno Giovannetti e Fernando Chague, mais de 90% dos brasileiros que iniciaram esta prática perderam dinheiro.

Se para profissionais experientes e com acesso a sistemas de ponta e com alta velocidade já é difícil, imagine para você que realizará de forma amadora.

 

Seguir modismos

Uma das grandes responsáveis pelas perdas dos investidores são as aplicações populares no momento. Normalmente, no instante em que um investimento se torna popular e começa a ser comentado nas mídias, existe uma grande probabilidade que este seja o momento ideal para sair dele.

Isso ocorreu com empresas de internet (em 2001), imóveis (no Brasil de 2011 a 2015), Bitcoin, empresas de Canabis em 2017, e outras febres. Falando das empresas de Canabis, se compararmos o investimento no Ibovespa, no índice americano de ações S&P 500 e o ETF (fundo negociado em bolsa) de empresas de Canabis chamado MJ, percebemos que este último foi o pior dos três desde maio de 2017 (ver gráfico abaixo).

Evolução do retorno dos índices Ibovespa, S&P500 e do ETF MJ de empresas de Canabis. Fonte yahoofinance.com.

Justamente quando uma das maiores empresas de análise brasileiras recomendava a compra destas empresas sugerindo ganhos superiores a mil porcento, elas não foram capazes de ganhar nem do índice de ações americano.

No entanto, cair em modismos não é privilégio de investidores comuns. Até mesmo o bilionário Buffet caiu. No mês passado foi anunciado que ele perdeu mais de US$ 350 milhões em investimento em empresa de painéis solares. Pode ter certeza que o modismo dos painéis solares cegou a análise do megainvestidor para os reais fundamentos da empresa investida.

 

A melhor estratégia para evitar estas falhas de investimento é criar um plano e avaliar, constantemente, as perspectivas de aplicação. Também é importante contar com o auxílio de um bom assessor financeiro que poderá alertá-lo e discutir as alternativas e seus riscos.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Entenda a desvalorização do Bitcoin https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/12/09/entenda-a-desvalorizacao-do-bitcoin/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/12/09/entenda-a-desvalorizacao-do-bitcoin/#respond Sun, 09 Dec 2018 04:30:03 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/Representações-das-moedas-digitais-Ripple-Bitcoin-Etherum-e-Litecoin-criminosos-roubam-poder-de-processamento-de-máquinas-para-minerar-criptomoedas-Dado-Ruvic-Reuters-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1474 Depois de se desvalorizar mais de 15% em uma semana e quase 80% em 2018, muitos se questionam se seria uma oportunidade ou uma tendência para o Bitcoin.

Apesar desta queda de preço recente, nos últimos 24 meses, a moeda ainda se valoriza mais de 370%. A forte desvalorização apresentada neste ano foi suficiente apenas para que o preço voltasse ao valor de setembro de 2017. Deve-se lembrar que naquele momento, muitos já duvidavam de seu real valor.

Vítima do sucesso

De fato, o Bitcoin está sendo vítima de seu próprio sucesso.

A intensa valorização até 2017 trouxe atenção de muitos para este mercado. Os grandes investidores perceberam que a melhor forma de se aproveitar deste mercado era criando novas moedas, como menciono mais a frente. Entretanto, enquanto os criadores de novas moedas levantavam fortunas, aplicadores incautos viram seu dinheiro evaporar.

Em setembro de 2017, segundo o portal coinmarketcap.com, existiam pouco mais de 1.100 criptomoedas, totalizando um valor de mercado de US$ 147 bilhões. Atualmente, o número de moedas praticamente dobrou, mas o valor de mercado total caiu 25%.

Novos investidores, tentando capturar qual seria a nova moeda a disparar, perderam a totalidade de suas aplicações no período. Aquelas que mais perderam valor foram as novas moedas. Isto pode ser visto com a seguinte estatística. Enquanto em setembro de 2017, o valor de mercado do Bitcoin representava 47% do total de moedas digitais em circulação, em dezembro de 2018, esta relação passou a ser de 55%.

