De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Qual o custo de se investir como Warren Buffett? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/29/qual-o-custo-de-se-investir-como-warren-buffett/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/08/29/qual-o-custo-de-se-investir-como-warren-buffett/#respond Sun, 29 Aug 2021 05:30:28 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/Nicholas-Kamm-5.jun_.2012-AFP-320x213.jpeg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2726 O retorno passado que Warren Buffett – maior investidor do mundo – obteve é impressionante. Nos últimos 33 anos, sua empresa Berkshire se valorizou 9.586%. Se em julho de 1988 você tivesse investido o equivalente a R$ 10.400,00, hoje teria mais de R$ 1 milhão.

Aposto que a maioria dos leitores gostaria de ter esse retorno. Mas o que significa investir como Buffett, ou seja, o que você teria enfrentado?

Depois que percorremos um caminho, ou ao analisarmos uma trajetória passada, o trajeto parece ser sempre mais palatável. Como sabemos o que ocorreu e o que obteríamos se tivéssemos paciência, usualmente relativizamos a dificuldade ou acreditamos que teríamos maior capacidade de suportar os percalços.

Esse comportamento é comum a todos. Por exemplo, quando me perguntam se é fácil fazer um doutorado trabalhando no mercado financeiro e ainda dando aula à noite, eu digo que é tranquilo.

No entanto, quando olho para trás, sei que por vários momentos pensei em desistir pela exaustão que as três atividades juntas exigiram. Entretanto, avaliando ex-post, a perseverança e o fato de manter a visão no horizonte me fizeram continuar.

Nos investimentos é semelhante. Se você deseja ter retornos em excesso, vai passar por momentos em que tudo parece que vai dar errado. Warren Buffett sabe bem disso.

Vamos ver se você entende o desafio que Buffett passou. Para isso, responda os dois desafios a seguir:

1 – Nos 396 meses dos últimos 33 anos, em quantos meses você acha que Buffett teve retorno negativo?

a) 10% dos meses

b) 20% dos meses

c) 30% dos meses

d) 40% dos meses

e) 50% dos meses

 

2 – Nos últimos 33 anos, qual o pior retorno em um período de cinco anos Buffett enfrentou? Ou seja, em janelas de cinco anos, qual o resultado na pior janela de 5 anos nesses 396 meses?

a) -17% no período 5 anos

b) -10% no período de 5 anos

c) -3% no período de 5 anos

d) +4% no período de 5 anos

e) +11% no período de 5 anos

 

Antes de responder a estas perguntas vamos relativizar o retorno de Buffett.

Se você tivesse investido no S&P500, o principal índice de ações americano, você teria obtido um retorno de 1.516%, no mesmo período de 33 anos.

Assim, os mesmos R$ 10.400,00 teriam se transformado em apenas R$ 168 mil se tivesse escolhido o índice americano. Lembra quanto teria obtido se tivesse investido de forma ativa com um gestor especialista como Buffett?

O retorno foi menor no S&P500, mas o risco também foi 25% menor neste que na ação de Buffett. Buffett apresentou um resultado muito superior, mas correu mais risco, medido pela volatilidade dos retornos.

Também o S&P500 apresentou menos meses negativos que Buffett.

Incentivados pelo bom retorno do índice S&P500 nos últimos anos e popularização de ETFs e investimentos passivos, vejo muitos investidores aplicarem neste sem considerar os riscos. Assim, eu coloco esta pergunta para você refletir.

3 – Nos últimos 33 anos, qual o pior retorno em um período de cinco anos você teria enfrentado se investisse no S&P500?

a) -36% no período 5 anos

b) -26% no período de 5 anos

c) -16% no período de 5 anos

d) -6% no período de 5 anos

e) +6% no período de 5 anos

Enquanto o S&P500 sobe, a maioria dos investidores não entende o que é o risco. Só se entende o que é “risco” quando se perde. Assim como somente quando se perde é que você conhece qual sua habilidade em suportar risco.

Vamos às respostas.

Nos últimos 33 anos, Buffett apresentou retorno negativo em 40% dos meses. Isso significa que na média, dos 12 meses de um ano qualquer, ele enfrentou praticamente cinco meses negativos. Em alguns anos, 8 dos 12 meses foram negativos.

No pior período de cinco anos, Buffett teve resultado negativo de 17%. Isso significa que se tivesse investido R$100, passados cinco anos neste pior período, você teria apenas R$83.

Você seria capaz de suportar cinco anos perdendo e ainda assim manter a perspectiva positiva?

O investimento no S&P500 não é tão mais seguro quando se avalia na ótica de possibilidade de perda em período de cinco anos.

O pior período de 5 anos do índice americano apresentou resultado negativo de -36%. Ou seja, se investiu R$100, teria R$64 depois de cinco anos na pior janela de cinco anos do S&P500 nas últimas três décadas.

Essa pior janela ocorreu no período de cinco anos que se encerrou em fevereiro de 2009.

Assim, cuidado ao analisar o passado e avaliar seu resultado médio. Existe prêmio por se correr risco. No entanto, este cobra um custo.

Existem vários gestores brasileiros que possuem médias de retornos similares aos de Buffett. No entanto, é preciso investir no longo prazo e passar pelos altos e baixos para capturar este retorno médio.

Reflita se você tem habilidade em suportar meses negativos e períodos prolongados de baixos retornos. Assim, poderá alocar em risco a proporção do capital adequada ao seu perfil de investidor.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Está na hora de investir? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/03/07/esta-na-hora-de-investir/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2021/03/07/esta-na-hora-de-investir/#respond Sun, 07 Mar 2021 05:30:22 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Foto-de-orcamento-Fotolia-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2498 Basta a volatilidade do mercado financeiro se elevar e investidores já se perguntam: está na hora de investir? Se você também está se fazendo esta pergunta, você está cometendo uma grande falha. Respondo à dúvida e comento sobre a falha que você pode estar cometendo.

Desde a Quarta-Feira de Cinzas deste ano até o início de março a volatilidade do mercado apresentou alta considerável (ver gráfico abaixo). O movimento foi bem mais ameno do que o ocorrido no ano passado, mas como diz o ditado “gato escaldado tem medo de água fria”.

Evolução da volatilidade implícita do Ibovespa nos últimos seis meses. Fonte: Bloomberg.

 

Neste período vários fatores atuando de forma conjunta promoveram desvalorização de praticamente todos os ativos tradicionais de risco, conforme se observa no quadro abaixo.

Retorno das principais classes de ativos no período de 17/02 (Quarta Feira de Cinzas) a 01/03. Fonte: Economatica.

Após a elevação de expectativa com uma possível recuperação econômica ocorrida no segundo semestre do ano passado, a desvalorização dos ativos surpreendeu investidores. Alguns destes estavam começando a ganhar confiança para fazer algum movimento para ativos de risco no fim do ano passado.

Antes de explicar sobre se o momento é propício para investimento, responda este teste para entender como você decide sobre seus investimentos.

 

Teste: Você tem duas alternativas de investimento. Abaixo são apresentados os ganhos que pode ter se investir R$50 mil. Escolha entre as duas alternativas de investimento A e B.

