De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Com a inflação em alta, veja duas aplicações que você deve evitar em seu portfólio https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/13/com-a-inflacao-em-alta-veja-duas-aplicacoes-que-voce-deve-evitar-em-seu-portfolio/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/06/13/com-a-inflacao-em-alta-veja-duas-aplicacoes-que-voce-deve-evitar-em-seu-portfolio/#respond Sun, 13 Jun 2021 05:30:19 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Mark-Abramson-The-New-York-Times-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2616 A divulgação da inflação oficial para o mês de maio acendeu uma luz amarela no radar dos investidores. A variação de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula uma alta de mais de 8% em doze meses.

A preocupação não é à toa. Observe no gráfico abaixo que, nos últimos 20 anos, em poucos momentos a inflação esteve tão elevada.

Evolução da variação de preços em 12 meses medida pelo IPCA. Fonte: Bloomberg.

Segundo dados da pesquisa entre economistas realizada pelo Banco Central (BC), a inflação deve cair, retornando para a meta de 3,50% ao ano até meados do próximo ano. Esta previsão pode ser vista no gráfico abaixo na linha vermelha.

Evolução do IPCA e da meta de inflação do BC. Fonte e elaboração: Banco Central.

Embora os economistas pareçam mais otimistas, o mercado financeiro não está pagando para ver.

Os juros futuros negociados na B3 já têm implícito uma possibilidade de elevação da Selic para 7% ao ano em janeiro de 2022 e superando 9% ao ano em 2024.

Lembre-se, você deve sempre investir considerando o que deve ocorrer em relação ao que o mercado já espera.

Uma alta de juros já está precificada. Assim, você deve considerar se esta alta é maior ou menor do que o que você espera que o BC realize.

Com esta incerteza sobre o movimento dos juros, duas aplicações têm recebido aportes dos investidores. Mas você deveria evitá-las no curto prazo.

A primeira aplicação que você deveria evitar é a caderneta de poupança.

Segundo dados do BC, só nos primeiros 7 dias de junho, investidores aplicaram mais de R$ 10 bilhões na poupança.

O volume aplicado na caderneta soma mais de R$ 1 trilhão. Para se ter uma noção da magnitude, isto representa mais de 17% do valor de mercado total de todas as empresas com ações na bolsa de valores brasileira (B3).

Embora a poupança tenha rendimento positivo, ela é com certeza inferior a outras aplicações de mesmo risco como CDBs. Se você precisa de alguma liquidez, prefira aplicar em CDBs de vencimentos curtos e referenciados ao IPCA.

Muitos investidores fogem para a poupança com receio da volatilidade nos ativos. No entanto, em CDB, você também não vai ter volatilidade e ainda vai terá rentabilidade muito superior à da poupança.

O segundo movimento que os investidores deveriam evitar é a aquisição de títulos referenciados ao IPCA ou prefixados com vencimento superior a seis anos, ou seja, de longo prazo.

O último balanço divulgado pela plataforma do Tesouro Direto mostra que os títulos referenciados ao IPCA com prazo superior a dez anos têm sido preferidos pelos investidores.

Os preços de títulos de longo prazo são mais afetados pelos movimentos de taxa de juros.

Caso a inflação persista e o BC tenha de elevar a taxa de juro mais do que o mercado já precifica, os títulos de longo prazo podem sofrer duras perdas.

Para se proteger da inflação, o mais recomendado são títulos ou fundos de investimentos de renda fixa referenciados ao IPCA, mas com vencimento de curto prazo, ou seja, com menos de seis anos.

 

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Descubra qual é a melhor opção para financiar seu imóvel https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/12/20/descubra-qual-e-a-melhor-opcao-para-financiar-seu-imovel/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/12/20/descubra-qual-e-a-melhor-opcao-para-financiar-seu-imovel/#respond Sun, 20 Dec 2020 05:30:37 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/NYpredios-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2426 Usualmente o mercado imobiliário tende a sofrer fortemente durante períodos de contração econômica. Entretanto, ao contrário do senso comum, neste ano, os imóveis não só não apresentaram a queda esperada, como também estão com demanda mais aquecida. Entretanto, antes de fechar o negócio, compradores enfrentam um novo dilema.

Antigamente, a parte mais difícil era escolher o imóvel ideal. Parece que o fato de as pessoas terem passado mais tempo em casa, seu ideal de imóvel ficou mais claro. No entanto, uma nova dúvida aflige os compradores: qual a melhor forma de financiar a aquisição.

Há alguns anos, existia apenas uma forma de financiamento que era TR + taxa fixa. O surgimento de três novas modalidades tem confundido os compradores.

Atualmente existem quatro formas de financiamento: Taxa Fixa, TR + Taxa Fixa, IPCA + Taxa Fixa e Poupança + Taxa Fixa.

Exceto pela primeira, perceba que as formas de financiamento são compostas de dois elementos. O primeiro é um indexador de correção monetária: TR, IPCA (índice oficial de inflação) e a taxa de rendimento da Poupança. O segundo é uma Taxa Fixa que é o elemento de juros prefixado.

Muitos imaginam que pagar a menor Taxa Fixa é a melhor escolha. Sabendo disso, alguns bancos concentram a propaganda nesta parte do custo do financiamento e influenciam de forma errada o processo de compra. O indexador de correção é parte relevante e pode chegar a ser até maior que a Taxa Fixa.

Mostro abaixo quais formas de financiamento possuem a menor Taxa Fixa e explico porque selecionar um delas pode ser um grande erro.

Fazendo uma pesquisa neste último sábado entre os principais bancos, encontrei as seguintes alternativas para financiamento de um imóvel de valor de R$ 500 mil por 20 anos: 9% ao ano prefixado, TR + 6,99% ao ano, IPCA + 3,55% ao ano e Poupança + 3,99% ao ano.

O comprador desavisado ficaria tentado a escolher o financiamento com a correção monetária pelo IPCA ou pela Poupança, pois possuem a menor Taxa Fixa.

