De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Saiba qual tipo de fundo multimercado tem se destacado em 2018 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/08/05/saiba-qual-tipo-de-fundo-multimercado-tem-se-destacado-em-2018/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/08/05/saiba-qual-tipo-de-fundo-multimercado-tem-se-destacado-em-2018/#respond Sun, 05 Aug 2018 09:00:56 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/Foto-MS-dolar-euro-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1226 Nos últimos oito anos os fundos multimercados foram um dos melhores investimentos do mercado brasileiro, quando se avalia o retorno ajustado ao risco. Um tipo específico destes fundos tem se destacado dos demais. Antes de apresentá-lo, vamos comparar os fundos multimercados com outros investimentos usuais no Brasil.

O gráfico abaixo apresenta o retorno desde 2010 do CDI (azul), Ibovespa (vermelho), IMAB5+ (laranja), IHFA (verde). O IHFA e o IMAB5+ são índices calculados pela Anbima e representam, respectivamente, a média dos fundos multimercados, e dos títulos referenciados ao IPCA com vencimento maior que cinco anos. Este último índice inclui os famosos títulos Tesouro IPCA disponíveis na plataforma do Tesouro Direto.

Evolução dos principais índices de investimentos desde 30/12/2010 (Fonte: Quantum Axis).

Avaliando o gráfico, percebe-se que o Ibovespa foi um dos piores investimentos neste prazo. Ele rendeu apenas 14,3% desde 30/12/2010 até o final de julho. O CDI no mesmo período se valorizou 113,3%. O IHFA e o IMAB5+ superaram o CDI e apresentaram retorno de 137,4% e 137,8%, respectivamente. Como é usualmente informado, a variação relativa desses últimos índices foi de 121,3% e 121,6% do CDI, respectivamente.

Apesar do retorno do índice de fundos multimercados ter sido ligeiramente abaixo da média dos títulos referenciados ao IPCA de longo prazo, o risco do primeiro é significativamente menor. Reforço que as rentabilidades dos fundos já são líquidas de todas as taxas.

O risco pode ser avaliado pela observação do comportamento do gráfico. A linha que representa o IMAB5+ tem uma variação mais acentuada para cima e para baixo em relação à do IHFA. Isso quer dizer que o investimento em fundos multimercados, na média, proporciona uma menor probabilidade de perda em intervalos de tempo.

Embora o IHFA tenha apresentado excelente desempenho nos últimos oito anos, uma específica categoria de fundos multimercados tem apresentado especial destaque no ano de 2018.

Segundo o critério da Anbima, os fundos multimercados são classificados em onze categorias. A classificação é realizada conforme a estratégia definida pela política de investimentos do produto. Para entender melhor o que faz cada tipo, confira a cartilha da Anbima.

A rentabilidade dos onze tipos de fundos multimercados, juntamente com a do CDI, é apresentada no gráfico abaixo.

Rentabilidade dos onze tipos de fundos multimercados e do CDI em 2018 (Fonte: Anbima).

Os fundos da categoria Long and Short apresentam quase o dobro da variação do CDI em 2018 e se destacam dentre seus pares. Adicionalmente, os fundos desse tipo costumam ter um risco menor que a média de seus pares. Portanto, seu retorno ajustado ao risco se destaca ainda mais.

Curiosamente, os investidores preferiram concentrar seus investimentos na categoria Macro. Pelo gráfico abaixo, verifica-se que os fundos Long and Short na verdade tiveram resgate líquido e foram o terceiro pior em captação em 2018 até o final de julho, apesar de seu bom desempenho.

Captação líquida dos onze tipos de fundos multimercados em 2018 (Fonte: Anbima).

Reforço que apesar do desempenho mais acentuado dos fundos Long and Short, o ideal é diversificar em mais de uma estratégia para mitigar o risco de oscilação dos mercados.

Os fundos da categoria Livre são uma alternativa, caso não seja possível dividir a aplicação em mais de um fundo. Este tipo não tem concentração em uma estratégia específica e é uma forma de diversificar nas estratégias com um só fundo.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

 

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Como investir em renda fixa e obter retorno maior que no Tesouro Direto https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/22/como-investir-em-renda-fixa-e-obter-retorno-maior-que-no-tesouro-direto/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/22/como-investir-em-renda-fixa-e-obter-retorno-maior-que-no-tesouro-direto/#respond Sun, 22 Jul 2018 09:00:35 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Vitrine-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1206 A popularização da plataforma do Tesouro Direto proporcionou aos investidores um ganho de rentabilidade acima das aplicações tradicionais dos grandes bancos e sobre a decadente caderneta de poupança.

O desenvolvimento do mercado de renda fixa brasileiro deve resultar em um novo salto de rentabilidade, mas é preciso considerar com cuidado os riscos de cada investimento.

A plataforma do Tesouro Direto disponibiliza a negociação de títulos públicos de três tipos: referenciados à taxa Selic, prefixado e referenciado ao IPCA. As vantagens dessa plataforma são a possibilidade de se investir valores tão baixos quanto R$30, a liquidez para venda e o baixo risco de crédito dos títulos. Entretanto, essas vantagens têm um custo mínimo de 0,30% ao ano.

Com a taxa Selic em 6,4% ao ano, esse custo faz com que o título Tesouro Selic renda apenas 95,5% do CDI que está em 6,39% ao ano.

Existem fundos de renda fixa referenciados ao CDI, com baixo risco, liquidez e com aplicação inicial a partir de R$3 mil que rendem pelo menos 100% do CDI já líquidos de todos os custos. Alguns desses fundos chegaram a proporcionar retornos superiores a 105% do CDI nos últimos anos. No passado, eles estavam disponíveis apenas para clientes private, mas já podem ser adquiridos em diversas corretoras.

O retorno superior de pelo menos 0,3% ao ano pode parecer pequeno no curto prazo, mas resulta em uma diferença de quase 6% em 20 anos, ou de R$1,8 mil a mais se investiu R$10 mil pelo mesmo período.

Também há as alternativas de CRIs e CRAs de empresas de baixo risco de crédito que têm sido distribuídos a taxas líquidas de IR de 95% do CDI. Como esses títulos são isentos de IR e o título Tesouro Selic é tributado, a diferença é significativa. Um retorno de 95% do CDI líquido equivale a um retorno de um título sujeito a IR de no mínimo 111,7% do CDI, ou mais se o título tributado precisa ser vendido em menos de dois anos.

A vantagem deles sobre os títulos públicos é ainda mais significativa no longo prazo do que a descrita anteriormente. Entretanto, ela vem com um risco de crédito um pouco maior. Para mitigar esse risco, o investidor deve limitar o investimento por emissor em no máximo 2% a 3% de seu patrimônio.

No caso dos títulos prefixados e referenciados ao IPCA, o ganho dos títulos privados pode ser ainda maior.

Os CDBs de bancos médios com garantia do FGC, prefixados e referenciados ao IPCA são vendidos nas corretoras com rentabilidade 20% superior à dos títulos públicos de mesmo prazo.

Enquanto o aplicador obtém 9% ao ano de retorno no título Tesouro Prefixado de três anos, um CDB de banco médio, de prazo similar, apresenta rentabilidade próxima a 10,8% ao ano.

Se fosse possível conseguir as mesmas taxas por vinte anos, o CDB resultaria em rentabilidade de quase 50% superior à do título público devido ao poder dos juros compostos.