É sabido que uma moeda vale por sua escassez. Esse foi um argumento usado para que vários acreditassem que o Bitcoin pudesse se valorizar continuamente, pois sua oferta é limitada. Entretanto, a criação de substitutos para ela não é. No último ano, surgiram cercade quatro novas moedas digitais por dia. Se esta tendência persistir, em uma década, existirão mais de doze mil criptomoedas.

Falta um “Banco Central” de criptomoedas que zele pelo seu valor e controle novas emissões, como ocorre com moedas tradicionais de paises. Sem algum tipo de limite de emissão a tendência é que todas percam valor. Portanto, comprar Bitcoin como investimento, seria um péssimo negócio.

Mas o sucesso não trouxe apenas este prejuízo. Outra vantagem do Bitcoin está está prestes a terminar, devido ao seu sucesso. A desregulamentação era uma das grandes bandeiras deste mercado, mas ela está com seus dias contados.

Regulação

Com o forte interesse e atenção que as moedas digitais ganharam, os governos começaram a criar mecanismos para fiscalizar, regulamentar e tributar a negociação, assim como é feito com qualquer instrumento financeiro.

Esta iniciativa vem ao encontro do crescimento de processos para prevenir lavagem de dinheiro e a utilização dos mercados financeiros para fins ilegais.

A falta de regulamentação e fiscalização de atividades financeiras permite que criminosos desenvolvam de forma mais fácil suas atividades. É de conhecimento comum que a falta de controle sobre as criptomoedas tem permitido que muitos delinquentes a utilizassem para transitar divisas pelo mundo.

Esta regulamentação deve trazer maiores custos para as corretoras e investidores, retirando eventuais vantagens existentes sobre as moedas digitais.

Não serve para negociação em massa

Muitos imaginavam que a popularização do Bitcoin promoveria sua rápida utilização como meio de troca. Entretanto, a velocidade de transação ainda não permite que isto possa ocorrer.

Enquanto uma bandeira como Visa ou Mastercard tem capacidade de processar milhares de transações por segundo, a capacidade com Bitcoin é de menos de dez por segundo. E a perspectiva não é favorável. Especialistas não vislumbram este empecilho se revertendo nos próximos anos.

Variação de preço

Além da restrição de velocidade de negociação, a forte variação de preço inibe que comerciantes aceitem sua utilização. Qual empresário aceitaria uma moeda que pode perder 20% de seu valor em uma semana?

Por não servir como meio de troca, a grande maioria daqueles que compram Bitcoin, o fazem apenas para manter em carteira, esperando por valorização. Para ganhar com isto, é necessário que mais interessados comprem por preços cada vez mais altos, ou seja, claramente os últimos sempre perderão dinheiro. Portanto, esta não se caracteriza como uma forma prudente de investimento.

Quer ganhar com moedas digitais?

Se você não comprou Bitcoin antes da alta de 2017, e não vendeu ao final deste ano nas máximas, não se desespere. Você ainda pode ganhar dinheiro neste mercado.

A maior probabilidade de ficar milionário com estas moedas é seguindo os passos de Jackson Palmer e desenvolvendo a sua própria.

Jackson Palmer criou em dezembro de 2013 sua moeda como uma brincadeira relacionada a um cachorro, por isto o nome Dogecoin. Dog em inglês significa cachorro. Atualmente, ela é a vigésima criptomoeda mais valiosa com um valor de mercado de mais de US$ 245 milhões. Quem acreditaria?

Ao contrário do que se imagina, a criação de criptomoeda é muito simples. Há vídeos no Youtube e textos na internet que ensinam como proceder.

No entanto, isto não quer dizer que não vai ter trabalho algum. Vai ser necessário investir tempo e dinheiro para popularizar sua moeda. Somente com o interesse de novos adeptos sua divisa passará a valer mais.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Gestor afirma que ações devem subir: saiba como ganhar com isso https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/01/07/gestor-afirma-que-acoes-devem-subir-saiba-como-ganhar-com-isso/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/01/07/gestor-afirma-que-acoes-devem-subir-saiba-como-ganhar-com-isso/#respond Sun, 07 Jan 2018 08:39:06 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/Neo-InvestimentosGustavoMaziero-180x122.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=732 Se você acha que a bolsa subiu muito nos últimos dois anos, vai se surpreender com o desempenho do fundo do qual Gustavo Vechiato Maziero faz parte da equipe de gestão. O fundo sob gestão da equipe da Neo Investimentos, conjuntamente com Maziero, se valorizou mais do que o dobro do Ibovespa nos últimos dois anos.