Preste atenção nas propagandas. Naquelas em que a forma de financiamento é com correção por Poupança ou por IPCA, estes indexadores aparecem em letras muito pequenas. Quase não dá para ver que há um indexador e o destaque é apenas na Taxa Fixa. Você bem sabe que estas letras pequenas costumam esconder um risco. Aqui não é diferente.

O IPCA acumulado dos últimos 12 meses já supera os 4,2% ao ano. Portanto, o indexador já é maior que a própria Taxa Fixa do financiamento. Segundo o relatório Focus do Banco Central (BC), nos próximos três anos, o IPCA deve superar 3,5% ao ano.

Logo, quando compomos a Taxa Fixa de 3,55% ao ano com esta correção de 3,5% ao ano, já resulta em uma taxa total superior aos 6,99% ao ano da correção com TR.

Lembrar que enquanto a Selic for menor que 8,5% ao ano, a TR será zero.

Não se espera que a Selic suba acima de 8,5% ao ano nos próximos anos. Se por acaso ela ultrapassar esta marca daqui a 5 anos, isso só ocorreria porque o IPCA superou os 6% ao ano. Nesta condição, a TR ainda continuaria muito baixa. Assim, o financiamento com correção monetária pelo IPCA é muito arriscado e pior neste momento.

A correção pela Poupança segue raciocínio similar. Conforme o relatório Focus do BC, economistas de mercado esperam uma taxa Selic de 3%, 4,5% e 6% ao ano ao final de 2021, 2022 e 2023, respectivamente.

Como a Poupança remunera 70% da Selic, a partir de 2022, se a Selic estiver a 4,5% ao ano, a Poupança renderá 3,15% ao ano. Ao compor a taxa de financiamento total de Poupança + 3,99% ao ano, o resultado também será superior a 6,99% ao ano.

Logo, vimos que entre as três formas de financiamento com correção monetária, justamente a tradicional relativa à TR continua sendo a mais indicada.

Mas será que ela também é a melhor escolha quando comparada à Taxa Fixa de 9% ao ano sem correção monetária?

Para que o financiamento pela taxa prefixada sem correção monetária seja melhor que a corrigida pela TR é necessário que a TR suba acima de 1,87% ao ano. Esta situação, no cenário atual parece muito distante de ocorrer. A TR só esteve maior que este patamar quando a Selic ultrapassou os 12% ao ano.

Como parece improvável que a Selic supere 12% ao ano em um horizonte razoável de projeção, a melhor alternativa se mantém como a correção pela TR.

Reforço que a escolha da forma de financiamento assume cenários de mercado e probabilidades. O intuito deste texto foi o de orientar o leitor sobre como realizar a comparação. Assim como, analisar qual o cenário de mercado atual parece mais provável e qual forma de financiamento seria mais vantajosa nesta condição.

Neste sentido, apesar das várias alternativas de financiamento existentes no atual momento, aquela que parece mais interessante continua sendo a velha e tradicional Taxa Fixa + TR.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Você sabe qual a diferença entre investir e poupar? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/11/01/voce-sabe-qual-a-diferenca-entre-investir-e-poupar/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/11/01/voce-sabe-qual-a-diferenca-entre-investir-e-poupar/#respond Sun, 01 Nov 2020 05:30:35 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/suica-poupanca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2367 O dia 30 de outubro marca a data na qual se celebra o dia internacional da poupança. O nome remete à tradicional caderneta de poupança e muitos saíram em protesto a uma suposta comemoração desta. O foco na caderneta desvirtuou a razão de se celebrar o dia.

A comemoração se iniciou há quase um século pelo professor italiano Filippo Ravizza. A ideia era reforçar os benefícios que se pode atingir a partir do hábito de se poupar. As vantagens de se adotar esta atitude vão desde atingir um melhor padrão de vida e bem estar pessoal até trazer maior crescimento econômico para as nações que a incentive.

No entanto, ao longo do tempo, percebeu-se que simplesmente poupar não é suficiente.

Poupar se refere ao ato de guardar parte de sua renda mensal, seja ela proveniente de salário, pró-labore ou outras fontes.

Pare e reflita na seguinte questão. Qual o objetivo para seus investimentos?

A grande maioria não sabe responder.

Como disse Lewis Carrol em “Alice no País das Maravilhas”:

“If you don’t know where you want to go, then it doesn’t matter which path you take.” (Se você não sabe onde deseja ir, então não importa qual caminho escolha).

Entenda que dinheiro não deve ser tratado como figurinha, que se coleciona. Quando se tem figurinha repetida, você quer logo trocar. O fato de não ter um objetivo faz você se comportar da mesma forma com dinheiro. Acaba por cair em qualquer tentação que aparece, por exemplo, trocando seu dinheiro “repetido” por um carro novo, um novo celular ou pior, entrando em um financiamento.

Você costuma ouvir de um empresário ou empresa que eles pensam em poupar?

Não. O normal é eles dizerem que investem. Sabe por quê?

O ato de investir traz consigo o planejamento, objetivo, monitoramento e disciplina de se perseguir o plano.

Portanto, quando se tem um objetivo é possível criar um plano para atingir esta meta. Com um plano, torna-se factível o ato de se monitorar se as decisões estão levando ao resultado necessário. Adicionalmente, com uma razão clara em vista é mais fácil ponderar e não cair em tentações de consumo a que estamos expostos.

E agora, você ainda pensa em poupar ou vai começar a investir?

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra qual é o melhor presente para o dia das crianças https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/11/descubra-qual-e-o-melhor-presente-para-o-dia-das-criancas/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/10/11/descubra-qual-e-o-melhor-presente-para-o-dia-das-criancas/#respond Sun, 11 Oct 2020 05:30:26 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/Theo-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2342 Quem tem filho pequeno, provavelmente, tem sofrido uma pressão em casa pela proximidade do dia das crianças e ansiedade destas com o presente. Com receio de frustrar os filhos, pais se desdobram para comprar brinquedos. Mas será que comprar um brinquedo é a melhor atitude? Será que este presente reflete a razão da data?

