De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Morgan Stanley recomenda cautela nos investimentos em ações americanas https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/16/morgan-stanley-recomenda-cautela-nos-investimentos-em-acoes-americanas/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/11/16/morgan-stanley-recomenda-cautela-nos-investimentos-em-acoes-americanas/#respond Tue, 16 Nov 2021 05:30:55 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/Bolsa-Brendan-McDemid-Reuters-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2829 No mês passado, escrevi que brasileiros poderiam estar se precipitando em migrar seus investimentos para aplicar na bolsa americana. Nesta segunda-feira, os sites Bloomberg e MarketWatch alertaram seus leitores sobre a nova recomendação do Morgan Stanley.

O Morgan Stanley divulgou nota recomendando aos investidores cautela ao investir no índice de ações americanas, S&P500, para 2022. Segundo a Bloomberg, a projeção do Morgan Stanley para o índice americano em 2022 é de 4.400 pontos. Isso representa uma desvalorização de 6% em relação ao atual nível de preço.

O Morgan Stanley não foi a única grande instituição financeira a ter uma visão mais cautelosa para o mercado acionário. A Goldman Sachs também sugeriu cuidado.

A razão para esta mudança de recomendação não é diferente do que já alertei no mês passado: frustração nas expectativas de crescimento anteriores, inflação acima do esperado e possibilidade de elevação das taxas de juros acima do esperado.

Apesar desta nova perspectiva mais cautelosa de algumas instituições americanas, esta visão não é unanimidade.

Segundo levantamento da Bloomberg, o Wells Fargo, por exemplo, sugere que o S&P 500 poderia atingir 4.850 pontos ainda este ano de 2021. Portanto, uma valorização de mais 3% em menos de dois meses.

Outros grandes bancos mantém visão otimista sobre o crescimento dos lucros das empresas, que dá suporte à valorização das ações. Além do Wells Fargo, UBS e JP Morgan, apostam em forte crescimento de lucros para o próximo ano.

Conforme pesquisa entre estrategistas realizada pela Bloomberg, existe uma expectativa média de crescimento de lucros de 7,7% para 2022.

Não obstante as expectativas favoráveis, com um crescimento de lucros esperado inferior a 8%, não é de se esperar que o índice americano se valorize mais que o próprio crescimento esperado dos lucros.

Comparativamente, o Brasil tem hoje títulos de renda fixa que apresentam retorno superior a este, sem o risco do mercado de ações. A própria taxa Selic deve superar os 10% no próximo ano. Portanto, reflita bem antes de elevar investimentos na bolsa americana.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Chegou o momento em que o mercado historicamente sobe mais https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/chegou-o-momento-em-que-o-mercado-historicamente-sobe-mais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/chegou-o-momento-em-que-o-mercado-historicamente-sobe-mais/#respond Sun, 31 Oct 2021 05:30:48 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2800 Em 2021, o investimento em ações no Brasiltem sido desafiador, para não dizer angustiante. Depois de atingir as máximas históricas em junho, o índice caiu quase 21%, atingindo o nível de novembro do ano passado. Esta forte desvalorização abalou a confiança do investidor no mercado de ações brasileiro, mas será que este é o melhor momento para vender?

Os últimos dois meses foram os piores do ano. O Ibovespa caiu sequencialmente mais de 6% em setembro e outubro.

O que passamos nestes últimos dois meses não foi algo comum. Desvalorizações de mais de 6,5% não são frequentes. Desde 2000, ou seja, nos últimos 251 meses, em apenas 31 meses ocorreram perdas superiores a 6,5%.

No entanto, a história mostra que o mercado pode premiar aqueles que suportaram a desvalorização.

A tabela abaixo apresenta o mapa de calor dos retornos mensais do Ibovespa nos últimos 26 anos, desde 1996.

Mapa de calor dos retornos mensais do Ibovespa nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

A média de retorno mensal dos últimos 25 anos anteriores a 2021 está na primeira linha da tabela. Nela, é possível perceber que os dois últimos meses do ano são destacadamente os melhores.

A média de retorno destes dois meses é de aproximadamente 3,5% ao mês. O terceiro melhor mês do ano, janeiro tem uma média de retorno de 2,5%.

Esta sazonalidade positiva não é uma exclusividade no Brasil. Ela ocorre no mundo inteiro, mas no Brasil o retorno médio de novembro e dezembro são superiores.

Veja nas tabelas abaixo o mapa de calor do índice americano e em seguida do índice global, S&P500 e MSCI ACWI, respectivamente.

Mapa de calor dos retornos mensais do S&P500 nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

 

Mapa de calor dos retornos mensais do MSCI ACWI nos últimos 26 anos, desde 1996. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Ressalto que as tabelas não representam uma garantia de retorno, mas indicam uma maior probabilidade de resultado positivo para o restante do ano.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Brasileiros trocam Ibovespa por S&P500; será que este é um bom momento? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/17/brasileiros-trocam-ibovespa-por-sp500-sera-que-este-e-um-bom-momento/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/10/17/brasileiros-trocam-ibovespa-por-sp500-sera-que-este-e-um-bom-momento/#respond Sun, 17 Oct 2021 05:30:11 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Michael-Nagle-Xinhua-operador-de-bolsa-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2781 O desânimo em relação ao cenário econômico nacional tem incentivado brasileiros a investir nos mercados internacionais. O mercado preferido tem sido o americano dado o desempenho excepcional nos últimos três anos. Comento abaixo o que você deve ponderar antes de tomar esta decisão.

 

Investir agora no mercado americano é um bom momento?

A resposta a esta questão deve considerar seu horizonte de investimento e o quanto você deseja investir em proporção do seu portfólio.

Vamos iniciar por este último, ou seja, a intensidade do movimento.

Imagine que você faz de uma única vez a compra de supermercado de todo um ano. Concorda que você provavelmente vai perder oportunidades de preço com esta atitude? O mesmo ocorre no mercado de ações. O ideal é comprar aos poucos se este for o desejo.

Portanto, se deseja diversificar em ações americanas, evite realizar o movimento em apenas um único instante.

