De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Se você tem previdência há mais de cinco anos está na hora de revê-la – Parte II https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/02/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la-parte-ii/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/05/02/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la-parte-ii/#respond Sun, 02 May 2021 05:30:02 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Warren-Buffett-ensina-em-sua-reunião-anual-Rick-Wilking-Reuters.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2555 Na semana passada, expliquei duas razões pelas quais você deveria revisar o produto de previdência se você aplica há mais de cinco anos. Mas, quando se fala em previdência, não se pode pensar apenas no produto. Há mais três pontos que você precisa revisar em seu plano.

Conforme descrevi na semana passada, há cinco anos, a taxa básica de juros da economia era de 14,25% ao ano.

Em 2016, a taxa real de juros para títulos públicos de dez anos de vencimento era de 6% ao ano. A taxa real de juros de um título de vencimento de mesmo prazo agora está em 3,9% ao ano.

O gráfico abaixo apresenta a evolução da taxa real de juros de um título com vencimento de dez anos a frente. Perceba que a taxa esteve na média menor que 3,5% ao ano desde o final de 2019.

Evolução da taxa real de juros de um título com vencimento de dez anos a frente. Fonte: Bloomberg

A taxa de juros de títulos públicos define o patamar base de retorno para todo o mercado. O retorno esperado dos investimentos financeiros é calculado acrescentando-se um prêmio sobre esta taxa.

Assim, se ela cai, isso quer dizer que todas as aplicações de forma esperada devem render menos no horizonte futuro.

Dessa forma, se seu objetivo final com a previdência não se alterou, você deve revisar os aportes mensais ou revisar o risco de sua carteira.

 

Revisar o aporte

Por exemplo, em 2016, quando a taxa real de juros era de 6% ao ano, um investidor conservador, poderia estimar que com R$ 1.539,23 seria capaz de em trinta anos atingir o patrimônio de R$ 1,5 milhões em termos reais.

É mais adequado calcular em termos reais, pois em trinta anos, se você não ajustar pela inflação, não vai conseguir viver com R$ 1,5 milhões da mesma forma que se vive hoje. Por isso, se utiliza a taxa de juros acima da inflação para o cálculo.

Com a taxa de juros agora a 3,9% ao ano, alguém que planeja ter em trinta anos R$ 1,5 milhões a valores de hoje, deve agora investir mensalmente R$ 2.226,72.

Portanto, você deveria fazer um esforço de poupança de quase 50% a mais.

 

Revisar o risco

Caso não consiga realizar esta aplicação mensal adicional e deseja manter o objetivo inicial, pode revisar o risco de sua carteira a fim de chegar ao retorno médio de IPCA+6% que tinha antes.

Isso quer dizer que deve adicionar produtos com mais risco como fundos de previdência com investimentos em ações nacionais e internacionais.

 

Objetivo

Periodicamente também deve revisar o objetivo que tem com a previdência.

A maioria dos investidores aplica em planos de previdência, mas o fazem sem traçar um objetivo.

Sem esta meta, fica inviável para o investidor entender se o que tem feito de aportes e diversificação de produtos é suficiente para satisfazer suas necessidades no futuro.

Portanto, esta meta é fundamental. Depois de fixada a meta, ela também precisa ser revista periodicamente, pois suas necessidades podem se alterar com o tempo.

Por exemplo, há cinco anos, você poderia acreditar que uma renda de R$ 5 mil por mês seria suficiente para você. Desta forma, o objetivo de chegar em um patrimônio de R$ 1,5 milhões a valores de hoje seria muito adequado.

No entanto, se você revisou seus gastos e percebeu que agora seria necessária uma renda de R$ 10 mil mensais, seu objetivo final também precisa ser revisado o quanto antes.

Quanto mais cedo revisar seu objetivo melhor, pois precisará ajustar os aportes ou o risco em menor intensidade.

Revisar o plano de previdência pode ser comparado a ir ao dentista ou ao médico para tratar de sua saúde. Se você demorar para fazer check-ups, o dano na sua saúde financeira pode ser pior.

 

Michael Viriato é sócio fundador da Casa do Investidor.

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Se você tem previdência há mais de cinco anos está na hora de revê-la https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/se-voce-tem-previdencia-ha-mais-de-cinco-anos-esta-na-hora-de-reve-la/#respond Sun, 25 Apr 2021 05:30:56 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/João-Wainer-29.nov_.10-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2551 Não existe nada que você investe e esquece. Mesmo para investimentos que são caracterizados como de longo prazo, como os produtos de previdência privada.

No caso dos planos de previdência, destaco duas razões que justificam você reavaliar seu produto caso esteja aplicando há mais de cinco anos.

Ao contrário do preconceito criado por motivos ultrapassados, o produto de previdência conhecido pelas siglas PGBL e VGBL é um dos melhores veículos de investimento de longo prazo.

Embora seja caracterizado como seguro, você pode considerá-lo como fundo de investimentos. Mas é um fundo que possui vantagens adicionais.

Tanto VGBL quanto PGBL possuem vantagens em economia de impostos seja nos investimentos ou em sucessão patrimonial. Adicionalmente, possuem blindagem patrimonial maior que fundos de investimentos.

No caso do PGBL a vantagem se estende à redução dos impostos sobre seu salário. Conforme escrevi anteriormente, apenas com esta economia de imposto, você poderia dobrar seu salário.

Todas estas vantagens só se tornam realmente interessantes se o produto que você investe for bom. E por que você deve ficar mais atento a isso se aplica há mais de cinco anos?

 

Taxa de administração

Você lembra quanto era a taxa básica da economia, a taxa Selic, em 2016 até setembro?

a) 20,25%

b) 14,25%

c) 8,25%

d) 2,25%

Apesar de ter sido criado em 1997, o produto do tipo PGBL e VGBL foram regulamentados em 2002. Desde 2002 até 2016 a taxa Selic foi em média de 13,6% ao ano.

Em 2016, até setembro, a taxa Selic era de 14,25% ao ano.

Quando as taxas de juros eram mais altas e não havia competição com as grandes seguradoras ligadas aos maiores bancos, as taxas cobradas eram significativamente maiores que as atuais.

A competição extinguiu a cobrança da taxa de carregamento e promoveu a redução das taxas de administração para os novos fundos de previdência para patamar similar ao cobrado nos fundos abertos.

Normalmente, as seguradoras lançam produtos novos e mantém os antigos com taxas mais altas. Portanto, se você não faz a portabilidade, você fica sujeito às taxas mais altas.

Segundo a Economatica há fundos de previdência (PGBL e VGBL) com taxa de administração que superam 2,75% ao ano em produtos referenciados à Selic.

Como a Selic atual é de 2,75% ao ano, os clientes destes fundos pagam mais em taxa que ganham em seus investimentos. Portanto, o retorno chega a ser negativo.

Portanto, se você tem um destes fundos, precisa, urgentemente, realizar a portabilidade para produtos mais novos que possuem taxas menores. Por exemplo, nas seguradoras independentes existe plano de previdência referenciado à Selic sem taxa de administração.

 

Produto

O volume aplicado em fundos de previdência privada supera R$ 1 trilhão em abril de 2021.

Os gestores especialistas perceberam que os grandes bancos estavam nadando neste patrimônio cobrando altas taxas de administração, com produtos atrasados e com performance ruim.