A) Você pode perder R$ 3.000 com probabilidade de 20%, ou pode ganhar R$7.000 com probabilidade de 80%;

B) Você deve ganhar R$3.000 com certeza.

 

Este problema mostra como nós tendemos a escolher eventos que possuam certeza de ocorrência em relação a eventos apenas prováveis, mesmo que esses últimos produzam um maior resultado esperado. O prêmio Nobel em economia de 2002 Daniel Kahneman chama este viés de efeito certeza.

Kahneman encontra em seu trabalho que no primeiro problema, 80% dos respondentes preferiram a alternativa de investimento B. Entretanto, o ganho esperado da alternativa A encontrado pela multiplicação do valor pela probabilidade resulta em $5.000, ou seja, um valor 67% maior que o ganho da alternativa B.

Você pode estar cometendo o mesmo erro nos seus investimentos quando fica acompanhando a volatilidade do mercado.

A incerteza acaba levando vários investidores a ficarem paralisados em produtos referenciados ao CDI ou à poupança.

Assim, para não terem de lidar com a volatilidade dos investimentos de risco, têm de se contentar em perder da inflação.

Neste momento de taxas de juros mais baixas, ou você aceita o risco de perder para poder ganhar ou perde com certeza.

O que paralisa os investidores na decisão de investimento é a falta de um plano de investimento.

 

Plano de investimento

Se você tem um plano de investimento, você tem uma visão clara das possibilidades de retorno dos investimentos.

Neste plano estará seu objetivo de retorno e restrições de risco. Estes dados serão utilizados para construir uma carteira diversificada que está alinhada com seu perfil de investidor.

Um dos principais riscos que devemos considerar quando realizamos investimentos é o de perda de principal. E é por receio deste risco que muitos investidores ficam paralisados em alternativas de baixo retorno.

No entanto, a grande maioria dos investidores confunde volatilidade com perda de principal. Qualquer investimento de risco, vai apresentar volatilidade.

Outro erro que muitos cometem e que eleva o risco de perda de principal ocorre quando tentam, sem experiência, realizar investimentos em alternativas de maior risco.

Por exemplo, muitos se aventuram a negociar com ações sem realizar qualquer análise aprofundada das empresas ou sem realizar um adequado balanceamento.

Se gerir um portfólio de ações já é algo desafiador para profissionais de mercado experientes, imagine para uma pessoa física que faz isso nas horas vagas.

Quando se tem um plano de investimento e se constrói uma carteira diversificada, a probabilidade de se ter resultados negativos no longo prazo é significativamente reduzida como já escrevi aqui nesta coluna.

Muitos investidores se sentem confortáveis em movimentar seu portfólio de investimentos de baixo risco no pior momento. Isto costuma ocorrer quando os ativos sobem bastante.

Os momentos de elevação de volatilidade, como o atual, são os melhores momentos para realizar o balanceamento do portfólio. Entretanto, é muito importante que antes de realizar este investimento, se construa um plano.

 

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra se você está comprando o investimento errado neste momento https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/02/16/descubra-se-voce-esta-comprando-o-investimento-errado-neste-momento/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/02/16/descubra-se-voce-esta-comprando-o-investimento-errado-neste-momento/#respond Sun, 16 Feb 2020 05:00:42 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/Caminho-Lugano-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2079 O ciclo de vida médio de um produto é similar ao ciclo de nossa renda. Esta similaridade determina qual portfólio seria mais adequado para cada estágio. A maior parte dos investidores falha em reconhecer o momento em que estão e quais ativos deveriam compor a carteira nos respectivos instantes.

Um produto passa durante sua existência por quatro estágios: introdução, crescimento, maturidade e declínio. Sua renda segue ciclo análogo. No início, sua renda é constituída pelos proventos de seu trabalho e ao fim pelos resultados de seus investimentos e segue a forma apresentada na figura abaixo.

Estágios do ciclo de um produto são análogos ao ciclo de nossa renda.

No início da carreira, seu salário é baixo e, para muitos, guardar o mínimo de 10% é um desafio. Vamos assumir que você se esforçou e consegue poupar pelo menos este mínimo. Como ainda está aprendendo sobre investimentos, a maior parte aplica em produtos conservadores como poupança, títulos de renda fixa referenciados ao CDI ou à Selic e de curto prazo de vencimento.

Este é o instante em que seu horizonte de investimento é o maior, superior a trinta anos. Logo, grande parte do portfólio, deveria estar alocado em ativos de maior risco ou de renda variável, como fundos de ações. Como seu portfólio ainda está em formação, nos primeiros anos, seu portfólio cresce basicamente devido aos aportes adicionais.

Deixe em renda fixa apenas o que pode precisar para despesas correntes e eventuais. Aproveite que o valor aplicado é baixo para aprender a suportar a volatilidade dos mercados de renda variável.

Investidores que não adquirem a habilidade de tolerar a volatilidade de seu portfólio no início da carteira, costumam tomar decisões inadequadas quando mais velhos, por exemplo, vendendo quando os ativos caem de preço.

Evite investir em imóvel neste período, ou seja, até os 35 anos de idade. Como provavelmente não desenvolveu família e tem grande probabilidade de mudança de endereço por mudança de emprego, o imóvel adquirido neste momento não será adequado para você em poucos anos.

Se você está no estágio da maturidade ou declínio e tem um filho no período inicial de carreira, pelo mesmo motivo, também evite investir em um imóvel para ele.

O segundo estágio, costuma ocorrer entre os 35 e 50 anos. Neste intervalo, seus rendimentos mensais costumam ter forte aceleração. Seu horizonte de investimento também é muito elevado.

Entretanto, diferente do período anterior, agora você terá constituído família. Suas despesas são mais elevadas, pelas obrigações com filhos, financiamento imobiliário e outros. Assim, uma reserva de emergência maior é fundamental. Mesmo assim, como ainda está no período de aceleração da renda, seu portfólio ainda deve ter risco menor que o do estágio anterior, mas ainda elevado.

Após os 50 anos, sua renda atinge a maturidade. Neste período ela deve crescer de forma mais moderada. Isto significa que o risco de sua carteira também deveria ser reduzido. No entanto, ainda deve manter exposição a ativos de renda variável, pois seu horizonte de investimento é em média de trinta anos segundo o IBGE.

Se investiu de forma adequada e disciplinada, sua renda do trabalho se iguala à proveniente dos investimentos nesse intervalo de tempo.

No estágio final, o de declínio, após 65 anos de idade, seu portfólio deve estar preparado para dois efeitos: produção de renda e sucessão. Com esta idade, seus filhos já deixaram sua casa. Imóveis são mais custosos em processos de inventário e como não são divisíveis, podem se tornar motivo de briga familiar. Portanto, você deveria vender seu imóvel para se aproveitar da renda proveniente dos investimentos e permitir uma sucessão mais barata e amigável.

Lembre-se que produtos de previdência são excelentes veículos de sucessão. Se não os adotou ao longo da vida como forma de planejamento fiscal, ou seja, redução de impostos, esta é a hora.