Mestre em Administração de Empresas pelo Insper e graduado em administração pela FGV, Maziero tem quase uma década de experiência de mercado. Atualmente, ele faz parte da equipe de gestão de uma das maiores gestoras independentes do país, a Neo Investimentos, mas também já atuou como estruturador de estratégias de Capital Protegido no Santander Asset Management. Na entrevista a seguir, ele compartilha algumas dicas de como os investidores podem aproveitar o momento mais otimista do mercado.

Como vê o cenário para investimento no Brasil em 2018?
Antes de entrar no cenário doméstico, vale olharmos um pouco para o cenário global. Nos últimos anos, as principais economias no mundo apresentaram concomitantemente bom crescimento (ao redor de 2% nos últimos 3 anos) com inflação baixa e controlada.

Esse cenário internacional é extremamente benigno para ativos de risco, mas não podemos esquecer que isso é fruto de uma política monetária não convencional (de juros negativos, recompra de ativos e expansão monetária), conduzida por muitos dirigentes de Bancos Centrais (BCs). As consequências desse ambiente é uma abundância de liquidez internacional a procura de retornos atrativos pelo mundo.

Entretanto, mesmo com o cenário global favorável, o Brasil esteve bastante fora do foco de investidores, pois sofreu com diversos eventos políticos que dominaram a cena local. Apesar dessas graves questões políticas, a partir de 2016, somente pelo fato de o Brasil implementar algum ajuste fiscal e flertar com reformas estruturais, um ajuste monetário foi viabilizado (juros começaram a cair). Com isso, além da busca natural dos investidores brasileiros pela rentabilidade de dois dígitos, boa parte dessa liquidez financeira global também veio para o nosso país para se aproveitar dos altos retornos, gerando uma boa rodada de otimismo para ativos de risco em nosso país.

Neste sentido, se tivermos um resultado eleitoral positivo (um presidente fora dos extremos, e com programa econômico mais favorável ao mercado de capitais), temos boas chances de surfar essa liquidez global, seja por meio de títulos pré-fixados que possuem algum “prêmio” (de aumento de juros), de títulos privados (CRA, CRI, debêntures) e do mercado de ações.

Quais os dois maiores riscos para esse cenário?
Como descrevi anteriormente, o maior risco é a eleição de 2018, ou seja, o risco de surgir um candidato com um programa que leve o país de volta à recessão econômica da qual estamos saindo.

O outro grande risco está em alguma reversão do cenário global, por exemplo, com as economias centrais (e.g. EUA, Europa) parando de crescer ou, principalmente, se a inflação fugir do controle dos dirigentes dos BCs. Os investidores internacionais não parecem ter receio deste primeiro ponto, pois sabem que a política monetária dos últimos anos já foi longe demais para voltar atrás. Isto é, se algo der errado, os BCs devem voltar a acionar a “bazuca de liquidez” (por exemplo, recompra de ativos). Agora, caso a inflação saia do controle, que é o menor dos riscos, o dano deve ser grande e difícil de se prever, principalmente pela falta de experiência histórica no que tem sido feito.

Como o pequeno investidor pode se proteger destes riscos?
Primeiramente, saber selecionar gestores que estejam de fato trabalhando para ele (pequeno investidor), ou seja, que monitorem constantemente o cenário global, buscando proteção e preservação do capital em cenários atipicamente adversos. Além disso, o investidor pode usar instrumentos de risco controlado, como por exemplo os COE’s (Certificados de Operações Estruturadas) que, no limite, entregam ao investidor o principal investido.

Depois da alta de dois anos seguidos, o Ibovespa ainda tem espaço para valorizar?
Sim. A forte valorização ocorrida nos últimos anos, foi liderada por empresas que souberam fazer o “dever de casa” quando a economia brasileira começou a sofrer desde o fim do 1º e começo do 2º governo Dilma.