Assim, eles também entraram neste mercado oferecendo produtos melhores e com taxas de administração menores.

Inicialmente, eles entraram por meio das seguradoras independentes. Assim, estas ainda possuem a maior oferta de produtos especializados.

Se você possui um plano antigo, avalie as alternativas em gestores especialistas em seguradoras independentes. Com a portabilidade, além de poder reduzir as taxas de administração, poderá ter acesso a fundos com melhor gestão.

 

Se você fizer a portabilidade para produtos novos, mais bem geridos e com menor taxa, pode elevar a rentabilidade de seus investimentos em até 3% ao ano.

Como a previdência privada é para o longo prazo, em 25 anos, este retorno, a mais, pode fazer com que seu patrimônio seja mais que o dobro de você não fazer nada hoje. E isto pode fazer toda a diferença quando você estiver se aposentando.

 

Michael Viriato é sócio fundador da Casa do Investidor.

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Começar a poupar mais tarde tem algumas vantagens; descubra quais https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/11/29/comecar-a-poupar-mais-tarde-tem-algumas-vantagens-descubra-quais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/11/29/comecar-a-poupar-mais-tarde-tem-algumas-vantagens-descubra-quais/#respond Sun, 29 Nov 2020 05:30:48 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/Contando-dinheiro-Gabriel-Cabral-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2395 Você provavelmente já ouviu que quem começa a poupar mais cedo faz um esforço menor, pois o tempo está a seu favor. Muitos que adiaram o início da formação de patrimônio acabam por se desestimular por acharem que não dá mais tempo. No entanto, não é uma verdade que para aqueles que começam seus investimentos mais tarde só existam desvantagens. Comento abaixo em que situações, estes últimos podem ser privilegiados em relação aos mais novos.

A procrastinação é uma característica comum a todos. Adiamos tudo aquilo que não nos traz prazer imediato. Com a formação de poupança para aposentadoria não é diferente.

A fórmula para se chegar ao montante necessário para se aposentar é amplamente conhecida e já discutimos algumas vezes nesta coluna. Basta dividir o montante desejado de renda do primeiro ano por 4%. Esse número dá nome à regra. Ela é conhecida como regra dos 4% e foi apresentada por William Bengen em 1994.

Por exemplo, se pretende se aposentar com uma renda no primeiro ano de R$10 mil mensal no primeiro ano, você deve ter um patrimônio de R$ 3 milhões. Para se chegar a esta conta, basta multiplicar a renda mensal por 12 e, em seguida, dividir por 0,04 (10.000 * 12 / 0,04 = R$ 3 milhões). Para saber quando pode retirar no segundo ano, basta corrigir o valor de R$ 10 mil pela inflação.

Bengen afirma que um portfólio com 50% em renda fixa e 50% em ativos de renda variável será suficiente para durar trinta anos com estas retiradas.

Daí vem a primeira vantagem de quem começa mais tarde.

 

Maior previsibilidade sobre incertezas

O maior risco da formação de reserva para a aposentadoria é ela não ser suficiente para todo o período de benefício.

A fórmula dos 4% não pode ser adotada para quem se aposenta mais cedo. Para estes, a reserva deve ser maior.

Quem começa entre 35 e 50 anos a montar sua reserva, provavelmente vai se aposentar apenas aos 65 anos e, portanto, é muito menor o risco de considerar um prazo de usufruto de benefício de trinta anos. Assim, a regra dos 4% pode ser aplicada com maior confiança.

 

Dificuldade de se poupar no estágio inicial da carreira

Durante uma carreira profissional, o pico de renda mensal auferida é, usualmente, atingida entre 40 e 50 anos.

Um jovem com uma renda menor, tem muito mais dificuldade de fazer poupança, pois sua renda, às vezes, é suficiente apenas para pagar alimentação, transporte e moradia.

Mesmo com esforço, poupar mais de 20% do salário é um desafio se você não mora com os pais e tem menos de 30 anos.

Mesmo com custos mais elevados, quando se tem uma renda maior, é possível acumular uma maior proporção da renda.

Esta vantagem é ainda maior quando conjugada com os menores custos que são comuns ao se ultrapassar os 50 anos.

 

Menores custos

Ao se atingir os 50 anos, muitos dos custos relacionados à constituição e manutenção de família já ficaram parar trás.

Possivelmente, você já adquiriu um imóvel. Portanto, não precisa pagar financiamento imobiliário ou aluguel.

Talvez seus filhos já estejam saindo da faculdade. Logo, os custos de educação e manutenção destes já se encerrou.

Com a idade, alguns gastos relacionados a vaidade típica de um jovem como carros de luxo ou extravagâncias noturnas já não existem.

Os menores custos e a maior renda são os elementos fundamentais para que sua capacidade de poupança seja máxima. Neste momento, em alguns casos é possível poupar mais de 50% da renda.

 

Maturidade em manter a poupança

Um dos maiores problemas de se iniciar poupança quando jovem é a maturidade para manter a própria reserva criada. Os jovens são mais facilmente suscetíveis a cair nas armadilhas de enriquecimento “fácil e rápido”.

Dificilmente uma pessoa mais madura colocaria em risco a reserva com investimentos em estratégias mirabolantes apresentadas nas mídias sociais. Os mais velhos têm maior consciência sobre a dificuldade de acúmulo. Assim, tendem a proteger mais o portfólio, analisando criteriosamente os investimentos.

Também estes dificilmente cairiam na armadilha de torrar sua reserva de aposentadoria com um imóvel de veraneio ou com algum bem de consumo que sabidamente vai gerar mais custos e drenar sua capacidade de poupança.

 

Não importa se você está começando cedo ou tarde. O que importa é iniciar e criar um plano para se chegar ao objetivo de reserva para sua aposentadoria.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Estes 3 fatores deveriam fazer você considerar um fundo de previdência como investimento https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/09/06/estes-3-fatores-deveriam-fazer-voce-considerar-um-fundo-de-previdencia-como-investimento/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/09/06/estes-3-fatores-deveriam-fazer-voce-considerar-um-fundo-de-previdencia-como-investimento/#respond Sun, 06 Sep 2020 05:30:44 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2299 A indústria de fundos de investimentos se aproxima dos R$ 6 trilhões de patrimônio. Deste patrimônio, os fundos de previdência representam apenas 17%. O volume financeiro em produtos previdenciários é menor que o investido na popular caderneta de poupança. Dois motivos fizeram com que a preferência pela previdência ficasse em segundo plano, mas isso mudou e, agora, três fatores deveriam fazer você reconsiderar.

Distribuição dos fundos de investimentos nas diversas classificações da Anbima. Fonte: Anbima

A falta de apelo sobre os planos de previdência, reconhecidos por suas iniciais VGBL e PGBL é justificada por dois motivos: elevadas taxas, produtos com baixa rentabilidade e pouca especialização. No entanto, estas justificativas caíram por terra com a evolução do mercado.

O crescimento da concorrência no setor de seguradoras e a maior conscientização financeira dos investidores impulsionou o movimento de queda das taxas e busca pela melhoria dos produtos.

As taxas de carregamento – cobrança de um percentual sobre o valor aportado ou resgatado – foram abolidas pelas principais seguradoras. Adicionalmente, as elevadas taxas de administração que tornavam os produtos piores que fundos de investimentos similares convergiram para as taxas destes.