Não é porque atingiu o estágio de declínio de renda que não pode ter produtos de renda variável. Conforme o IBGE, indivíduos com 80 anos ainda possuem uma expectativa de vida de mais dez anos. Logo, é tempo suficiente para ter uma pequena exposição a risco.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Saiba o que a maior gestora do mundo recomenda para o mercado de ações https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/26/saiba-o-que-a-maior-gestora-do-mundo-recomenda-para-o-mercado-de-acoes/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2020/01/26/saiba-o-que-a-maior-gestora-do-mundo-recomenda-para-o-mercado-de-acoes/#respond Sun, 26 Jan 2020 05:30:04 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=2052 Segundo a enciclopédia eletrônica Wikipedia, a maior gestora de recursos do mundo possui US$ 6,3 trilhões sob gestão. Para colocar em perspectiva este volume, a soma do PIB anual de todos os países da América Latina é menor que US$ 6 trilhões.

A maior empresa de investimentos é a BlackRock. Embora a maior parte de seus fundos seja formada pelos conhecidos ETFs (Exchange Traded Funds, Fundos Negociados em Bolsa em inglês), saber o que esta gigante acredita é relevante, pois sua opinião pode influenciar a decisão de muitos investidores pelo mundo.

O relatório divulgado nesta semana e assinado por Mike Pyle, Global Chief Investment Strategist, reforça o cenário que a empresa divulgou no final de 2019.

Nesta publicação ela sustenta a visão otimista para os mercados de risco globais.

Dentre os mercados de risco, ela sugere a elevação de ações em mercados emergentes para uma posição Overwheight, ou seja, para uma exposição acima do normal para cada investidor.

A justificativa reside principalmente em dois fatores. O primeiro é a expectativa de estabilização do crescimento global e elevação da atividade industrial. De acordo com pesquisa da gestora, o retorno das ações de mercados emergentes responde de forma mais intensa ao crescimento da atividade global.

O segundo fator é o cenário de Pyle sobre os juros nos países emergentes. Ele acredita que os Bancos Centrais destes países manterão a tendência de taxas de juros mais baixas, o que favorece o crescimento econômico e melhoria dos preços das ações.

Esta sugestão para elevar a posição em mercados emergentes pode reverter a saída de estrangeiros de nossa bolsa. Conforme apresentado na figura abaixo, desde o ano passado, o fluxo de estrangeiros para a bolsa de valores brasileira foi bastante negativo (linha azul mais baixa).

Evolução do fluxo dos diversos tipos de investidores para a Bolsa de Valores. Fonte e elaboração: Banco Central do Brasil

O Brasil tem um peso de 7,47% no índice MSCI para mercados emergentes, representando o quinto maior peso neste que é um dos principais índices de ações acompanhado no mundo. Portanto, um fluxo positivo para mercados emergentes significa quase naturalmente fluxo para nossa bolsa.

Distribuição dos pesos no índice MSCI de Mercados Emergentes para os principais países. Fonte e elaboração: MSCI

Uma reversão do fluxo negativo de 2019, impulsionado pela melhor perspectiva para mercados emergentes, poderia impulsionar ainda mais o mercado acionário brasileiro.

Confira a publicação desta semana da BlackRock (link) e o relatório completo com cenário e análise de riscos para 2020 (link).

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Com a queda dos juros, saiba o que fazer https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/11/03/com-a-queda-dos-juros-saiba-o-que-fazer/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/11/03/com-a-queda-dos-juros-saiba-o-que-fazer/#respond Sun, 03 Nov 2019 05:30:15 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/sem-cabeca-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1948 Após três anos, desde o ponto máximo de 14,25% ao ano e dezesseis reduções, o Comitê de Política Monetária (COPOM) derrubou esta semana a taxa básica de juros Selic para seu mínimo histórico de 5% ao ano. Entretanto, pela expectativa do mercado ainda não será o último movimento. Em dezembro, esta taxa deve atingir 4,5% ao ano. Isso equivale a um juros de 0,37% ao mês. Este ambiente nunca foi experimentado pelos brasileiros e quase todos ficaram mal acostumados com décadas de juros elevados. Nesse sentido, descrevo abaixo algumas dicas sobre o que fazer com seus investimentos.

Há exatamente um ano atrás, essa queda de juros não era esperada pela maioria dos economistas do mercado. O relatório Focus do Banco Central, que faz uma pesquisa com os principais economistas do mercado, mostrava em novembro de 2018 que a taxa Selic deveria encerrar o ano de 2019 em 6,5% ao ano. Neste mesmo relatório, a inflação medida pelo IPCA para 2019 era de 4,40% ao ano. A inflação acumulada nos últimos 12 meses surpreendeu caindo para  menos de 3% ao ano e as taxas de juros no mercado internacional também caíram. Assim houve oportunidade para o comitê reduzir os juros mais que o esperado.

Como a taxa do CDI é similar à taxa Selic, ela deve terminar o ano em 4,4% ao ano. No gráfico abaixo, apresento a evolução do CDI acumulado de doze meses desde janeiro de 1998. Interessante notar que, como muitos só acompanham a rentabilidade passada e os juros caíram muito rápido, vários investidores ainda vão se assustar com a rentabilidade futura. Isso ocorre porque o retorno do CDI acumulado de um ano ainda está em 6,20% a.a..

Evolução do CDI acumulado de doze meses desde 1998. Fonte: ComDinheiro.

Como a inflação acumulada também caiu é importante analisar o que ocorreu com o juros real implícito no CDI.

Perceba pelo gráfico abaixo que, apesar de vivenciarmos o menor juros nominal histórico, não estamos na mínima de juros real. Em junho de 2013 a inflação medida pelo IPCA acumulada em 12 meses foi de 6,7% enquanto o CDI era de 7,2%. Portanto, o juro real foi de apenas 0,5% ao ano.

Atualmente, essa mesma inflação é de 2,5% ao ano. Logo, a taxa real de juro,  implícita no CDI acumulado no último um ano, está em 3,6% ao ano.

Evolução do juro real implícito no CDI (CDI-IPCA) acumulado de 12 meses, desde 1998. Fonte: ComDinheiro.

No entanto, olhando para frente, com o CDI no próximo mês a 4,5% a.a. e um IPCA de 3,5% a.a., o investidor que mantém dinheiro em aplicações que remuneram apenas o CDI, deve ganhar apenas 1% acima da inflação.

Nos últimos vinte anos, este juro real médio foi de 6,6% ao ano. Isto significa que para dobrar o patrimônio real (acima da inflação) demorava cerca de onze anos. Este prazo pode ser encontrado usando uma regra simples. Para saber em quanto tempo um montante dobra, se aplicado a um determinado juro, basta dividir 72 por este juro. Assim, 72 / 6,6 = 11 anos.

Para aqueles que não quiserem correr risco, vão ter que necessariamente trabalhar mais, pois o patrimônio real só dobrará em 72 anos se aplicado no juro real esperado de 1% ao ano em aplicações que remuneram apenas o CDI atual.