Naquele momento, muitas companhias souberam cortar e adequar suas estruturas de custos, focar na estratégia e competência central, ganhando market share – participação de mercado – dos concorrentes e apresentando retorno aos acionistas, mesmo em um ambiente difícil. Com a queda da última presidente e com a economia mostrando sinais de recuperação, estas empresas usufruiram de sua alavancagem operacional e tiveram retorno muito acima da média. São casos como Itaú, Kroton, CVC e Localiza.

Este grupo de empresas deve continuar se destacando por serem players dominantes em seus setores, mas, há também, o grupo de algumas empresas que demoraram para fazer tais ajustes, mas que fazendo um bom trabalho, poderão capturar este cenário construtivo, caso da Petrobrás, IMC e Ânima Educação.

Há ainda aquelas empresas que vão se valorizar apenas pelo otimismo geral, mas que não possuem fundamento. Neste caso, o investidor precisa estar atento para não cair em armadilhas de aventureiros que fazem recomendações das mais malucas. Há inúmeros gestores bons e qualificados que podem ajudá-los nesta seleção de ativos e o investidor pode investir nos fundos sob sua gestão.

O que acha de diversificação internacional?
Acho bastante interessante, principalmente para fugir um pouco deste risco de eleição no Brasil, citado acima. É reconhecido o fato de que é bastante caro, tanto em termos financeiros quanto operacionais, o investidor viabilizar uma estrutura off shore para acessar mercados globais. Entretanto, há alguns bons gestores nacionais que fazem alocação fora do país e têm expertise tanto na escolha das classes de ativos internacionais, como também nos melhores instrumentos para capturar os movimentos. Outra alternativa para dar acesso global ao investidor são os investimentos por meio de COE`s.

Como vê o entusiasmo dos investidores com moedas digitais, por exemplo, o Bitcoin?
Não gosto. Aceito as opiniões daqueles que defendem as criptomoedas, porém não consigo acreditar na perpetuidade de uma moeda que permeia atividades excusas (terrorismo, financimento a crimes diversos e atividades não-legais). Além disso, o sistema se assemelha muito com as pirâmides financeiras (onde novos investidores financiam aqueles que estão saindo) – alguns dos criadores de criptomoedas já não detém mais seus ativos.

Convido os interessados a olharem o trabalho do Dr. Jean-Paul Rodrigue que criou um arquétipo dos estágios de uma bolha financeira e compararem com o gráfico do Bitcoin como exemplo.

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Qual o valor justo para o Bitcoin? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2017/11/05/qual-o-valor-justo-para-o-bitcoin/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2017/11/05/qual-o-valor-justo-para-o-bitcoin/#respond Sun, 05 Nov 2017 09:00:30 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/Bitcoin-180x120.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=462 Depois de uma alta de mais de 49% no mês passado e de 571% em 2017 até o final de outubro, o Bitcoin sobe mais 17% apenas nos primeiros quatro dias de novembro e continua surpreendendo a todos. Essa forte valorização tem impulsionado especialistas a realizar previsões sobre seu valor no futuro. Entretanto, a capacidade de se realizar essas previsões é criticada por pesquisadores devido à característica desse instrumento financeiro.

Evolução do preço em dólares da moeda digital Bitcoin desde 2013 (Fonte: Economatica e Coinmarketcap.com).

Em entrevista recente para os canais CNBC e Business Insider, o especialista Tom Lee, fundador da FundStrat Global Advisor, estabelece duas formas para avaliar a moeda. Em uma delas, ele compara Bitcoin a ouro e diz que em dois a cinco anos a moeda digital deveria atingir US$25mil. Isso significaria uma alta de mais de 240% do valor negociado nesse sábado de US$7,3 mil por Bitcoin. A abordagem de relacionar o Bitcoin a commodities é seguida por vários peritos, que a justificam pelo fato de a criação de uma moeda demandar elevado consumo computacional e de energia.

Lee também faz uso da técnica criada por Robert Metcalf na década de 1980 para avaliar redes de telecomunicação. Essa técnica foi empregada com êxito em 2015 por pesquisadores para avaliar redes de relacionamento como o Facebook e a análoga chinesa Tencent. Segundo Lee, 94% da variação de preço do Bitcoin é explicada por esse método.