Nos títulos referenciados ao IPCA é possível se valer dos ganhos de isenção de IR nas debêntures incentivadas e nos CRIs e CRAs. Mesmo que o título isento tenha a mesma taxa do título público, a isenção de IR proporciona, anualmente, retorno real líquido 34% superior ao do título público, pois a inflação também é tributada e reduz o retorno real do título sujeito a IR.

Vale destacar que o ganho adicional dos títulos privados ocorre devido ao risco de crédito que possuem. Para mitigar esse risco de crédito o investidor pode se valer da garantia do FGC para as emissões bancárias e limitar a participação por emissor nos títulos que não possuem esse seguro como os CRIs, CRAs e debêntures.

Para aqueles investidores que desejam correr menor risco de crédito, os fundos de investimento em infraestrutura que aplicam em debêntures incentivadas são uma boa opção, pois o gestor do fundo faz a análise de risco e diversifica em vários ativos. Alguns desses fundos possuem investimento mínimo de R$1mil. Lembro que o investimento mínimo em uma debênture, CRI ou CRA é próximo a R$1 mil. Logo, os fundos permitem uma grande diversificação, ou seja, menor risco de crédito e com o mesmo valor.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Saiba quais foram os investimentos preferidos do mês de maio e o que fazer https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/06/03/saiba-quais-foram-os-investimentos-preferidos-do-mes-de-maio-e-o-que-fazer/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/06/03/saiba-quais-foram-os-investimentos-preferidos-do-mes-de-maio-e-o-que-fazer/#respond Sun, 03 Jun 2018 09:00:49 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Bolsa-AP-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1121 No mês de maio os investidores que foram mais bem sucedidos foram os que acreditaram que tudo daria errado, mas não foi nisso que a maioria apostou. Esse mês foi marcado por perdas para a maior parte dos investidores, mas a preferência dos investidores indica que essa desvalorização seria uma oportunidade.

Coincidentemente, o retorno dos ativos nesse mês teve o mesmo sentido do ano passado, ou seja, os ativos com maior risco tiveram pior desempenho e as moedas (Euro e Dólar) e o índice de ações americanas – S&P500 – se valorizaram. Entretanto, a intensidade dos movimentos, tanto na queda, quanto na alta, foi maior nesse ano.

Retorno dos principais ativos financeiros em maio de 2018 e de 2017. (Fonte: Quantum)

A intensidade nas variações dos preços dos ativos nos leva a questionar o que os investidores fizeram de alocação nesse mês de maio.

O gráfico abaixo apresenta a captação líquida nos fundos de investimento, segundo a Anbima.

Captação líquida em fundos de investimento por classe de ativos em maio de 2018. (Fonte: Anbima)

Apesar de na média apresentarem resultado negativo no mês, a maior captação foi para os fundos da categoria multimercados. Essa captação foi superior inclusive à do mês anterior. Sua rentabilidade média pode ser visualizada na tabela pelo índice IHFA. Esse é um índice calculado pela Anbima que reflete o retorno de uma cesta de 154 fundos multimercados. Esses fundos podem aplicar em diversas classes de ativos como renda fixa, câmbio, ações e no mercado internacional (veja mais sobre eles no link).

Os fundos dessa classe são ideais para os investidores que não estão acostumados a acompanhar o mercado. Em fundos multimercados o investidor delega a uma equipe de especialista a decisão do melhor momento para aplicar em cada classe de ativos.

Os fundos de ações foram a segunda classe de ativo mais preferida. Entretanto, a captação foi quase um terço da observada no mês anterior, ou seja, essa captação positiva, provavelmente, deve ter ocorrido no início do mês quando os reflexos da greve dos caminhoneiros ainda não tinham ocorrido.

Apesar da forte desvalorização das ações, a aplicação nessa classe de ativos deve ser feita com cautela. Aqueles que possuem baixa exposição a ativos de renda variável, podem aproveitar para alocar uma pequena parcela de seu patrimônio com o horizonte de longo prazo. Os aplicadores que investiram em ações na queda de maio de 2017, tiveram valorização média de 19,4% até o final de 2017, quando medida pelo índice Ibovespa.

Os fundos cambiais que apresentavam resgate líquido em abril de 2018 e nos doze meses anteriores, tiveram a maior captação líquida dos últimos doze meses. A captação só não foi maior que a de maio de 2017. Essa forte captação e a valorização de 13% que o dólar apresenta no ano de 2018 nos leva a crer que esse movimento dos investidores está atrasado e foi realizado apenas como consequência do desempenho passado.

Segundo dados do Banco Central, a poupança continua sofrendo resgate líquido. O mesmo sentido pode ser visto na renda fixa que tem apresentado uma baixa captação no ano.

Com as baixas taxas de retorno apresentada pelos investimentos de baixo risco, os investidores têm diversificado seus portfólios em alternativas de maior risco e com maior potencial de valorização.

Esse movimento está alinhado com a visão de longo prazo para os investimentos, mas deve ser feito com cautela e sempre levando em conta o perfil do investidor.

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Saiba como seus investimentos são afetados pela greve dos caminhoneiros https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/27/saiba-como-seus-investimentos-sao-afetados-pela-greve-dos-caminhoneiros/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/27/saiba-como-seus-investimentos-sao-afetados-pela-greve-dos-caminhoneiros/#respond Sun, 27 May 2018 09:00:41 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/Gasolina-e-diesel-sofreram-cinco-reajustes-consecutivos-entre-os-dias-15-e-19-de-maio-PA-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1106 A greve dos caminhoneiros nesta semana esvaziou as prateleiras dos supermercados e elevou os preços de alimentos. No mercado financeiro, os preços foram na direção contrária. Enquanto a atenção do brasileiros está voltada para alta dos preços de perecíveis, a queda dos ativos financeiros que pode trazer oportunidades duradoras parece relevada.

Conforme escrevi anteriormente, o mês de maio marca o início de um período do ano que historicamente apresenta os piores resultados. No ano passado, coincidentemente, o mercado foi impactado pela divulgação das delações dos sócios da JBS.

Enquanto, o principal índice da bolsa americana o S&P500 caía quase 1% no ano até o final de abril de 2018, os ativos brasileiros apresentavam expressivos ganhos. E o câmbio, “como canário de mina”, já mostrava sinais de que investidores se protegiam para o pior.

Retorno dos principais ativos financeiros no ano de 2018 até 30 de abril. (Fonte: Quantum)

Neste mês de maio, a greve dos caminhoneiros não foi o primeiro motivo a retirar o brilho que os mercados apresentavam até abril. A decepção dos mercados com a manutenção das taxas de juros pelo COPOM fez com que investidores realizassem parte dos lucros do ano.

As consequências da greve nesta semana trouxe incerteza com relação ao crescimento da economia e perspectiva de maior inflação, mas que ainda são vistas como temporárias como alerta Alexandre Lintz, estrategista da Garde:

“Problemas logísticos levarão alguns alimentos in natura a apresentarem fortes oscilações de preços, não necessariamente para cima, em função de desequilíbrios regionais de curto prazo entre oferta e demanda. A atividade econômica sofrerá um impacto negativo em um primeiro momento em função das paradas que estão ocorrendo em diversas linhas de produção no país. Porém, esses efeitos tendem a ser temporários e com baixo impacto no quadro macroeconômico de médio prazo.”