Portanto, para ter o mesmo ganho real dos anos passados, o investidor precisa investir em aplicações de maior risco e ter um horizonte de mais longo prazo.

Estamos convergindo para taxas de juros mais próximas de patamares internacionais. Portanto, gradativamente você deve aproximar sua carteira para a forma de atuação desses investidores internacionais. Verifique o risco de seus investimentos, reavalie seu perfil de investidor e sua habilidade de correr risco.

Você vai precisar mudar a forma como avalia os rendimentos
Mesmo com perfil conservador é possível ter ativos de maior risco se o percentual alocado for pequeno. Entretanto, para que isso seja adequado, você vai ter que alterar a forma como acompanha os resultados do seu investimento.

A maior parte dos investidores acompanha os rendimentos diariamente e esperam que sua carteira apresente resultado positivo todos os meses.

Isso não é razoável, mesmo que tenha apenas uma pequena parcela de risco. Se quer obter uma rentabilidade maior que o CDI, essa prática precisa mudar. A análise precisa mudar para uma janela de observação maior. Passe a seguir e avaliar o resultado acumulado nos últimos 12 meses para os produtos.

É importante entender o que significa diversificação. Se tem uma carteira ativos que sobem juntos e caem juntos, você não está bem diversificado. Em uma diversificação boa sempre vai ter algum produto que não está bem quando os outros desempenham positivamente. Entretanto, atente para que este ativo não vá mal em todos os cenários, pois do contrário, ele deve ser revisto.

Fundos de ações e de Investimento Imobiliário
Com uma maior periodicidade de acompanhamento dos retornos, mesmo investidores conservadores podem ter uma pequena alocação em fundos de ações pagadoras de dividendos (FIAs) e em Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs). Há FIAs e FIIs pagando taxas de dividendos superiores ao CDI.

Evite investir em ações diretamente se não tem conhecimento ou não se dedica a estudar o mercado e acompanhar os resultados das empresas em pelo menos três horas por dia. Existem grandes vantagens de se investir em ações por meio de fundos que mais do que compensam a taxa de administração cobrada. Veja estes motivos para se investir em ações por meio de fundos.

Os FIIs se mostram como uma boa alternativa de diversificação. Entretanto, lembre que eles são um produto de renda variável e podem apresentar forte volatilidade. Para os iniciantes, opte pelos fundos de FIIs. Com estes, pode ter um portfólio diversificado de forma mais simples e ainda conta com um gestor para fazer a seleção dos melhores produtos para você.

Renda fixa
Para elevar o ganho obtido na parcela de renda fixa, será necessário realizar duas estratégias: maior vencimento e títulos privados. Também será importante ter indexadores diferentes do CDI, dividindo em títulos prefixados e referenciados ao IPCA.

Diversifique uma parte dos títulos que possui na plataforma do Tesouro Direto para CDBs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas. Evite ter mais de 3% de seu patrimônio por emissor para os títulos privados que não contam com garantia do FGC. Uma forma de ter essa diversificação é investir por meio de fundos de crédito privado. Novamente, existe uma grande vantagem em investir em renda fixa por meio de fundos, pois títulos privados podem gerar perdas.

Com o alongamento dos títulos de sua carteira e a diversificação em indexadores diferentes do CDI poderá ter retornos superiores ao CDI. Mas, entenda que títulos com vencimento longo podem ter risco tão elevados quanto fundos de ações pagadoras de dividendos.

Você deve avaliar a diminuição de sua parcela de renda fixa, mas não sua eliminação. Ela é sua proteção para os momentos de queda do mercado, que são mais frequentes que se imagina. Adicionalmente. ela também é a fonte de recursos para aproveitar os preços mais baixos que ocorrem nesses momentos.

Investimento internacional
No atual patamar de taxa de juros, fica mais justificável a diversificação internacional. Atualmente, está mais fácil realizar essa diversificação sem precisar mandar dinheiro para o exterior e sem correr o risco cambial. Existe uma boa oferta de fundos internacionais, COEs e fundos multimercados que investem no exterior.

Embora os fundos internacionais sejam exclusivos para investidores qualificados (com mais de R$1 milhão em aplicações financeiras), há uma disponibilidade crescente de COEs que simplesmente replicam a aplicação em fundos de investimento internacional. Essa é uma nova modalidade que tem atraído grande interesse aqui e no exterior. Nela é possível ter a rentabilidade dos produtos internacionais multiplicadas por até cinco vezes e com proteção de principal.

Poupança
A taxa do CDI de 0,37% ao mês é menor que o ganho mensal obtido com a poupança no passado. No entanto, isso não significa que a poupança esteja melhor.

A popular caderneta de poupança não está mais atrativa com a queda da taxa de juros. Ao mês, a poupança deve render a partir de dezembro apenas 0,26%. Aplicações que rendem mais de 90% do CDI mesmo quando tributadas na alíquota máxima de 22,5% continuam melhores que a poupança.

Portanto, fuja da caderneta de poupança, pois a maior probabilidade é que ela vai render abaixo da inflação medida pelo IPCA.

A diversificação de sua carteira devem fazer com que seus investimentos rendam mais, podendo cobrir parte da queda dos juros.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra como ganhar mais, mudando um simples hábito https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/09/29/descubra-como-ganhar-mais-mudando-um-simples-habito/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/09/29/descubra-como-ganhar-mais-mudando-um-simples-habito/#respond Sun, 29 Sep 2019 05:30:00 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/Dinh-Comugnero-Silvana-Fotolia.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1887 Estudos comprovam que a a alocação do portfólio entre as classes de ativos é a maior responsável pelo retorno destes. Para determinar quanto investir em cada classe – renda fixa, fundos multimercados, de ações e imobiliários – um dos pontos chave é a liquidez requisitada pelo aplicador, pois ela é fundamental para restringir o horizonte de investimento dos ativos.

Quando se fala em investimento financeiro, o investidor brasileiro tem o hábito de querer muito mais liquidez do que realmente precisa. Incoerentemente, este hábito se estende até na parcela que o investidor reserva para a aposentadoria.

A manutenção de liquidez nos investimentos financeiros usualmente é atribuída a três fatores: uso em emergência, aproveitamento de oportunidades e medo de possíveis mudanças econômicas. Há mais de vinte anos, com o início do plano Real em 1994, vivemos um ambiente de relativa estabilidade econômica. Portanto, essa última justificativa para manutenção de liquidez diária não deveria se sustentar. Antes de abordar as duas primeiras razões, vou comentar sobre o custo da preferência por liquidez diária.

A liquidez tem um custo. Investimentos com maior prazo possuem um prêmio de retorno. Por exemplo, para o mesmo emissor de um Certificado de Depósito Bancário (CDB) de um banco médio, o investidor pode ganhar 100% do CDI com liquidez diária ou 120% do CDI com carência de quatro anos. Uma carência de quatro anos significa que o aplicador não pode efetuar resgate nesse prazo ou se efetuar, pode ser penalizado no retorno.