Esta atitude é ainda mais recomendável quando se considera o nível de preço deste mercado, aqui representado pelo seu principal índice o S&P500.

Assim, comento sobra a questão do horizonte de investimento. Se seu horizonte de investimento é de curto prazo, muito cuidado.

Lembro que no passado, os EUA eram praticamente os únicos líderes do crescimento econômico global. Ou seja, se a economia americana crescia, o mundo seguia crescendo. Caso a economia americana apresentasse frustração no crescimento, o mundo refletia este cenário.

Hoje esta liderança é dividida com a China. Por uma felicidade daqueles que projetam crescimento, a China vive um ciclo econômico adiantado dos EUA.

Evolução da taxa de crescimento do PIB da China (linha branca) e dos EUA (linha laranja). Fonte e elaboração: Bloomberg.

A figura acima apresenta, trimestralmente desde 2017, a taxa de crescimento do PIB da China (linha branca) e dos EUA (linha laranja). Perceba que a taxa de crescimento da China frustrou expectativas e caiu no segundo trimestre deste ano.

Apostaria que algo similar pode ocorrer com os EUA no quarto trimestre de 2021. Isso poderia levar a uma queda do mercado de ações americano, assim como ocorreu com o índice de ações chinês.

Adicionalmente, as ações americanas negociam com um múltiplo médio preço por lucro, o chamado P/L, bastante elevado.

Não digo que as ações estejam caras, mas para justificar novas altas no curto prazo, não pode haver frustração no crescimento.

Outra questão a se levantar é o movimento de preços de commodities. É reconhecido que quando se passa por momentos de alta destes preços, os países produtores destes itens básicos costumam ser mais beneficiados.

No último ciclo de alta dos preços, entre 2004 e 2008, os mercados emergentes andaram em linha com a alta das commodities.

Evolução do índice MSCI Mercados Emergentes (linha laranja) e do preço do petróleo (linha branca) entre 2004 e 2008. Fonte e elaboração: Bloomberg.

O gráfico acima apresenta o índice MSCI Mercados Emergentes, que representa a média dos mercados acionários de países emergentes, e o preço do petróleo. Perceba que os dois apresentam desempenho similar.

No entanto, podemos ver no gráfico abaixo que o S&P500 (linha branca) apresentou, no mesmo período, um desempenho mais de cinco vezes menor que os mercados emergentes (linha laranja).

Evolução do índice MSCI Mercados Emergentes (linha laranja) e S&P500 (linha branca) entre 2004 e 2008. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Assim, neste momento, se deseja diversificar sua exposição às ações brasileiras, avalie se expor a outros mercados emergentes.

Por fim, nos últimos 100 anos, foi muito rara a ocorrência de mais de três anos de altas consecutivas do S&P500. O índice sobe 19% este ano, depois de se valorizar 28,9% e 16,3% em 2019 e 2020, respectivamente

Portanto, uma alta forte para o índice americano em 2022, ou seja, superior a 8%, não parece o mais provável.

Entretanto, se seu horizonte é de dez anos, ou seja, de longo prazo, o mercado americano continua sendo uma excelente fonte de diversificação dos investimentos.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Qual o custo de se investir como Warren Buffett? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/29/qual-o-custo-de-se-investir-como-warren-buffett/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/29/qual-o-custo-de-se-investir-como-warren-buffett/#respond Sun, 29 Aug 2021 05:30:28 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/Nicholas-Kamm-5.jun_.2012-AFP-320x213.jpeg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2726 O retorno passado que Warren Buffett – maior investidor do mundo – obteve é impressionante. Nos últimos 33 anos, sua empresa Berkshire se valorizou 9.586%. Se em julho de 1988 você tivesse investido o equivalente a R$ 10.400,00, hoje teria mais de R$ 1 milhão.

Aposto que a maioria dos leitores gostaria de ter esse retorno. Mas o que significa investir como Buffett, ou seja, o que você teria enfrentado?

Depois que percorremos um caminho, ou ao analisarmos uma trajetória passada, o trajeto parece ser sempre mais palatável. Como sabemos o que ocorreu e o que obteríamos se tivéssemos paciência, usualmente relativizamos a dificuldade ou acreditamos que teríamos maior capacidade de suportar os percalços.

Esse comportamento é comum a todos. Por exemplo, quando me perguntam se é fácil fazer um doutorado trabalhando no mercado financeiro e ainda dando aula à noite, eu digo que é tranquilo.

No entanto, quando olho para trás, sei que por vários momentos pensei em desistir pela exaustão que as três atividades juntas exigiram. Entretanto, avaliando ex-post, a perseverança e o fato de manter a visão no horizonte me fizeram continuar.

Nos investimentos é semelhante. Se você deseja ter retornos em excesso, vai passar por momentos em que tudo parece que vai dar errado. Warren Buffett sabe bem disso.

Vamos ver se você entende o desafio que Buffett passou. Para isso, responda os dois desafios a seguir:

1 – Nos 396 meses dos últimos 33 anos, em quantos meses você acha que Buffett teve retorno negativo?

a) 10% dos meses

b) 20% dos meses

c) 30% dos meses

d) 40% dos meses

e) 50% dos meses

 

2 – Nos últimos 33 anos, qual o pior retorno em um período de cinco anos Buffett enfrentou? Ou seja, em janelas de cinco anos, qual o resultado na pior janela de 5 anos nesses 396 meses?

a) -17% no período 5 anos

b) -10% no período de 5 anos

c) -3% no período de 5 anos

d) +4% no período de 5 anos

e) +11% no período de 5 anos

 

Antes de responder a estas perguntas vamos relativizar o retorno de Buffett.

Se você tivesse investido no S&P500, o principal índice de ações americano, você teria obtido um retorno de 1.516%, no mesmo período de 33 anos.

Assim, os mesmos R$ 10.400,00 teriam se transformado em apenas R$ 168 mil se tivesse escolhido o índice americano. Lembra quanto teria obtido se tivesse investido de forma ativa com um gestor especialista como Buffett?

