De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Preocupado com a previdência? Um outro fator deveria te assustar ainda mais https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/06/23/preocupado-com-a-previdencia-um-outro-fator-deveria-te-assustar-ainda-mais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/06/23/preocupado-com-a-previdencia-um-outro-fator-deveria-te-assustar-ainda-mais/#respond Sun, 23 Jun 2019 05:30:15 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/prev-assusta-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1748 O recente debate sobre a reforma da previdência acirrou várias discussões. Para alguns, a proposta de fixação de uma idade mínima para aposentadoria – 65 anos para homens e 60 anos para mulheres – seria um absurdo. No entanto, uma mudança ocorrida no mercado financeiro no último ano deveria deixar todos os brasileiros de cabelos em pé.

Não é para menos, a alteração a que me refiro, pode causar um de quatro efeitos:

  • quase dobrar o montante necessário para você poupar e ter o mesmo benefício;
  • elevar em mais de 30% o tempo necessário para se aposentar com a mesma renda; ou
  • reduzir em mais de 50% o tempo para usufruir do provento; ou
  • receber uma renda quase 40% menor do que esperava.

Apenas inocentes acreditam que a entidade governo é quem paga a aposentadoria pública. Este benefício é hoje pago pelos trabalhadores da ativa e por todos os brasileiros por meio de impostos. No entanto, com o envelhecimento da população e a maior sobrevida desta, o sistema fica insustentável.

Portanto, é óbvio que você mesmo terá de planejar sua aposentadoria ou pelo menos complementar o pouco que receberá.

Enquanto muitos se preocupam com os detalhes da reforma, poucos se deram conta que as taxas de juros reais (acima da inflação), que possibilitam o crescimento de suas poupanças, caíram a seus mínimos históricos. E a expectativa é que não voltem mais ao patamar anterior.

Nos últimos dois anos, a taxa de juros que remunera os títulos referenciados à inflação de longo prazo (vencimento em 2045) estavam na média de 5,5% ao ano.

Se você for investir nestes títulos agora, vai ter um ganho de apenas 3,8% ao ano acima da inflação. Reforço que esta é a taxa de juros que faz seu dinheiro realmente crescer, pois a remuneração da inflação serve apenas para repor o poder de compra.

A intensidade e velocidade que essa taxa de juros caiu surpreendeu a todos os investidores.

Para entender o efeito desta queda de juros em sua aposentadoria, ilustro com um exemplo. Considerando a taxa de juros de 5,5% ao ano, para ter uma renda mensal de R$ 5 mil por 30 anos, você precisaria poupar mensalmente R$ 725.

Simulação da renda recebida por uma poupança de R$725, acumulada por 35 anos a uma taxa real de juros de 5,5% ao ano.

Reforço que todos os montantes são a valores de hoje, ou seja, são corrigidos pela inflação. Assim, o mesmo que você compra hoje com R$ 5 mil, poderá comprar em qualquer momento no futuro.

Vamos dividir a simulação em quatro casos que representam as consequências da queda da taxa.

Quadro geral dos quatro efeitos da queda da taxa de juros real sobre sua aposentadoria.

 

Você vai ter de poupar mais

Com a nova taxa de juros, de 3,8% ao ano, para ter o mesmo benefício, você deverá poupar um valor de R$ 1.252,29.

Portanto, vai precisar revisar seu orçamento e cortar despesas a partir de hoje. O esforço de poupança deve se elevar em mais de 70%.

 

Simulação sobre o efeito no montante a poupar com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai ter de poupar por mais tempo

Se você não consegue reduzir gastos para poupar mais, vai ter de poupar por mais tempo. Com a nova taxa de juros, de 3,8% ao ano, para ter o mesmo benefício, o tempo de acumulação de recursos vai subir em mais de 30%.

Portanto, em vez de investir mensalmente por 35 anos, vai passar 46 anos depositando em sua carteira de previdência.

Para um jovem que iniciou sua carreira profissional aos 20 anos de idade, isto significa que ele não vai conseguir se aposentar com menos de 66 anos. Logo, a idade mínima estipulada na reforma de 65 anos não parece tão assustadora.

Simulação sobre o efeito no tempo de poupança com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai usufruir do benefício por menos tempo

Caso você não esteja disposto a esperar onze anos adicionais para se aposentar e não consiga poupar mais, vai ter de contar com o benefício por menos tempo.

Este caso vai afetar não só quem está iniciando sua vida profissional, mas, principalmente, quem já está mais próximo de se aposentar.

Vários investidores quando programaram sua aposentadoria, contaram que o montante guardado renderia uma taxa 50% maior que a atual. Portanto, a situação destes é mais crítica.

Não sobrará muitas alternativas a não ser poupar por mais tempo ou reduzir benefício pretendido, que abordaremos a seguir.

Simulação sobre o efeito no tempo de usufruto da aposentadoria com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai ter um renda inferior

Na simulação em que não altera nenhuma das condições de acumulação, mas apenas a taxa de juros, o valor do benefício na aposentadoria pode ser quase 50% menor.

Como mencionado anteriormente, esta é a situação daqueles que estão para se aposentar, pois o plano não considerava esta condição de taxas tão baixas.

Mesmo que tenha acumulado o patrimônio com taxas de juros mais elevadas, o fato de os juros serem quase 30% menores reduzirá a renda em cerca de 20%. Portanto, comprometendo qualquer orçamento que tenha sido planejado.

Simulação sobre o efeito no montante da renda na aposentadoria com a queda da taxa de juros real.

 

Em qualquer das situações acima, o efeito da queda de taxas de juros reais ocorrida neste ano, promoverá uma consequência mais significativa que a reforma da previdência em sua versão mais rigorosa.

Outra consequência desta queda da taxa de juros será a maior relevância na seleção da carteira de investimentos de forma a recompor parte dos ganhos perdidos. Esta recomposição passa por incorporar os riscos de mercado e de crédito. Portanto, os brasileiros terão de se acostumar com as consequências destes riscos nos seus portfólios.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Como investir em renda fixa e obter retorno maior que no Tesouro Direto https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/22/como-investir-em-renda-fixa-e-obter-retorno-maior-que-no-tesouro-direto/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/22/como-investir-em-renda-fixa-e-obter-retorno-maior-que-no-tesouro-direto/#respond Sun, 22 Jul 2018 09:00:35 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Vitrine-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1206 A popularização da plataforma do Tesouro Direto proporcionou aos investidores um ganho de rentabilidade acima das aplicações tradicionais dos grandes bancos e sobre a decadente caderneta de poupança.

O desenvolvimento do mercado de renda fixa brasileiro deve resultar em um novo salto de rentabilidade, mas é preciso considerar com cuidado os riscos de cada investimento.

A plataforma do Tesouro Direto disponibiliza a negociação de títulos públicos de três tipos: referenciados à taxa Selic, prefixado e referenciado ao IPCA. As vantagens dessa plataforma são a possibilidade de se investir valores tão baixos quanto R$30, a liquidez para venda e o baixo risco de crédito dos títulos. Entretanto, essas vantagens têm um custo mínimo de 0,30% ao ano.

Com a taxa Selic em 6,4% ao ano, esse custo faz com que o título Tesouro Selic renda apenas 95,5% do CDI que está em 6,39% ao ano.