Com relação às taxas de administração, ainda existe um estoque de produtos antigos que carregam cobranças mais altas e que o tipo de produto não justifica, usualmente, nos fundos com baixo risco e especialização. Nesse caso, você deve realizar a portabilidade para os produtos melhores.

Outro fator que tem revolucionado é o crescente número de gestores especialistas que têm replicado suas estratégias nesses produtos. Há cerca de dez anos, apenas investidores do segmento private – pessoas com alguns milhões para investir – tinham acesso a esses gestores independentes.

O primeiro movimento de popularização veio com corretoras distribuindo os fundos de investimentos, destes desconhecidos gestores e, permitindo com que pequenos investidores tivessem acesso. As seguradoras também aderiram à maior diversificação de produtos distribuídos, possibilitando ao investidor aplicar em planos de previdência com produtos administrados por gestores reconhecidos.

As maiores desvantagens dos produtos de previdências foram mitigadas e as diferenças entre os produtos de previdência e os fundos de investimentos abertos foram reduzidas.

Neste sentido, há três razões que justificam seu portfólio possuir produtos de previdência privada do tipo VGBL ou PGBL.

Sucessão

Você provavelmente conhece alguém cuja família enfrentou problemas no recebimento ou na divisão dos bens financeiros com a morte de um parente.

Os produtos VGBL e PGBL, por se categorizarem como seguro, não entram em inventário e na maior parte do país não estão sujeitos à tributação de transmissão de bens por herança.

Assim, a sucessão destes recursos financeiros, para a família se torna mais rápida, pois já foi dividida, anteriormente e está livre das amarras de inventário. Deste modo, evita-se o custo com advogados, que pode chegar a 10% do patrimônio, segundo tabela sugerida pela OAB. Adicionalmente, economiza-se o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) que pode alcançar 8%. Apenas poucos Estados brasileiros possuem liminar para recolher esse imposto dos produtos de previdência.

Portanto, além da maior velocidade de recebimento, é possível atingir uma economia de até 18%, se considerado os dois custos acima. Para se colocar em perspectiva o que apenas essa despesa significa, considere dois investidores que investem em produtos referenciados ao CDI atual de 1,9% ao ano. Um deles usa VGBL e o outro um fundo de investimento (FI) ou o Tesouro Selic (TS). O FI e o TS precisariam render 153% ao ano da rentabilidade do VGBL para que ambas as famílias tenham o mesmo recurso disponível como herança, caso o parente venha a óbito em vinte anos.

Alguns imaginam que, ao ficarem mais velhos ou com problemas graves de saúde, deveriam retirar os recursos de VGBLs ou PGBLs, mas é exatamente o contrário. A diferença de rentabilidade mencionada acima cresce inversamente com o tempo. Se o óbito do parente fosse ocorrer em dez anos, o FI e o TS precisariam render 207% ao ano da valorização do VGBL.

Com a elevação da possibilidade de óbito, que vem com a idade ou com enfermidade, recomenda-se que uma parcela maior seja revertida para produtos de previdência como forma de planejamento sucessório. Ao ponto que se o óbito fosse ocorrer amanhã, hoje todos os seus recursos deveriam estar em um VGBL ou PGBL.

Se você tem algum conhecido nestas condições, compartilhe esse artigo como forma de orientá-lo.

 

Menor imposto e taxas

Há duas vantagens fiscais em produtos de previdência: ausência de come-cotas e possibilidade da alíquota de IR cair a 10%.

Os produtos VGBL são similares a fundos de investimento, mas ao contrário dos FI de renda fixa ou multimercado, os VGBLs e PGBL não possuem a antecipação de IR semestral, chamada de come-cota.

Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, até 15 anos, a ausência de come-cotas não faz muita diferença, mas no longo prazo ela é significativa. Em trinta anos, assumindo que duas aplicações tenham rendimento igual a 6,4%, a aplicação sem come-cota resultará em um valor, líquido de IR, 20% maior. Portanto, mais um percentual para acrescer ao que deixará a seus familiares ou que terá em sua aposentadoria.

O gráfico reflete o resultado líquido de IR, ao longo de semestres, de uma aplicação de R$10 mil em um investimento com come-cota como um fundo de investimento de renda fixa e outro sem come-cota como um VGBL. Ambos com retorno bruto de IR igual a 6,4% ao ano.

O gráfico reflete o resultado líquido de IR, ao longo de semestres, de uma aplicação de R$10 mil em um investimento com come-cota como um fundo de investimento de renda fixa e outro sem come-cota como um VGBL. Ambos com retorno bruto de IR igual a 6,4% ao ano. Para o VGBL foi utilizada alíquota de IR final de 10% e para o fundo de investimento de 15%.

Há dois regimes tributários para os produtos de previdência. No caso mais simples, chamado de regressivo ou definitivo, a alíquota de IR decai de 35% até 10% em dez anos e em caso de transmissão por herança, a alíquota não é superior a 25%. Lembra-se que investimentos tradicionais como os FI, títulos públicos e ações possuem uma alíquota mínima de 15% sobre os rendimentos. Portanto, é possível economizar mais 5% nos produtos de previdência.

Para aqueles que fazem a declaração completa, o benefício que o PGBL traz é ainda maior. Além da vantagem de imposto menor mencionado acima, você adia o pagamento de parte do IR sobre seu salário e ainda reduz a alíquota incidente em quase metade. No entanto, as vantagens de custos não estão só na parte fiscal.

A maior parte dos produtos de previdência, mesmo os multimercados e de ações, não possui taxa de performance. Até o ano passado, não era permitido a estes produtos terem esta cobrança. Assim, o gestor pode correr menos risco no produto para dar o mesmo resultado que o FI com esta taxa.

 

Disciplina

O maior vilão, responsável por indivíduos não conseguirem acumular patrimônio até a aposentadoria, é a falta de disciplina. Infelizmente, somos naturalmente procrastinadores e imediatistas.

Adiamos a decisão de começar a poupar e preferimos consumir toda a renda mensal hoje sem deixar nada para a poupança para a previdência.

Assim como a compra do imóvel é importante para a formação do patrimônio financeiro, pois te obriga a pagar um financiamento e não te permite vender, os planos de previdência podem ter o mesmo efeito, mas com uma vantagem complementar.

A adesão a um plano de previdência faz com que parte de sua renda seja automaticamente destinada a esta reserva, logo, é igualmente disciplinador ao financiamento imobiliário. Entretanto, ao contrário do empréstimo financeiro que te faz pagar o dobro do valor do imóvel, o investimento de longo prazo em uma previdência permite que você tenha o dobro do que colocou.

Apesar de ainda haver espaço para evolução, flexibilizando sua legislação mais restritiva, os produtos de previdência progrediram o suficiente nos últimos três anos para se tornarem parte de seu portfólio. No entanto, ainda é necessário realizar pesquisa para escolha dos melhores produtos e verificar a adequação do perfil de investidor ao plano selecionado, antes de realizar qualquer investimento.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Evite estes dois mitos nos investimentos https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/02/09/evite-estes-dois-mitos-nos-investimentos/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/02/09/evite-estes-dois-mitos-nos-investimentos/#respond Sun, 09 Feb 2020 05:30:03 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Planejamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2076 Os hábitos nos investimentos são constituídos ao longo de nossa vida, iniciando por conhecimentos passados por nossos pais e se estendendo hoje pelos inúmeros vídeos na internet. No entanto, dois problemas surgem nestes costumes que acabam levando investidores a adotar estratégias de investimentos inadequadas.