Seguindo o sentido contrário do mercado internacional que subiu essa semana e no mês, os investidores já ajustaram os preços dos ativos brasileiros para a elevação dos riscos.

Retorno dos principais ativos financeiros no ano, em maio e nesta primeira semana de greve dos caminhoneiros. (Fonte: Quantum)

Renda Fixa

No segmento de renda fixa, a greve promoveu dois efeitos: receios com pressão inflacionária e elevação de risco político. Entretanto, conforme descreve Lintz, o principal deles é o segundo:

“O maior impacto desta greve poderá ser na percepção de estabilidade institucional no país, principalmente em função da resposta irresponsável que a classe política tem dado para o problema. Discussões de mudanças importantes no regime fiscal e na política de preços da Petrobras por pressão de grupos específicos quando o país passa por um período desafiador de ajuste fiscal pode resultar em maior incerteza macroeconômica com impactos negativos nas perspectivas de investimentos.”

Essa incerteza se reflete no prêmio cobrado pelos investidores para investir em títulos de renda fixa de longo prazo no Brasil:

“O forte aumento das taxas de juros de longo prazo e da inflação implícita nos títulos públicos nos últimos dias expressam essa preocupação do mercado.”

Maior prêmio significa maior potencial de retorno. Talvez as taxas de longo prazo possam se elevar ainda mais com o risco, mas o prêmio nas taxas prefixadas de médio prazo se mostra interessante.

Importante lembrar que o CDI se encontra baixo. Portanto, uma aceleração da inflação pode eliminar o juros real (acima do IPCA) de cerca de 3% ao ano implícito no CDI.

Renda variável

O mercado de ações foi o que mais sofreu como consequência da greve, pois além de ser afetado com o aumento de risco, o crescimento esperado dos lucros das empresas também foi comprometido.

As paralisações reduzem a confiança dos indivíduos e empresários. Como consequência, há uma retração de consumo pelos primeiros, e de investimentos por parte dos empresários. Em simulações com analistas, chegamos a perdas de 4% nos lucros esperados das empresas a cada semana que a greve se estende.

Entretanto, essa redução de lucro no curto prazo representa pouco, se o cenário de longo prazo não for alterado. Portanto, tão ou mais importante que o impacto do lucro pela greve nessa semana é o reflexo sobre a eleição desse ano e a perspectiva dos candidatos em se manterem comprometidos com as reformas necessárias para redução do endividamento e consequentemente do risco país.

Apesar da desvalorização dos preços, os riscos desta greve persistir ou de outras classes de trabalhadores se aliarem, trazendo mais paralizações, sustenta cautela. No entanto, para quem não possui qualquer investimento em ações, mas tem perfil diferente de conservador, pode aproveitar para alocar uma pequena parcela em fundos de ações pagadoras de dividendos.

Outra classe de ativos afetada foi a dos fundos de investimentos imobiliários (FIIs). O analista de fundos imobiliários da Eleven Research, Raul Grego também acredita que:

“No longo prazo não há mudança nos fundamentos dos empreendimentos imobiliários.”

Embora não acredite em efeitos no longo prazo, ele indica como a greve pode afetar os FIIs no curto prazo:

“O segmento de shoppings poderia ser impactado com um menor fluxo de pessoas indo aos shoppings por meio de qualquer veículo para simplesmente economizar combustível, o que poderia sugerir uma redução no aluguel variável e na receita de estacionamento do mês. No entanto, seria um impacto de curtíssimo prazo, não relevante para mudar os fundamentos de qualquer fundo imobiliário.“

Como mencionei anteriormente, os ativos referenciados à inflação são os veículos mais adequados para proteção contra desvalorização do câmbio. A recente queda das cotações, trouxe o preço do índice de fundos imobiliários (IFIX) para patamar inferior ao do início do ano. Vários FIIs apresentam retorno esperado por dividendos de 7% isentos de IR e corrigidos pelo IPCA.

O ambiente de incerteza sugere cautela, pois como indica Lintz:

“Ainda é cedo para dizer, mas se optarmos por desviar, mesmo que temporariamente, do plano de ajuste das contas públicas e da implementação de reformas o viés macroeconômico para o futuro será de maior inflação e atividade econômica mais fraca.”

Entretanto, a queda nos preços também merece atenção para aproveitar oportunidades.

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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10 Lições dos melhores e maiores gestores do país https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/17/10-licoes-dos-melhores-e-maiores-gestores-do-pais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/17/10-licoes-dos-melhores-e-maiores-gestores-do-pais/#respond Thu, 17 May 2018 09:00:34 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Corretor-no-pregão-da-Bolsa-de-Nova-York-Andrew-Gombert-Efe-320x213.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1074 Nesse momento de taxas de juros historicamente baixas e ambiente de elevada incerteza, o investidor se depara com a difícil tarefa de planejar sua carteira para aposentadoria. Para ajudá-lo com esse desafio, pedi aos melhores gestores do país que compartilhassem alguns ensinamentos.

Embora o COPOM não tenha reduzido a Selic na reunião de ontem, as taxas de juros já se encontram nas mínimas históricas. Atualmente, a taxa básica da economia está em 6,50% ao ano. Como tenho alertado, esse patamar põe em risco a aposentadoria da maioria dos brasileiros que estão acostumados a aplicar apenas em investimentos de baixo risco e elevada liquidez.

No entanto, as incertezas internacionais e locais tornam desafiadora a tarefa de diversificação do portfólio. A volatilidade nos mercados, resultante das dúvidas com relação à trajetória das taxas de juros americanas, taxas de câmbio e crescimento econômico do Brasil e mundo, torna ardua a atividade de escolha dos ativos até mesmo para os gestores mais experientes.

Mesmo nesse cenário, o investidor sempre pode contar com equipes especializadas para administrar sua carteira. Os gestores abaixo possuem um comprovado histórico de elevada rentabilidade em seus fundos, ou seja, já demostraram sua habilidade na seleção de ativos. Hoje, eles compartilham lições para você refletir sobre sua carteira de investimentos. São eles:

Carlos Maggioli, Quasar Asset Management

Daniel Delabio, Exploritas

Diney Vargas, Apex Capital

Equipe de Gestão, Garde Asset Management

Francisco Funari, Canvas Capital

Luiz Fernando Figueiredo, Mauá Capital

Luiz Parreiras, Verde Asset

Marcos Peixoto, XP Gestão

Mauricio Lima, Western Asset Management

Paolo Di Sora, RPS Capital

 

Gestor de fundos com foco em Renda Fixa

 

Na Quasar, sempre falamos que investir em crédito é diversificação e memória. Claro que há outros fatores importantes para este tipo de investimento, mas estes dois são fundamentais na seleção e gestão do risco. Porém isso também vale para nós, poupadores, quando pensamos num cenário onde o juro nominal fica baixo por um longo período de tempo. É importante diversificar parte da nossa poupança em ativos que nos tragam outros fatores de risco (erroneamente, mas usualmente, mensurados através da volatilidade) mas que também remunerem o investidor através do prêmio de iliquidez. Um fundo com liquidez diária deve, teoricamente, render menos que um fundo com 30 dias de saque. O investidor deve, através de seu assessor, migrar uma parte relevante dos recursos alocados em ativos que rendam próximo à Selic para ativos que rendam mais, ponderando fatores de risco e iliquidez. É extremamente importante que essa migração seja ponderada pelo perfil do investidor e depois pelo ativo; esta migração deve ser gradual e deveria seguir uma trilha que sai do Tesouro Direto, passando pelo crédito, multimercados, ações e, finalmente, exóticos. Por último, não podemos deixar de falar da memória. Estamos otimistas, acreditamos que o próximo presidente poderá implementar uma cartilha econômica positiva melhorando – em muito – o cenário para ativos de risco, mas não exagere!! Lembre-se dos ciclos econômicos, das qualidades e defeitos das empresas, que o cenário global também sofre mudanças repentinas, etc. Mantenha a volatilidade média de sua carteira dentro do seu perfil de risco. Assuma riscos mas com prudência.