O dia das crianças no Brasil foi criado pelo deputado federal Galdino do Valle Filho e oficializado pelo presidente Arthur Bernardes em 5 de novembro de 1924. No entanto, a razão da data é lembrar de certos direitos básicos dos pequenos, relacionados à saúde, amor e educação destes.

A comemoração da data se popularizou na década de 1950, quando a indústria de brinquedos Estrela implementou programas de marketing, desvirtuando seu significado inicial. Não é à toa que o dia 12 de outubro se transformou num dia para se ganhar brinquedo.

Claramente a intenção original da data não é cumprida com um brinquedo. Depois da educação, um maior ato de amor e preocupação com seu futuro seria criar uma poupança para esta criança.

Que pai ou mãe não ficaria realizado se garantisse que seu filho obtivesse sua independência financeira?

Este objetivo é ainda mais simples quando aplicado a crianças, pois elas têm algo de grande valor, o tempo a seu favor.

Como disse Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo:

“My wealth has come from a combination of living in America, some lucky genes, and compound interest” (Minha riqueza vem de uma combinação de viver na América, de alguns genes de sorte e de juros compostos).

Você não precisa se mudar para os Estados Unidos e nem de sorte, pois apenas os juros compostos são necessários para garantir a independência financeira de seu filho. E o efeito destes juros é obtido de forma mais significativa quanto maior o tempo.

Para muitos, poupar um pequeno valor parece irrelevante, porque consideram que o resultado seria insignificante. Seguindo esse raciocínio, muitas vezes esperam chegar aos 40 ou 50 anos de idade para iniciar alguma poupança.

Entretanto, uma poupança de R$140 por semana, iniciada ao nascer e corrigida a juros de apenas 8,1% ao ano resultaria em mais de R$1 milhão quando o indivíduo atingisse 32 anos.

Se esperar para iniciar a poupança apenas quando seu filho tiver 20 anos de idade, mesmo que invista o dobro, ou seja, R$280 por semana, seu filho só vai atingir a mesma meta com 44 anos de idade.

Portanto, quanto antes iniciar, menor será o esforço necessário para atingir o mesmo objetivo e mais cedo.

A explicação para esse resultado são os chamados juros compostos. E seu poder é reconhecido há muito tempo. A seguinte citação é atribuída a Albert Einstein:

“The power of compound interest is the most powerful force in the universe” (O poder dos juros compostos é a mais poderosa força do universo).

Como fazer para seu filho atingir US$ 1 milhão e se aposentar com menos de 60 anos?

Será que seria um sonho muito distante imaginar seu filho como um milionário americano?

Tornar seu filho um milionário em dólar com menos de 60 anos é simples. Novamente, a questão é apenas o prazo e a disciplina.

Perceba que R$ 140 por semana, equivalem a US$ 25 por semana ou US$100 por mês.

Não se iluda que o objetivo possa ser concretizado investindo na tradicional caderneta de poupança.

O índice de ações americano S&P 500 possui retorno médio no longo prazo igual a 8,1% ao ano. Logo, se investir o mesmo valor acima em um fundo que replique esse índice e que possua exposição cambial, poderá alcançar esta meta de ter seu filho se aposentando com menos de sessenta anos.

Talvez você alegue que no atual momento não consegue iniciar a poupança para tornar seu filho milionário, pois suas contas não fecham. Entretanto, imagine o seguinte. Se o governo elevasse os impostos, você não daria um jeito? Pode até praguejar contra, mas adequaria seus gastos à nova realidade. Embora pareça difícil no início, nos adaptamos muito fácil às novas condições.

Os juros compostos premiam aqueles que são disciplinados no compromisso de poupar periodicamente e por longo tempo. Da mesma forma que essa disciplina pode tornar seu filho milionário, ela também pode trazer sua liberdade financeira. Portanto, não espere para começar no próximo mês ou ano, pois já estaria atrasado pelo menos em um mês.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Três ações que você precisa tomar para se tornar um bilionário https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/07/26/tres-acoes-que-precisa-tomar-para-se-tornar-um-bilionario/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/07/26/tres-acoes-que-precisa-tomar-para-se-tornar-um-bilionario/#respond Sun, 26 Jul 2020 05:30:00 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/João-Wainer-29.nov_.10-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2247 Quando se fala em bilionários, uma lista de referência emerge, a lista levantada pela publicação Forbes. Todos desejamos ser parte desta lista, mas poucos têm coragem de fazer o necessário. Em geral, procuramos por atalhos. Discuto abaixo as ações comuns que proporcionaram fortuna ao seleto grupo.

Quantos bilionários você acha que existem no mundo?

a) menos de mil indivíduos;

b) entre dois mil e três mil pessoas;

c) entre cinco e sete mil indivíduos;

d) mais de oito mil pessoas.

Lembre-se, somos quase 8 bilhões de pessoas no mundo.

Menos 0,00003% da população faz parte do grupo de pessoas com fortuna superior a US$ 1 bilhão. Segundo a amostra levantada pela Forbes, encerrada em 18 de março de 2020, existiam cerca de dois mil bilionários no mundo.

A crise também afetou este grupo de indivíduos. Devido a ela, 58 pessoas deixaram de ser bilionárias em relação ao ano anterior e 51% ficaram menos ricas.

O patrimônio deste grupo caiu US$700 bilhões neste ano em relação a 2019, para US$ 8 trilhões. Para se colocar em perspectiva, o PIB brasileiro é de cerca de R$ 7 trilhões. Portanto, estas duas mil pessoas, no mundo, possuem riqueza equivalente a mais de cinco vezes a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no Brasil em um ano.

A possibilidade de se tornar um bilionário é baixa, mas o caminho, passa antes, por ser milionário. Portanto, entender a trajetória destas pessoas é relevante para você planejar sua trilha em direção à liberdade financeira.