Assumindo o CDI atual de 5,4% ao ano, essa diferença de 20% do CDI entre os CDBs significa uma diferença de retorno de 1,08% a mais para o CDB que rende 120% do CDI. No curto prazo, essa diferença parece não representar muito. Entretanto, quando acumulada ao longo dos anos essa pequena diferença pode representar um valor acumulado de mais de 37%.

O gráfico abaixo mostra a evolução de uma aplicação de R$50 mil nos dos CDBs acima por 30 anos. O investimento no CDB que rende 100% do CDI, depois de 30 anos, vai se valorizar para R$242 mil. Enquanto os R$50 mil CDB a 120% do CDI, se valorizar para R$332 mil, ou seja, uma diferença de R$90 mil.

O gráfico apresenta a evolução de um investimento de R$50 mil aplicados em um CDB que rende 100% do CDI e outra que rende 120% do CDI. Considerou-se o CDI atual de 5,4% ao ano.

A preferência por liquidez também provoca uma redução do horizonte de investimento nas aplicações. Consequentemente, uma menor alocação em ativos de risco que poderiam proporcionar uma alavancagem positiva de retorno. Neste caso, a diferença pode ser ainda mais significativa.

Se considerarmos uma alocação de longo prazo em ativos de risco que possam proporcionar um retorno de 15% ao ano, como o investimento em renda variável e compararmos com investimentos de liquidez, o exemplo acima pode se tornar mais surpreendente.

O investimento de R$50 mil em uma aplicação que rende 15% ao ano se valorizaria, em trinta anos, para R$ 3,3 milhões. Portanto, quase 14 vezes superior a uma aplicação que rende apenas o CDI. Logo, quando se pensa na aposentadoria, o horizonte de longo prazo é seu maior aliado.

Com relação à necessidade de recurso para emergência, acredito que a manutenção de um valor equivalente a até três meses de seu custo mensal já é suficiente. Com um bom planejamento e o escalonamento de vencimentos de aplicações será possível ter investimentos vencendo a cada seis meses, permitindo o aproveitamento de maiores retornos. Se a precaução para formar uma reserva para emergências fosse real, os investidores deveriam preferir alugar à comprar um imóvel. Ainda podemos fazer outra analogia.

Vimos que liquidez tem um custo. Portanto, a decisão de separar um recurso para emergência é similar a pagar por um seguro cuja probabilidade de uso costuma ser superestimada. Imagine pagar pelo seguro de seu carro, apenas se e quando bater. Nos investimentos, isto é possível, mas poucos usam este benefício.

O que é melhor, pagar o “prêmio do seguro” antecipadamente e aplicar no CDB de liquidez diária, ou investir no CDB de longo prazo com maior retorno e ser penalizado, pagando o “prêmio do seguro” apenas se precisar resgatar?

A última razão para o hábito da liquidez é o medo perder oportunidades. É possível afirmar que essas oportunidades de investimento que irão proporcionar a diferença de 37% mencionada acima são muito menos frequentes do que se imagina. Adicionalmente, estudos mostram que a maior diferença de retornos dos portfólios está na decisão estratégica de longo prazo e não na decisão tática de curto prazo. Logo, este receio de perder algo também é incompatível com a probabilidade de ocorrência.

Portanto, com um bom planejamento financeiro, o investidor poderá manter em liquidez apenas o necessário e, assim, poderá aproveitar de forma mais eficiente os benefícios de aplicações com maior prazo.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Preocupado com a previdência? Um outro fator deveria te assustar ainda mais https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/06/23/preocupado-com-a-previdencia-um-outro-fator-deveria-te-assustar-ainda-mais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/06/23/preocupado-com-a-previdencia-um-outro-fator-deveria-te-assustar-ainda-mais/#respond Sun, 23 Jun 2019 05:30:15 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/prev-assusta-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1748 O recente debate sobre a reforma da previdência acirrou várias discussões. Para alguns, a proposta de fixação de uma idade mínima para aposentadoria – 65 anos para homens e 60 anos para mulheres – seria um absurdo. No entanto, uma mudança ocorrida no mercado financeiro no último ano deveria deixar todos os brasileiros de cabelos em pé.

Não é para menos, a alteração a que me refiro, pode causar um de quatro efeitos:

  • quase dobrar o montante necessário para você poupar e ter o mesmo benefício;
  • elevar em mais de 30% o tempo necessário para se aposentar com a mesma renda; ou
  • reduzir em mais de 50% o tempo para usufruir do provento; ou
  • receber uma renda quase 40% menor do que esperava.

Apenas inocentes acreditam que a entidade governo é quem paga a aposentadoria pública. Este benefício é hoje pago pelos trabalhadores da ativa e por todos os brasileiros por meio de impostos. No entanto, com o envelhecimento da população e a maior sobrevida desta, o sistema fica insustentável.

Portanto, é óbvio que você mesmo terá de planejar sua aposentadoria ou pelo menos complementar o pouco que receberá.

Enquanto muitos se preocupam com os detalhes da reforma, poucos se deram conta que as taxas de juros reais (acima da inflação), que possibilitam o crescimento de suas poupanças, caíram a seus mínimos históricos. E a expectativa é que não voltem mais ao patamar anterior.

Nos últimos dois anos, a taxa de juros que remunera os títulos referenciados à inflação de longo prazo (vencimento em 2045) estavam na média de 5,5% ao ano.

Se você for investir nestes títulos agora, vai ter um ganho de apenas 3,8% ao ano acima da inflação. Reforço que esta é a taxa de juros que faz seu dinheiro realmente crescer, pois a remuneração da inflação serve apenas para repor o poder de compra.

A intensidade e velocidade que essa taxa de juros caiu surpreendeu a todos os investidores.

Para entender o efeito desta queda de juros em sua aposentadoria, ilustro com um exemplo. Considerando a taxa de juros de 5,5% ao ano, para ter uma renda mensal de R$ 5 mil por 30 anos, você precisaria poupar mensalmente R$ 725.

Simulação da renda recebida por uma poupança de R$725, acumulada por 35 anos a uma taxa real de juros de 5,5% ao ano.

Reforço que todos os montantes são a valores de hoje, ou seja, são corrigidos pela inflação. Assim, o mesmo que você compra hoje com R$ 5 mil, poderá comprar em qualquer momento no futuro.

Vamos dividir a simulação em quatro casos que representam as consequências da queda da taxa.

Quadro geral dos quatro efeitos da queda da taxa de juros real sobre sua aposentadoria.

 

Você vai ter de poupar mais

Com a nova taxa de juros, de 3,8% ao ano, para ter o mesmo benefício, você deverá poupar um valor de R$ 1.252,29.

Portanto, vai precisar revisar seu orçamento e cortar despesas a partir de hoje. O esforço de poupança deve se elevar em mais de 70%.

 

Simulação sobre o efeito no montante a poupar com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai ter de poupar por mais tempo

Se você não consegue reduzir gastos para poupar mais, vai ter de poupar por mais tempo. Com a nova taxa de juros, de 3,8% ao ano, para ter o mesmo benefício, o tempo de acumulação de recursos vai subir em mais de 30%.

Portanto, em vez de investir mensalmente por 35 anos, vai passar 46 anos depositando em sua carteira de previdência.