Carlos Maggioli, CEO da Quasar Asset Management

 

Gestores de fundos com foco em multimercados

 

Com a recente queda das taxas de juros no Brasil, investidores que poupam para suas aposentadorias precisarão correr mais risco, se quiserem aumentar a rentabilidade de seu portfolio no longo prazo. Os portfolios que até então eram compostos apenas por títulos do Tesouro Nacional pós fixados ou fundos DI, que não apresentam volatilidade, precisarão ser combinados com títulos pré-fixados, títulos atrelados ao IPC-A de longo prazo e com investimentos em ações. Além disso, dado o atual ambiente mais volátil, com incertezas sobre as eleições presidenciais e a aprovação de reformas estruturais no país, uma boa opção é a inclusão no portfólio de fundos de investimentos no exterior. Estes fundos contam com toda a segurança de legislação e transparência que o investidor brasileiro está acostumado, e permitem uma maior diversificação de carteira de investimentos, com outros ativos e países além de sua exposição ao risco Brasil.

Mauricio Lima, Portfólio Specialist da Western Asset Management

 

“É fato que a Selic está baixa, mas o mercado de juros para o longo prazo oferece um prêmio de risco substancialmente mais alto que o juro de curto prazo. A NTN-B 2028, por exemplo, é uma boa alocação para o pequeno investidor aproveitar essa oportunidade, uma vez que vai pagar nos próximos 10 anos 5,10% + inflação. Comparando com as outras classes de ativos, é difícil achar uma relação de retorno para o risco tão boa quanto a dessas NTN-Bs, especialmente se é uma alocação pensando na aposentadoria. Essa é a maior alocação atual dos fundos da Verde AM”

Luiz Parreiras, gestor da Verde Asset

 

“Na nossa visão, aquele que estiver pensando em aposentadoria deveria procurar um bom fundo de previdência, suas principais vantagens são, profissionais tarimbados escolhendo os melhores ativos para você, os ativos tem um horizonte de longo prazo e em um acidente de falecimento seus herdeiros receberão os recursos muito rapidamente.”

Luiz Fernando Figueiredo, CEO da Mauá Capital

 

“Além dos fundos multimercado, o investidor deve procurar produtos que investem no exterior. Uma opção são os fundos de “beta alternativo”, que diversificam seus investimentos em dezenas de países e centenas de ativos, selecionando aqueles que possuem maior retorno esperado – ou seja, ativos com taxa de juros, cupom, dividendo ou spread elevados. Esses investimentos têm apresentado retornos atrativos e consistentes, além de baixa correlação com o mercado, mas é importante ressaltar eles têm horizonte de longo prazo e que o investidor deve estar ciente dos riscos da estratégia antes de investir.”

Francisco Funari, gestor da Canvas Capital

 

“Para o investidor que está poupando para a aposentadoria, a queda da Selic por enquanto não deveria alterar seu planejamento, já que a taxa relevante para o longo prazo, dos títulos indexados à inflação, não mudou muito. Sugiro que ele mantenha sua estratégia, reservando uma parte da renda para aplicar em títulos e fundo de prazo de maturação coerente com o longo prazo, incluindo além do Tesouro IPCA+, ações, fundos multimercado e fundos imobiliários.”

Equipe de Gestão da Garde Asset Management

 

“Acreditamos que a maneira mais eficiente do investidor ter melhores retornos seria investir em bons Fundos Multimercados, que buscam diferentes estratégias e que conseguem analisar bem em qual mercado está a melhor relação risco x retorno. É muito importante montar um portfolio diversificado e com estratégias descorrelacionadas evitando assim comprar vários fundos que façam a mesma coisa. Expandir o universo de investimentos e olhar investimentos não correlacionados são as regras do jogo para uma aposentadoria tranquila. “

Daniel Delabio, gestor da Exploritas

 

 

Gestores de fundos com viés para o mercado de ações

 

“Vivemos tempos turbulentos no mercado financeiro. O cenário internacional passou a estar mais desafiador para investimentos em mercados emergentes em função da alta de juros no mercado americano, consequente valorização do USD frente moedas como o Real. Não bastasse essa maior incerteza internacional, o panorama político no Brasil está muito desafiador. Existem grandes chances de termos um novo presidente com baixa convicção liberal e com enormes dificuldades de conduzir as reformas estruturais que o Brasil precisa aprovar para sair da crise fiscal aguda que se encontra. Neste contexto, onde investir meu dinheiro? Incerteza demanda flexibilidade, por isso minha sugestão é investir em fundos onde gestor tenha alternativa para investir em diversas classes de ativos, possa apostar contra (ficar vendido) caso o pior cenário prevaleça, tenha mandato para investir tanto no Brasil como em outros mercados internacionais. Fundos multimercados macro, fundos de retorno absoluto e equity-hedge fazem mais sentido neste momento que vivemos. Se for para montar uma carteira de ações, minha sugestão é diversificar num basket de empresas exportadoras, que ganham com a desvalorização do Real, como por exemplo, Suzano, Embraer, Braskem, Vale e Gerdau. Momento de privilegiar liquidez (evitar small caps) e demandar flexibilidade na gestão.”

Paolo Di Sora, gestor e sócio da RPS Capital

 

“Salvo uma grande catástrofe não deveremos ter SELIC de 2 digitos mais no Brasil. Com isso o investidor vai precisar de tomar mais risco pra rentabilizar sua poupança. A maior parte da população tem trauma de renda variável pelos péssimos resultados que o Ibovespa deu nos últimos 10 anos, rendendo apenas 17% contra 174% da Selic. Porém se olharmos para o desempenho dos bons gestores isso não foi assim. Diversos gestores conseguiram ganhar da Selic mesmo nesse cenário de recessão que tivemos nos últimos 10 anos (aqui jabá para o XP investor FIA que rendeu 231%). Sendo assim se tivermos 10 anos pela frente minimamente melhores que os últimos 10, com certeza a renda variável será um bom retorno mas o investidor deve dar valor para a gestão ativa e ter um horizonte de longo prazo sem ficar olhando a rentabilidade mês a mês.”