Nossos pais não tinham acesso à diversidade de ativos financeiros hoje existente. Portanto, seus hábitos de investimentos acabam se restringindo muito mais ao que eles sempre aplicaram como poupança, renda fixa ou imóvel. Adicionalmente, eles viveram em um ambiente de taxas de juros completamente diferente. Assim, não era necessário diversificar o portfólio para ter boa rentabilidade.

Estes dois fatos mudaram. Hoje temos uma disponibilidade ampla de produtos nacionais e internacionais com estratégias diferenciadas. Por exemplo, embora os fundos imobiliários existam há mais de duas décadas, sua popularização tem menos de dez anos.

Outro fator é a percepção de risco e liquidez. A volatilidade do mercado acionário brasileiro hoje é quase 50% menor que a existente há vinte anos. Portanto, este mercado era visto como muito mais arriscado que sua realidade atual. Adicionalmente, a liquidez de negociação e governança das empresas se elevou consideravelmente.

Com relação às informações online, elas podem estar desatualizadas ou serem generalizadas de forma inadequada. Deve-se lembrar que há menos de três anos, a taxa básica da economia ainda era superior a 12% ao ano e a taxa real, acima da inflação, em títulos de baixo risco era superior a 6% ao ano. Logo, a decisão de investimento era outra.

Neste novo ambiente, você deve evitar dois mitos nos investimentos.

 

Aposentados e idosos não devem ter aplicações de risco

Este é um dos grandes mitos que foi aprendido pela atual geração e que também foi adotado pela anterior.

Investir em fundos de ações diversificados é muito menos arriscado que se imagina quando o horizonte de investimento é superior a três anos.

Por exemplo, considere uma pessoa com 79 anos. Provavelmente, você aprendeu que esta pessoa não deveria investir nada em fundos de ações. No entanto, este pensamento não pode ser generalizado.

Segundo o IBGE, a expectativa (média) de vida deste idoso é de mais dez anos. Logo, se assumir que ele gastará 50% do patrimônio nos próximos cinco anos, os outros 50% possuem horizonte de investimento superior a cinco anos. Assim, pelo menos 10% de seu patrimônio atual poderia estar alocado em um ativo que olhando oito anos à frente terá retorno superior.

Sem dúvida, a habilidade deste investidor suportar a volatilidade do mercado deve ser considerada para que ele não se desespere e resgate o investimento no primeiro solavanco do mercado.

 

Reserva de emergência deve estar em liquidez

A reserva de emergência é aquela soma de seu portfólio que deve ser acumulada para cobrir suas despesas nos momentos em que sua renda se interrompa, por exemplo, em troca de emprego.

No passado, as taxas de juros eram elevadas e investir esta reserva com liquidez era perfeitamente confortável.

Após o último corte de taxas de juros ocorrido na última quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), a taxa Selic Meta caiu para 4,25% ao ano. Assim, títulos atrelados à Selic diária ou ao CDI passaram a render apenas 4,15% ao ano.

A meta de inflação do Banco Central é de 4% ao ano com uma faixa de 1,5% para baixo ou para cima. Logo, qualquer surpresa na inflação, como a que ocorreu no último dezembro (IPCA = 1,15%) com a alta do preço da carne, pode fazer com que seu investimento de liquidez perca da inflação.

Mesmo sem considerar estas surpresas, quando líquido de IR, seu investimento de liquidez deve perder da inflação.

Portanto, você deve planejar seu fluxo de caixa e manter em liquidez apenas recursos que possa precisar no curto prazo para pagar despesas ou para rebalancear seu portfólio.

Se você perder o emprego, não vai utilizar toda a reserva em um único dia, muito menos no primeiro mês. Logo, a reserva de emergência pode ser distribuída em aplicações de baixo risco, mas com prazo de 30 ou mais dias.

Se quebrar estes dois mitos, poderá distribuir melhor seu portfólio e alcançar melhores oportunidades de retorno.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Confira cinco dicas para seu portfólio bombar em 2020 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/12/29/confira-cinco-dicas-para-seu-portfolio-bombar-em-2020/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/12/29/confira-cinco-dicas-para-seu-portfolio-bombar-em-2020/#respond Sun, 29 Dec 2019 05:30:40 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/Gabriel-Cabral-Folhapress-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2019 O final desta década será marcado como o ano de mudança do portfólio dos investidores. A perspectiva de que as taxas de juros mais baixas vieram para ficar trouxe uma revolução financeira para investidores.

Mais pessoas correndo para alterar suas carteiras, pois perceberam que o “paraíso dos rentistas” chegou ao fim, conforme descrição do Ministro da Economia, Paulo Guedes.

Chamava-se de “paraíso”, pois com facilidade era possível investir com alto retorno, alta liquidez e baixo risco.

O primeiro passo para essa transformação passa pela educação financeira. Abaixo, compartilho algumas dicas para cada uma das principais alternativas de investimentos disponíveis.

 

Renda Fixa

Inadvertidamente, muitos acreditam que para fazer o portfólio ter um retorno maior, devem alocar todo o portfólio em ativos de risco o tempo inteiro.

Mesmo com as taxas mais baixas, não se deve transferir todo o portfólio para ativos de risco.

Há pelo menos duas razões para se manter uma parcela em renda fixa.

A primeira é que parte de seus recursos serão necessários para despesas gerais ou emergenciais. Este volume deve ser aplicado em ativos de menor risco que não sofram perdas no caso de venda.

A outra razão está associada a oportunidades. Dos últimos 23 anos, em 19 anos a bolsa teve em algum mês do ano uma queda de pelo menos 6%. A queda mensal chegou a mais de 20% em alguns anos. Confira na tabela abaixo.

Tabela com os piores retornos mensais do Ibovespa em cada ano desde 1998.

Para ganhar com ações é importante comprar bem. Logo, esteja preparado para oportunidades, mantendo alguma liquidez em renda fixa.

 

Fundos multimercados

Os fundos multimercados podem ser considerados o primeiro passo no mundo do risco para investidores que nunca saíram da renda fixa.

Para avaliar um fundo multimercado, não utilize como único critério a rentabilidade dos últimos doze meses. Essa rentabilidade não é sua se você não era cotista e não é garantida.

Ao aplicar em um fundo multimercado, o que está fazendo é contratando uma equipe. Divida a aplicação em pelo menos três equipes que considera como mais especialistas, avaliando o currículo de suas equipes. Esta divisão deve considerar também aspectos de especialização na atuação do fundo.

 

Imóveis

A grande maioria dos investidores perde a oportunidade de alavancar os ganhos de seus portfólios, imobilizando seus recursos em imóveis. Adquirir imóveis diretamente tem mais risco do que muitos acreditam.

Vários aplicadores têm mais custos que ganhos nesta aplicação. Basta ver o desempenho do preço de venda de imóveis, comparado ao CDI e apresentado na figura abaixo, retirada do portal FipeZap. Um investimento que remunerou o CDI, rendeu quase três vezes mais que a valorização dos imóveis no período de 2012 a 2018.