Excluindo aqueles que herdaram suas fortunas, três características são comuns aos bilionários.

Empreendedorismo

Não há nada de errado em trabalhar oito a doze horas por dia para outra pessoa. No entanto, como o número de horas que você pode vender é limitado, dificilmente o valor desta hora será significativo o suficiente para torná-lo rico.

Ao contrário do que muitos imaginam, menos de 10% dos bilionários são apenas investidores como o renomado Warren Buffett.

Normalmente, os bilionários são empreendedores fundadores ou se tornaram sócios de empreendimentos que prosperaram.

Empreender não é tarefa fácil e, por isso, quando bem sucedida resulta em grandes ganhos.

 

Tempo

Interessante notar que menos de 15% dos bilionários são indivíduos com menos de 50 anos. Apenas alguns empreendedores de negócios disruptivos como Facebook, Snapchat e jogos onlines conseguiram gerar fortuna em poucos anos.

A maioria dos jovens bilionários herdou sua fortuna.

Empresas levam tempo para maturar. O processo é similar ao efeito dos juros compostos nos investimentos. Leva muito tempo e, no início, parece que o patrimônio não cresce.

Mesmo um investidor como Buffett, começou a carreira com um patrimônio de apenas US$ 20 mil nos seus vinte anos de idade. E seu patrimônio foi resultante não só de rentabilidade, mas também de novos aportes.

Se considerarmos somente o rendimento de sua empresa de 20,3% ao ano, o patrimônio inicial se transformaria em apenas US$ 549 milhões ao fim de 2019. Portanto, para chegar a seu patrimônio bilionário foram necessários mais investimentos ao longo do tempo.

Com um retorno de 20,3% ao ano, o patrimônio dobra em pouco menos de 4 anos. Isso quer dizer que se começar hoje, como Buffett, com R$20 mil e, tiver este retorno anual, vai demorar 30 anos para chegar a R$5,1 milhões. Cerca de 10 anos depois já vai ter R$32,5 milhões e, se esperar mais cinco anos, supera os R$80 milhões.

Portanto, leva tempo para se construir fortuna.

 

Risco

Ninguém jamais construiu fortuna sem correr riscos.

Quando olhamos a foto dos bilionários atuais vemos apenas sorriso e glamour. Entretanto, no caminho houve pouco disto, mas muito mais de suor e lágrimas.

De fato, a grande maioria dos empreendedores falha e perde todo o investimento. O risco é a incerteza sobre a rentabilidade futura. Esse retorno, muitas vezes, chega a ser a perda de todo o capital investido, quando se trata de empreendimento.

Mesmo investidores mais diversificados como Buffett, Jim Simons e Ray Dalio fizeram diversos negócios fracassados dentre aqueles bem sucedidos.

Neste primeiro semestre, por exemplo, Buffett amargou prejuízos bilionários, vendendo, com desvalorização de mais de 50%, participações em empresas aéreas que adquiriu anteriormente.

Ao longo de sua carreira, as perdas não se resumiram a apenas uma pequena parcela de seu patrimônio. Em vários anos o retorno no ano calendário foi negativo. Em um deles a perda total chegou a quase 50% de todo o patrimônio. Isso ocorreu dez anos depois de iniciar suas atividades. Naquele ano, vários investidores perderam a esperança e se retiraram. Não tiveram paciência.

Você estaria disposto a perder 50% de seu patrimônio, sem ter a certeza de que vai recuperar e ainda assim perseverar?

Ninguém constrói fortuna com retornos de 2% ao ano como os existentes nos títulos referenciados à Selic ou na poupança, que rende menos ainda.

Assim, se não está disposto a arriscar, a aceitar que, em alguns momentos, algumas aplicações não serão bem sucedidas e a ter paciência para esperar a maturação destes investimentos, a conquista de fortuna dificilmente é atingida.

No entanto, é preciso ter muito cuidado com o risco que corre. Não procure fórmulas milagrosas no Youtube. Perceba que mesmo o investidor mais bem sucedido do mundo, não foi capaz de ganhar uma média de mais de 1,55% ao mês. Se alguém prometer retornos maiores e sem risco, desconfie.

Acima de tudo, deve respeitar seu perfil de investidor para que não se desespere e realize perdas, quando deveria estar investindo mais.

Você encontrará mais curiosidades sobre estes bilionários e suas bibliografias no site da Forbes.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Selic deve cair abaixo da faixa mínima de inflação; O que fazer? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/selic-deve-cair-abaixo-da-faixa-minima-de-inflacao-o-que-fazer/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/selic-deve-cair-abaixo-da-faixa-minima-de-inflacao-o-que-fazer/#respond Sun, 14 Jun 2020 05:30:10 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/suica-poupanca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2191 Se as expectativas do mercado forem confirmadas, o Comitê de Política Monetária (COPOM) deve reduzir a taxa básica da economia, a Selic, para 2,25% ao ano na próxima quarta-feira. Esse percentual é inferior à faixa mínima de inflação perseguida pelo Banco Central (BC). Discuto abaixo qual reflexo este movimento deve ter em como os brasileiros investem e nos preços dos ativos de risco.

Este movimento impactará consideravelmente o investimento mais popular dentre os brasileiros, a caderneta de poupança.

A tradicional caderneta de poupança tem um volume de quase R$ 1 trilhão em aplicações. Para entender como este volume é relevante, veja a comparação. O total de investimentos em todas as categorias de títulos públicos na plataforma do Tesouro Direto era de R$60 bilhões ao final de abril, ou seja, 6% do que há aplicado na poupança.

Como a poupança rende apenas 70% da taxa Selic, ela vai ter um retorno de apenas 0,13% ao mês a partir da próxima semana, equivalente a 1,58% ao ano.

Assim, se você aplicar R$ 10 mil na poupança, vai ganhar por mês R$13. Ou seja, o suficiente apenas para pagar dois cafés expressos.