Marcos Peixoto, CEO da XP Gestão

 

“A primeira coisa que a pessoa deveria fazer é se tornar um investidor de longo prazo; a segunda coisa é investir um pouco regularmente – de tempos em tempos, com uma regularidade investir um pouco, não precisa ser muito – o importante é ter regularidade – ter esta disciplina; terceiro esperar o tempo passar, para que os ganhos se beneficiem do retorno composto que o tempo oferece – melhor ainda se for um investimento em que não se precise pagar imposto no curto prazo e somente no final, como os fundos de ações. Esperar, 10, 20, 30 anos – quanto mais melhor. Investir em fundos de ações que investem em empresas que crescem. Não se deve pensar no curto prazo. Ganha-se sendo um investidor de longo prazo. Quanto mais cedo se começ a investir melhor, pois assim o investidor tem mais tempo para recuperar eventuais perdas. Apesar do cenário mais conturbado, o investidor não deve deixar de considerar o investimento em ações para a aposentadoria, especialmente com a queda da Selic. Sempre lembrando que cada investidor tem uma tolerância a risco e perdas maior ou menor ao fazer investimentos. O investidor com maior tolerância a risco pode investir mais em ações e títulos de renda fixa de longo prazo que são mais voláteis e podem oferecer um retorno mais alto ao longo dos anos.”

Diney Vargas, Diretor da Apex Capital

 

 

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Dólar, bolsa e juros; Saiba o que fazer https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/29/dolar-bolsa-e-juros-saiba-o-que-fazer/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/29/dolar-bolsa-e-juros-saiba-o-que-fazer/#respond Sun, 29 Apr 2018 09:00:34 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Neo-InvestimentosMarcelo-e-mario.jpg-320x213.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1016 O primeiro quadrimestre apresentou grandes oportunidades como a alta de mais de 13% na bolsa (Ibovespa), valorização de mais de 6% do câmbio (dólar) e queda dos juros que promoveu ganhos nos títulos prefixados e referenciados a IPCA. No entanto, se ao olhar para o passado o início do ano pareceu fácil rentabilizar sua carteira, o mesmo não é possível falar para o futuro.

O cenário para o restante do ano se apresenta bastante desafiador. Internamente, temos uma das eleições presidenciais com maior incerteza quando comparada ao passado recente. No exterior, riscos de guerra comercial e de aumento de taxas de juros colocam em cheque a continuidade do ambiente benigno de crescimento econômico com baixa volatilidade nos ativos dos últimos anos.

Neste momento, muitos investidores começam a perceber que os elevados juros de curto prazo já não existem e se questionam para onde levar suas economias. Com esta difícil tarefa de traçar perspectivas e orientar o investidor, conversei com a equipe de uma das mais tradicionais gestoras de recursos do mercado, a Neo Investimentos.

A Neo Investimentos é uma gestora de recursos independente (não ligada aos grandes bancos) fundada em 2003. Conversei com três de seus gestores: Marcelo Navarro, Mario Schalch e Gustavo Mazieiro. Navarro e Schalch são, desde a fundação da gestora há quinze anos, os responsáveis pelo fundo Neo Multi Estratégia. Desde 2003, o Neo Multi Estratégia valorizou 544%, equivalente a mais de 120% do CDI, e apresentou resultado positivo em momentos delicados de mercado como na crise de 2008 e em maio de 2017.
 

O que esperar do cenário de investimentos no Brasil esse ano?

A taxa básica de juros brasileiras caiu para o patamar mínimo histórico e o CDI que é o indicador que usualmente esse investidor acompanha, rende apenas 6,39% ao ano. Esse baixo retorno, vai incentivá-lo a buscar alternativas. Entretanto, o longo período de taxas mais altas fez com que o investidor brasileiro se tornasse acomodado e não procurasse educação financeira. A alocação em ativos de risco não é algo simples e a consequência, se não for bem estudada e implementada, pode ser um efeito contrário ao desejado, ou seja, em vez de elevar a rentabilidade, pode apenas perder dinheiro. Além disso, o momento de maior volatilidade e de preços dos ativos mais justos pelas valorizações recentes, torna a tarefa ainda mais desafiadora. Nesse sentido, acreditamos que o melhor veículo para o investidor que está acostumado com produtos de menor risco é o investimento em um fundo multimercado. Ao aplicar em fundo o investidor conta com uma equipe especializada que poderá trazer mais agilidade em momentos como o atual e alocar em risco de forma ótima.

 

Quais fatores olhar na seleção de fundos multimercados?

Existem muitas alternativas para o investidor escolher e este processo de seleção deve ser cuidadoso. Um primeiro fator é a longevidade da equipe e do fundo. Um fundo com uma equipe com longo histórico já passou por vários momentos de stress no mercado, aprendeu e provou que consegue superá-los. O cenário de maior liquidez internacional levou vários ativos a estarem negociando com um preço sem sentido. Para o pequeno investidor, identificar esses ativos não é trivial.

Como o Warren Buffet fala: “você só descobre quem está nadando pelado quando a maré baixa”, ou seja, momentos de stress vão se repetir e equipes que já passaram por estes adquiriram experiência e melhores controles para contornar.

Um segundo fator é a utilização de estratégias diferenciadas. O investimento de risco tradicional (bolsa, câmbio e juros) acaba expondo o investidor a uma relação retorno/ risco ruim em vários momentos como o atual. Gostamos de utilizar em nosso fundo estruturas com derivativos que produzem resultados positivos tanto em momentos de stress como nos de euforia. Essas estruturas reduzem a correlação do produto com outros e melhora a diversificação dos clientes.

Um terceiro fator é a experiência dos gestores em investimentos internacionais. Com a queda dos juros no Brasil é importante buscar alternativas pelo mundo e em fundos multimercado como o nosso, o investidor pode ter acesso a essa opção.

 

Falando em diversificação internacional, o que esperar para o dólar?

A situação econômica atual do país é bem diferente de quando o câmbio atingiu R$4/dólar. O déficit em conta corrente que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços internacionais, bem como pagamentos de transferências, se mostra significativamente melhor agora. Isso pode ser visualizado no gráfico abaixo.

Gráfico da evolução do déficit em conta corrente como percentual do PIB. Fonte: BCB e Neo Investimentos.

Perceba que quando tínhamos uma situação de deficit como o atual, o câmbio se manteve em patamar igual ou inferior ao atual. Estimamos que se o resultado da eleição for por um candidato reformista, o Real tem espaço para se valorizar para o patamar anterior de R$3,2/ dólar. Portanto, potencialmente, nossa moeda poderia voltar a se apreciar até o final do ano.

 

A bolsa é uma boa alternativa no momento?

No início do ano, indicamos que ainda havia espaço para valorização (ver link) e o Ibovespa subiu em menos de quatro meses mais que duas vezes o retorno do CDI do ano. Com a alta recente e os riscos do momento, não vislumbramos uma relação retorno/ risco favorável para a bolsa. Portanto, aqueles que estavam fora, devem planejar com cuidado a elevação de exposição a renda variável.

Entretanto, vislumbramos um bom potencial de ganho nos preços relativos de empresas negociadas na bolsa. E é isso que estamos fazendo em nosso fundo. Identificamos empresas que estão relativamente mais baratas. Compramos as ações das empresas mais baratas e vendemos a descoberto as ações das empresas mais caras (ver link). Nesse sentido, o fundo aufere o ganho do diferencial de preço entre as duas ações não importando para qual direção vai o mercado. Para um indivíduo realizar análise de diversas empresas e identificar aquelas que relativamente estão mais baratas não é trivial e exige uma equipe de analistas investigando. Atualmente, esse é o maior potencial de ganho do mercado acionário não só no Brasil como internacionalmente.

 

Quais aplicações em títulos de renda fixa estão mais interessantes?