Evolução do preço de venda de imóveis e rentabilidade acumulada do CDI desde 2012. Fonte: https://fipezap.zapimoveis.com.br/

Portanto, muito cuidado ao avaliar o investimento em imóveis.

Os imóveis são uma alternativa para diversificação, mas a melhor forma de se investir neles é por meio de fundos imobiliários. Nos fundos imobiliários o investidor tem uma série de vantagens em relação à compra direta. Logo, prefira os fundos de investimentos imobiliários (FIIs). No entanto, com a forte alta recente, é preciso cuidado e mais critério na escolha de uma carteira de FIIs.

 

Ações

No mercado de ações está o maior potencial de ganhos para 2020, dentre as principais alternativas de investimento.

No entanto, para aproveitar este ganho, evite cair na tentação de adivinhar qual ação vai decolar. Entenda que existe uma grande diferença entre aposta e investimento. Profissionais de investimento dispendem vários dias e até meses analisando uma empresa antes de fazer o investimento. Não é por meio de boatos e dicas nas mídias sociais que vai descobrir as melhores oportunidades.

Investidores institucionais e de alta renda, os chamados private, aplicam em ações por meio de fundos de investimentos em ações (FIAs). Eles entenderam as vantagens que se obtém nos FIAs, sejam eles ativos ou passivos. A principal vantagem dos FIAs é a de se contar com uma equipe especializada.

Prefira os fundos em que o gestor possui uma grande parcela de seu próprio patrimônio aplicado no fundo que faz a gestão. Assim, sabe que o administrador está completamente alinhado com você. Também avalie com cuidado a equipe de analistas que dá suporte, pois são eles que geram as ideias, conhecem a fundo cada empresa e avaliam os riscos no investimento em cada empresa.

Quando FIAs são utilizados, o investimento em ações é muito menos arriscado do que se imagina. Neste novo ambiente de baixas taxas de juros, até mesmo investidores conservadores deveriam aplicar, mas a participação no portfólio em FIAs para estes aplicadores deve ser limitada a no máximo 10%.

 

Previdência Privada

Não dá para falar em portfólio sem falar em sucessão e aposentadoria. O único fato com 100% de probabilidade é o de que vamos morrer. Portanto, todo portfólio deve ter uma parcela reservada para sucessão. Afinal, com a mesma probabilidade você deve se preocupar com sua família na sua ausência.

A sucessão patrimonial pode ser feita via seguros de vida, mas também com previdência privada, que não deixa de ser um seguro.

Ao contrário do que normalmente se imagina, a parcela alocada em fundos de previdência, sejam VGBLs ou PGBLs, deve ser a parcela de maior risco de seu portfólio. Afinal, ela é a que possui o maior horizonte de investimento.

Portanto, aproveite o perfil de longo prazo do veículo para concentrar a parcela de risco. Na previdência é possível fazer balanceamentos sem ter o custo de antecipação de IR.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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IBGE divulga relatório elevando sua dívida, saiba qual https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/12/01/ibge-divulga-relatorio-elevando-sua-divida-saiba-qual/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/12/01/ibge-divulga-relatorio-elevando-sua-divida-saiba-qual/#respond Sun, 01 Dec 2019 05:30:56 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1978 Todos os anos logo antes do dia 01 de dezembro o IBGE divulga as Tábuas de Mortalidade para a população brasileira. Seguradoras e fundações de previdência acompanham este número de perto. No entanto, esta medida deveria ser acompanhada por todos.

A tábua é importante para entender qual ajuste você deve realizar no seu planejamento para aposentadoria.

No último levantamento do IBGE, em 2018, a expectativa de vida ao nascer dos brasileiros era de 76,3 anos. Mas este número engana. Ele é mais baixo devido à mortalidade infantil.

A tabela abaixo mostra qual a expectativa de vida, em anos, para brasileiros que tenham alcançado respectiva idade.

Expectativa de vida para brasileiros que estejam com cada respectiva idade. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas (DPE), Coordenação de População e Indicadores Sociais (COPIS).

Por exemplo, a expectativa média de vida para quem chega aos 60 anos de idade é de 23 anos, ou seja, quem chega aos 60 anos, deve esperar viver até os 83 anos.

Isto quer dizer que ao chegar aos 60 anos, você deve estar preparado para ter um patrimônio suficiente para proporcionar renda por pelo menos 23 anos.

Ressalta-se que a expectativa não significa a idade máxima, ou seja, você pode facilmente ultrapassá-la. Portanto, deve se proteger para o risco de viver mais.

Qual patrimônio é necessário para se aposentar?

Para entender qual patrimônio deveria ter, uma regra simples e, internacionalmente, aceita é a regra dos 4%. Por esta regra, o valor anual que você retiraria no primeiro ano de aposentadoria deveria ser de 4% do patrimônio. E este valor seria corrigido pela inflação nos próximos anos.

Mas esta regra considera uma diversificação em ativos de risco que está longe da realidade brasileira. A grande maioria dos brasileiros se diz conservadora e foge de aplicações que produzem volatilidade dos retornos. Entretanto, este perfil é mais explicado pelo desconhecimento e anos de ganhos altos sem precisar correr risco, do que da real capacidade de correr riscos.

Para os brasileiros “conservadores”, considerando o nível de taxa de juros atual, a regra deveria ser ajustada para 1,5%. Assim, o valor anual que este investidor poderia retirar no primeiro ano de aposentadoria deveria ser de apenas 1,5% do patrimônio. O mesmo, deveria ser corrigido pelo IPCA nos anos seguintes.

A diferença é grande e o esforço de poupança deve ser maior se insistir em manter um portfólio de investimentos mais conservador. Para aquele aplicador de perfil mais arrojado, o patrimônio necessário para uma renda de R$5 mil mensais deveria ser de R$ 1,5 milhões ( = 5.000* 12/ 0,04 ). Já no caso daqueles que concentram em ativos mais conservadores, o patrimônio no momento da aposentadoria para ter os mesmos R$ 5 mil mensais deveria ser de R$ 4 milhões.

Mas este é apenas uma regra de bolso. Se considerar a idade fornecida pelo IBGE, o montante necessário é menor.

Ajuste sua dívida

Fundações e seguradoras acompanham atentamente estas tabelas de expectativa de vida, pois elas sabem que terão de pagar um benefício por mais tempo, caso ela suba.

Perceba que estas entidades estão preocupadas em ter de pagar mais no futuro, pois precisam fazer um de dois ajustes hoje.

Este ajuste deve ser o mesmo que você deve analisar. Ou você eleva o risco de forma a carteira render mais ou aumenta o montante do aporte mensal poupado. Na verdade, você ainda tem uma terceira alternativa que é trabalhar por mais tempo de forma que a reserva financeira possa atingir o novo volume alvo.

Desde 2009 até 2018, a expectativa para quem tinha 60 anos se elevou em quinze meses. Pode parecer pouco, mas se esta elevação se repetir, isto demanda uma das três atitudes mencionadas acima.

Por exemplo, se você poupa 20% de sua renda para a aposentadoria, desconsiderando os juros, seriam necessários quase cinco meses para que você acumule a renda de um mês. Portanto, um aumento de quinze meses, representa uma elevação do tempo de poupança em 75 meses, ou seja, mais de seis anos de trabalho adicional. A premissa de desconsiderar o juros não é extrema para os investidores mais conservadores, pois a taxa de juros real (acima da inflação) destas aplicações está próxima de 1% ao ano apenas.