O retorno foi menor no S&P500, mas o risco também foi 25% menor neste que na ação de Buffett. Buffett apresentou um resultado muito superior, mas correu mais risco, medido pela volatilidade dos retornos.

Também o S&P500 apresentou menos meses negativos que Buffett.

Incentivados pelo bom retorno do índice S&P500 nos últimos anos e popularização de ETFs e investimentos passivos, vejo muitos investidores aplicarem neste sem considerar os riscos. Assim, eu coloco esta pergunta para você refletir.

3 – Nos últimos 33 anos, qual o pior retorno em um período de cinco anos você teria enfrentado se investisse no S&P500?

a) -36% no período 5 anos

b) -26% no período de 5 anos

c) -16% no período de 5 anos

d) -6% no período de 5 anos

e) +6% no período de 5 anos

Enquanto o S&P500 sobe, a maioria dos investidores não entende o que é o risco. Só se entende o que é “risco” quando se perde. Assim como somente quando se perde é que você conhece qual sua habilidade em suportar risco.

Vamos às respostas.

Nos últimos 33 anos, Buffett apresentou retorno negativo em 40% dos meses. Isso significa que na média, dos 12 meses de um ano qualquer, ele enfrentou praticamente cinco meses negativos. Em alguns anos, 8 dos 12 meses foram negativos.

No pior período de cinco anos, Buffett teve resultado negativo de 17%. Isso significa que se tivesse investido R$100, passados cinco anos neste pior período, você teria apenas R$83.

Você seria capaz de suportar cinco anos perdendo e ainda assim manter a perspectiva positiva?

O investimento no S&P500 não é tão mais seguro quando se avalia na ótica de possibilidade de perda em período de cinco anos.

O pior período de 5 anos do índice americano apresentou resultado negativo de -36%. Ou seja, se investiu R$100, teria R$64 depois de cinco anos na pior janela de cinco anos do S&P500 nas últimas três décadas.

Essa pior janela ocorreu no período de cinco anos que se encerrou em fevereiro de 2009.

Assim, cuidado ao analisar o passado e avaliar seu resultado médio. Existe prêmio por se correr risco. No entanto, este cobra um custo.

Existem vários gestores brasileiros que possuem médias de retornos similares aos de Buffett. No entanto, é preciso investir no longo prazo e passar pelos altos e baixos para capturar este retorno médio.

Reflita se você tem habilidade em suportar meses negativos e períodos prolongados de baixos retornos. Assim, poderá alocar em risco a proporção do capital adequada ao seu perfil de investidor.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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A bolsa americana superou seu máximo histórico; descubra se ainda vale investir https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/11/a-bolsa-americana-superou-seu-maximo-historico-descubra-se-ainda-vale-investir/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/11/a-bolsa-americana-superou-seu-maximo-historico-descubra-se-ainda-vale-investir/#respond Sun, 11 Jul 2021 05:30:04 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Michael-Nagle-Xinhua.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2674 Na semana passada expliquei por que investir internacionalmente com exposição cambial é a melhor alternativa. No entanto, vários leitores questionaram se a bolsa americana já não estaria em seus máximos. Portanto, respondo abaixo a dúvida: será que as ações nos EUA já teriam atingido seus máximos? Será que estamos presenciando uma bolha?

Nesta semana, a volatilidade apresentada no mercado de juros de longo prazo, levou vários investidores a recearem que o mercado poderia ter alcançado seu máximo.

O receio foi passageiro e os índices de bolsa já atingiram novas máximas na última sexta-feira. Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, o índice S&P 500 se valorizou 45,7% nos últimos dois anos. Portanto, mais que o Ibovespa que se valoriza apenas 19,3% no mesmo período.

Mas será que com toda esta alta, a bolsa americana ainda teria potencial de valorização?

Evolução dos índices S&P500 (linha branca) e Ibovespa (linha amarela) nos últimos dois anos. Fonte e elaboração: Bloomberg.

O valor de qualquer ativo pode ser explicado pela perspectiva de dois fatores: lucros e taxa de juros. No caso dos EUA, estes dois elementos ainda apresentam perspectiva favorável.

Primeiro vou abordar a perspectiva sobre os lucros para as empresas no mercado americano.

No gráfico abaixo é possível ver a evolução dos lucros 12 meses a frente e do índice americano. O índice S&P500 tem seguido a evolução do lucro esperado.

Evolução do índice S&P500 (linha branca) e dos lucros médios (linha amarela) ponderados das empresas que formam o este índice nos últimos 10 anos. Fonte e elaboração: Bloomberg.

O S&P500 já se valorizou 16,3% neste ano de 2021 até a última sexta. No entanto, os lucros projetados de 12 meses a frente subiram mais de 20% desde o início do ano. Portanto, a alta do mercado apenas acompanhou a elevação dos lucros.

Mas será que os lucros das empresas podem crescer mais ainda?

A economia americana tem muito vento a favor para a impulsionar. Além dos gastos do governo programados nos programas de infraestrutura, o consumidor americano nunca esteve com tanta disponibilidade de recursos para gastar.

O gráfico abaixo apresenta a evolução do indicador de poupança dos americanos e do PIB. Este indicador de poupança é medido pela diferença entre a renda dos americanos e seu consumo.

O painel inferior no gráfico abaixo mostra a relação entre a poupança e o PIB. Perceba que este índice subiu a um patamar nunca antes visto no último século.

O painel superior apresenta a evolução do indicador de poupança dos americanos(Personal Savings, linha branca) e do PIB (linha amarela) nos últimos 100 anos. O painel inferior mostra a razão entre os dois índices. Fonte e elaboração: Bloomberg.

O distanciamento social, que reduz diversos gastos de lazer, aliado aos programas de renda promovidos pelo governo fizeram com que o cidadão americano acumulasse recursos como nunca antes.

Com a reabertura econômica boa parte desta poupança deve se transformar em consumo, portanto, impulsionando o crescimento econômico e lucros das empresas.

Atualmente, se espera que os lucros cresçam mais de 10% ao ano até 2024.