As taxas caíram bastante e o risco de repiques inflacionários não está afastado. A inflação caiu como reflexo da queda do preço de alimentos e do período recessivo por que passamos. No entanto, o Brasil não fez o dever de casa e se a economia retomar o crescimento ou surgir pressões nos preços de commodities, podemos voltar pontualmente a ter alguma inflação superior ao atual patamar. Portanto, acreditamos que as taxas pré-fixadas de curto prazo não estão atrativas quando considerado o balanço retorno/ risco. Entretanto a taxa de juros real de longo prazo (5% ao ano mais IPCA) presente nos títulos públicos ainda se mostra interessante. Para o investidor que deseja economizar para a aposentadoria, os títulos públicos referenciados a IPCA de longo prazo permanecem atrativos.

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Não compre imóvel antes de ouvir esse especialista https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/15/nao-compre-imovel-antes-de-ouvir-esse-especialista/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/15/nao-compre-imovel-antes-de-ouvir-esse-especialista/#respond Sun, 15 Apr 2018 09:00:43 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Fofo-Mich-Raul-2-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=984 Comprar o imóvel certo que proporcione segurança de valorização e renda de aluguel adequada é um desafio que se tornou ainda maior com a forte alta de preços ocorrida entre 2010 e 2015. As principais dúvidas dos investidores são quais critérios deveriam ser utilizados para comprar e para vender imóveis e qual o melhor veículo para ter a exposição imobiliária.

Para explicar as principais dúvidas dos investidores no processo de investimento nesse veículo conversei com um especialista em fundos de investimento imobiliários (FII), Raul Grego. Grego é um dos analistas da empresa de pesquisa independente Eleven Financial Research. A casa de análise existe desde 2015 e possui uma gama de produtos voltados para aplicação financeira, específicos para cada tipo de investimento, dentre eles um que é focado em Fundos Imobiliários (Riqueza em Construção).

Além de contribuir com seus conhecimentos, Raul, gentilmente, compartilhou um de seus relatórios recentes para que o investidor entenda o trabalho de pesquisa que é realizado para avaliar se um FII é um bom investimento. O relatório completo está disponível no final da entrevista.

 

Como analisar um fundo de investimento imobiliário (FII)?

A análise de um FII pode ser dividida em duas etapas: qualitativa e quantitativa. Na etapa qualitativa são avaliados critérios como: gestão, caracteríticas do fundo, diversificação da carteira, tipo de imóvel, localização, demanda pelo imóvel e outros.

Na avaliação da gestão, são ponderados o histórico do gestor, sua experiência e visões sobre o mercado. Com relação às características do fundo, são identificadas as taxas envolvidas, os administradores e a existência e qualidade de consultores. A diversificação do fundo é importante, mas não essencial, pois o FII pode ter apenas um imóvel, porém com qualidade inquestionável.

Todos já ouvimos falar que quando se avalia um imóvel deve-se atentar para três critérios: localização, localização e localização. Esses não são os únicos critérios para fundos imobiliários, mas sem dúvida têm um forte peso.

Quando se analisa o tipo de imóvel, os contratos de aluguel devem ser investigados a fundo. Todas as características dos contratos devem ser analisadas. Se eles são atípicos, ou seja, com prazos acima de cinco anos e com exigências de garantia de cumprimento até o vencimento, ou se são típicos, isto é, contratos padrão com menor segurança de manter o locatário.

O investidor de FII pode ganhar com a valorização de preço e com o ganho de dividendo. Portanto, na análise quantitativa, é construído um modelo de dividendos descontados, no qual se determina a capacidade e sustentabilidade de pagamento de dividendos pelo fundo e o potencial de ganho de capital por valorização. Um exemplo é o apresentado na figura abaixo.

Exemplo de trecho do relatório da Eleven Financial Research que ilustra o potencial de preço de um FII e seus dividendos (Fonte: Eleven Financial Research).

 

Quando um FII deve ser vendido?

A decisão de vender um FII pode ser fundamentada em dois critérios: preço e ganho de dividendos. Se o preço justo baseado no modelo de dividendos descontado não se mostrar satisfatório ou se a perspectiva de dividendos futuros se mostrar desfavorável, o FII pode ser colocado a venda.

Olhando pela ótica dos ganhos de dividendos, manter um FII se mostra desfavorável quando a rentabilidade resultante da divisão dos dividendos anuais futuros pelo preço negociado do FII se mostrar pior que o retorno real promovido por um título público referenciado à inflação de longo prazo, por exemplo, a NTN-B 2050. Logo, se o ganho de dividendo esperado for menor que 5% ao ano (acima da inflação), é melhor trocar por outro FII.

Nessa análise, é necessário tomar cuidado com o julgamento simples do dividendo atual, pois o que importa são os dividendos futuros. O dividendo atual, pode estar baixo por um aspecto conjuntural e ter potencial de alta. Portanto, seria recomendável manter esse FII em carteira. Assim como, o dividendo atual pode estar alto, mas a perspectiva ser de queda. Esta é a situação que abordarei em seguida, e nela, deve-se procurar o melhor momento para venda.

Um fator importante a ponderar na decisão de venda é o risco dos dividendos futuros cessarem ou serem reduzidos. Isso pode ocorrer por perspectiva de vacância, revisão de aluguel ou quebra de contrato. Essas condições, em menor ou maior grau, estão presentes nos FII de agências bancárias – por exemplo. A evolução tecnológica tem feito os bancos diminuirem o número de agências. Adicionalmente, vários contratos estão com preços acima de mercado, devido à renovação por inflação sem direito a revisionais. Logo, os dividendos desses FIIs devem cair ao longo do tempo.

 

É possível fazer alguma associação dessa estratégia de venda com o aluguel que as pessoas recebem de seus investimentos em imóveis residenciais?

Usualmente, as pessoas gostam de comprar imóveis residenciais como investimento para alugar. Avaliando a taxa de aluguel que em média se ganha, essa compra não deveria ser realizada. De acordo com o índice FipeZap, a taxa média de aluguel é menor que 5% ao ano. Portanto, esses imóveis residenciais são piores investimentos que muitos FIIs, que podem ter rendimentos isentos de IR superiores a 6% ao ano (acima da inflação). Assim, muitos investimentos em imóveis residenciais poderiam ser trocados por uma carteira de FIIs para obter maiores retornos.

 

Quantos FIIs deveriam compor o portfólio de um investidor?

Para uma carteira de FII ser considerada como diversificada o número de FII que seria interessante manter é de seis a oito. O número é menor do que o normalmente recomendável para carteiras de ações, mas é preciso considerar que os próprios fundos, na maioria das vezes, já são diversificados em vários imóveis. Com essa quantidade já é possível ter uma boa divisão entre segmentos e regiões, de forma a mitigar os riscos envolvidos para a classe de ativos imobiliários.

 

Quais setores de FII possuem o maior potencial de valorização?

Dois setores apresentam boas perspectivas: lajes comerciais e shopping centers. A retomada econômica deve favorecer ambos.

O setor de lajes comerciais deve ser avaliado na perspectiva do ciclo de lançamentos e este ciclo costuma evoluir de forma inversa ao econômico. Nos momentos em que a economia cresce forte, novos empreendimentos são iniciados, pois a demanda por escritórios é elevada e os retornos são altos. Esses empreendimentos demoram cerca de dois a três anos para serem entregues. Portanto, quando o ciclo econômico reverte, muitas vezes, é o instante em que uma grande oferta de imóveis está chegando ao mercado. Logo, a sobreoferta de imóveis promove temporariamente a queda de rentabiliadde dos aluguéis comerciais.