Nos últimos anos, a expectativa de vida calculada pelo IBGE tem subido sistematicamente. Portanto, você deve, hoje, se prevenir atuando na elevação de seu nível de poupança e na maior diversificação de sua carteira de investimento em ativos de risco, de forma a compensar esta elevação.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Saiba investir como os milionários https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/11/24/saiba-investir-como-os-milionarios/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/11/24/saiba-investir-como-os-milionarios/#respond Sun, 24 Nov 2019 05:30:36 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Planejamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1970 Você já ouviu falar de um produto chamado Fundo Exclusivo Fechado (FEF)? Investidores que possuem mais de R$ 20 milhões costumam adotar este veículo para realizar suas aplicações. Os FEFs possuem três grandes vantagens: facilita o planejamento sucessório, ausência de come-cotas e postergação do IR em movimentações entre fundos. Entretanto, devido aos custos elevados, este produto só compensa com elevadas somas. Outra desvantagem é que possibilita apenas um resgate por ano.

Vários investidores desconsideram, mas há um veículo que possui as três vantagens e não tem as duas desvantagens citadas para os FEFs. Este veículo são os produtos de previdência. Além das vantagens acima, eles possuem outras que menciono a seguir.

Antigamente desinteressantes, os planos de previdência reconhecidos por suas iniciais, VGBL e PGBL, evoluíram e hoje devem ser considerados em seu portfólio de investimentos. No passado, a falta de apelo sobre o produto era justificada por três motivos: elevadas taxas, produtos com baixa rentabilidade e pouca especialização.

O crescimento da concorrência no setor de seguradoras e a maior conscientização financeira dos investidores impulsionou o movimento de queda das taxas e busca pela melhoria dos produtos.

As taxas de carregamento – cobrança de um percentual sobre o valor aportado ou resgatado – foram abolidas pelas principais seguradoras. Adicionalmente, as elevadas taxas de administração que tornavam os produtos piores que fundos de investimentos similares foram reduzidas.

Outro fator que tem revolucionado é o crescente número de gestores especialistas que têm replicado suas estratégias nesses produtos. Há cerca de dez anos, apenas investidores do segmento private – pessoas com alguns milhões para investir – tinham acesso a esses gestores independentes.

O primeiro movimento de popularização veio com corretoras distribuindo os fundos de investimentos, destes desconhecidos gestores e, permitindo com que pequenos investidores tivessem acesso. As seguradoras também aderiram à maior diversificação de produtos distribuídos, possibilitando ao investidor aplicar em planos de previdência com produtos administrados por reconhecidos gestores.

Agora que as maiores desvantagens foram mitigadas, os benefícios dos produtos de previdência se destacam. Assim, há três razões que justificam seu portfólio possuir produtos de previdência privada do tipo VGBL ou PGBL.

Sucessão

Você provavelmente conhece alguém cuja família enfrentou problemas no recebimento ou na divisão dos bens financeiros com a morte de um parente.

Os produtos VGBL e PGBL, por se categorizarem como seguro, não entram em inventário e na maior parte do país não estão sujeitos à tributação de transmissão de bens por herança.

Assim, a sucessão destes recursos financeiros, para a família se torna mais rápida, pois já foi dividida, anteriormente e, está livre das amarras de inventário. Deste modo, evita-se o custo com advogados, que pode chegar a 10% do patrimônio, segundo tabela sugerida pela OAB. Adicionalmente, economiza-se o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) que pode alcançar 8%. Apenas poucos Estados brasileiros possuem liminar para recolher esse imposto dos produtos de previdência.

Portanto, além da maior velocidade de recebimento, é possível atingir uma economia de até 18%, se considerado os dois custos acima. Para se colocar em perspectiva o que apenas essa despesa significa, considere dois investidores que investem em produtos referenciados ao CDI atual de 4,9% ao ano. Um deles usa VGBL e o outro um fundo de investimento (FI) ou o Tesouro Selic (TS). O FI e o TS precisariam render 121% ao ano da rentabilidade do VGBL para que ambas as famílias tenham o mesmo recurso disponível como herança, caso o parente venha a óbito em vinte anos.

Alguns imaginam que, ao ficarem mais velhos ou com problemas graves de saúde, deveriam retirar os recursos de VGBLs ou PGBLs, mas é exatamente o contrário. A diferença de rentabilidade mencionada acima cresce inversamente com o tempo. Se o óbito do parente fosse ocorrer em dez anos, o FI e o TS precisariam render 126% ao ano da valorização do VGBL.

Com a elevação da possibilidade de óbito, que vem com a idade ou com enfermidade, recomenda-se que uma parcela maior seja revertida para produtos de previdência como forma de planejamento sucessório. Ao ponto que se o óbito fosse ocorrer amanhã, hoje todos os seus recursos deveriam estar em um VGBL ou PGBL.

Se você tem algum conhecido nestas condições, compartilhe esse artigo como forma de orientá-lo.

Menor imposto e taxas

Há duas vantagens fiscais em produtos de previdência: ausência de come-cotas e possibilidade da alíquota de IR cair a 10%.

Os produtos VGBL são similares a fundos de investimento, mas ao contrário dos FI de renda fixa ou multimercado, os VGBLs e PGBL não possuem a antecipação de IR semestral, chamada de come-cota.

Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, até 15 anos, a ausência de come-cotas não faz muita diferença, mas no longo prazo ela é significativa. Em trinta anos, assumindo que duas aplicações tenham rendimento igual ao CDI atual, a aplicação sem come-cota resultará em um valor, líquido de IR, 20% maior. Portanto, mais um percentual para acrescer ao que deixará a seus familiares ou que terá em sua aposentadoria.

O gráfico reflete o resultado líquido de IR, ao longo de semestres, de uma aplicação de R$10 mil em um investimento com come-cota como um fundo de investimento de renda fixa e outro sem come-cota como um VGBL. Ambos com retorno bruto de IR igual a 6,4% ao ano (131% do CDI atual), ou seja, equivalente ao rendimento médio de fundos multimercados. Para o VGBL foi utilizada alíquota de IR final de 10% e para o fundo de investimento de 15%.

Há dois regimes tributários para os produtos de previdência. No caso mais simples, chamado de regressivo ou definitivo, a alíquota de IR decai de 35% até 10% em dez anos e em caso de transmissão por herança, a alíquota não é superior a 25%. Lembra-se que investimentos tradicionais como os FI, títulos públicos e ações possuem uma alíquota mínima de 15% sobre os rendimentos. Portanto, é possível economizar mais 5% nos produtos de previdência.

Para aqueles que fazem a declaração completa, o benefício que o PGBL traz é ainda maior. Além da vantagem de imposto menor mencionado acima, você adia o pagamento de parte do IR sobre seu salário e ainda reduz a alíquota incidente em quase metade. No entanto, as vantagens de custos não estão só na parte fiscal.

Embora comparados a fundos de investimentos (FI), os PGBLs e VGBLs não são adequados para investimentos de curto e médio prazo. E a razão para isso é sua elevada tributação em resgates no curto prazo. Portanto, só invista nesses produtos se acredita que pode manter os recursos neles por mais de oito anos.