Existem fundos de renda fixa referenciados ao CDI, com baixo risco, liquidez e com aplicação inicial a partir de R$3 mil que rendem pelo menos 100% do CDI já líquidos de todos os custos. Alguns desses fundos chegaram a proporcionar retornos superiores a 105% do CDI nos últimos anos. No passado, eles estavam disponíveis apenas para clientes private, mas já podem ser adquiridos em diversas corretoras.

O retorno superior de pelo menos 0,3% ao ano pode parecer pequeno no curto prazo, mas resulta em uma diferença de quase 6% em 20 anos, ou de R$1,8 mil a mais se investiu R$10 mil pelo mesmo período.

Também há as alternativas de CRIs e CRAs de empresas de baixo risco de crédito que têm sido distribuídos a taxas líquidas de IR de 95% do CDI. Como esses títulos são isentos de IR e o título Tesouro Selic é tributado, a diferença é significativa. Um retorno de 95% do CDI líquido equivale a um retorno de um título sujeito a IR de no mínimo 111,7% do CDI, ou mais se o título tributado precisa ser vendido em menos de dois anos.

A vantagem deles sobre os títulos públicos é ainda mais significativa no longo prazo do que a descrita anteriormente. Entretanto, ela vem com um risco de crédito um pouco maior. Para mitigar esse risco, o investidor deve limitar o investimento por emissor em no máximo 2% a 3% de seu patrimônio.

No caso dos títulos prefixados e referenciados ao IPCA, o ganho dos títulos privados pode ser ainda maior.

Os CDBs de bancos médios com garantia do FGC, prefixados e referenciados ao IPCA são vendidos nas corretoras com rentabilidade 20% superior à dos títulos públicos de mesmo prazo.

Enquanto o aplicador obtém 9% ao ano de retorno no título Tesouro Prefixado de três anos, um CDB de banco médio, de prazo similar, apresenta rentabilidade próxima a 10,8% ao ano.

Se fosse possível conseguir as mesmas taxas por vinte anos, o CDB resultaria em rentabilidade de quase 50% superior à do título público devido ao poder dos juros compostos.

Nos títulos referenciados ao IPCA é possível se valer dos ganhos de isenção de IR nas debêntures incentivadas e nos CRIs e CRAs. Mesmo que o título isento tenha a mesma taxa do título público, a isenção de IR proporciona, anualmente, retorno real líquido 34% superior ao do título público, pois a inflação também é tributada e reduz o retorno real do título sujeito a IR.

Vale destacar que o ganho adicional dos títulos privados ocorre devido ao risco de crédito que possuem. Para mitigar esse risco de crédito o investidor pode se valer da garantia do FGC para as emissões bancárias e limitar a participação por emissor nos títulos que não possuem esse seguro como os CRIs, CRAs e debêntures.

Para aqueles investidores que desejam correr menor risco de crédito, os fundos de investimento em infraestrutura que aplicam em debêntures incentivadas são uma boa opção, pois o gestor do fundo faz a análise de risco e diversifica em vários ativos. Alguns desses fundos possuem investimento mínimo de R$1mil. Lembro que o investimento mínimo em uma debênture, CRI ou CRA é próximo a R$1 mil. Logo, os fundos permitem uma grande diversificação, ou seja, menor risco de crédito e com o mesmo valor.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Tesouro Direto: por que a maioria está resgatando e o que você deveria fazer? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/01/tesouro-direto-por-que-a-maioria-esta-resgatando-e-o-que-voce-deveria-fazer/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/01/tesouro-direto-por-que-a-maioria-esta-resgatando-e-o-que-voce-deveria-fazer/#respond Sun, 01 Jul 2018 09:00:18 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Zé-Vicente-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1177 Segundo dados do Tesouro Nacional, desde agosto de 2017 os investidores têm mais resgatado do que aplicado em títulos na plataforma Tesouro Direto. Três razões explicam esse movimento dos investidores. Entretanto, o que parece ser algo ruim, na verdade é uma oportunidade que está sendo desperdiçada.

Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, depois de 26 meses de aplicação líquida positiva na plataforma do Tesouro Direto (TD) ela deve apresentar seu décimo primeiro mês consecutivo de resgates agora em junho.

Aplicação líquida em títulos públicos (compras – vendas) na plataforma Tesouro Direto (Fonte: Tesouro Nacional).

O movimento pessimista dos investidores pode ser explicado por três fatores: baixa rentabilidade da renda fixa, busca por aplicações mais agressivas e quebra de expectativa dos investidores.

A redução da taxa Selic realizada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) iniciada em outubro de 2016 trouxe a remuneração da renda fixa brasileira para os níveis historicamente baixos. Esse movimento trouxe como consequência um rebalanceamento dos portfólios.

Os investimentos em renda fixa são usualmente mais conservadores. Entretanto, como no passado a remuneração era interessante, mesmo investidores com perfil moderado e agressivo concentravam suas aplicações em renda fixa. A queda nas taxas fez com que esses investidores procurassem alternativas mais agressivas como fundos multimercado, fundos de investimentos imobiliários e fundos de ações.

No entanto, os títulos que sofreram mais resgates do TD não foram os mais conservadores, mas os referenciados a IPCA e prefixados, que são aqueles que possuem maior volatilidade e podem resultar em perda de capital caso seja vendido antes do vencimento.

Nos dez meses terminados em maio de 2018, os resgates nesses dois tipos de títulos ultrapassaram em mais de R$ 4 bilhões o valor de compras nos mesmos. Enquanto nos dez meses anteriores, a captação líquida (compra-venda) somou mais de R$ 5 bilhões. Essa forte reversão é explicada pela quebra de expectativa de rentabilidade dos investidores.

Quem investiu nesses dois tipos de títulos (prefixado e referenciado a IPCA) em qualquer dia desde meados de 2015 e manteve o título até o final de 2016 obteve rentabilidades superiores ao retorno do título mais conservador (Tesouro Selic).

No gráfico abaixo, é possível ver que quem investiu no segundo semestre de 2015, teve retornos de até 20% acima da Selic até o início de 2017. Essa rentabilidade extraordinária atraiu muitos investidores.

Retorno médio dos títulos públicos prefixados e referenciados a IPCA em excesso ao retorno da Selic. O gráfico mostra a rentabilidade média em excesso desses títulos para um investimento até 30/12/206 (Fonte: Economatica).
Retorno médio dos títulos públicos prefixados e referenciados a IPCA em excesso ao retorno da Selic. O gráfico mostra a rentabilidade média em excesso desses títulos para um investimento em qualquer dia desde meados de 2015 até 30/12/2016 (Fonte: Economatica).

Entretanto, essa expectativa de rentabilidade em excesso foi frustrada. O gráfico abaixo mostra que quem investiu nesses dois tipos de títulos em quase qualquer dia desde o início de 2017 e os manteve até o final de junho de 2018, na média, perdeu da remuneração da Selic. Apenas os títulos prefixados apresentaram melhor desempenho quando o investimento foi feito no primeiro semestre de 2017.

Retorno médio dos títulos públicos prefixados e referenciados a IPCA em excesso ao retorno da Selic. O gráfico mostra a rentabilidade média em excesso desses títulos para um investimento em qualquer dia desde o final de 2016 até 29/06/2018 (Fonte: Economatica).