Esse fato foi justamente o que ocorreu nos últimos dois anos. Olhando para frente, a perspectiva é de um menor número de entregas e um crescimento da demanda, combinado com o início de um reaquecimento da economia. Assim, é esperado que ocorra uma suboferta de imóveis e o retorno dos aluguéis comerciais seja reajustado acima da inflação.

O setor de shoppings deve ser beneficiado pelo aumento do fluxo de pessoas e veículos que eleva as receitas de estacionamento e dos lojistas. A maior receita dos lojistas favorece a revisão dos alugueis e reduz a inadimplência e vacância.

 

Se o veículo FII é tão bom, por que alguns investidores têm aversão ao produto?

Os FIIs são os melhores veículos para se investir em imóveis. Eles agregam vários benefícios ao investidor, como o custo de aquisição, a isenção de IR, liquidez, menor risco e maior possibilidade de retorno. Mais do que simplesmente um instrumento financeiro eles são empreendimentos imobiliários, que são negociados em bolsa de valores. Isso faz com que seus preços sejam visualizados em tempo real e as oscilações de preço assustam os investidores. Já no investimento direto em imóveis, o preço só é apurado no momento de venda, ou seja, não se sofre com oscilações intermediárias.

Quando os FIIs foram lançados no mercado nacional em grande volume (entre 2011 e 2013), os investidores confundiram com aplicações de renda fixa e alocaram uma participação do patrimônio maior que a recomendável. Entretanto, imóveis são aplicações de renda variável – seja direta ou indiretamente, pois o preço de um imóvel oscila e o fluxo de pagamentos de aluguel é incerto. Dessa forma, a exposição a esse tipo de aplicação deve ser cuidadosamente medida de acordo com o perfil do investidor.

Acredito que os atuais investidores amadureceram e já entenderam que o investimento em imóveis tem risco, é um instrumento de longo prazo com bom potencial e o veículo FII, sem dúvida, é o melhor para capturar este potencial.

Clique no link e faça o download de um relatório completo de FII cedido pela Eleven Financial Research.

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Devo resgatar o fundo que rendeu mal no mês passado? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/03/15/devo-resgatar-o-fundo-que-rendeu-mal-no-mes-passado/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/03/15/devo-resgatar-o-fundo-que-rendeu-mal-no-mes-passado/#respond Thu, 15 Mar 2018 10:00:23 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Bolsa-Joel-Silva-Folhapress-180x120.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=904 Os fundos de investimento são um excepcional veículo para investidores terem de forma competitiva uma equipe especializada para realizar a gestão de seus recursos. Uma dúvida comum dos investidores é sobre quando tomar a decisão de resgatar os recursos do fundo quando esse não desempenhou?

O dilema de quando resgatar recursos de um fundo é o mesmo que empregadores enfrentam com seus funcionários, ou quando clientes contratam uma empresa de serviços e eles não apresentam a melhor performance. Essa analogia ocorre, pois quando se investe em um fundo, o que se está fazendo de fato é contratando uma equipe de gestores, analistas e economistas que irá desempenhar conjuntamente a atividade de gestão. Neste sentido, o primeiro passo é avaliar se o desempenho está dentro das possibilidades de retorno descritas na política de investimentos do produto.

Muitos investidores confundem um fundo com uma classe de ativos. Por exemplo, investidores costumam falar que possuem renda fixa, ações e fundos. Essa consideração os leva a resgatar quando o fundo teve um desempenho pior que uma das classes, pois esquecem de olhar para o segmento de ativos que estão investindo dentro do fundo. E comumente uma das classes – renda fixa e renda variável – vai estar pior que a outra. Logo, sempre vai haver um fundo que desempenha mal, mesmo que o gestor tenha feito um excelente trabalho.

Um fundo não é uma classe de ativos. Na verdade, o gestor tem a incumbência de escolher as aplicações dentro da política de investimentos do produto. O investidor deve escolher a classe de ativos a investir diversificando seu portfólio entre elas. E em seguida, deve usar critérios como os abordados anteriormente (link) para escolher os melhores fundos nesta classe.

A troca frequente de fundos pode levar a outro problema, o chamado efeito “faixa de engarrafamento de trânsito”. Em um engarrafamento, somos levados a abandonar a faixa que está com baixa velocidade para trocar por aquela que observamos andar mais rápido. Entretanto, quando trocamos, percebemos que nossa faixa anterior começa a andar mais rápido e a nova, mais devagar.

Dessa forma, a decisão de resgate, não pode levar em conta apenas um período curto de análise. Além se se avaliar se o produto nesse período foi de acordo com o esperado pela sua política de investimento, também é necessário analisar a longo prazo e verificar se dentro de critérios não só quantitativos, mas também qualitativos, o fundo seria um bom investimento.

Lembre-se que a performance pior de curto prazo pode ser revertida positivamente no futuro. Portanto, na escolha e decisão de troca de seu fundo, considere sempre os critérios de análise descritos em meu artigo anterior (link).

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A aposta que rendeu 200% de retorno a Warren Buffet e as lições para o Brasil https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/02/27/a-aposta-que-rendeu-200-de-retorno-a-warren-buffet-e-as-licoes-para-o-brasil/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/02/27/a-aposta-que-rendeu-200-de-retorno-a-warren-buffet-e-as-licoes-para-o-brasil/#respond Tue, 27 Feb 2018 10:00:37 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/Planejamento-180x125.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=870 A recente queda da taxa básica de juros, derrubando o CDI para 6,64% ao ano (0,54% ao mês) elevou o debate sobre as taxas de administração dos fundos. Recentemente, artigos em jornais e sites apresentam amostras de fundos em que o banco ganha mais que o cliente. Com essa rápida mudança de patamar dos juros, você provavelmente se questiona qual seria uma taxa de administração razoável para cada tipo de produto?

O debate sobre as taxas de administração e a capacidade de adição de valor de gestores não é uma exclusividade brasileira, mas internacional e ganhou expressão com a aposta de Warren Buffett contra uma gestora de fortunas. Essa aposta rendeu a Buffet um ganho de US$1,5 milhões para os US$500 mil em jogo e que foram destinados a uma entidade de caridade.

A aposta está descrita na carta anual de Buffet. Ele apostou que o Protégé Partners não seria capaz de escolher um conjunto de fundos que na média bateria o índice S&P500 de 2007 a 2017. Parte do argumento é que as taxas prejudicariam a rentabilidade. Não entrando na discussão se o período foi justo ou não, pois o próprio Warren Buffet também não conseguiu superar o índice no mesmo período, o argumento de que o investidor deve estar atento às taxas é válido.

Para avaliar qual taxa seria justa, vamos avaliar os três fundos com maior investimento: fundos de renda fixa referenciados DI, fundos multimercados e fundos de ações. Lembro que as rentabilidades apresentadas pelos fundos já são líquidas de taxas. Portanto, não se deve subtrair a taxa de administração ou performance da rentabilidade apresentada nas lâminas. A taxa de administração é cobrada sobre o patrimônio investido. A taxa de performance é cobrada apenas sobre o que o gestor ganha acima do índice de referência.