A conhecida lei de Metcalf diz que o valor de uma rede é proporcional a n^2, com n representando o número de usuários. O argumento é o de que a medida que cresce o número de usuários, a utilização e negociação cresce exponencialmente, impulsionando seu valor. Como a oferta da moeda é escassa, seu preço subiria seguindo essa proporção com o número de usuários. Entretanto, será que a lei de Metcalf serviria para prever o valor do Bitcoin ou apenas para justificar seu preço no momento? Adicionalmente, é adequado classificar Bitcoin como uma commodity?

Moeda x Commodity
Segundo o professor da Universidade de Nova Iorque e especialista em avaliação de ativos, Aswath Damodaran, não é possível prever o valor do Bitcoin, pois ele é apenas uma moeda. Conforme o professor, apenas para ativos geradores de fluxos de caixa e commodities é possível atribuir um valor justo.

O economista sênior do Banco Central de Chicago – François Velde – em seu artigo “Bitcoin: A primer” concorda que seria um erro dizer que Bitcoin é uma commodity, mas que ele é uma moeda fiduciária cujo preço dependeria da crença em sua aceitação futura como moeda de troca. No entanto, sua aceitação como meio de troca ainda é muito incipiente e a alta volatilidade dos preços dessa moeda virtual afugenta a utilização como meio de pagamento. Uma empresa que aceita Bitcoin corre o risco de perder toda sua margem de lucro em poucos minutos devido ao forte movimento de preços.

Investimento x Trading (Valor x Preço)
A premissa de que Bitcoin é uma moeda e não um ativo gerador de fluxo de caixa leva a uma outra conclusão por Damodaran: não se investe em Bitcoin, mas apenas se negocia. Concordo com a visão dele de que o que faz um bom investidor é sua habilidade em avaliar um ativo e encontrar seu valor justo, e sua paciência em esperar que o preço deste convirja para o valor encontrado.

Como não é possível calcular um valor justo para o Bitcoin, para se ganhar dinheiro com ele, você precisa ser um bom trader (negociador). Um bom trader é aquele que tem a capacidade de reconhecer os padrões de movimento dos preços e identificar tendências. Logo, se você é capaz de reconhecer que o preço do Bitcoin vai seguir a trajetória ascendente e consegue acompanhar o mercado para rapidamente vender com a reversão do movimento, aproveite para entrar nesse mercado, mas atente para o alto risco desse instrumento.

Apesar do debate sobre o futuro do Bitcoin estar longe de ser uma unanimidade, o grande interesse em moedas digitais indica um futuro promissor, talvez não para o Bitcoin, mas para a tecnologia que o suporta (Blockchain). Uma evidência disso é que em relatório divulgado no mês de setembro, o Bank for International Settlements (BIS) reserva uma seção inteira para discutir a criação de moedas digitais pelos países.

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Ele antecipou várias quebras do mercado e aqui faz mais duas projeções https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2017/09/26/ele-antecipou-varias-quebras-do-mercado-e-aqui-faz-mais-duas-projecoes/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2017/09/26/ele-antecipou-varias-quebras-do-mercado-e-aqui-faz-mais-duas-projecoes/#respond Tue, 26 Sep 2017 10:20:51 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/Grafico-Jade-180x124.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=288 O devoto da análise gráfica e Chief Market Strategist (CMS) da Master Trading Strategies, Sandy Jadeja, já foi eleito como uma das 50 pessoas mais influentes no mercado financeiro.

Tive a oportunidade de entrevistar Sandy Jadeja no evento National Achievers Congress (NAC Brasil 2017) organizado pela Elsever Institute e ocorrido no último final de semana. Compartilho abaixo os principais pontos de nossa conversa.

Entrevista com Sandy Jadeja no evento National Achievers Congress (NAC Brasil 2017) organizado pela Elsever Institute. Da esquerda para a direira: Sandy Jadeja e Michael Viriato.

O analista gráfico internacional argumenta que realizou previsões com bastante antecedência e que todas elas podem ser verificadas em entrevistas para veículos de comunicação internacionais como: Bloomberg, CNBC, BBC, Business Insider e outros. Dentre as principais previsões se destacam a queda das bolsas americanas a partir de 2007, a queda do preço do petróleo a partir de 2011 de US$147/ barril para os US$ 50/ barril atuais e a desvalorização de 30% do ouro desde 2012.