Essa quebra de expectativa demonstra o desconhecimento daqueles que investiram nesse tipo de título. De fato, quando as taxas de juros de longo prazo sobem, como ocorreu nos meses de maio e junho de 2018, esses títulos apresentaram forte queda. Mas é justamente quando as taxas sobem que os títulos ficam mais interessantes para serem adquiridos.

Para aproveitar a oportunidade com as taxas de renda fixa mais elevadas, o investidor deve atentar para o vencimento dos títulos. De preferência, só adquira títulos com vencimento longo se puder mantê-los por todo o prazo, pois quanto maior a maturidade do título, maior sua volatilidade com os movimentos das taxas de juros.

Prefira os títulos referenciados a Selic se precisa dos recursos até dois anos. O Tesouro Prefixado com vencimento em 2021 é o ideal para investimentos até três anos. Para aplicações com horizonte mais longo, os títulos referenciados ao IPCA oferecem, além da proteção contra a perda do poder de compra, um ganho acima da inflação bastante interessante.

Como são investimentos para o longo prazo, recomenda-se não se deixar levar pela volatilidade de curto prazo. Se mantiver os títulos até o vencimento, vai obter a rentabilidade contratada.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Saiba como seus investimentos são afetados pela greve dos caminhoneiros https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/27/saiba-como-seus-investimentos-sao-afetados-pela-greve-dos-caminhoneiros/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/27/saiba-como-seus-investimentos-sao-afetados-pela-greve-dos-caminhoneiros/#respond Sun, 27 May 2018 09:00:41 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/Gasolina-e-diesel-sofreram-cinco-reajustes-consecutivos-entre-os-dias-15-e-19-de-maio-PA-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1106 A greve dos caminhoneiros nesta semana esvaziou as prateleiras dos supermercados e elevou os preços de alimentos. No mercado financeiro, os preços foram na direção contrária. Enquanto a atenção do brasileiros está voltada para alta dos preços de perecíveis, a queda dos ativos financeiros que pode trazer oportunidades duradoras parece relevada.

Conforme escrevi anteriormente, o mês de maio marca o início de um período do ano que historicamente apresenta os piores resultados. No ano passado, coincidentemente, o mercado foi impactado pela divulgação das delações dos sócios da JBS.

Enquanto, o principal índice da bolsa americana o S&P500 caía quase 1% no ano até o final de abril de 2018, os ativos brasileiros apresentavam expressivos ganhos. E o câmbio, “como canário de mina”, já mostrava sinais de que investidores se protegiam para o pior.

Retorno dos principais ativos financeiros no ano de 2018 até 30 de abril. (Fonte: Quantum)

Neste mês de maio, a greve dos caminhoneiros não foi o primeiro motivo a retirar o brilho que os mercados apresentavam até abril. A decepção dos mercados com a manutenção das taxas de juros pelo COPOM fez com que investidores realizassem parte dos lucros do ano.

As consequências da greve nesta semana trouxe incerteza com relação ao crescimento da economia e perspectiva de maior inflação, mas que ainda são vistas como temporárias como alerta Alexandre Lintz, estrategista da Garde:

“Problemas logísticos levarão alguns alimentos in natura a apresentarem fortes oscilações de preços, não necessariamente para cima, em função de desequilíbrios regionais de curto prazo entre oferta e demanda. A atividade econômica sofrerá um impacto negativo em um primeiro momento em função das paradas que estão ocorrendo em diversas linhas de produção no país. Porém, esses efeitos tendem a ser temporários e com baixo impacto no quadro macroeconômico de médio prazo.”

Seguindo o sentido contrário do mercado internacional que subiu essa semana e no mês, os investidores já ajustaram os preços dos ativos brasileiros para a elevação dos riscos.

Retorno dos principais ativos financeiros no ano, em maio e nesta primeira semana de greve dos caminhoneiros. (Fonte: Quantum)

Renda Fixa

No segmento de renda fixa, a greve promoveu dois efeitos: receios com pressão inflacionária e elevação de risco político. Entretanto, conforme descreve Lintz, o principal deles é o segundo:

“O maior impacto desta greve poderá ser na percepção de estabilidade institucional no país, principalmente em função da resposta irresponsável que a classe política tem dado para o problema. Discussões de mudanças importantes no regime fiscal e na política de preços da Petrobras por pressão de grupos específicos quando o país passa por um período desafiador de ajuste fiscal pode resultar em maior incerteza macroeconômica com impactos negativos nas perspectivas de investimentos.”

Essa incerteza se reflete no prêmio cobrado pelos investidores para investir em títulos de renda fixa de longo prazo no Brasil:

“O forte aumento das taxas de juros de longo prazo e da inflação implícita nos títulos públicos nos últimos dias expressam essa preocupação do mercado.”

Maior prêmio significa maior potencial de retorno. Talvez as taxas de longo prazo possam se elevar ainda mais com o risco, mas o prêmio nas taxas prefixadas de médio prazo se mostra interessante.

Importante lembrar que o CDI se encontra baixo. Portanto, uma aceleração da inflação pode eliminar o juros real (acima do IPCA) de cerca de 3% ao ano implícito no CDI.

Renda variável

O mercado de ações foi o que mais sofreu como consequência da greve, pois além de ser afetado com o aumento de risco, o crescimento esperado dos lucros das empresas também foi comprometido.

As paralisações reduzem a confiança dos indivíduos e empresários. Como consequência, há uma retração de consumo pelos primeiros, e de investimentos por parte dos empresários. Em simulações com analistas, chegamos a perdas de 4% nos lucros esperados das empresas a cada semana que a greve se estende.

Entretanto, essa redução de lucro no curto prazo representa pouco, se o cenário de longo prazo não for alterado. Portanto, tão ou mais importante que o impacto do lucro pela greve nessa semana é o reflexo sobre a eleição desse ano e a perspectiva dos candidatos em se manterem comprometidos com as reformas necessárias para redução do endividamento e consequentemente do risco país.

Apesar da desvalorização dos preços, os riscos desta greve persistir ou de outras classes de trabalhadores se aliarem, trazendo mais paralizações, sustenta cautela. No entanto, para quem não possui qualquer investimento em ações, mas tem perfil diferente de conservador, pode aproveitar para alocar uma pequena parcela em fundos de ações pagadoras de dividendos.

Outra classe de ativos afetada foi a dos fundos de investimentos imobiliários (FIIs). O analista de fundos imobiliários da Eleven Research, Raul Grego também acredita que:

“No longo prazo não há mudança nos fundamentos dos empreendimentos imobiliários.”

Embora não acredite em efeitos no longo prazo, ele indica como a greve pode afetar os FIIs no curto prazo:

“O segmento de shoppings poderia ser impactado com um menor fluxo de pessoas indo aos shoppings por meio de qualquer veículo para simplesmente economizar combustível, o que poderia sugerir uma redução no aluguel variável e na receita de estacionamento do mês. No entanto, seria um impacto de curtíssimo prazo, não relevante para mudar os fundamentos de qualquer fundo imobiliário.“

Como mencionei anteriormente, os ativos referenciados à inflação são os veículos mais adequados para proteção contra desvalorização do câmbio. A recente queda das cotações, trouxe o preço do índice de fundos imobiliários (IFIX) para patamar inferior ao do início do ano. Vários FIIs apresentam retorno esperado por dividendos de 7% isentos de IR e corrigidos pelo IPCA.