Crescimento de receita (barra laranja) e lucros (barra azul) para o S&P500 desde 2017 e esperados pelos analistas para os próximos 4 anos. Fonte e elaboração: Bloomberg.

É muito difícil para analistas estimarem crescimento de lucros tão forte. Daí o fato de os lucros estarem sendo continuamente revisados desde o início do ano e poderem subir mais do que esta estimativa acima.

Com relação às taxas de juros, ao contrário do cenário brasileiro, o Banco Central americano sinaliza que pelo menos até 2023 não deve promover elevação nas taxas de curto prazo. Adicionalmente, as taxas de longo prazo, se mantém em patamar inferior à inflação e menores do que estavam antes do início da pandemia.

As taxas mais baixas favorecem, além da disponibilidade de crédito, seu custo mais baixo para financiamento de investimentos futuros. Também eleva os lucros pelas menores despesas financeiras.

Adicionalmente, as taxas de juros mais baixas incentivam investidores a tomarem risco nos mercados financeiros.

Portanto, na ausência de algum evento extraordinário que interrompa este cenário, o mercado de ações americanos deve continuar atingindo novas máximas nos próximos meses.

No entanto, isto não quer dizer que não ocorram quedas no caminho, como as desvalorizações de 4% que ocorreram no meio dos meses de janeiro, fevereiro e maio deste ano de 2021.

 

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Para o investimento internacional em ações é melhor ter exposição cambial ou fugir dela? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/04/para-o-investimento-internacional-em-acoes-e-melhor-ter-exposicao-cambial-ou-fugir-dela/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/07/04/para-o-investimento-internacional-em-acoes-e-melhor-ter-exposicao-cambial-ou-fugir-dela/#respond Sun, 04 Jul 2021 05:30:49 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Vitrine-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2663 No passado, apenas aqueles que possuíam muitos recursos tinham o privilégio de investir em ativos no exterior. Atualmente, qualquer investidor possui acesso a dezenas de alternativas internacionais com investimento inicial a partir de R$100. Em adição a já difícil seleção dentre as alternativas, surge outra dúvida: vale a pena ter exposição ao dólar nestas aplicações ou é melhor evitar a volatilidade do câmbio?

É inevitável nosso desejo de estarmos sempre certos. Quando o câmbio está caindo, queremos evitar esta variação, mas quando ele está subindo, nos arrependemos de não ter feito toda posição com o efeito cambial.

Nos últimos três meses, vimos o câmbio cair mais de 15%. Com um movimento tão forte e rápido, logo acreditamos que a tendência é de queda.

Com nossa curta memória, esquecemos que movimentos de alta e queda desta mesma magnitude ocorreram por mais de uma vez em pouco mais de um ano. Observe estas oscilações no gráfico abaixo.

Evolução da taxa de câmbio Reais/ Dólar desde março de 2020. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Então, como acertar a tendência?

Apesar da célebre frase do ex-ministro Delfim Netto – “O câmbio foi feito para humilhar os economistas” –, existe uma forma de você estar sempre certo e vou explicar abaixo.

Vamos nos deter a análise de alternativas de renda variável, mas vou explicar o motivo desta restrição à frente.

O câmbio influencia o investimento em dois aspectos: no risco e no retorno. Vamos iniciar a discussão pelo efeito do risco.

Investimentos com exposição cambial em dólar elevam o risco da aplicação?

Considerando os retornos do câmbio desde 1999, quando nosso câmbio se tornou flutuante, a volatilidade anual da taxa Reais por Dólar é de quase 23% ao ano.

Seria de se imaginar que um investimento feito com exposição cambial elevasse o risco de qualquer investimento internacional. No entanto, isso não é verdade.

Por exemplo, considerando os retornos desde 1999, um investimento no índice de mercados emergentes MSCI (MSCI-EM) teria volatilidade menor quando realizado com exposição ao dólar.

A diferença é pequena, mas a vantagem se torna maior quando aliada ao retorno agregado do índice e do câmbio. A volatilidade anual do investimento com e sem o efeito do dólar é de 21,2% e 21,5%, respectivamente.

Perceba que mesmo o câmbio sendo mais volátil que o próprio índice, quando os dois estão agregados, o risco conjunto é menor que o risco individual dos dois elementos, ou seja, do câmbio e do MSCI-EM.

Entretanto, este efeito não ocorre com todos os ativos de ações internacionais.

Quando investimos no índice americano de ações (S&P500), o risco não se torna menor. No entanto, quando se considera o segundo efeito do câmbio, a vantagem é evidente.

No longo prazo vale a pena ter exposição ao dólar quando se investe em ações internacionais?

Como disse Delfim Netto, o câmbio é uma variável muito difícil de se prever. Mas esta dificuldade reside em intervalos de curto prazo.

O gráfico abaixo apresenta a evolução do câmbio (linha branca) e do risco país (linha laranja) no último ano. Existe uma razoável correlação entre os dois. Quando risco país sobe, o Real se desvaloriza e vice-versa.

Evolução da taxa de câmbio Reais/ Dólar e do risco país nos últimos 12 meses. Fonte e elaboração: Bloomberg.

No curto prazo, não é simples afirmar se o risco país vai continuar caindo. No entanto, com o cenário eleitoral se aproximando, é muito provável esperar uma elevação do risco país.

Mas não me proponho a acertar no curto prazo. E sugiro sempre que os investidores reflitam com horizonte de longo prazo. Assim, o que esperar no longo prazo?

Considerando que a inflação brasileira é mais elevada que a americana, é quase certo se esperar que o Real se desvalorize no longo prazo.

O gráfico abaixo mostra desde 1999 a evolução em base 100 do câmbio Real/ Dólar (linha branca) e do IPCA (linha laranja). Apesar da volatilidade do câmbio, constata-se que os dois resultaram no mesmo valor nestas pouco mais de duas décadas.

Evolução da taxa de câmbio Reais/ Dólar e do IPCA desde 1999. Fonte e elaboração: Bloomberg.

O investimento no MSCI-EM e no S&P500 quando feitos com efeito do câmbio neste período resultou em retornos muito superior do que sem a variação cambial. A diferença de retorno pode ser observada nos dois gráficos a seguir.