Com esta rentabilidade, o investimento na poupança demoraria 45 anos para dobrar. Mesmo que não se importe de esperar este prazo, o investidor ainda deve ficar insatisfeito, pois a maior probabilidade é que o retorno não será suficiente para repor o poder de compra. O IPCA esperado para os próximos doze meses é superior a 2% ao ano.

Talvez você imagine que todos já sabem disso. No entanto, a captação líquida dos meses de maio e junho de 2020 (até o dia 05/ 06) mostra que não. Nestes 36 dias a captação líquida da caderneta foi de quase R$50 bilhões. Esse volume foi superior a toda a captação de do ano de 2020 em fundos de ações no país.

Muitos que investem em poupança não se deram conta desta mudança de rentabilidade. A maior parte dos investidores toma a decisão de investimento olhando para o retorno nos doze meses anteriores. Neste período, a rentabilidade da caderneta foi de 3,3%. Logo, a rentabilidade passada foi o dobro do que será o retorno no próximo ano.

Portanto, a caderneta de poupança perde qualquer atratividade.

Aos poucos, estes aplicadores perceberão esta desvantagem e devem migrar parte de suas poupanças para alternativas de maior risco e de maior prazo. Esta alteração deve trazer um fluxo importante de investimentos que pode favorecer os ativos de risco no país.

Pessoas ouvem com tom assustador o volume de R$75 bilhões de saída de investidores estrangeiros da B3 em 2020. No entanto, mais espantoso é saber que a captação líquida da poupança supera este valor no mesmo período. Se o fluxo para a caderneta tivesse sido direcionado para o mercado acionário, os preços dos ativos estariam bem mais elevados.

Desconheço estudos sobre qual o horizonte de investimento dos poupadores de poupança, mas possivelmente mais de 30% dos recursos aplicados não são resgatados por mais de três anos. É muito razoável imaginar que em três anos, a bolsa deve se valorizar mais de 10%. Portanto, podendo apresentar o dobro do retorno da poupança no mesmo período.

A queda da taxa de juros a ser implementada pelo Copom não tem impacto imediato, mas ao longo dos próximos meses deve favorecer aplicações de maior risco com o deslocamento de investimentos desfavoráveis como o da poupança ou de títulos referenciados à Selic.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Evite em 2020 estes três erros que cometeu em seus investimentos de 2019 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/05/evite-em-2020-estes-tres-erros-que-cometeu-em-seus-investimentos-de-2019/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/05/evite-em-2020-estes-tres-erros-que-cometeu-em-seus-investimentos-de-2019/#respond Sun, 05 Jan 2020 05:30:32 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/Painel-eletrônico-de-negociação-de-ações-na-sede-da-Bolsa-brasileira-em-São-Paulo-Amanda-Perobelli-Reuters-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2026 O início de ano é um momento de reflexão e promessa. Refletir sobre o que errou no ano anterior e prometer a si mesmo o que deve evitar no ano que se inicia. Analiso três destes erros que muitos cometeram em 2019 e proponho alternativas para melhorar o desempenho de sua carteira em 2020.

 

Caderneta de Poupança

Segundo relatório do Banco Central do Brasil (BC) de 03/01/2020, o saldo em caderneta de poupança acumulava ao final de 2019 o total de R$ 844,3 bilhões. Pior que o saldo é saber que a captação líquida neste ano que se encerrou foi de R$12,2 bilhões.

A rentabilidade da poupança em 2019 foi de 4,18%. Esta rentabilidade deve se equiparar com a inflação medida pelo IPCA para o mesmo período. Logo, o investidor que aplicou na poupança teve apenas a correção de seu poder de compra. Mas a perspectiva deste produto é muito pior.

A caderneta rende 70% da taxa Selic. Portanto, ela deve se valorizar apenas 3,15% ao ano (ou 0,26% ao mês) a partir de dezembro de 2019. Como a meta de inflação do BC é de 4% em 2020, o investidor da poupança deve perder da inflação mesmo que o BC seja eficiente em sua responsabilidade.

Então por que tantos brasileiros continuam aplicando, mesmo sabendo que vão ter um resultado certo ruim?

Existem dois falsos argumentos que são usualmente utilizados para justificar a aplicação na poupança.

Alguns argumentam que a poupança seria uma alternativa para investimentos de liquidez, mas isto é uma falácia. A poupança não é um investimento de liquidez. Se resgatada entre as datas de aniversário, ela perde seu retorno. As alternativas de liquidez à poupança são fundos DIs ou CDBs de liquidez diária que remunerem mais de 83% do CDI.

Com relação ao risco, muitos confundem que a poupança seria garantida pelo governo. Isso não é verdade. A poupança tem o risco do emissor e é garantida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de R$250 mil. Existem alternativas como CDB, LC, LCI e LCA que possuem o mesmo risco e podem proporcionar maior retorno.

 

Concentrar em CDI

O passado de altos juros fez com que os brasileiros concentrassem suas carteiras em ativos referenciados ao CDI, pois eles proporcionavam alto retorno e quase nenhuma variação. Esta concentração ainda se manteve em 2019.

O investidor brasileiro se acostumou mal com estas aplicações de baixa volatilidade e a esperar que seu portfólio suba todos os dias e meses. Muitos se auto definiram como conservadores mesmo tendo capacidade de correr mais risco, tendo em vista o ciclo de vida e momento financeiro. Sua habilidade de suportar variação na carteira foi perdida pela falta de prática.

Investidores desenvolveram uma resistência a ativos que tenham possibilidade de variar para baixo, pois atribuem a eles um risco maior que o real. Seria equivalente a uma pessoa que tenha pavor em andar de bicicleta, pois pode morrer se cair. Este risco existe, mas a maior probabilidade, se andar com cautela é de que uma queda provoque apenas arranhões que serão curados com o tempo.