O ambiente de incerteza sugere cautela, pois como indica Lintz:

“Ainda é cedo para dizer, mas se optarmos por desviar, mesmo que temporariamente, do plano de ajuste das contas públicas e da implementação de reformas o viés macroeconômico para o futuro será de maior inflação e atividade econômica mais fraca.”

Entretanto, a queda nos preços também merece atenção para aproveitar oportunidades.

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Veja se seu prejuízo recente no Tesouro Direto é preocupante https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/20/veja-se-seu-prejuizo-recente-no-tesouro-direto-e-preocupante/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/20/veja-se-seu-prejuizo-recente-no-tesouro-direto-e-preocupante/#respond Sun, 20 May 2018 09:00:56 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/Dinh-Comugnero-Silvana-Fotolia.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1097 Nos últimos dois dias úteis (17 e 18 de maio) o site da plataforma do Tesouro Direto suspendeu as operações devido à intensa volatilidade do mercado. A variação nos preços dos títulos, chamada de volatilidade, já estava maior no último mês, mas se intensificou após a surpresa na decisão do COPOM (Comitê de Política Monetária) em manter as taxas de juros. Acumulando perdas recentes, vários investidores sofrem com a incerteza nos mercados e se questionam se vale trocar seus títulos por aplicações mais conservadoras.

Avaliando a tabela abaixo, é possível ver que 9 dos 10 títulos públicos federais disponíveis para venda na plataforma do Tesouro direto apresentam retornos negativos nos últimos 30 dias. Um dos títulos mais procurados pelos investidores, o Tesouro IPCA+2035 apresentava um desempenho de -5,28%. Isso quer dizer que se investiu R$1 mil há 30 dias, hoje teria menos de R$950. O título que apresentou a maior queda foi o com vencimento de 2045 que se desvalorizou quase 9% em trinta dias.

Retorno dos últimos 30 dias dos títulos disponíveis a venda na plataforma do Tesouro Direto. (Fonte: Tesouro Direto)

Se você comprou esse título com vencimento em 2035 há um mês, o adquiriu a uma taxa de 5,30% ao ano +IPCA. Assumindo uma taxa de administração da corretora igual a zero e a taxa da CBLC de 0,30% ao ano, seu retorno será de 5% ao ano +IPCA, caso não o venda antes do vencimento. No entanto, será que essa é uma aplicação que ganha do CDI?

O gráfico abaixo apresenta a evolução do retorno dos últimos 12 meses do CDI (linha pontilhada laranja) e de uma aplicação que rende IPCA+5% ao ano (linha sólida azul) desde 2001. Perceba qua a linha azul permanece acima da laranja no período de 2009 a 2016, ou seja, nesse período uma aplicação que rende IPCA+5% ao ano ganhou do CDI. No entanto, desde 2016, o retorno do CDI nos últimos 12 meses superou uma aplicação que rende IPCA+5% ao ano. Isso ocorreu, pois o IPCA recentemente foi surpreendentemente baixo.

Evolução do retorno de 1 ano do CDI e de uma aplicação que rende IPCA+5% ao ano.

Avaliando o gráfico abaixo que apresenta a evolução do juros real implícito no retorno do CDI, ou seja, o retorno do CDI subtraído do IPCA, verifica-se que ele esteve bem mais elevado no período anterior a 2009. Entretanto, a média do juros real após 2009 é de cerca de 4,2% ao ano. Considerando o CDI atual de 6,4% ao ano e que ele permaneça nesse patamar por mais doze meses, o juros real implícito será próximo de 2,5% ao ano. Assumindo uma inflação de 5% ao ano, o CDI poderia subir para 10% ao ano e sua aplicação ainda seria rentável se a mantivesse até o vencimento.

Evolução do juros real dos últimos 12 meses implícito na rentabilidade do CDI (CDI – IPCA).

Portanto, se adquiriu um título de longo prazo com juros real acima de 5% ao ano e pretende carregar o título até o vencimento, a maior probabilidade é que será um bom negócio. Entretanto, prepare-se para suportar volatilidade no meio do caminho.

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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10 Lições dos melhores e maiores gestores do país https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/17/10-licoes-dos-melhores-e-maiores-gestores-do-pais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/17/10-licoes-dos-melhores-e-maiores-gestores-do-pais/#respond Thu, 17 May 2018 09:00:34 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Corretor-no-pregão-da-Bolsa-de-Nova-York-Andrew-Gombert-Efe-320x213.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1074 Nesse momento de taxas de juros historicamente baixas e ambiente de elevada incerteza, o investidor se depara com a difícil tarefa de planejar sua carteira para aposentadoria. Para ajudá-lo com esse desafio, pedi aos melhores gestores do país que compartilhassem alguns ensinamentos.

Embora o COPOM não tenha reduzido a Selic na reunião de ontem, as taxas de juros já se encontram nas mínimas históricas. Atualmente, a taxa básica da economia está em 6,50% ao ano. Como tenho alertado, esse patamar põe em risco a aposentadoria da maioria dos brasileiros que estão acostumados a aplicar apenas em investimentos de baixo risco e elevada liquidez.

No entanto, as incertezas internacionais e locais tornam desafiadora a tarefa de diversificação do portfólio. A volatilidade nos mercados, resultante das dúvidas com relação à trajetória das taxas de juros americanas, taxas de câmbio e crescimento econômico do Brasil e mundo, torna ardua a atividade de escolha dos ativos até mesmo para os gestores mais experientes.

Mesmo nesse cenário, o investidor sempre pode contar com equipes especializadas para administrar sua carteira. Os gestores abaixo possuem um comprovado histórico de elevada rentabilidade em seus fundos, ou seja, já demostraram sua habilidade na seleção de ativos. Hoje, eles compartilham lições para você refletir sobre sua carteira de investimentos. São eles:

Carlos Maggioli, Quasar Asset Management

Daniel Delabio, Exploritas

Diney Vargas, Apex Capital

Equipe de Gestão, Garde Asset Management

Francisco Funari, Canvas Capital

Luiz Fernando Figueiredo, Mauá Capital

Luiz Parreiras, Verde Asset

Marcos Peixoto, XP Gestão

Mauricio Lima, Western Asset Management

Paolo Di Sora, RPS Capital

 

Gestor de fundos com foco em Renda Fixa

 

Na Quasar, sempre falamos que investir em crédito é diversificação e memória. Claro que há outros fatores importantes para este tipo de investimento, mas estes dois são fundamentais na seleção e gestão do risco. Porém isso também vale para nós, poupadores, quando pensamos num cenário onde o juro nominal fica baixo por um longo período de tempo. É importante diversificar parte da nossa poupança em ativos que nos tragam outros fatores de risco (erroneamente, mas usualmente, mensurados através da volatilidade) mas que também remunerem o investidor através do prêmio de iliquidez. Um fundo com liquidez diária deve, teoricamente, render menos que um fundo com 30 dias de saque. O investidor deve, através de seu assessor, migrar uma parte relevante dos recursos alocados em ativos que rendam próximo à Selic para ativos que rendam mais, ponderando fatores de risco e iliquidez. É extremamente importante que essa migração seja ponderada pelo perfil do investidor e depois pelo ativo; esta migração deve ser gradual e deveria seguir uma trilha que sai do Tesouro Direto, passando pelo crédito, multimercados, ações e, finalmente, exóticos. Por último, não podemos deixar de falar da memória. Estamos otimistas, acreditamos que o próximo presidente poderá implementar uma cartilha econômica positiva melhorando – em muito – o cenário para ativos de risco, mas não exagere!! Lembre-se dos ciclos econômicos, das qualidades e defeitos das empresas, que o cenário global também sofre mudanças repentinas, etc. Mantenha a volatilidade média de sua carteira dentro do seu perfil de risco. Assuma riscos mas com prudência.