A maior parte dos produtos de previdência, mesmo os multimercados e de ações, não possui taxa de performance. Até o ano passado, não era permitido a estes produtos terem esta cobrança. Assim, o gestor pode correr menos risco no produto para dar o mesmo resultado que o FI com esta taxa.

Disciplina

O maior vilão, responsável por indivíduos não conseguirem acumular patrimônio até a aposentadoria, é a falta de disciplina. Infelizmente, somos naturalmente procrastinadores e imediatistas.

Adiamos a decisão de começar a poupar e preferimos consumir toda a renda mensal hoje sem deixar nada para a poupança para a previdência.

Assim como a compra do imóvel é importante para a formação do patrimônio financeiro, pois te obriga a pagar um financiamento e não te permite vender, os planos de previdência podem ter o mesmo efeito, mas com uma vantagem complementar.

A adesão a um plano de previdência faz com que parte de sua renda seja automaticamente destinada a esta reserva, logo, é igualmente disciplinador ao financiamento imobiliário. Entretanto, ao contrário do empréstimo financeiro que te faz pagar o dobro do valor do imóvel, o investimento de longo prazo em uma previdência permite que você tenha o dobro do que colocou.

Apesar de ainda haver espaço para evolução, flexibilizando sua legislação mais restritiva, os produtos de previdência progrediram o suficiente nos últimos três anos para se tornarem parte de seu portfólio. No entanto, ainda é necessário realizar pesquisa para escolha dos melhores produtos e verificar a adequação do perfil de investidor e horizonte de investimento.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Cinco perguntas para planejar sua aposentadoria https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/10/27/cinco-perguntas-para-planejar-sua-aposentadoria/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/10/27/cinco-perguntas-para-planejar-sua-aposentadoria/#respond Sun, 27 Oct 2019 05:30:06 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/Caminho-Lugano-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1934 A aprovação da reforma da previdência e a intensificação do debate sobre o assunto tem feito brasileiros se preocuparem mais com suas respectivas aposentadorias. O reflexo disto está nos números de captação dos planos de previdência. Segundo a Anbima, em 2019 a captação líquida é quase o dobro da ocorrida no mesmo período do ano passado.

Quase todos estes investidores vão poupando sem objetivo estabelecido, alguns esporadicamente e outros com mais disciplina. Entretanto, não sabem se estão fazendo corretamente e ingenuamente esperam que com isso cheguem ao lugar certo.

O erro será devastador, pois será descoberto em um instante que não permite mais correção, ou seja, quando estiverem prestes a se aposentar. Como consequência terão seu padrão de vida e sossego comprometidos justamente no momento que esperavam a tranquilidade.

Para evitar este erro, a solução é o planejamento. Neste sentido, o professor da Universidade de Montreal, Jacques Lussier escreveu um livro, disponibilizado gratuitamente no link, em que discute o desafio.

Comento a seguir quais as cinco perguntas que Lussier propõe e que você deve responder para planejar sua aposentadoria. Adicionalmente, implementei uma planilha para te ajudar neste planejamento e a ofereço ao leitor no link.

Planilha para planejar sua aposentadoria. Faça o download, clicando no link.

Estas cinco perguntas são fundamentais, pois elas podem dar a resposta que você precisa que é: Qual renda mensal posso contar na aposentadoria?

1- Quanto posso poupar mensalmente?

Normalmente as pessoas se perguntam “quanto posso poupar mensalmente?”. Entretanto, a pergunta mais adequada é: “quanto devo poupar mensalmente?”.

O erro ocorre porque as pessoas, rotineiramente, não consideram a previdência como uma dívida, mas como um capricho. Portanto, acabam guardando para ela apenas o que sobrou durante o mês.

Esta falha só é percebida quando se está muito próximo de se aposentar.

2- Por quanto tempo irei investir antes de me aposentar?

O poder do juros sobre juros é algo extraordinário, mas só é percebido no longo prazo.

Assim, quanto maior o intervalo de tempo de investimento, menor será o esforço necessário em se privar de consumo no curto prazo.

Se possível, adie o início de sua aposentadoria, mantendo a atividade remunerada que possui.

Prazos superiores a trinta anos costumam produzir melhores resultados.

3- Qual o prazo de utilização dos recursos poupados, ou seja, qual o período de aposentadoria?

No caso do período de gozo da aposentadoria, como não está exercendo nenhuma atividade com remuneração, esta virá apenas dos rendimentos das aplicações.

Ela não pode ser muito longa, pois seus recursos não vão durar ou vai precisar retirar menos mensalmente.

O ideal é que 0 intervalo de tempo da aposentadoria seja inferior ao tempo de acumulação para ela. Uma relação de 2/3 seria ótima, ou seja, o período de retiradas ser no máximo 2/3 do intervalo de aplicação.

4- Qual  rendimento considerar no período de poupança?

A rentabilidade no período de acumulação de recursos pode ser comparada ao fermento de um bolo. Se escolher o fermento errado não colocar na forma adequada ou suficiente seu bolo pode terminar murcho. O mesmo pode ocorrer com seu patrimônio quando chegar a aposentadoria.

É fundamental que tenha uma carteira diversificada, principalmente considerando o nível atual de taxa de juros real (taxa de juros acima da inflação).

Evite manter qualquer recurso na poupança. Ela rende apenas a inflação. Portanto, você não ganha juros real algum aplicando nela.

Controle seu fluxo de caixa e mantenha em aplicações de liquidez diária apenas o que realmente precisar. É reconhecido que aplicações de prazo maior possuem um prêmio.

O portfólio deve estar diversificado em classe de ativos diferentes: fundos e títulos de renda fixa, fundos multimercados, fundos imobiliários e fundos de ações.

Na planilha disponível no link você pode simular portfólios diferentes e ver qual possibilita chegar ao retorno que atende seu objetivo.

Ressalta-se a importância de considerar o perfil de investidor e o cuidado para não correr mais risco que o necessário.

5- Qual o rendimento assumir no momento de gozo da aposentadoria?

Quando chegamos à aposentadoria, normalmente, nossas fontes de renda de atividades profissionais se extinguem. Desta forma, não é razoável considerar um rendimento similar ou superior ao que tinha no período de acumulação do patrimônio.

No prazo de benefício da aposentadoria, precisa ter um portfólio mais conservador, pois não haverá tempo para recompor eventuais perdas.

Entretanto, também não pode aplicar apenas em ativos conservadores, pois este intervalo de tempo pode durar mais de 30 anos. No longo prazo, se espera que aplicações de maior risco produzam, na média, melhores resultados.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Os dez melhores (e piores) FIIs para complementar sua aposentadoria https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/02/24/os-dez-melhores-e-piores-fiis-para-complementar-sua-aposentadoria/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/02/24/os-dez-melhores-e-piores-fiis-para-complementar-sua-aposentadoria/#respond Sun, 24 Feb 2019 05:30:14 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Chicago-imovel-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1574 O debate sobre a reforma da previdência tem despertado nos brasileiros a preocupação com suas poupanças. O momento é singular, pois os atuais investidores nunca se depararam com uma taxa básica da economia tão baixa, e com possibilidade de ficar ainda menor no curto prazo. A soma destes dois fatores tem levado estes poupadores a buscarem alternativas para elevar os rendimentos. Discuto abaixo uma das opções de investimentos mais discutidas atualmente.