Para investimentos destinados ao longo prazo, como aqueles para aposentadoria, o ideal é que se corra mais risco, pois há tempo para recuperar eventuais perdas no futuro. Assim, seu plano de previdência deveria ser a parcela de maior risco de sua carteira.

Diversifique seu portfólio em fundos multimercados, imobiliários, de ações e internacionais, mantendo em liquidez e baixo risco apenas o que deve utilizar em até 2 anos.

 

Ganhos fáceis e rápidos

Neste momento de juros mais baixos, vários são iludidos por anúncios de alternativas com ganhos elevados e rápidos. Comento dois que foram muito divulgados em 2019.

Um destes foi o de investimento em ações de empresas de maconha. O maior ETF (fundo negociado em bolsa) do mundo, conhecido pelo código MJ, que possuía há um ano mais de R$ 4 bilhões de patrimônio e é composto por 36 empresas do setor, caiu mais de 35% em 2019. Algumas ações de empresas badaladas deste setor como a Tilray caíram mais de 70% no ano passado.

Analise com muito cuidado aplicações que tiveram forte desempenho no passado e que o preço atual já considera tudo de bom que possa ocorrer com o ativo.

Outra febre que tem se espalhado desde o ano passado é a de que pessoas simples podem ganhar a vida trabalhando apenas alguns minutos no dia realizando operações com ações e derivativos (instrumentos financeiros conhecidos como futuros e opções).

O pesquisador Bruno Giovannetti já atestou em pesquisa o quanto os investidores pessoas físicas perdem em seus investimentos em operações de day trading e de swing trade. As primeiras são aquelas em que o investidor compra e vende ações ou derivativos no mesmo dia e a segunda é aquela em que ele permanece com a ação por mais dias.

O maior erro para aqueles que desejam investir no mercado acionário é achar que a simplicidade na negociação das ações se reflete em facilidade de ganhar.

Seguir carteiras recomendadas por corretoras também não tem se mostrado uma saída lucrativa. O Jornal Valor Econômico organiza uma carteira formada pelas 10 ações mais recomendações pelas corretoras. Esta é chamada Carteira Valor. A Carteira Valor perde do Ibovespa em 60, 48, 36, 24 e 12 meses, ou seja, em todos os horizontes de tempo.

Selecionar ações não é fácil. Muitos investem em ações de grandes bancos como Itaú e Bradesco com o argumento de que o elevado dividendo e o fato de serem grandes empresas as torna imbatíveis. No entanto, mesmo se considerado o dividendo, estes investidores estariam melhores nos últimos 36, 24 e 12 meses aplicando com menor risco no Ibovespa. A ação do Itaú, por exemplo, rendeu 70% menos que o Ibovespa em 2019, mesmo considerando os dividendos. Outra queridinha de anos anteriores, tida como “segura” e grande pagadora de dividendos, a Cielo caiu mais de 20% em 2019 enquanto o Ibovespa subiu mais de 30%.

Se deseja investir em ações, faça este investimento em fundos de ações indexados ou em fundos de ações de um gestor especialista. Desta forma, estará diversificado e contará com a ajuda de um profissional. Entenda que os gestores profissionais contam com vantagens de acesso à informação e equipes para ajudá-los a encontrar as melhores oportunidades.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Saiba o que deveria ter feito ontem para aumentar as chances de sucesso de seu filho https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/10/13/saiba-o-que-deveria-ter-feito-ontem-para-aumentar-as-chances-de-sucesso-de-seu-filho/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/10/13/saiba-o-que-deveria-ter-feito-ontem-para-aumentar-as-chances-de-sucesso-de-seu-filho/#respond Sun, 13 Oct 2019 05:30:44 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/Alunos-do-colágio-Santa-Maria.-Gustavo-de-Almeida-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1912 Segundo pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, organizada pela Anbima, apenas 8% dos brasileiros teriam investido algum dinheiro em 2018. Esse baixo percentual de poupança não é uma característica adquirida apenas quando adulto, mas um péssimo hábito desenvolvido desde criança.

Embora os governos se preocupem, você é o responsável por desenvolvê-lo em seu filho.

Ao contrário do que muitos imaginam, não é abrindo uma poupança para ele e você sofrendo para ter disciplina de poupar para ele que vai desenvolver qualquer habilidade na criança. Este parece um caminho fácil, mas inócuo.

Desde 1970, estudos acadêmicos já apontam para a direção correta. No entanto, um artigo publicado em 2019 por pesquisadores da Universidade de Hamburgo na Alemanha traz novas informações.

Você já ouviu falar do Teste do Marshmallow? O psicólogo Walter Mischel da Universidade Stanford liderou em 1970 um experimento com crianças sobre o adiamento de gratificações que se tornou referência. Consulte os vídeos relativos a este teste no Youtube e você vai dar boas risadas.

No teste, é disponibilizada às crianças a possibilidade de escolher entre uma pequena gratificação imediata ou o dobro desta se elas puderem esperar quinze minutos. Em uma sala sem distrações, esse curto período se transforma em uma eternidade para os jovens. O objetivo do teste foi entender quando a habilidade de controlar o adiamento de recompensas se desenvolve nas crianças.

No entanto, descobriu-se que essa habilidade tinha um reflexo surpreendente no futuro dos garotos que possuíam maior controle. Estudos subsequentes, publicados vinte anos depois, investigaram a carreira das crianças do experimento. Percebeu-se que aquelas com maior autocontrole foram mais bem sucedidas.

No artigo What Induces Children to Save (more)? (O que induz crianças a pouparem (mais)?), os pesquisadores Moritz Lukas e Markus Noth atualizaram o estudo neste ano, realizando experimento com 246 crianças entre 6 e 11 anos.

Esta nova pesquisa avaliou o impacto de alterações nos juros (recompensa), no tempo (prazo de aplicação) e default sobre a decisão de poupar ou consumir nos jovens. Há vários resultados interessantes e destaco aqui alguns.