Para um jovem que iniciou sua carreira profissional aos 20 anos de idade, isto significa que ele não vai conseguir se aposentar com menos de 66 anos. Logo, a idade mínima estipulada na reforma de 65 anos não parece tão assustadora.

Simulação sobre o efeito no tempo de poupança com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai usufruir do benefício por menos tempo

Caso você não esteja disposto a esperar onze anos adicionais para se aposentar e não consiga poupar mais, vai ter de contar com o benefício por menos tempo.

Este caso vai afetar não só quem está iniciando sua vida profissional, mas, principalmente, quem já está mais próximo de se aposentar.

Vários investidores quando programaram sua aposentadoria, contaram que o montante guardado renderia uma taxa 50% maior que a atual. Portanto, a situação destes é mais crítica.

Não sobrará muitas alternativas a não ser poupar por mais tempo ou reduzir benefício pretendido, que abordaremos a seguir.

Simulação sobre o efeito no tempo de usufruto da aposentadoria com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai ter um renda inferior

Na simulação em que não altera nenhuma das condições de acumulação, mas apenas a taxa de juros, o valor do benefício na aposentadoria pode ser quase 50% menor.

Como mencionado anteriormente, esta é a situação daqueles que estão para se aposentar, pois o plano não considerava esta condição de taxas tão baixas.

Mesmo que tenha acumulado o patrimônio com taxas de juros mais elevadas, o fato de os juros serem quase 30% menores reduzirá a renda em cerca de 20%. Portanto, comprometendo qualquer orçamento que tenha sido planejado.

Simulação sobre o efeito no montante da renda na aposentadoria com a queda da taxa de juros real.

 

Em qualquer das situações acima, o efeito da queda de taxas de juros reais ocorrida neste ano, promoverá uma consequência mais significativa que a reforma da previdência em sua versão mais rigorosa.

Outra consequência desta queda da taxa de juros será a maior relevância na seleção da carteira de investimentos de forma a recompor parte dos ganhos perdidos. Esta recomposição passa por incorporar os riscos de mercado e de crédito. Portanto, os brasileiros terão de se acostumar com as consequências destes riscos nos seus portfólios.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Descubra qual decisão focar para elevar o retorno de seu portfólio https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/02/17/descubra-qual-decisao-focar-para-elevar-o-retorno-de-seu-portfolio/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/02/17/descubra-qual-decisao-focar-para-elevar-o-retorno-de-seu-portfolio/#respond Sun, 17 Feb 2019 05:30:57 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/Paulo-Whitaker-Reuters-320x213.jpeg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1566 A maioria dos investidores, quando deseja elevar a rentabilidade de sua carteira, despende tempo e energia exatamente nos dois fatores que menos justificam seu desempenho de longo prazo, e elevam o risco da carteira acima do que deveriam. Eles são atraídos por expectativas irreais e desconhecem em que seu esforço produziria mais resultados.

Em 1986, Brinson, Hood e Beebower divulgaram uma pesquisa respondendo à pergunta: qual decisão de investimento provoca maior impacto na variabilidade do retorno dos investimentos de fundos de pensão? Este estudo se tornou referência sobre o assunto nas últimas três décadas.

O retorno de uma carteira pode ser atribuído principalmente a três fatores: alocação estratégica, alocação tática e seleção de ativos. O primeiro representa a distribuição alvo entre as classes de ativos – renda fixa, ações, fundos multimercados, imóveis e outros – que atende aos objetivos de retorno e risco do investidor.

A alocação tática são os desvios que o investidor faz à alocação estratégica. Ela está relacionada ao chamado market timing, ou seja, a habilidade de antecipar os movimentos do mercado e alterar temporariamente o balanceamento de longo prazo para aproveitar alguma oportunidade que tenha surgido.

O terceiro fator, que explica o retorno do portfólio, está representado pelo ganho proveniente da escolha certa dos ativos dentro das classes de ativos mencionadas acima. Por exemplo, suponha que sua alocação estratégica tenha sido de vinte por cento em bolsa. A seleção de ativos retrata os resultados adicionais na escolha das ações para compor a participação em relação ao Ibovespa.

O estudo inicial de Brinson et al (1986) mostrou que 93,6% da variabilidade dos retornos é explicada pela alocação estratégica, 4,2% pela seleção dos ativos e o restante pela alocação tática. Resultados similares a estes foram corroborados pelos mesmos autores em uma atualização realizada em 1991.

Das três decisões, em quais você imagina que os investidores se preocupam mais quando pensam em seus investimentos?

Mais recentemente, em 2005, a equipe de serviços a clientes private do banco Wells Fargo expandiu a pesquisa de Brinson et al (1986). O Wells Fargo é o segundo maior banco do mundo em valor de mercado (USD$ 226 bilhões) e o quarto maior nos EUA quando considerado o valor dos ativos (USD$ 1,9 trilhões).

Hoernemann, Junkans e Zarate, pesquisadores do Wells Fargo, realizaram uma pesquisa mais completa tanto em relação ao período dos dados utilizados, quanto em relação as possibilidades de diversificação nos ativos. Eles encontraram que, em média, 78% da variabilidade dos retornos é explicada pela alocação estratégica, 10% pela seleção dos ativos e 6% pela alocação tática.

Portanto, novamente sustentando a importância da alocação estratégica como principal decisão para explicar a variabilidade dos retornos. A tabela abaixo resume a proporção da variabilidade dos retornos que a alocação estratégica explica.

Proporção da variabilidade dos retornos de longo prazo que é explicada pela decisão de alocação estratégica.

Os investidores perdem muito tempo buscando em textos e vídeos, na internet, qual ação deve apresentar melhor desempenho e se a bolsa vai subir ou cair no curtíssimo prazo. No entanto, isso, em média, só representa 16% da variabilidade de seus retornos de longo prazo.

Sem dúvida, a seleção dos ativos e tentar antecipar os movimentos do mercado – alocação tática – são importantes decisões no processo de investimento e 16% não é um número desprezível. Entretanto, para a rentabilidade no longo prazo, muito mais atenção deveria ser destinada à primeira decisão, ou seja, para a alocação estratégica.

 

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

 

Referências:

Brinson, Gary P., L. Randolph Hood e Gilbert L. Beebower. “Determinants of Portfolio Performance.” Financial Analysts Journal, Vol. 42, No. 4 (1986), pp. 39-48.

Brinson, Gary P., Brian D. Singer e Gilbert L. Beebower. “Determinants of Performance II: An Update.” Financial Analysts Journal, Vol. 47, No. 3 (1991), pp. 40-48.

Ibbotson, Roger G. e Paul D. Kaplan. “Does Asset Allocation Policy Explain 40, 90, or 100 Percent of Performance?” Financial Analysts Journal, Vol. 56, No. 1 (2000), pp. 26-34.

Hoernemann, Jeffrey T., Junkans, Dean A. e Zarate, Carmen M., “Strategic Asset Allocation and Other Determinants of Portfolio Returns”, The Journal of Private Wealth Management, (2005) 26-38.