Carlos Maggioli, CEO da Quasar Asset Management

 

Gestores de fundos com foco em multimercados

 

Com a recente queda das taxas de juros no Brasil, investidores que poupam para suas aposentadorias precisarão correr mais risco, se quiserem aumentar a rentabilidade de seu portfolio no longo prazo. Os portfolios que até então eram compostos apenas por títulos do Tesouro Nacional pós fixados ou fundos DI, que não apresentam volatilidade, precisarão ser combinados com títulos pré-fixados, títulos atrelados ao IPC-A de longo prazo e com investimentos em ações. Além disso, dado o atual ambiente mais volátil, com incertezas sobre as eleições presidenciais e a aprovação de reformas estruturais no país, uma boa opção é a inclusão no portfólio de fundos de investimentos no exterior. Estes fundos contam com toda a segurança de legislação e transparência que o investidor brasileiro está acostumado, e permitem uma maior diversificação de carteira de investimentos, com outros ativos e países além de sua exposição ao risco Brasil.

Mauricio Lima, Portfólio Specialist da Western Asset Management

 

“É fato que a Selic está baixa, mas o mercado de juros para o longo prazo oferece um prêmio de risco substancialmente mais alto que o juro de curto prazo. A NTN-B 2028, por exemplo, é uma boa alocação para o pequeno investidor aproveitar essa oportunidade, uma vez que vai pagar nos próximos 10 anos 5,10% + inflação. Comparando com as outras classes de ativos, é difícil achar uma relação de retorno para o risco tão boa quanto a dessas NTN-Bs, especialmente se é uma alocação pensando na aposentadoria. Essa é a maior alocação atual dos fundos da Verde AM”

Luiz Parreiras, gestor da Verde Asset

 

“Na nossa visão, aquele que estiver pensando em aposentadoria deveria procurar um bom fundo de previdência, suas principais vantagens são, profissionais tarimbados escolhendo os melhores ativos para você, os ativos tem um horizonte de longo prazo e em um acidente de falecimento seus herdeiros receberão os recursos muito rapidamente.”

Luiz Fernando Figueiredo, CEO da Mauá Capital

 

“Além dos fundos multimercado, o investidor deve procurar produtos que investem no exterior. Uma opção são os fundos de “beta alternativo”, que diversificam seus investimentos em dezenas de países e centenas de ativos, selecionando aqueles que possuem maior retorno esperado – ou seja, ativos com taxa de juros, cupom, dividendo ou spread elevados. Esses investimentos têm apresentado retornos atrativos e consistentes, além de baixa correlação com o mercado, mas é importante ressaltar eles têm horizonte de longo prazo e que o investidor deve estar ciente dos riscos da estratégia antes de investir.”

Francisco Funari, gestor da Canvas Capital

 

“Para o investidor que está poupando para a aposentadoria, a queda da Selic por enquanto não deveria alterar seu planejamento, já que a taxa relevante para o longo prazo, dos títulos indexados à inflação, não mudou muito. Sugiro que ele mantenha sua estratégia, reservando uma parte da renda para aplicar em títulos e fundo de prazo de maturação coerente com o longo prazo, incluindo além do Tesouro IPCA+, ações, fundos multimercado e fundos imobiliários.”

Equipe de Gestão da Garde Asset Management

 

“Acreditamos que a maneira mais eficiente do investidor ter melhores retornos seria investir em bons Fundos Multimercados, que buscam diferentes estratégias e que conseguem analisar bem em qual mercado está a melhor relação risco x retorno. É muito importante montar um portfolio diversificado e com estratégias descorrelacionadas evitando assim comprar vários fundos que façam a mesma coisa. Expandir o universo de investimentos e olhar investimentos não correlacionados são as regras do jogo para uma aposentadoria tranquila. “

Daniel Delabio, gestor da Exploritas

 

 

Gestores de fundos com viés para o mercado de ações

 

“Vivemos tempos turbulentos no mercado financeiro. O cenário internacional passou a estar mais desafiador para investimentos em mercados emergentes em função da alta de juros no mercado americano, consequente valorização do USD frente moedas como o Real. Não bastasse essa maior incerteza internacional, o panorama político no Brasil está muito desafiador. Existem grandes chances de termos um novo presidente com baixa convicção liberal e com enormes dificuldades de conduzir as reformas estruturais que o Brasil precisa aprovar para sair da crise fiscal aguda que se encontra. Neste contexto, onde investir meu dinheiro? Incerteza demanda flexibilidade, por isso minha sugestão é investir em fundos onde gestor tenha alternativa para investir em diversas classes de ativos, possa apostar contra (ficar vendido) caso o pior cenário prevaleça, tenha mandato para investir tanto no Brasil como em outros mercados internacionais. Fundos multimercados macro, fundos de retorno absoluto e equity-hedge fazem mais sentido neste momento que vivemos. Se for para montar uma carteira de ações, minha sugestão é diversificar num basket de empresas exportadoras, que ganham com a desvalorização do Real, como por exemplo, Suzano, Embraer, Braskem, Vale e Gerdau. Momento de privilegiar liquidez (evitar small caps) e demandar flexibilidade na gestão.”

Paolo Di Sora, gestor e sócio da RPS Capital

 

“Salvo uma grande catástrofe não deveremos ter SELIC de 2 digitos mais no Brasil. Com isso o investidor vai precisar de tomar mais risco pra rentabilizar sua poupança. A maior parte da população tem trauma de renda variável pelos péssimos resultados que o Ibovespa deu nos últimos 10 anos, rendendo apenas 17% contra 174% da Selic. Porém se olharmos para o desempenho dos bons gestores isso não foi assim. Diversos gestores conseguiram ganhar da Selic mesmo nesse cenário de recessão que tivemos nos últimos 10 anos (aqui jabá para o XP investor FIA que rendeu 231%). Sendo assim se tivermos 10 anos pela frente minimamente melhores que os últimos 10, com certeza a renda variável será um bom retorno mas o investidor deve dar valor para a gestão ativa e ter um horizonte de longo prazo sem ficar olhando a rentabilidade mês a mês.”

Marcos Peixoto, CEO da XP Gestão

 

“A primeira coisa que a pessoa deveria fazer é se tornar um investidor de longo prazo; a segunda coisa é investir um pouco regularmente – de tempos em tempos, com uma regularidade investir um pouco, não precisa ser muito – o importante é ter regularidade – ter esta disciplina; terceiro esperar o tempo passar, para que os ganhos se beneficiem do retorno composto que o tempo oferece – melhor ainda se for um investimento em que não se precise pagar imposto no curto prazo e somente no final, como os fundos de ações. Esperar, 10, 20, 30 anos – quanto mais melhor. Investir em fundos de ações que investem em empresas que crescem. Não se deve pensar no curto prazo. Ganha-se sendo um investidor de longo prazo. Quanto mais cedo se começ a investir melhor, pois assim o investidor tem mais tempo para recuperar eventuais perdas. Apesar do cenário mais conturbado, o investidor não deve deixar de considerar o investimento em ações para a aposentadoria, especialmente com a queda da Selic. Sempre lembrando que cada investidor tem uma tolerância a risco e perdas maior ou menor ao fazer investimentos. O investidor com maior tolerância a risco pode investir mais em ações e títulos de renda fixa de longo prazo que são mais voláteis e podem oferecer um retorno mais alto ao longo dos anos.”