Evolução de um investimento de R$100 no índice MSCI de mercados emergentes (MSCI EM) com e sem efeito do dólar desde 1999. Fonte e elaboração: Bloomberg.

 

Evolução de um investimento de R$100 no índice de bolsa americana (S&P500) com e sem efeito do dólar desde 1999. Fonte e elaboração: Bloomberg.

Portanto, no longo prazo, investir em renda variável internacional com o efeito do câmbio melhora consideravelmente a relação retorno por risco do investimento.

Assim, se quiser acertar a direção do câmbio, pare de olhar para o curto prazo. O investimento internacional em ações com efeito cambial deve produzir melhores resultados no longo prazo.

 

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Se você acha que o mercado de ações americano está caro, precisa ver isto https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/03/28/se-voce-acha-que-o-mercado-de-acoes-americano-esta-caro-precisa-ver-isto/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/03/28/se-voce-acha-que-o-mercado-de-acoes-americano-esta-caro-precisa-ver-isto/#respond Sun, 28 Mar 2021 05:30:33 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Michael-Nagle-Xinhua-operador-de-bolsa-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2520 Notícias sobre bolha nas ações americanas surgiram a todos os momentos ao longo de todos os anos. No entanto, recentemente elas têm se tornado mais frequentes. Por acontecer todos os anos, os investidores não sabem se devem levar a sério os recentes alarmes. Explico em que se baseia a ideia de bolha no mercado e se há realmente uma bolha.

O primeiro sinal para mercado sobrevalorizado vem justamente da rentabilidade dos últimos doze meses do principal índice da bolsa americana, o S&P500. Este índice apresentou retorno de 54% nos últimos doze meses. A primeira questão que se coloca é: valorizações como esta costumam ocorrer com frequência?

Histograma de retornos de doze meses do S&P500 nos últimos 93 anos. Retorno de 54% como o que ocorreu nos últimos doze meses não ocorrem com frequência. Fonte: Economatica

 

O gráfico acima apresenta um histograma de frequência. Nele, é possível ver quantas vezes o S&P500 apresentou valorização similar nos últimos 93 anos.

O S&P500 só teve 17 janelas de doze meses com valorização igual ou superior a 54% desde 1927. Isso representa apenas 1,5% da amostra.

Portanto, como uma alta desta magnitude não é frequente, logo surge alerta de possível bolha. No entanto, a valorização pode ser explicada com lucros. Mas é exatamente esta uma outra fonte de alarme.

Evolução do múltiplo Schiller PE. Fonte: multpl.com/shiller-pe

 

O gráfico acima é calculado pelo economista e prêmio Nobel Robert Schiller, divulgado em seu próprio site e tem seu nome Schiller PE (Price/ Earnings, ou Preço/ Lucro). Ele apresenta a evolução do múltiplo Preço/ Lucro ao longo dos últimos 150 anos.

Perceba que o múltiplo de 35,75 é quase tão alto quanto ao da bolha da Nasdaq de 2001. Isto logo atrai a atenção dos alarmistas.

No entanto, três justificativas nos levam a acreditar que o atual alarme é falso e a bolsa americana ainda se mostra uma boa alternativa de diversificação de investimento

 

Crescimento econômico e dos lucros

Segundo estimativa produzida pela Bloomberg com economistas de mercado, a economia americana deve crescer 5,7%, neste ano, e mais 4% em 2022. Pela figura abaixo, é possível ver que crescimentos nesta magnitude não são frequentes.

Dados de crescimento econômico do EUA para cada ano. Fonte: Bloomberg

Com o forte crescimento econômico, também se espera um elevado incremento dos lucros para os próximos três anos. Segundo a estimativa média dos analistas, acompanhada pela Bloomberg, os lucros devem crescer, na média, 25%, 15% e 10%, respetivamente, entre 2021 e 2023.

É preciso lembrar que o múltiplo de Schiller é calculado com a média de lucros dos últimos 10 anos. Neste período, os lucros tiveram alta significativa. Ressalta-se que os preços atuais refletem os lucros futuros e a média do passado está desatualizada.

 

Taxa de juros

Quando se leva em consideração o patamar dos juros, a comparação com outros períodos não mostra sinais de bolha.

Para realizar esta comparação, se utiliza o indicador chamado Earnings Yield (EA). Esse indicador é calculado simplesmente invertendo o múltiplo P/L, ou seja, o Lucro/ Preço.

Ele representaria o retorno que o lucro produz em relação ao  Preço do ativo. Da mesma forma, se pensarmos num título de renda fixa, os Juros dividido pelo Preço resulta na taxa de juros.

Quando subtraímos o EA pela taxa de juros dos títulos públicos americanos de dez anos, podemos ter uma noção de quanto de prêmio se tem por investir em bolsa em relação a em um título público de longo prazo.

O gráfico abaixo mostra a evolução deste “prêmio” nos últimos 150 anos.

Evolução da diferença entre o Earnings Yield e as taxas de juros de 10 anos americanas. Fonte: multpl.com

Apesar de o prêmio não ser atrativo como no passado longínquo, ele não está negativo como estava nas crises de 2001 e 2008. Portanto, há prêmio a se capturar por se investir na bolsa.

 

Juros real

Alguém pode argumentar que lucro não, necessariamente, vai todo para o investidor, então vamos comparar o ganho de dividendo com as taxas de juros reais.

O ganho de dividendo, conhecido pelo seu nome em inglês, Dividend Yield é calculado pela divisão do dividendo recebido pelo preço pago por se comprar o ativo.

Embora o índice não pague dividendo, se considera a média ponderada dos dividendos pagos pelas ações que formam o índice.

O gráfico abaixo apresenta a evolução da diferença entre o ganho de dividendo e a taxa real de juros de dez anos americana.

Evolução da diferença entre o dividend yield e as taxa de juros reais de 10 anos americanas. Fonte: multpl.com

 

Por este gráfico, percebe-se que o prêmio recebido por se investir em ações em relação aos títulos de renda fixa é positivo e superior ao da crise de 2008.