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Dólar, bolsa e juros; Saiba o que fazer https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/29/dolar-bolsa-e-juros-saiba-o-que-fazer/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/29/dolar-bolsa-e-juros-saiba-o-que-fazer/#respond Sun, 29 Apr 2018 09:00:34 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Neo-InvestimentosMarcelo-e-mario.jpg-320x213.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1016 O primeiro quadrimestre apresentou grandes oportunidades como a alta de mais de 13% na bolsa (Ibovespa), valorização de mais de 6% do câmbio (dólar) e queda dos juros que promoveu ganhos nos títulos prefixados e referenciados a IPCA. No entanto, se ao olhar para o passado o início do ano pareceu fácil rentabilizar sua carteira, o mesmo não é possível falar para o futuro.

O cenário para o restante do ano se apresenta bastante desafiador. Internamente, temos uma das eleições presidenciais com maior incerteza quando comparada ao passado recente. No exterior, riscos de guerra comercial e de aumento de taxas de juros colocam em cheque a continuidade do ambiente benigno de crescimento econômico com baixa volatilidade nos ativos dos últimos anos.

Neste momento, muitos investidores começam a perceber que os elevados juros de curto prazo já não existem e se questionam para onde levar suas economias. Com esta difícil tarefa de traçar perspectivas e orientar o investidor, conversei com a equipe de uma das mais tradicionais gestoras de recursos do mercado, a Neo Investimentos.

A Neo Investimentos é uma gestora de recursos independente (não ligada aos grandes bancos) fundada em 2003. Conversei com três de seus gestores: Marcelo Navarro, Mario Schalch e Gustavo Mazieiro. Navarro e Schalch são, desde a fundação da gestora há quinze anos, os responsáveis pelo fundo Neo Multi Estratégia. Desde 2003, o Neo Multi Estratégia valorizou 544%, equivalente a mais de 120% do CDI, e apresentou resultado positivo em momentos delicados de mercado como na crise de 2008 e em maio de 2017.
 

O que esperar do cenário de investimentos no Brasil esse ano?

A taxa básica de juros brasileiras caiu para o patamar mínimo histórico e o CDI que é o indicador que usualmente esse investidor acompanha, rende apenas 6,39% ao ano. Esse baixo retorno, vai incentivá-lo a buscar alternativas. Entretanto, o longo período de taxas mais altas fez com que o investidor brasileiro se tornasse acomodado e não procurasse educação financeira. A alocação em ativos de risco não é algo simples e a consequência, se não for bem estudada e implementada, pode ser um efeito contrário ao desejado, ou seja, em vez de elevar a rentabilidade, pode apenas perder dinheiro. Além disso, o momento de maior volatilidade e de preços dos ativos mais justos pelas valorizações recentes, torna a tarefa ainda mais desafiadora. Nesse sentido, acreditamos que o melhor veículo para o investidor que está acostumado com produtos de menor risco é o investimento em um fundo multimercado. Ao aplicar em fundo o investidor conta com uma equipe especializada que poderá trazer mais agilidade em momentos como o atual e alocar em risco de forma ótima.

 

Quais fatores olhar na seleção de fundos multimercados?

Existem muitas alternativas para o investidor escolher e este processo de seleção deve ser cuidadoso. Um primeiro fator é a longevidade da equipe e do fundo. Um fundo com uma equipe com longo histórico já passou por vários momentos de stress no mercado, aprendeu e provou que consegue superá-los. O cenário de maior liquidez internacional levou vários ativos a estarem negociando com um preço sem sentido. Para o pequeno investidor, identificar esses ativos não é trivial.

Como o Warren Buffet fala: “você só descobre quem está nadando pelado quando a maré baixa”, ou seja, momentos de stress vão se repetir e equipes que já passaram por estes adquiriram experiência e melhores controles para contornar.

Um segundo fator é a utilização de estratégias diferenciadas. O investimento de risco tradicional (bolsa, câmbio e juros) acaba expondo o investidor a uma relação retorno/ risco ruim em vários momentos como o atual. Gostamos de utilizar em nosso fundo estruturas com derivativos que produzem resultados positivos tanto em momentos de stress como nos de euforia. Essas estruturas reduzem a correlação do produto com outros e melhora a diversificação dos clientes.

Um terceiro fator é a experiência dos gestores em investimentos internacionais. Com a queda dos juros no Brasil é importante buscar alternativas pelo mundo e em fundos multimercado como o nosso, o investidor pode ter acesso a essa opção.

 

Falando em diversificação internacional, o que esperar para o dólar?

A situação econômica atual do país é bem diferente de quando o câmbio atingiu R$4/dólar. O déficit em conta corrente que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços internacionais, bem como pagamentos de transferências, se mostra significativamente melhor agora. Isso pode ser visualizado no gráfico abaixo.

Gráfico da evolução do déficit em conta corrente como percentual do PIB. Fonte: BCB e Neo Investimentos.

Perceba que quando tínhamos uma situação de deficit como o atual, o câmbio se manteve em patamar igual ou inferior ao atual. Estimamos que se o resultado da eleição for por um candidato reformista, o Real tem espaço para se valorizar para o patamar anterior de R$3,2/ dólar. Portanto, potencialmente, nossa moeda poderia voltar a se apreciar até o final do ano.

 

A bolsa é uma boa alternativa no momento?

No início do ano, indicamos que ainda havia espaço para valorização (ver link) e o Ibovespa subiu em menos de quatro meses mais que duas vezes o retorno do CDI do ano. Com a alta recente e os riscos do momento, não vislumbramos uma relação retorno/ risco favorável para a bolsa. Portanto, aqueles que estavam fora, devem planejar com cuidado a elevação de exposição a renda variável.

Entretanto, vislumbramos um bom potencial de ganho nos preços relativos de empresas negociadas na bolsa. E é isso que estamos fazendo em nosso fundo. Identificamos empresas que estão relativamente mais baratas. Compramos as ações das empresas mais baratas e vendemos a descoberto as ações das empresas mais caras (ver link). Nesse sentido, o fundo aufere o ganho do diferencial de preço entre as duas ações não importando para qual direção vai o mercado. Para um indivíduo realizar análise de diversas empresas e identificar aquelas que relativamente estão mais baratas não é trivial e exige uma equipe de analistas investigando. Atualmente, esse é o maior potencial de ganho do mercado acionário não só no Brasil como internacionalmente.

 

Quais aplicações em títulos de renda fixa estão mais interessantes?

As taxas caíram bastante e o risco de repiques inflacionários não está afastado. A inflação caiu como reflexo da queda do preço de alimentos e do período recessivo por que passamos. No entanto, o Brasil não fez o dever de casa e se a economia retomar o crescimento ou surgir pressões nos preços de commodities, podemos voltar pontualmente a ter alguma inflação superior ao atual patamar. Portanto, acreditamos que as taxas pré-fixadas de curto prazo não estão atrativas quando considerado o balanço retorno/ risco. Entretanto a taxa de juros real de longo prazo (5% ao ano mais IPCA) presente nos títulos públicos ainda se mostra interessante. Para o investidor que deseja economizar para a aposentadoria, os títulos públicos referenciados a IPCA de longo prazo permanecem atrativos.