Preço, padrão e prazo

Ele acredita que os mercados de ações americano e brasileiro atendem aos três critérios de sua metodologia: preço, padrão e prazo. Segundo ele, o atual patamar de preço dos índices acionários, o padrão do mercado e o ciclo de alta sugerem que o índice americano Dow Jones e o Ibovespa podem apresentar uma forte queda no curto prazo.

Outro ativo que atende aos critérios de seu método é o ouro. Segundo ele, o metal precioso já atingiu o patamar de preço esperado, desde sua última previsão de queda, e agora deve reverter para valorização.

Quando perguntado sobre o segredo de seu sistema, ele explica que sua estratégia só é divulgada àqueles que participam de seus treinamentos, que em geral ocorrem em Londres.

Análise fundamentalista x gráfica

Jadeja não acredita que a análise fundamentalista possa produzir ganhos adicionais e que um investidor pode obter bons retornos apenas com análise gráfica. Desde o início de sua carreira no mercado financeiro, como trader, ele sempre utilizou a análise gráfica e todas as suas projeções usam apenas esse enfoque.

A primeira recomendação que Sandy dá a quem está começando é fazer cursos de análise gráfica. Ele cita um provérbio antigo que diz:

“Quando o estudante está pronto, a oportunidade vai aparecer”

Ele sugere, mesmo aos iniciantes, começar de forma alavancada no mercado financeiro. Dessa forma, mesmo com poucos recursos, o investidor pode obter ganhos atrativos. Entretanto, ele adverte dos riscos envolvidos com a possível perda de todas as economias, mesmo adotando suas rigorosas estratégias de controle de risco. Entretanto, àqueles com maior patrimônio, como seus clientes milionários, ele sugere uma maior diversificação nos investimentos.

A análise gráfica é um enfoque para avaliação do mercado financeiro que leva em consideração apenas os dados de preços e volumes negociados dos ativos para construir índices e estratégias de investimentos. Por considerar menos variáveis, esse tipo de análise é mais simples e pode ser mais rapidamente aprendida. Os adeptos desse enfoque acreditam que todos os pontos positivos e negativos que influenciam o valor dos ativos estariam refletidos no preço. Já a análise fundamentalista considera projeções de resultados das empresas a partir dos demonstrativos financeiros, estimativas econômicas e análises de cenários. Por considerar um maior número de variáveis e complexidade dos modelos financeiros, esse tipo de análise é menos utilizada por iniciantes.

Bitcoin

Apesar de ser um trader e gostar de volatilidade, ele ainda guarda restrições com relação ao Bitcoin. Ele acredita que a tecnologia por trás da moeda digital é revolucionária e pode mudar a indústria financeira. Jadeja comparou o poder destrutivo que o Blockchain pode causar ao sistema financeiro atual ao que o Uber está fazendo com os atuais Taxis. Entretanto, ele ainda tem dúvidas se o Bitcoin será a moeda a prevalecer nesse mercado.

Para entender mais dos riscos envolvidos no investimento em Bitcoin, consulte o meu artigo e o da Danielle Brant.

Dica de ouro

Sandy Jadeja recomenda a todos os investidores a diversificação nos investimentos. Para essa diversificação ele aconselha dividir o patrimônio em diferentes moedas, bancos e países.

Apesar das projeções, o analista argumenta que se o padrão de preço não for confirmado em seu sistema e seus limites de stop forem acionados, o mercado pode voltar à tendência de alta.

Pela minha formação de analista financeiro e gestor de fundos, prefiro a análise fundamentalista. Nesse enfoque, acredito que o cenário econômico atual e os fundamentos das empresas indicados por economistas e analistas suportam a continuidade de alta do Ibovespa no médio prazo.

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Antes de investir em Bitcoins, avalie esses três alertas https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2017/09/09/antes-de-investir-em-bitcoins-avalie-esses-tres-alertas/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2017/09/09/antes-de-investir-em-bitcoins-avalie-esses-tres-alertas/#respond Sat, 09 Sep 2017 12:10:19 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/Bitcoin-180x120.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=195 Desde sua criação em 2009 a moeda virtual Bitcoin tem atraído a atenção de investidores e curiosos. O crescente interesse do público é explicado muito mais pela sua espantosa valorização que por sua inovadora tecnologia. Apenas em 2017 a alta dessa moeda digital chega a quase 400% até o final de agosto.