Novamente, afastando a ideia de bolha nos mercados.

Adicionalmente, a expectativa média de valorização para o índice americano é de 9% em 2021, segundo os analistas acompanhados pela Bloomberg. No entanto, esta valorização pode ser revisada para cima quando consideramos que os números de crescimento têm sido mais fortes que o esperado, recentemente.

Mesmo com potencial de retorno, é muito importante alertar que toda aplicação em bolsa tem risco e o investidor deve considerar seu perfil para alocar com segurança.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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A maioria dos investidores investe errado na bolsa; descubra se você erra também https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/02/21/a-maioria-dos-investidores-investe-errado-na-bolsa-descubra-se-voce-erra-tambem/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/02/21/a-maioria-dos-investidores-investe-errado-na-bolsa-descubra-se-voce-erra-tambem/#respond Sun, 21 Feb 2021 05:30:34 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Mark-Abramson-The-New-York-Times-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2489 A grande maioria dos investidores investe errado no mercado de ações e aqueles que não investem, muitas vezes não o fazem pela experiência equivocada que conhecidos tiveram. Explico cinco erros dos aplicadores e como tirar o melhor do mercado de ações correndo menos risco.

Quem nunca ouviu história de um amigo ou parente que perdeu alguma fortuna do mercado acionário? Talvez você mesmo tenha uma história para contar. Relatos como estes criam uma ideia errada sobre o risco de investir em bolsa e afastam investidores.

De fato, a razão da experiência negativa no mercado de ações para várias pessoas está na forma errada como o investimento foi realizado. E o primeiro erro é consequência do medo de ficar de fora.

Esse medo é responsável por vários equívocos em investimentos. Ele acaba ocorrendo quando ouvimos vários relatos de pessoas ganhando em um determinado ativo.

Você já pode imaginar sobre o que estou falando. Muitos esperam para entrar no mercado apenas depois de ele ter subido bastante. Neste instante, todas as mídias comunicam os recordes do mercado e vários de seus colegas contam o que ganharam. Diversos investidores com medo de ficar de fora, acabam tomando decisões precipitadas.

 

Momento de entrada

Justamente, no momento em que o investidor deveria ser mais cuidadoso é que ele acaba decidindo pelo investimento. Este momento é quando altas fortes ocorrem no curto prazo.

Este mesmo aplicador acaba fugindo, desesperado nas primeiras quedas, depois de ter entrado na máxima.

O período de cinco anos, encerrado em 2020, foi o melhor desde 2007. Neste intervalo, o mercado subiu uma média de 22,4% ao ano. No entanto, se perdeu-se os seis meses que o mercado subiu mais durante este período, seu retorno teria sido de apenas 6,20% ao ano.

A lição que se pode extrair é que algum investimento em ações deve ser permanente na sua carteira. Ou seja, no seu plano você deve ter uma faixa de exposição máxima e mínima.

Se você escolher o momento para entrar e decidir por aplicar após ver altas do mercado, é possível que tenha perdido a oportunidade.

Assim, entrando depois de altas recentes, ganhos de curto prazo ficam menos prováveis e é sobre este risco que vamos falar a seguir.

 

Prazo

Fiz uma pesquisa no meu perfil no Instagram (@michaelviriato) e o resultado é um reflexo de três falhas que investidores cometem. A primeira destas está relacionada ao prazo de investimento.

Na pesquisa, 80% dos investidores expressaram o medo de perda de principal quando estão investindo em bolsa.

O investimento em bolsa deve ter o horizonte de longo prazo. Acho que todos já ouviram falar sobre isso. No entanto, vários esquecem e, outros confundem, o que significa longo prazo.

Primeiro vamos definir os períodos de investimento. Quando se fala em curto prazo, deve-se considerar um prazo de até dois anos. Entre dois a cinco anos, significa médio prazo. Portanto, a expressão longo prazo considera período superior a cinco anos.

Tente responder a estes três testes.

1) Se o passado se repetir, qual a probabilidade de um investidor ter perda de principal, investindo no Ibovespa, com horizonte de 2 anos?

a) mais de 56%

b) 36%

c) 16%

d) 6%

e) menos de 1%

 

2) Se o passado se repetir, qual a probabilidade de um investidor ter perda de principal, investindo no Ibovespa, com horizonte de 5 anos?

a) mais de 56%

b) 36%

c) 16%

d) 6%

e) menos de 1%

 

3) Se o passado se repetir, qual a probabilidade de um investidor ter perda de principal, investindo no Ibovespa, com horizonte de 10 anos?

a) mais de 56%

b) 36%

c) 16%

d) 6%

e) menos de 1%

 

Você já pode imaginar que se investe com horizonte de longo prazo, a possibilidade de ter perda de principal é significativamente menor que se pensar no curto prazo.

Nos últimos vinte anos, considerando janelas de prazos em todos os dias, é possível verificar que a probabilidade de ter perda financeira, se ficar dez anos, é quase zero. Com prazo de cinco anos, a probabilidade de ter um retorno negativo sobe para 16%. Caso invista em prazo de dois anos, a probabilidade de perda sobe para 36%.

Portanto, se está investindo de forma diversificada, tenha paciência, que a maior probabilidade é que você não terá perdas no longo prazo. No entanto, isto só vale se você realmente está diversificado. É justamente sobre esta falha que discuto abaixo.

 

Diversificação nacional

Muitos investidores cometem a falha de seguir rumores em mídias sociais e comentários de uma ação que vai disparar ou vai reverter a queda, pois caiu demais.

Seguindo comentários, investidores acabam aplicando parte relevante do capital em uma ação que já superou muito seu valor justo. É preciso entender que existe uma grande diferença entre uma empresa boa e uma ação boa para se investir.

Outros, acompanhando gráficos, tentam comprar uma ação quando ela se desvaloriza em determinado percentual. Compreenda que o fato de uma ação ter caído 50% não significa que ela não possa cair mais 50% e mais 50% depois disso. Não é porque um ativo caiu 50% que você não possa perder 50% se entrar após a queda.