Diney Vargas, Diretor da Apex Capital

 

 

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Dólar, bolsa e juros; Saiba o que fazer https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/29/dolar-bolsa-e-juros-saiba-o-que-fazer/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/29/dolar-bolsa-e-juros-saiba-o-que-fazer/#respond Sun, 29 Apr 2018 09:00:34 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Neo-InvestimentosMarcelo-e-mario.jpg-320x213.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1016 O primeiro quadrimestre apresentou grandes oportunidades como a alta de mais de 13% na bolsa (Ibovespa), valorização de mais de 6% do câmbio (dólar) e queda dos juros que promoveu ganhos nos títulos prefixados e referenciados a IPCA. No entanto, se ao olhar para o passado o início do ano pareceu fácil rentabilizar sua carteira, o mesmo não é possível falar para o futuro.

O cenário para o restante do ano se apresenta bastante desafiador. Internamente, temos uma das eleições presidenciais com maior incerteza quando comparada ao passado recente. No exterior, riscos de guerra comercial e de aumento de taxas de juros colocam em cheque a continuidade do ambiente benigno de crescimento econômico com baixa volatilidade nos ativos dos últimos anos.

Neste momento, muitos investidores começam a perceber que os elevados juros de curto prazo já não existem e se questionam para onde levar suas economias. Com esta difícil tarefa de traçar perspectivas e orientar o investidor, conversei com a equipe de uma das mais tradicionais gestoras de recursos do mercado, a Neo Investimentos.

A Neo Investimentos é uma gestora de recursos independente (não ligada aos grandes bancos) fundada em 2003. Conversei com três de seus gestores: Marcelo Navarro, Mario Schalch e Gustavo Mazieiro. Navarro e Schalch são, desde a fundação da gestora há quinze anos, os responsáveis pelo fundo Neo Multi Estratégia. Desde 2003, o Neo Multi Estratégia valorizou 544%, equivalente a mais de 120% do CDI, e apresentou resultado positivo em momentos delicados de mercado como na crise de 2008 e em maio de 2017.
 

O que esperar do cenário de investimentos no Brasil esse ano?

A taxa básica de juros brasileiras caiu para o patamar mínimo histórico e o CDI que é o indicador que usualmente esse investidor acompanha, rende apenas 6,39% ao ano. Esse baixo retorno, vai incentivá-lo a buscar alternativas. Entretanto, o longo período de taxas mais altas fez com que o investidor brasileiro se tornasse acomodado e não procurasse educação financeira. A alocação em ativos de risco não é algo simples e a consequência, se não for bem estudada e implementada, pode ser um efeito contrário ao desejado, ou seja, em vez de elevar a rentabilidade, pode apenas perder dinheiro. Além disso, o momento de maior volatilidade e de preços dos ativos mais justos pelas valorizações recentes, torna a tarefa ainda mais desafiadora. Nesse sentido, acreditamos que o melhor veículo para o investidor que está acostumado com produtos de menor risco é o investimento em um fundo multimercado. Ao aplicar em fundo o investidor conta com uma equipe especializada que poderá trazer mais agilidade em momentos como o atual e alocar em risco de forma ótima.

 

Quais fatores olhar na seleção de fundos multimercados?

Existem muitas alternativas para o investidor escolher e este processo de seleção deve ser cuidadoso. Um primeiro fator é a longevidade da equipe e do fundo. Um fundo com uma equipe com longo histórico já passou por vários momentos de stress no mercado, aprendeu e provou que consegue superá-los. O cenário de maior liquidez internacional levou vários ativos a estarem negociando com um preço sem sentido. Para o pequeno investidor, identificar esses ativos não é trivial.

Como o Warren Buffet fala: “você só descobre quem está nadando pelado quando a maré baixa”, ou seja, momentos de stress vão se repetir e equipes que já passaram por estes adquiriram experiência e melhores controles para contornar.

Um segundo fator é a utilização de estratégias diferenciadas. O investimento de risco tradicional (bolsa, câmbio e juros) acaba expondo o investidor a uma relação retorno/ risco ruim em vários momentos como o atual. Gostamos de utilizar em nosso fundo estruturas com derivativos que produzem resultados positivos tanto em momentos de stress como nos de euforia. Essas estruturas reduzem a correlação do produto com outros e melhora a diversificação dos clientes.

Um terceiro fator é a experiência dos gestores em investimentos internacionais. Com a queda dos juros no Brasil é importante buscar alternativas pelo mundo e em fundos multimercado como o nosso, o investidor pode ter acesso a essa opção.

 

Falando em diversificação internacional, o que esperar para o dólar?

A situação econômica atual do país é bem diferente de quando o câmbio atingiu R$4/dólar. O déficit em conta corrente que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços internacionais, bem como pagamentos de transferências, se mostra significativamente melhor agora. Isso pode ser visualizado no gráfico abaixo.

Gráfico da evolução do déficit em conta corrente como percentual do PIB. Fonte: BCB e Neo Investimentos.

Perceba que quando tínhamos uma situação de deficit como o atual, o câmbio se manteve em patamar igual ou inferior ao atual. Estimamos que se o resultado da eleição for por um candidato reformista, o Real tem espaço para se valorizar para o patamar anterior de R$3,2/ dólar. Portanto, potencialmente, nossa moeda poderia voltar a se apreciar até o final do ano.

 

A bolsa é uma boa alternativa no momento?

No início do ano, indicamos que ainda havia espaço para valorização (ver link) e o Ibovespa subiu em menos de quatro meses mais que duas vezes o retorno do CDI do ano. Com a alta recente e os riscos do momento, não vislumbramos uma relação retorno/ risco favorável para a bolsa. Portanto, aqueles que estavam fora, devem planejar com cuidado a elevação de exposição a renda variável.

Entretanto, vislumbramos um bom potencial de ganho nos preços relativos de empresas negociadas na bolsa. E é isso que estamos fazendo em nosso fundo. Identificamos empresas que estão relativamente mais baratas. Compramos as ações das empresas mais baratas e vendemos a descoberto as ações das empresas mais caras (ver link). Nesse sentido, o fundo aufere o ganho do diferencial de preço entre as duas ações não importando para qual direção vai o mercado. Para um indivíduo realizar análise de diversas empresas e identificar aquelas que relativamente estão mais baratas não é trivial e exige uma equipe de analistas investigando. Atualmente, esse é o maior potencial de ganho do mercado acionário não só no Brasil como internacionalmente.

 

Quais aplicações em títulos de renda fixa estão mais interessantes?

As taxas caíram bastante e o risco de repiques inflacionários não está afastado. A inflação caiu como reflexo da queda do preço de alimentos e do período recessivo por que passamos. No entanto, o Brasil não fez o dever de casa e se a economia retomar o crescimento ou surgir pressões nos preços de commodities, podemos voltar pontualmente a ter alguma inflação superior ao atual patamar. Portanto, acreditamos que as taxas pré-fixadas de curto prazo não estão atrativas quando considerado o balanço retorno/ risco. Entretanto a taxa de juros real de longo prazo (5% ao ano mais IPCA) presente nos títulos públicos ainda se mostra interessante. Para o investidor que deseja economizar para a aposentadoria, os títulos públicos referenciados a IPCA de longo prazo permanecem atrativos.