Evolução da cotação do Bitcoin em dólares americanos. (Fonte: www.coindesk.com)

Entretanto, a desvalorização que ocorreu nessa primeira semana de setembro levanta o coro dos que alertam sobre uma possível bolha nesse mercado. A desvalorização ocorrida não ficou restrita apenas ao Bitcoin. As dez principais moedas virtuais perderam em média mais de 18% de seu valor apenas nos últimos sete dias. Com essas grandes variações de preço, analistas comentam sobre a oportunidade de comprar a moeda e de fugir desse mercado.

Dados de valor de mercado e variação de preço das dez principais moedas virtuais. (Fonte: coinmarketcap.com)

Segundo especialistas, a tecnologia que sustenta o desenvolvimento dessas moedas tem capacidade de transformar a forma como as transações financeiras são realizadas atualmente. Entretanto, apesar do futuro promissor dessa tecnologia, o real valor dessas moedas ainda é questionado. Nesse sentido, antes de analisar o investimento nessas moedas virtuais, analise os três alertas abaixo.

Volatilidade
A volatilidade, ou seja, a dispersão dos retornos em relação ao retorno médio do Bitcoin ao longo de sua história alcança os 90% ao ano. Para comparar, a volatilidade média dos retornos do mercado de ações brasileiro, que é reconhecidamente volátil, é de menos da metade desse valor.

Entre junho e outubro de 2011 o Bitcoin se desvalorizou mais de 90%. Isso significa que se você investiu R$100 mil em 08 de junho de 2011, teria menos de R$7 mil em 18 de novembro. Esse não foi um fato isolado. Entre dezembro de 2013 e janeiro de 2015 a moeda virtual se desvalorizou 85%. Lembro que em dezembro de 2013 o Bitcoin tinha um valor similar ao de janeiro de 2017.

Portanto, se tomou a decisão de investir em Bitcoins, esteja ciente de que o risco de perda por variação de preço é significativo.

Competição entre moedas
Segundo o site coinmarketcap.com existem mais de 1.100 moedas virtuais e esse número não para de crescer. O valor de mercado total dessas moedas é de apenas US$147 bilhões, mas esse valor tem crescido rápido e parte desse crescimento é explicado pelo surgimento de novas moedas.

Apesar do crescimento do número de novas moedas digitais, as dez principais moedas apresentadas acima ainda dominam esse mercado pela sua popularidade. O valor de mercado dessas dez principais moedas corresponde a quase 87% do total de moedas digitais.

O valor de uma moeda está relacionado em parte a sua escassez. O valor de mercado das moedas virtuais vem crescendo com o constante avanço dos chamados ICO que são os análogos “IPO” de moedas, ou seja, as ofertas iniciais de moedas (Initial Coin Offering). Essa crescente oferta pode levar a uma competição entre elas e, consequentemente a uma desvalorização das moedas “antigas” em detrimento das novas emissões.

Portanto, o crescente avanço do número de moedas pode causar um excesso de oferta e desvalorização do mercado. Adicionalmente, apesar da perspectiva para as moedas virtuais ser promissora, nada garante que o Bitcoin por ter sido o pioneiro será a moeda virtual que despontará no futuro.

Ausência de regulação
A ausência de regulação sobre as moedas virtuais deixa esse mercado mais sujeito a manipulação e fraudes. As cotações nas diversas corretoras ainda não são uniformes, o que abala a confiança no preço de negociação.

Casos de fraudes eletrônicas continuam se repetindo. Em 2016, um hacker roubou US$65 milhões de uma das maiores bolsas de Bitcoin, a Bitfinex em Hong Kong. Em um outro caso anterior a perda para os investidores foi ainda maior. Em 2014, a maior bolsa mundial de Bitcoins, a MtGox anunciou que sumiram 850 mil Bitcoins de investidores, o equivalente a US$450 milhões.

Portanto, apesar da tecnologia inovadora, a ausência de um controle sobre as negociações e uma maior regulação deixa o investidor mais desprotegido que em outros mercados.

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