Crianças que recebem mesada têm maior capacidade de decisão sobre as variáveis em estudo. Este fato ocorre, pois elas desenvolvem habilidade de lidar com dinheiro.

Portanto, em vez de criar uma poupança para seu filho, estabeleça uma mesada. Mas esta precisa ser pequena o suficiente para que obrigue seu filho a tomar decisões. Para desenvolver a capacidade de adiar consumo, promova uma recompensa no mês seguinte para o que ele conseguir poupar no mês anterior.

Adicionalmente, para que ele consiga estabelecer horizontes maiores de investimento, estabeleça um prêmio para cada Real que ele espere um ano sem gastar.

Lukas descobriu que é entre 9 e 11 anos que as crianças mais evoluem a sensibilidade sobre recompensa por adiar o consumo imediato. Logo, aproveite esta idade para praticar o hábito de adiar consumo por um prêmio futuro.

Entendo o quão difícil é para um pai resistir às súplicas dos filhos, mas este esforço será recompensado também para você no futuro.

Em vez de ter dado um presente para o dia das crianças ontem, o ideal teria sido descobrir que presente maior ele desejaria para o Natal e ter aproveitado a oportunidade de desenvolver nele a capacidade de esperar para receber algo maior no futuro.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Em que os investidores estão aplicando com a queda dos juros https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/10/06/em-que-os-investidores-estao-aplicando-com-a-queda-dos-juros/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/10/06/em-que-os-investidores-estao-aplicando-com-a-queda-dos-juros/#respond Sun, 06 Oct 2019 05:30:48 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Ibovespa-Marcelo-Ximenez-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1894 A queda das taxas de juros tem provocado uma grande movimentação de recursos no mercado financeiro. Investidores estão diversificando, saindo de aplicações antes tidas como tradicionais.

A mais tradicional das aplicações dos brasileiros, a caderneta de poupança, está sofrendo com a queda de rentabilidade. O retorno da poupança caiu para menos da metade de três anos atrás. Ela rende agora apenas 3,85% ao ano. Este retorno equivale a 0,32% ao mês.

Até o final de setembro, segundo dados do Banco Central, a poupança sofre resgate líquido de quase R$ 5 bilhões, contra captação líquida de mais de R$ 25 bilhões no mesmo período de 2018.

Entretanto, não é só a poupança que está perdendo recursos. Aplicações de renda fixa estão perdendo a relevância nos portfólios dos investidores.

Segundo a Anbima, os fundos de renda fixa perderam participação no portfólio dos investidores nos últimos anos.

Conforme pode ser visto nos dois gráficos abaixo, o volume investido em fundos de renda fixa representava 48% do total investido em fundos em dezembro de 2016. Naquele momento, a taxa básica da economia, a taxa Selic, ainda estava em 13,75% ao ano.

Distribuição do patrimônio dos fundos de investimento entre as classes de ativos em dezembro de 2016. Fonte: Anbima

A Selic vem caindo continuamente desde outubro de 2016 e, desde o mês passado, se encontra em 5,5% ao ano. Esta queda promoveu uma rotação nos portfólios dos investidores e hoje os fundos de renda fixa representam apenas 41% do total.

O destaque de alteração ocorreu justamente nos fundos de ações. Em 2016, estes representavam apenas 4% do total. Em setembro de 2019, a participação desta classe de ativos já representava 8% do total de fundos.

Distribuição do patrimônio dos fundos de investimento entre as classes de ativos em setembro de 2019. Fonte: Anbima

Esta elevação pode ser explicada parte pela valorização de 74% do Ibovespa no mesmo período, mas a captação se destacou. Enquanto de janeiro de 2018 a setembro de 2019 os fundos de renda fixa tiveram captação líquida de R$ 1,2 bilhões, os fundos de ações captaram R$77 bilhões. Esta evolução pode ser observada no gráfico abaixo.

Captação acumulada dos fundos de investimentos das classes de renda fixa, multimercado e ações desde janeiro de 2018 a setembro de 2019. Fonte: Anbima

Neste mesmo período, os fundos multimercados tiveram captação líquida ainda maior que os fundos de ações, acumulando mais de R$ 100 bilhões.

Claramente, o investidor está aprendendo a diversificar a carteira. No entanto, ressalto que este aumento de risco das carteiras deve ser sempre realizado com cuidado, pois momentos de maior volatilidade de mercado são naturais e ocorrem com mais frequência do que se imagina.

Portanto, os aplicadores devem atentar para três fatores que respondem pelo seu perfil de investidor: sua necessidade de recursos no curto prazo, sua habilidade e capacidade em suportar oscilações de mercado e o horizonte de longo prazo destas aplicações. O cuidado com estes fatores é fundamental para não haver desapontamento com os investimentos.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Quatro motivos para não iniciar uma poupança para seu filho https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/05/05/quatro-motivos-para-nao-iniciar-uma-poupanca-para-seu-filho/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/05/05/quatro-motivos-para-nao-iniciar-uma-poupanca-para-seu-filho/#respond Sun, 05 May 2019 05:30:34 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/Para-passar-mais-tempo-com-os-filhos-é-preciso-repensar-valores-em-termos-coletivos-e-pessoais-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1682 Você provavelmente já pensou em iniciar uma poupança para seus filhos ou sobrinhos. Dentre as razões para isso, está o fato de desejarmos separar esta aplicação da nossa individual e manter o controle dela. Embora pareça um comportamento coerente, explico abaixo por que você não deveria iniciá-lo.

O prêmio Nobel em economia, Richard Thaler, alerta sobre um viés comportamental que nos aflige, chamado de contabilidade mental. Este viés financeiro é um dos motivos que leva pais a iniciarem uma poupança para seus filhos.

O viés da contabilidade mental ocorre quando para facilitar e manter controle de decisões de consumo e investimentos, separamos estes em contas segregadas. Parece uma decisão racional se a avaliarmos separadamente, mas quando olhada de forma agregada, percebe-se a irracionalidade da decisão.