Por exemplo, imagine uma ação que tenha cotação de R$100. Se ela cair 50%, seu preço cai para R$50. Neste momento, a ação poderia cair mais 50% e seu preço se desvalorizaria para R$25.

A forma mais adequada em termo de retorno e risco é escolher bons gestores e investir nos fundos destes. Eles contam com equipes especializadas e suas chances são menores de perda. Mas, ainda há uma outra diversificação que reduz ainda mais suas chances de perda.

 

Diversificação internacional

A diversificação internacional traz um benefício significativo para que seu investimento em ações não resulte em perda financeira.

Este benefício ocorre pela descorrelação entre os mercados. Por exemplo, enquanto o mercado de ações brasileiro sofre influências políticas internas e aspectos de nossa economia, outro mercado, como o americano, em nada vai ser impactado por estes ruídos do Brasil.

No exemplo do investimento com prazo de cinco anos, vimos que se você investisse no Ibovespa, teria probabilidade de 16% de ter perda negativa neste período. No entanto, se o investimento tivesse sido realizado metade no Ibovespa e metade na bolsa americana – o S&P500, a probabilidade cairia para menos de 1%.

Esta probabilidade cairia ainda mais se seguir a próxima recomendação.

 

Concentração do investimento no tempo

A probabilidade de perda se reduz, significativamente, se dividir a aplicação em bolsa, realizando-as em intervalos de tempo espaçados ou periodicamente.

Fazendo investimentos de forma frequente, você vai aproveitar os momentos em que o mercado se mostra com melhores chances de sucesso.

Se você seguir estas recomendações, dificilmente, vai pensar que o mercado de ações pode te proporcionar risco de perda de principal.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Os melhores e os piores de janeiro e qual deve ser o melhor investimento do ano https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/01/31/os-melhores-e-os-piores-de-janeiro-e-qual-deve-ser-o-melhor-investimento-do-ano/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/01/31/os-melhores-e-os-piores-de-janeiro-e-qual-deve-ser-o-melhor-investimento-do-ano/#respond Sun, 31 Jan 2021 05:30:09 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Funcionário-da-Bolsa-de-Nova-Iorque-Michael-Nagle-Xinhua-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2467 O mês de janeiro marcou o tom que o investidor deve esperar para o ano. Depois de atingir o máximo histórico de 125 mil pontos ainda na primeira semana de janeiro, o Ibovespa encerrou o mês com queda superior a 3%. Quem acha que a volatilidade era assunto do ano passado, vai se frustrar em 2021. Saliento que um dos ativos com maior rendimento no mês, também, deve ser o destaque do ano e não deve ser a GameStop.

Comento abaixo os resultados das principais aplicações. No final do artigo, apresento tabela com a evolução do retorno dos mais importantes ativos nos últimos meses.

 

Renda fixa

Novamente, o CDI perdeu da inflação no mês de janeiro. Este é o oitavo mês consecutivo. Historicamente isto nunca ocorreu, mas você deve se preparar para que este cenário se torne uma rotina.

Neste sentido, o investidor deve restringir o que mantém em ativos referenciados ao CDI para apenas o que pretende usar no curto prazo para resgates ou para rebalanceamento da carteira.

Cuidado ao investir em títulos de longo prazo referenciados ao IPCA ou prefixado. Perceba que no mês de janeiro os títulos longos sofreram. Se a inflação continuar surpreendendo para cima, essa perda pode se elevar.

Prefira os fundos que investem em títulos de renda fixa com vencimentos mais curtos.

 

Fundos Multimercados

Os fundos multimercados enfrentam um cenário desafiador. Os prêmios dos ativos mais reduzidos e a maior volatilidade neste momento são dois elementos que, em conjunto, dificultam a administração para quem precisa apresentar ganhos todos os meses a fim de não ser crucificado.

 

Fundos imobiliários (FIIs)

Depois de um ano de 2020 frustrante, em que a média dos FIIs apresentou queda de mais de 10%, em janeiro, eles tiveram retorno melhor que os ativos de maior risco como o Ibovespa.

Quando avaliados no período dos últimos dez anos, os FIIs se mantêm como um investimento melhor que as ações pagadoras de dividendos, medidas pelo índice de dividendos da B3 (ver figura abaixo). Não só o desempenho foi melhor, como também o risco foi menor quando medido pela volatilidade.

Evolução do Índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX, linha branca) e do índice de ações pagadoras de dividendos (IDIV, linha laranja). Fonte: Bloomberg

Reforça-se que este é um investimento de risco comparável a uma carteira de imóveis. No entanto, é muito mais seguro que o investimento em um ativo individual.

 

Moedas

Quem avaliou o desempenho do dólar nos últimos dois meses do ano de 2020 e apostou que ele deveria entrar em trajetória de queda, foi surpreendido.

Embora muitos analistas globais apontem para uma fraqueza do dólar, esta se refere apenas quando comparada às principais moedas do mundo.

O cenário contra o Real tende a ser diferente. A explicação é o ruído político e fragilidade fiscal de nosso país.

Investimentos em dólar são o principal instrumento para reduzir o risco de quem possui ativos de risco na carteira.

 

Ouro

Esqueça o ouro como ativo descorrelacionado com o mercado e que pode trazer o benefício de redução de risco. Perceba na tabela no final do artigo que ao longo dos últimos meses o metal apresenta maior correlação com os ativos de risco.

Quem investe no metal para se beneficiar do movimento expansionista americano, poderia se aproveitar ainda mais o fizesse por meio de fundos de ações internacionais.

 

Renda Variável – Ações.

O mercado brasileiro se descolou do americano logo depois da eleição do presidente. O desempenho positivo do Brasil em relação aos EUA atingiu seu máximo na primeira semana de janeiro.

Em cerca de trinta dias, o Ibovespa se valorizou mais de 10% acima do S&P500. No entanto, quase toda performance superior foi perdida ao longo das três últimas semanas de janeiro (ver figura abaixo). O Ibovespa foi abatido pelas incertezas fiscais, volta de restrições pela pandemia e atraso na campanha de vacinação que podem prejudicar as expectativas de crescimento econômico para o ano.