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Três dicas do melhor gestor de “endowments” do mundo https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/01/tres-dicas-do-melhor-gestor-de-endowments-do-mundo/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/01/tres-dicas-do-melhor-gestor-de-endowments-do-mundo/#respond Sun, 01 Apr 2018 10:00:43 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Corretor-no-pregão-da-Bolsa-de-Nova-York-Andrew-Gombert-Efe-320x213.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=950 Frequentemente me solicitam recomendação de livro sobre investimentos que agregue a experiência de profissionais e que vá além dos ensinamentos triviais. Com tradução para português, um excelente exemplo é: Desbravando a Gestão de Portfólios, uma abordagem não convencional para o investimento institucional, de David F. Swensen. Tive a oportunidade de participar da palestra de lançamento do livro no Brasil em abril de 2014 no Insper e conhecer o autor.

Desde 1985, Swensen é diretor de investimentos dos recursos da Universidade Yale. Ele é responsável pela gestão de um endwment com patrimônio de mais de 25 bilhões de dólares. Endowments representam fundos patrimoniais formados usualmente a partir de doações e com a finalidade de prover de forma perpétua recursos para custear entidades filantrópicas e educacionais.

Sua forma de gestão gerou excepcionais retornos para a universidade Yale e é seguida por diversos profissionais de mercado. No período de dez anos encerrado em junho de 2008, ele obteve uma rentabilidade de 17,8% ao ano, contra o principal índice de ações – S&P 500 – de 7,1% ao ano. No período de 20 anos, os resultados também refletem sua forma de gestão, alcançando um retorno de 15,6% ao ano, versus 10,8% ao ano para o S&P 500.

O fato de o livro ser destinado originalmente a investidores institucionais o torna ainda mais atrativo para o investidor individual que deseja conhecer com mais profundidade os desafios dos grandes investidores. Ao longo do livro, o autor conta casos de investimentos, enriquecendo seus ensinamentos com exemplos que vivenciou.

Adicionalmente, a estrutura que o autor gerencia possui um objetivo de investimento muito similar ao que nós pessoas físicas enfrentamos quando pensamos nos recursos para a aposentadoria. Portanto, muitas lições são perfeitamente aplicáveis ao investidor individual. Esse objetivo é dividido pelo autor em duas partes que segundo ele é um dos desafios que enfrenta:

“Os gestores de endowments perseguem dois objetivos conflitantes: preservar o poder de compra e fornecer fluxos consideráveis de recursos para o orçamento operacional”.

Três decisões de gestão
O gestor explica que o retorno de um investimento pode sex explicado por três decisões de investimento: alocação entre classes de ativos, market timing e seleção de ativos. Investidores menos experientes deveriam restringir sua atuação apenas à primeira delas, pois

“os altos custos do jogo da gestão ativa garantem que o participante ocasional irá fracassar”.

Alocação entre classes de ativos x seleção de ativos
De forma errada, muitos investidores focam na seleção de ativos para montagem de suas carteiras. Entretanto, como alerta Swensen, a alocação entre classes de ativos é a parte mais importante no desafio de investir é aquela, a qual, deve ser destinada maior atenção. É no processo de decisão de alocação que se define a proporção do portfólio em cada classe de ativos: renda fixa, ações nacionais, ações internacionais, ativos reais, e outras.

Conforme estudo de Roger Ibbotson e Paul Kaplan, e que está em linha com outras pesquisas como a de Brinson et al, a alocação de ativos responde por mais 90% dos retornos de um portfólio e muitas vezes por mais de 100% do retorno. Swensen destaca:

“Selecionar as classes de ativos para um portfólio constitui um conjunto de decisões de importância crítica, que contribui em larga medida para o sucesso ou o fracasso de um portfólio”.

Market timing
Você talvez se pergunte, como a alocação de ativos pode responder por mais de 100% dos retornos de um portfólio? Isso ocorre porque as decisões de seleção de ativos e de market timing, em média resultam em retornos negativos. O autor cita o reconhecido consultor de investimentos Charles Ellis:

“Não há evidências de nenhuma instituição de porte que tenha algo parecido com uma habilidade consistente de entrar quando o mercado está em baixa e sair quando o mercado está em alta. Tentativas de alternar entre ações e títulos, ou entre ações e caixa, em antecipação aos movimentos do mercado, foram malsucedidas muito mais vezes do que o número de sucessos”.

Esse pensamento vai ao encontro com investidores individuais que, com a intenção de encurtar o tempo para a aposentadoria, apostam em ações específicas, ou nos mercados de bolsa e câmbio por meio de derivativos, mas acabam perdendo rentabilidade e os distancia ainda mais de sua independência financeira.

As mais de 400 páginas do livro de Swensen aprofundam as poucas dicas abordadas aqui. Para aqueles que não tiverem oportunidade de ler, devido à dificuldade de encontrar o livro, abordarei novos ensinamentos desse renomado gestor em futuro próximo.

Desbravando a Gestão de Portfólios, uma abordagem não convencional para o investimento institucional, de David F. Swensen.
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Com a queda da taxa Selic, saiba qual seu maior risco https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/03/22/com-a-queda-da-taxa-selic-saiba-qual-seu-maior-risco/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/03/22/com-a-queda-da-taxa-selic-saiba-qual-seu-maior-risco/#respond Thu, 22 Mar 2018 10:00:45 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/O-Grito-180x87.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=913 Enquanto muitos investidores ainda estão confusos sobre porque seus investimentos não rendem como no passado e o que podem fazer para ganhar mais, o Banco Central reduziu mais uma vez os juros e deixou claro que esses investidores precisam correr para rever seus investimentos, pois novas quedas ainda podem vir.

A taxa Selic caiu para 6,5% ao ano e isso deve fazer com que as tradicionais aplicações, que rendem a taxa DI, tenham retorno de apenas 0,52% ao mês. Nesse momento, muito se discute se poupança é melhor que fundo DI, ou se Tesouro Selic é melhor que LCI ou CDB, mas vários esquecem do maior risco de suas vidas.

Esse risco está no planejamento da previdência privada dos investidores e nos planos de previdência que esses aplicam. Como já mencionei anteriormente (link) na medida que a taxa de juros cai, o investidor que não queira perder o padrão de vida na aposentadoria deverá decidir sobre três atitudes, isto é, poupar mais, por um maior período e elevar o risco da carteira.

Como apresentado na Figura 1, a captação em planos de previdência apresenta crescimento elevado. Segundo dados da Anbima, o patrimônio total em fundos de investimentos cresceu a uma taxa de 5,8% ao ano nos últimos cinco anos. Já o patrimônio nos fundos de previdência, cresceu a uma taxa de 14,0% ao ano no mesmo período.

Figura 1: Evolução do patrimônio investido em fundos de previdência privada (Fonte: Anbima)

Entretanto, os investidores não entenderam que por ser uma aplicação com horizonte de longo prazo, os planos de previdência deveriam ter um perfil de maior risco. Conforme apresentado na Figura 2, os investidores estão investindo muito mais em renda fixa que em produtos de maior risco como os fundos multimercados e de ações. Apenas 6% dos investimentos em previdência têm perfil de risco que se aproxima mais com o que se espera de um investimento de horizonte de mais de dez anos.