A taxa DI, usualmente chamada de CDI, é a taxa de renda fixa referência para a maioria dos aplicadores. Essa taxa está atualmente em 6,4% ao ano, ou 0,52% ao mês. Não se engane, a tradicional caderneta de poupança rende ainda menos.

Para obter maior retorno, o investidor precisa correr mais risco. Os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) são um investimento de risco que tem, dentre várias, três características desejadas pela maioria dos investidores: isenção de IR nos ganhos de dividendos, referenciado em imóveis e liquidez para resgate. Além de apresentarem perspectiva positiva de valorização e ganhos de dividendos, na média, maiores que o CDI.

Discuto a seguir cinco fatores que são avaliados pelos interessados em FIIs e que podem te ajudar na construção de sua carteira. Ao final do texto, há um link para um relatório com recomendações de investimento, disponibilizado por Raul Grego, chefe da área de pesquisa em FIIs da Eleven Financial Research. A Eleven é uma das mais reconhecidas empresas de análises de investimentos independentes do mercado brasileiro.

Como Grego alerta, nenhum fator sozinho é suficiente para tomar uma decisão de investimento. Além dos fatores abaixo, sua pesquisa envolve a construção de fluxos de caixa, entrevistas com gestores e profissionais de mercado, além de visitas aos empreendimentos.

Valor de mercado

Sabemos que “tamanho não é documento”, mas no caso dos FIIs, o tamanho sinaliza um importante fator, a diversificação. A distribuição em vários imóveis é uma variável para redução do risco de vacância. A vacância ocorre quando o imóvel que o FII possui fica desocupado e não recebe renda de aluguel.

Uma característica dos menores FIIs é que, em geral, são constituídos por apenas um empreendimento. Este fato traz maiores riscos, pois muitas vezes existem poucos ou apenas um locatário.

Portanto, quanto maior o FII, menores são os riscos de o investidor sofrer uma forte queda de dividendos com a saída de um locatário.

Abaixo, incluo uma tabela com os dez maiores e menores FIIs que compõem o índice de FIIs da B3 (IFIX).

Os 10 fundos de investimento imobiliários com menor valor de mercado. Fonte: Economatica.
Os 10 fundos de investimento imobiliários com maior valor de mercado. Fonte: Economatica.

Liquidez

A liquidez representa a facilidade de se vender as cotas do FII no mercado. Os FIIs são negociados em bolsa. Portanto, o volume negociado diariamente retrata quão rápido o aplicador conseguiria vender suas cotas no mercado, caso precisasse.

Uma conta simples para saber quanto tempo levará para vender seu FII sem que pressione muito o preço para baixo é considerar que só venderia em cada dia, um terço da média diária de negociação.

Por exemplo, se tem R$30 mil no fundo FIXX11, o menos líquido, levaria quase três dias para vender sua participação, de forma a não pressionar as cotações para baixo.

A seguir, apresento os FIIs com maior e aqueles com menor volume médio de negociação diária.

Os 10 fundos de investimentos imobiliários com menor volume médio de negociação diária. Fonte: Economatica.
Os 10 fundos de investimentos imobiliários com maior volume médio de negociação diária. Fonte: Economatica.

Valor de mercado / Valor Patrimonial

Anualmente, os FIIs precisam contratar uma empresa independente que avalia o valor de seus imóveis e este é o valor patrimonial. O valor de mercado é aquele atribuído pelos investidores.

Não é possível dizer qual dos dois valores estaria mais correto. Entretanto, usualmente o valor de mercado (VM) mais baixo que o patrimonial (VP) ocorre por uma queda dos dividendos, devido a vacância. Se for esperada uma queda da vacância, o VM tenderia a convergir para o patrimonial.

Grego é um crítico deste indicador e alerta para os cuidados sem uma análise mais aprofundada. O fato de o VM ser superior ao VP não quer dizer que o FII está caro. O VP pode ser reavaliado para cima no ano seguinte, tendo em vista as novas condições e o VM pode estar refletindo esta expectativa.

Embora o indicador não sinalize que o FII está barato ou caro, ele é um alerta para se realizar análise mais aprofundada, a fim de se encontrar possíveis oportunidades de compra ou de venda.

Os 10 fundos de investimentos imobiliários com menor índice Valor de mercado/ Valor patrimonial. Fonte: Economatica.
Os 10 fundos de investimentos imobiliários com maior índice Valor de mercado/ Valor patrimonial. Fonte: Economatica.

Ganho de dividendos

O ganho de dividendo é calculado dividindo-se o valor em proventos distribuídos aos cotistas pelas respectivas cotações dos FIIs. Este é um dos principais indicadores acompanhados pelos investidores pessoas físicas.

Isto ocorre, pois é a forma mais simples de o investidor acompanhar se o FII está gerando os resultados desejados. Normalmente, os investidores fogem dos FIIs com baixo ganho de dividendo e são atraídos por aqueles que pagam uma alta remuneração.

Este indicador merece cuidado, pois um alto dividendo hoje pode não ser sustentável no longo prazo. Alguns FIIs possuem contrato de pagamento de dividendos garantidos que possuem curta duração e que podem ter risco de cair no futuro.

Um baixo ganho de dividendo pode representar uma elevada vacância no curto prazo. Uma análise do imóvel e das perspectivas de demandas é necessária para entender as possibilidades de elevação dos dividendos.

Como comparação, o CDI nos últimos três anos rendeu 32%. Líquido de IR, essa remuneração seria de 27,2%. O décimo pior FII em remuneração por dividendo distribuiu 86% dessa taxa. Já o décimo melhor FII distribuiu 150% do rendimento do CDI.

Outro paralelo a ser realizado é com os alugueis de imóveis. O décimo pior FII pagou em dividendos uma taxa equivalente a 0,59% ao mês. Segundo o FipeZap, os alugueis residenciais não remuneram nem metade disto, quando considerado o IR. Portanto, quem compra apartamento para alugar estaria fazendo um péssimo investimento, pois os FII remuneram mais e representam a mesma classe de imóveis.

Abaixo listo os FIIs com maiores e menores ganhos de dividendos nos últimos três anos.

Os 10 fundos de investimentos imobiliários com menor ganho de dividendo nos últimos 36 meses. Fonte: Economatica.
Os 10 fundos de investimentos imobiliários com maior ganho de dividendo nos últimos 36 meses. Fonte: Economatica.

Retorno total

O retorno total é a composição do ganho de dividendos e da valorização de preço. Na decisão de investimento, deve-se levar em conta que você um dia venderá as cotas que possui.

Se o ganho de dividendo é bom, mas as perspectivas com relação aos imóveis do fundo são ruins, tudo o que você ganhar em dividendos, pode ser perdido na desvalorização das cotas.

Os melhores FIIs são aqueles que agregam as duas características, bom pagamento de dividendos, sinalizando estabilidade nas locações, e uma boa perspectiva de valorização dos imóveis que vai ser refletida nas cotações do FII.

Abaixo listo os FIIs com maiores e menores retornos totais nos últimos três anos.

Os 10 fundos de investimentos imobiliários com menor retorno total nos últimos 36 meses. Fonte: Economatica.
Os 10 fundos de investimentos imobiliários com maior retorno total nos últimos 36 meses. Fonte: Economatica.

Clique neste link e faça o download do relatório de FII abaixo que foi disponibilizado pela Eleven Financial Research.


Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor

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