Evolução do Ibovespa e do S&P500 com base 100 em 30/11/2020. Fonte: Bloomberg.

Outros mercados emergentes foram mais beneficiados pelo movimento expansionista americano. Neste sentido, o índice de ações chinesas foi o destaque de resultado positivo para o mês de janeiro.

O crescimento econômico da China surpreendeu no ano passado e analistas já revisam, para cima, as expectativas para 2021. Adicionalmente, o múltiplo Preço/ Lucro da China se encontra atrativo quando comparado a outros países emergentes, inclusive o Brasil. Este múltiplo é um indicador internacionalmente utilizado para comparar empresas e índices, bem como avaliar quem está mais barato.

 

Assim como no mês de janeiro, a volatilidade dos ativos de risco deve se manter elevada no restante do ano. Portanto, a melhor estratégia é ter uma boa diversificação e atentar para o controle do risco.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

Retorno das principais classes de ativos ao longo dos últimos meses. Fonte: Economatica
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O que esperar do mercado de ações com o resultado das eleições americana? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/11/08/o-que-esperar-do-mercado-de-acoes-com-o-resultado-das-eleicoes-americana/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/11/08/o-que-esperar-do-mercado-de-acoes-com-o-resultado-das-eleicoes-americana/#respond Sun, 08 Nov 2020 05:30:07 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Michael-Nagle-Xinhua-operador-de-bolsa-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2372 Durante o final do mês de outubro, não faltaram especialistas fazendo previsões alarmantes sobre o que poderia ocorrer com a vitória do democrata Joe Biden na eleição para presidência americana. Seguindo estes receios, o mercado de ações, medido pelo índice S&P 500 caiu mais de 7% desde meados do mês anterior, como pode ser visto no gráfico abaixo.

Você provavelmente ouviu que o mercado tende a ir melhor sob o mandato de um republicano, pois estes são mais propensos a medidas favoráveis às empresas como corte de impostos.

Entretanto, tão logo saíram os primeiros resultados, o mesmo S&P500 retornou para nível próximo ao máximo anterior. Com esta surpresa, vários analistas correram para justificar que a alta seria explicada pelo fato de os mesmos democratas não terem ganhado a maioria no Senado americano.

Evolução do índice S&P500 (linha amarela) desde 12 de outubro até sexta-feira (06/11). Fonte: Bloomberg.

Nesta ambiguidade, investidores se questionam se a vitória dos democratas deveria realmente preocupar o mercado de ações americano. Antes de analisar, vamos testar sua opinião.

Baseado no que você leu ao longo das últimas semanas, com qual dos partidos o principal índice da bolsa americana o S&P500 subiu mais ao longo dos últimos 90 anos, ou seja, desde 1929?

a) Republicanos, partido do presidente Donald Trump

b) Democratas, partido do presidente Joe Biden

Muitos falaram que as empresas que poderiam sofrer mais em um governo democrata seriam as empresas de tecnologia. Então, com qual dos dois partidos o índice da bolsa eletrônica Nasdaq – Nasdaq Composite – subiu mais ao longo do último meio século desde quando ele foi criado?

a) Republicanos, partido do presidente Donald Trump

b) Democratas, partido do presidente Joe Biden

 

Retorno S&P500 e o partido do presidente

A tabela abaixo descreve os presidentes americanos e seus partidos desde 1929. Neste período, tiveram 15 presidentes diferentes, dos quais oito eram republicanos e sete democratas.

Tabela com os presidentes americanos, seus partidos e o desempenho do S&P500 em cada mandato desde 1929.

Na última coluna consta o desempenho do índice S&P500 no período do mandato. Curiosamente, o pior retorno foi no mandato de um presidente republicano e a maior valorização foi no governo do democrata Bill Clinton

Considere dois investidores, um que só investiu na bolsa americana nos governos republicanos e outro que só permaneceu comprado no mandato de um democrata. Ou seja, imagine que cada investidor tenha comprado o índice no início do ano do mandato e vendido no final para cada partido.

Tabela com o retorno acumulado do S&P500 desde 1929 em cada um dos mandatos de democratas e republicanos, respectivamente.

O resultado do investidor democrata e do republicano estão na tabela abaixo. A composição dos retornos do índice de ações ao longo dos mandatos democratas somou 6.411,6%, e apenas 121,3% nos governos republicanos. Portanto, o mercado de ações subiu mais durante governos democratas

 

Retorno do NASDAQ Composite e o partido do presidente

Você já pode imaginar que o resultado no caso da bolsa eletrônica Nasdaq seguiu a mesma direção. A diferença é que esta bolsa e seu índice existem apenas a partir de 1971. Portanto, há uma amostra menor de presidentes.

Tabela com os presidentes americanos, seus partidos e o desempenho do Nasdaq Composite em cada mandato desde 1971.

Perceba que os destaques positivos deste índice ocorreram nos governos democratas de Clinton e Obama. No agregado dos mandatos, um investidor que aplicou no índice Nasdaq apenas em governos democratas obteve desempenho melhor que aquele que escolheu os períodos de mandatos republicanos.

Tabela com o retorno acumulado do Nasdaq Composite desde 1971 em cada um dos mandatos de democratas e republicanos, respectivamente.

Vimos que os mercados tiveram desempenho melhor nos períodos de governos democratas. No entanto, você ainda poderia ganhar mais se adotasse outra postura.

Se você tivesse ficado comprado no índice S&P500 ao longo de todos os anos, desde 1929 até sexta-feira passada, teria obtido retorno de 16.261,0%. Se tivesse permanecido comprado no Nasdaq Composite desde 1971, teria um desempenho de 11.795,2%.

Embora o mercado tenha subido mais em governos democratas, teria sido melhor não tentar adivinhar em qual partido os mercados subiriam mais. Portanto, o ideal é manter uma exposição adequada ao seu perfil de investidor. Para isso, existem fundos de investimentos que permitem acesso a estes mercados, mesmo pequenos investidores.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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