Ironicamente, segundo dados da Anbima, excluindo-se da amostra os fundos de previdência, os fundos de investimento de renda fixa representam apenas 55,8% do total de fundos. Ou seja, os investidores são mais agressivos com recursos de curto prazo que nos de longo prazo. E, somado a esse descasamento de prazo e risco, ainda há um problema maior.

Figura 2: Distribuição do patrimônio investido em fundos de previdência privada pelos tipos de investimento em janeiro de 2018 (Fonte: Anbima)

Outro problema enfrentado pelos investidores de renda fixa em previdência são as maiores taxas. Em geral os fundos de previdência, principalmente os distribuídos pelos grandes bancos, possuem taxas de administração mais elevadas que os fundos de mesmo tipo, que não os de previdência, distribuídos pela própria instituição. Adicionalmente, muitos desses ainda possuem uma taxa adicional que é taxa de carregamento, sobre a qual já comentei no passado. Portanto, com a queda da taxa de juros, a grande maioria dos planos de previdência estão rendendo muito menos que a poupança.

Assim, os investimentos em previdência dos investidores que supostamente seriam mantidos por horizonte de longo prazo estão mal alocados e precisam ser revistos com maior urgência que os investimentos de curto prazo. Portanto, com a queda dos juros, concentre-se em resolver seu maior problema que é a alocação de seu plano de previdência em produtos mais adequados ao horizonte e risco.

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Quais lições para o restante do ano podem ser tiradas do desempenho dos Mercados em fevereiro? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/03/06/quais-licoes-para-o-restante-do-ano-podem-ser-tiradas-do-desempenho-dos-mercados-em-fevereiro/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/03/06/quais-licoes-para-o-restante-do-ano-podem-ser-tiradas-do-desempenho-dos-mercados-em-fevereiro/#respond Tue, 06 Mar 2018 10:00:26 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Fev-2018-3-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=880 O desempenho dos mercados no mês de fevereiro reflete o que devemos esperar para o restante do ano. O mês surpreendeu a todos com um início tenebroso marcado por fortes quedas nos mercados mundiais de ações, teve momentos de euforia, mas encerrou apresentando um bom resultado para os mercados de risco.

Ao contrário do que ocorreu no ano passado, os índices de ações de pequena capitalização (SMLL) e de ações pagadoras de dividendos (IDIV) foram um dos piores investimentos do mês. Esse resultado vem como reflexo da cautela dos investidores internacionais com esse segmento, devido à elevação das taxas de juros nos EUA como reflexo do receio dos investidores com a trajetória da inflação naquele país. Ações pagadoras de dividendos são muitas vezes comparadas a títulos de renda fixa perpétuos, ou seja, sem um vencimento. Nesse sentido, tendem a sofrer mais com altas de juros, assim como títulos de renda fixa.

Avaliando o desempenho dos índices nos meses de fevereiro dos últimos anos, curiosamente percebe-se que o ouro, sazonalmente, foi um destaque em todos eles.

Retornos dos principais índices do mercado financeiro nos meses de fevereiro dos últimos anos (Fonte: Economatica)

O resultado do mês nos deixa três lições que devemos atentar para os próximos meses do ano a fim de obter os melhores resultados.

Volatilidade
Durante o mês de fevereiro, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira B3, chegou a apresentar uma queda de mais de 4,7% nos primeiros 10 dias, subiu 3,23% até três dias antes de encerrar o mês, mas encerrou o ano com uma leve alta de 0,52%. Apesar do humor dos investidores estrangeiros com mercados emergentes e com o Brasil, o cenário mais negativo internacionalmente, retirou o brilho nos últimos dias do mês.

Um reconhecido efeito da volatilidade é que ela evolui em degraus, ou seja, quando ela sobe, tende a ficar elevada por um tempo. Portanto, espere que este cenário de alta volatilidade permaneça pelo resto do ano. Essa maior oscilação é esperada tanto pelas incertezas internacionais com relação ao cenário de juros americanos, assim como pelo ambiente eleitoral incerto que passaremos.

Mas a volatilidade traz o benefício de oportunidades para rebalancear o portfólio, investindo nos momentos de baixa.

Paciência
O mês de janeiro de 2018 foi marcado por forte alta do Ibovespa. Essa alta estimulou muitos investidores a aplicar em bolsa. Entretanto, a paciência mostrou que aqueles que esperaram um pouco para investir foram beneficiados com uma oportunidade de entrada com a queda das ações até meados de fevereiro.

O ano de 2018 deve repetir estas oportunidades e a paciência será premiada. Não tenha pressa para rebalancear o portfólio fugindo das baixas taxas de juros. Realize o movimento de forma escalonada e lembre o que falei sobre qual é o melhor período para comprar bolsa no link.

Diversificação
Como temos comentado, as baixas taxas de juros estão impulsionando os investidores a procurarem alternativas para obter melhor rentabilidade. Entretanto, mesmo depois das fortes reduções, as taxas de juros brasileiras ainda são atrativas e ativos de renda fixa devem sempre fazer parte do portfólio como forma de suavização do risco.

Como forma de diversificação do portfólio, sugiro avaliar os fundos multimercados que são apresentados nas tabelas acima com o índice IHFA. Veja que esse índice é um dos que apresenta a melhor relação retorno/ risco. Nesse cenário de alta volatilidade, nada melhor que deixar para um profissional a escolha dos melhores momentos para entrar e sair dos mercados.

Outro ativo que se mostra um destaque em fevereiro e que deve ser acompanhado para diversificação ao longo do ano, são os fundos de investimentos imobiliários (IFIX).

Portanto, para o resto do ano, fique atento para oportunidades que podem surgir com as oscilações do mercado, tenha paciência para não entrar no mercado logo depois de altas fortes e diversifique seu portfólio.

Definição dos índices na tabela:
Renda Fixa
Poupança – Aplicação de renda fixa comercializada pelos bancos que rende TR+0,5% ou TR+70% da Selic quando essa taxa estiver menor que 8,5% ao ano.
CDI – O Certificado de Depósito Interbancário é negociado apenas entre os bancos. A Cetip calcula a taxa média e essa taxa é utilizada para atualização de diversas aplicações como CDB, LCI, LCA, CRI, CRA, debêntures e outros.
IMA-B – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA.
IMA-B5 – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA com vencimento menor que 5 anos.
IMA-B5+ – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA com vencimento maior que 5 anos.
IRFM – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais prefixados.
IHFA – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de fundos multimercados.
Renda variável
Ibovespa – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações com maior negociabilidade e valor de mercado na BM&FBOVESPA.
IDIV – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações que que se destacaram em termos de remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio.
SMLL – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações de empresas de menor capitalização na BM&FBOVESPA.
S&P 500 – Índice que representa uma carteira teórica de 500 ações de maior valor de mercado americanas.
IFIX – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica dos fundos imobiliários negociados nos mercados de bolsa e de balcão organizado da BM&FBOVESPA.
Dólar – Representa a variação do câmbio Reais/ Dólar.
Euro.Real – Representa a variação do câmbio Reais/ Euro.

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