Antes de explicar os custos e ineficiências desta decisão, comento mais uma razão para fazermos a aplicação para as crianças. Também queremos fazer algo que não tivemos de nossos pais.

Acho que todos já devem ter feito a conta simples de juros compostos:

“Se meu pai tivesse poupado o equivalente a R$ 500 mensais, aplicando em investimentos que remuneram a taxa similar à do CDI, desde meu nascimento, quando eu tivesse completado 30 anos, eu teria mais de R$1 milhão, principalmente, pois os juros eram maiores no passado”.

Esse parece um argumento quase imbatível para você fazer pelo seu filho o que seu pai não fez por você. No entanto, esta é apenas uma desculpa para você adiar uma obrigação sua ainda maior.

 

Coloque a máscara primeiro em você, depois na criança ao seu lado.

Se você já viajou de avião, provavelmente, já ouviu a frase acima. Parece uma atitude egoísta, mas há uma razão para você tentar se salvar primeiro. Em caso de despressurização de uma aeronave, a falta de oxigênio poderia nos fazer desmaiar em alguns segundos. Se o adulto fosse tentar salvar a criança primeiro, ele poderia desmaiar e não conseguir completar seu objetivo.

Portanto, se o adulto estiver salvo, haverá maiores chances de a criança ser salva.

Analogamente, nos investimentos, primeiro você deveria completar seu objetivo financeiro.

Todos possuímos compromissos financeiros de curto, médio e longo prazo. A grande maioria das pessoas não consegue nem cumprir as obrigações de curto prazo e ainda estão endividadas com hipotecas, financiamentos de automóvel e viagem, dentre outros.

Desviar parte de sua renda para uma poupança para seu filho, pode comprometer a poupança para sua aposentadoria. A previdência é sua maior dívida de longo prazo. Sim ela é uma dívida e será cobrada com juros quando você chegar na maturidade. Postergamos seu pagamento, criando desculpas como tentar atingir metas que, em tese, parecem mais nobres, mas que na verdade, a razão é que são mais fáceis. Uma delas é poupar para os filhos.

Colocar o interesse de seu filho na frente do seu, parece uma atitude generosa. No entanto, essa é apenas uma desculpa, pois a poupança das crianças é mais fácil que a nossa, já que o valor a ser guardado é menor e não há uma obrigação como cobrir seu deficit previdenciário.

De fato, seria muito bom planejar o futuro financeiro de seu filho, mas este deveria estar integrado ao seu e vir como meta secundária, tendo as suas metas como alvo principal. Adiar sua meta, que é mais difícil, para cumprir a do seu filho é um péssimo exemplo a deixar para ele e abordarei isso mais a frente.

Se você se salvar primeiro, estará em muito melhor condição de salvar o futuro financeiro de seus filhos. Portanto, planeje seus objetivos monetários em primeiro lugar. Mas mesmo depois de os atingir, ainda assim há razões para não criar uma poupança separada para seu filho.

 

Ineficiência na diversificação das aplicações.

Quando iniciamos o projeto de investir, o montante não é suficiente para dividir em várias aplicações. Portanto, perdemos o benefício de melhorar o balanço entre retorno e risco.

Adicionalmente, quando o valor investido é baixo, temos menos acesso a alternativas de maior rentabilidade.

Portanto, quando criamos de forma segregada a poupança para as crianças, perdemos vantagens em redução de risco e elevação de retorno, logo o portfólio delas será ineficiente perante ao nosso.

Muitos preferem investir pior, para manter a conta apartada. Esse é o comportamento irracional que Thaler denominou de contabilidade mental e que abordamos anteriormente.

A solução seria unir o planejamento de seu sobrinho ou filho ao seu e considerar qual percentual de seu portfólio seria dele.

Também quando o valor em aplicações é baixo, acabamos com produtos de maior custo. Este é mais um motivo para não criar uma conta separada para seu filho ou sobrinho.

 

Custos de controle e tarifas mais elevadas.

A conta separada estará sujeita a produtos com maior custo e a tarifas bancárias que poderiam ser reduzidas ou eliminadas caso você investisse conjuntamente.

Mas há um custo ainda maior, o de controle. Lembre que uma conta adicional é mais um elemento que vai ter de dispor na declaração de imposto de renda e, periodicamente, monitorar e rebalancear.

O custo de controle parece desprezível quando iniciamos, pois estamos empolgados com o desejo de salvar o futuro financeiro dos pequenos entes queridos. Mas passada a empolgação, a rotina maçante de acompanhamento cobra seu preço e a conta deles é largada.

Na maioria das vezes quase não sobra tempo para acompanhar, estudar e tomar decisões sobre seu próprio portfólio. Adicionar um outro portfólio, que deve investir em produtos diferentes devido ao montante, é muito caro para seu reduzido tempo.

 

Você educa pelo exemplo.

Lembro que quando pequeno, meu pai criou uma poupança para mim e meus irmãos. Recordo que uma das razões era nos ensinar a poupar. Tinha grandes expectativas. Lógico que meus sonhos na época se resumiam a compra de brinquedos.

Confesso que anos depois, quando fomos sacar os recursos, foi uma decepção. O dinheiro não era suficiente nem para comprar o tão sonhado autorama. Se fosse tomar a experiência como educação financeira, eu provavelmente não atribuiria valor algum ao ato de poupar.

Mostre para seu filho que você vai alcançar sua independência financeira, pois criou um planejamento e tem cumprido disciplinadamente suas metas. Convide ele para abdicar de algum presente e investir junto com você, demonstrando que ele vai aplicar melhor se for em conjunto.

Se criar uma poupança para seu filho em uma conta separada dele, pode ter certeza, como ele não passou pelo aprendizado da dificuldade de abdicar do consumo imediato para investir, ele vai comprar um automóvel ou vai gastar todo o dinheiro assim que tiver idade suficiente para ter autonomia sobre a conta.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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