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Gestor afirma que ações devem subir: saiba como ganhar com isso https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/01/07/gestor-afirma-que-acoes-devem-subir-saiba-como-ganhar-com-isso/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/01/07/gestor-afirma-que-acoes-devem-subir-saiba-como-ganhar-com-isso/#respond Sun, 07 Jan 2018 08:39:06 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/Neo-InvestimentosGustavoMaziero-180x122.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=732 Se você acha que a bolsa subiu muito nos últimos dois anos, vai se surpreender com o desempenho do fundo do qual Gustavo Vechiato Maziero faz parte da equipe de gestão. O fundo sob gestão da equipe da Neo Investimentos, conjuntamente com Maziero, se valorizou mais do que o dobro do Ibovespa nos últimos dois anos.

Mestre em Administração de Empresas pelo Insper e graduado em administração pela FGV, Maziero tem quase uma década de experiência de mercado. Atualmente, ele faz parte da equipe de gestão de uma das maiores gestoras independentes do país, a Neo Investimentos, mas também já atuou como estruturador de estratégias de Capital Protegido no Santander Asset Management. Na entrevista a seguir, ele compartilha algumas dicas de como os investidores podem aproveitar o momento mais otimista do mercado.

Como vê o cenário para investimento no Brasil em 2018?
Antes de entrar no cenário doméstico, vale olharmos um pouco para o cenário global. Nos últimos anos, as principais economias no mundo apresentaram concomitantemente bom crescimento (ao redor de 2% nos últimos 3 anos) com inflação baixa e controlada.

Esse cenário internacional é extremamente benigno para ativos de risco, mas não podemos esquecer que isso é fruto de uma política monetária não convencional (de juros negativos, recompra de ativos e expansão monetária), conduzida por muitos dirigentes de Bancos Centrais (BCs). As consequências desse ambiente é uma abundância de liquidez internacional a procura de retornos atrativos pelo mundo.

Entretanto, mesmo com o cenário global favorável, o Brasil esteve bastante fora do foco de investidores, pois sofreu com diversos eventos políticos que dominaram a cena local. Apesar dessas graves questões políticas, a partir de 2016, somente pelo fato de o Brasil implementar algum ajuste fiscal e flertar com reformas estruturais, um ajuste monetário foi viabilizado (juros começaram a cair). Com isso, além da busca natural dos investidores brasileiros pela rentabilidade de dois dígitos, boa parte dessa liquidez financeira global também veio para o nosso país para se aproveitar dos altos retornos, gerando uma boa rodada de otimismo para ativos de risco em nosso país.

Neste sentido, se tivermos um resultado eleitoral positivo (um presidente fora dos extremos, e com programa econômico mais favorável ao mercado de capitais), temos boas chances de surfar essa liquidez global, seja por meio de títulos pré-fixados que possuem algum “prêmio” (de aumento de juros), de títulos privados (CRA, CRI, debêntures) e do mercado de ações.

Quais os dois maiores riscos para esse cenário?
Como descrevi anteriormente, o maior risco é a eleição de 2018, ou seja, o risco de surgir um candidato com um programa que leve o país de volta à recessão econômica da qual estamos saindo.

O outro grande risco está em alguma reversão do cenário global, por exemplo, com as economias centrais (e.g. EUA, Europa) parando de crescer ou, principalmente, se a inflação fugir do controle dos dirigentes dos BCs. Os investidores internacionais não parecem ter receio deste primeiro ponto, pois sabem que a política monetária dos últimos anos já foi longe demais para voltar atrás. Isto é, se algo der errado, os BCs devem voltar a acionar a “bazuca de liquidez” (por exemplo, recompra de ativos). Agora, caso a inflação saia do controle, que é o menor dos riscos, o dano deve ser grande e difícil de se prever, principalmente pela falta de experiência histórica no que tem sido feito.

Como o pequeno investidor pode se proteger destes riscos?
Primeiramente, saber selecionar gestores que estejam de fato trabalhando para ele (pequeno investidor), ou seja, que monitorem constantemente o cenário global, buscando proteção e preservação do capital em cenários atipicamente adversos. Além disso, o investidor pode usar instrumentos de risco controlado, como por exemplo os COE’s (Certificados de Operações Estruturadas) que, no limite, entregam ao investidor o principal investido.

Depois da alta de dois anos seguidos, o Ibovespa ainda tem espaço para valorizar?
Sim. A forte valorização ocorrida nos últimos anos, foi liderada por empresas que souberam fazer o “dever de casa” quando a economia brasileira começou a sofrer desde o fim do 1º e começo do 2º governo Dilma.

Naquele momento, muitas companhias souberam cortar e adequar suas estruturas de custos, focar na estratégia e competência central, ganhando market share – participação de mercado – dos concorrentes e apresentando retorno aos acionistas, mesmo em um ambiente difícil. Com a queda da última presidente e com a economia mostrando sinais de recuperação, estas empresas usufruiram de sua alavancagem operacional e tiveram retorno muito acima da média. São casos como Itaú, Kroton, CVC e Localiza.

Este grupo de empresas deve continuar se destacando por serem players dominantes em seus setores, mas, há também, o grupo de algumas empresas que demoraram para fazer tais ajustes, mas que fazendo um bom trabalho, poderão capturar este cenário construtivo, caso da Petrobrás, IMC e Ânima Educação.

Há ainda aquelas empresas que vão se valorizar apenas pelo otimismo geral, mas que não possuem fundamento. Neste caso, o investidor precisa estar atento para não cair em armadilhas de aventureiros que fazem recomendações das mais malucas. Há inúmeros gestores bons e qualificados que podem ajudá-los nesta seleção de ativos e o investidor pode investir nos fundos sob sua gestão.

O que acha de diversificação internacional?
Acho bastante interessante, principalmente para fugir um pouco deste risco de eleição no Brasil, citado acima. É reconhecido o fato de que é bastante caro, tanto em termos financeiros quanto operacionais, o investidor viabilizar uma estrutura off shore para acessar mercados globais. Entretanto, há alguns bons gestores nacionais que fazem alocação fora do país e têm expertise tanto na escolha das classes de ativos internacionais, como também nos melhores instrumentos para capturar os movimentos. Outra alternativa para dar acesso global ao investidor são os investimentos por meio de COE`s.

Como vê o entusiasmo dos investidores com moedas digitais, por exemplo, o Bitcoin?
Não gosto. Aceito as opiniões daqueles que defendem as criptomoedas, porém não consigo acreditar na perpetuidade de uma moeda que permeia atividades excusas (terrorismo, financimento a crimes diversos e atividades não-legais). Além disso, o sistema se assemelha muito com as pirâmides financeiras (onde novos investidores financiam aqueles que estão saindo) – alguns dos criadores de criptomoedas já não detém mais seus ativos.

Convido os interessados a olharem o trabalho do Dr. Jean-Paul Rodrigue que criou um arquétipo dos estágios de uma bolha financeira e compararem com o gráfico do Bitcoin como exemplo.

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