Os fundos de renda fixa referenciados DI são os conhecidos fundos DI. Eles são comparáveis ao título público federal Tesouro Selic negociado na plataforma do Tesouro Direto. Os títulos negociados no Tesouro Direto possuem no mínimo taxa de 0,3% ao ano cobrada pela B3. Assim, ele tem rentabilidade líquida de taxa de 95,6% do CDI. Assim, não deve investir em fundos DI que rendam menos de 96% do CDI. Para isso, deve evitar fundos com taxas maiores que 0,6% ao ano.

Os fundos multimercados e de ações exigem dos gestores maior conhecimento e demandam equipes de analistas. Dessa forma, sua gestão tem um maior custo. Evite fundos de ações e multimercados com taxas de administração superiores a 2%. No caso de fundos de ações, se ele não possuir taxa de performance, evite os que possuem taxa de administração superior a 3% ao ano.

Lembro que não basta olhar a taxa de administração para escolher o produto. Você não vai querer pagar pouco por um produto ruim, mas deseja pagar o justo por um bom produto. Portanto, avalie o retorno ajustado ao risco, pois o retorno já é líquido de taxas. Veja como fazer isso no artigo que escrevi.

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Como a queda da Selic afeta sua aposentadoria? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/02/08/como-a-queda-da-selic-afeta-sua-aposentadoria/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/02/08/como-a-queda-da-selic-afeta-sua-aposentadoria/#respond Thu, 08 Feb 2018 09:00:55 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/FundoxEsp-180x119.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=828 O Comitê de Política Monetária (COPOM) reduziu mais uma vez a taxa básica de juros Selic para seu mínimo histórico de 6,75% ao ano. O patamar atual dessa taxa terá impacto relevante na aposentadoria dos brasileiros. Esse impacto é ainda mais relevante, pois a maior parte dos investidores aplica suas economias de forma conservadora, tanto em produtos de previdência quanto fora deles. Para reduzir esse impacto, descrevo abaixo algumas dicas sobre o que fazer com seus investimentos.

Como a taxa do CDI é um pouco menor que a taxa Selic, ela estará em 6,64% ao ano a partir dessa quinta-feira. Isso significa que a rentabilidade mensal de produtos que rendem 100% do CDI será de 0,54%. Os títulos referenciados à Selic, não rendem a taxa Selic Meta definida pelo Copom, mas a Selic diária divulgada pelo Banco Central e que será de 6,65% ao ano. A diferença entre as duas taxas é desprezível. Portanto, os títulos referenciados aos dois indexadores remuneram praticamente o mesmo retorno.

Conforme mencionei no passado, com essa taxa, o investidor dobra o capital investido apenas em cerca de 11 anos. Isso quer dizer que um investimento de R$10 mil a 100% do CDI, vai se transformar em R$20 mil apenas em 11 anos. Portanto, para que consiga acumular o mesmo valor que esperava anteriormente para sua aposentadoria, terá de fazer uma (ou todas) das três alternativas: elevar o valor economizado mensalmente, trabalhar por mais tempo, ou elevar o risco dos investimentos. Acredito que o momento não permite que você economize mais e você não deseja trabalhar por mais tempo. Logo, vai ter de ajustar o perfil de risco de seus investimentos.

Fundos multimercado
Os fundos multimercado são os melhores veículos para aqueles investidores conservadores iniciarem os investimentos de maior risco. Com esses fundos, o investidor poderá ter acesso a todos os mercados: juros, câmbio e bolsa. Você poderá contar com toda uma equipe para selecionar os melhores investimentos e o momento mais adequado para alocar em cada um. Escrevi recentemente dicas de como selecionar um bom fundo.

Renda fixa
Para elevar o ganho obtido na parcela de renda fixa, será necessário realizar três estratégias: maior vencimento, títulos e fundos com remuneração diferente do CDI (prefixados e referenciados a IPCA) e títulos ou fundos de crédito privados.

Diversifique uma parte dos títulos que possui na plataforma do Tesouro Direto para CDBs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas. Evite ter mais de 3% de seu patrimônio por emissor para os títulos privados que não contam com garantia do FGC. Uma forma de ter essa diversificação é investir por meio de fundos de crédito privado, pois você conta com um profissional para selecionar as melhores emissões.

Com o alongamento dos títulos de sua carteira e a diversificação em indexadores diferentes do CDI poderá ter retornos superiores ao CDI. Mas, entenda que títulos com vencimento longo podem ter risco tão elevados quanto fundos de ações pagadoras de dividendos.

Fundos de ações e de Investimento Imobiliário
Mesmo investidores conservadores podem ter uma pequena alocação em fundos de ações pagadoras de dividendos ou em Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs). Para os pequenos investidores, os fundos de ações de empresas pagadoras de dividendos são mais adequados que os FIIs, devido ao reinvestimento dos dividendos. Os pequenos investidores não conseguem reinvestir os dividendos e esse reinvestimento é uma parcela relevante do retorno total. Explico outras vantagens no link.

Evite investir em ações diretamente se não tem conhecimento ou não se dedica a estudar o mercado e acompanhar os resultados das empresas. Existem grandes vantagens de se investir em ações por meio de fundos que mais do que compensam a taxa de administração cobrada. Veja os motivos para se investir por meio de fundos no artigo que escrevi.

Os FIIs se mostram como uma boa alternativa de diversificação. Entretanto, lembre-se que eles são um produto de renda variável e podem apresentar forte volatilidade. Para os iniciantes, opte pelos fundos de FIIs. Com eles é possível ter um portfólio diversificado de forma mais simples e ainda contar com um gestor para fazer a seleção dos melhores produtos para você. Veja algumas dicas no link.

Investimento internacional
No atual patamar de taxa de juros, fica mais justificável a diversificação internacional. Atualmente, está mais fácil realizar essa diversificação sem precisar mandar dinheiro para o exterior e sem correr o risco cambial. Existe uma boa oferta de fundos internacionais, COEs e fundos multimercados que investem no exterior.

Embora os fundos internacionais sejam exclusivos para investidores qualificados (com mais de R$1 milhão em aplicações financeiras), há uma disponibilidade crescente de COEs de fundos de investimento internacional. Essa é uma nova modalidade que tem atraído grande interesse aqui e no exterior. Nela é possível ter a rentabilidade dos produtos internacionais multiplicadas por até cinco vezes. Entenda como isso é possível no artigo que escrevi.

Poupança
Você provavelmente leu que vários fundos perdem da poupança. Mas isso não é um motivo para ficar na poupança. Ela continua inadequada para investimentos previdenciários. Você deve fugir da poupança e dos fundos que perdem dela.

Previdência privada
Realize a portabilidade de seu plano de previdência, fugindo de produtos referenciados ao CDI e que possuam alta taxa de administração.

Vivemos um momento de forte volatilidade e a simples queda dos juros não é razão para se comprar ações e fazer apostas em ativos de alto risco que não conheça ou não seja adequado ao seu perfil. Entretanto, estamos convergindo para taxas de juros mais próximas de patamares internacionais. Portanto, gradativamente você deve aproximar sua carteira para a forma de atuação desses investidores internacionais, ou seja, com produtos de maior risco e com maior horizonte de investimento. Assim, suas economias serão melhor remuneradas e sua aposentadoria mais tranquila.

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