De grão em grão https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro Sun, 05 Dec 2021 09:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Preocupado com a previdência? Um outro fator deveria te assustar ainda mais https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/06/23/preocupado-com-a-previdencia-um-outro-fator-deveria-te-assustar-ainda-mais/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2019/06/23/preocupado-com-a-previdencia-um-outro-fator-deveria-te-assustar-ainda-mais/#respond Sun, 23 Jun 2019 05:30:15 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/prev-assusta-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1748 O recente debate sobre a reforma da previdência acirrou várias discussões. Para alguns, a proposta de fixação de uma idade mínima para aposentadoria – 65 anos para homens e 60 anos para mulheres – seria um absurdo. No entanto, uma mudança ocorrida no mercado financeiro no último ano deveria deixar todos os brasileiros de cabelos em pé.

Não é para menos, a alteração a que me refiro, pode causar um de quatro efeitos:

  • quase dobrar o montante necessário para você poupar e ter o mesmo benefício;
  • elevar em mais de 30% o tempo necessário para se aposentar com a mesma renda; ou
  • reduzir em mais de 50% o tempo para usufruir do provento; ou
  • receber uma renda quase 40% menor do que esperava.

Apenas inocentes acreditam que a entidade governo é quem paga a aposentadoria pública. Este benefício é hoje pago pelos trabalhadores da ativa e por todos os brasileiros por meio de impostos. No entanto, com o envelhecimento da população e a maior sobrevida desta, o sistema fica insustentável.

Portanto, é óbvio que você mesmo terá de planejar sua aposentadoria ou pelo menos complementar o pouco que receberá.

Enquanto muitos se preocupam com os detalhes da reforma, poucos se deram conta que as taxas de juros reais (acima da inflação), que possibilitam o crescimento de suas poupanças, caíram a seus mínimos históricos. E a expectativa é que não voltem mais ao patamar anterior.

Nos últimos dois anos, a taxa de juros que remunera os títulos referenciados à inflação de longo prazo (vencimento em 2045) estavam na média de 5,5% ao ano.

Se você for investir nestes títulos agora, vai ter um ganho de apenas 3,8% ao ano acima da inflação. Reforço que esta é a taxa de juros que faz seu dinheiro realmente crescer, pois a remuneração da inflação serve apenas para repor o poder de compra.

A intensidade e velocidade que essa taxa de juros caiu surpreendeu a todos os investidores.

Para entender o efeito desta queda de juros em sua aposentadoria, ilustro com um exemplo. Considerando a taxa de juros de 5,5% ao ano, para ter uma renda mensal de R$ 5 mil por 30 anos, você precisaria poupar mensalmente R$ 725.

Simulação da renda recebida por uma poupança de R$725, acumulada por 35 anos a uma taxa real de juros de 5,5% ao ano.

Reforço que todos os montantes são a valores de hoje, ou seja, são corrigidos pela inflação. Assim, o mesmo que você compra hoje com R$ 5 mil, poderá comprar em qualquer momento no futuro.

Vamos dividir a simulação em quatro casos que representam as consequências da queda da taxa.

Quadro geral dos quatro efeitos da queda da taxa de juros real sobre sua aposentadoria.

 

Você vai ter de poupar mais

Com a nova taxa de juros, de 3,8% ao ano, para ter o mesmo benefício, você deverá poupar um valor de R$ 1.252,29.

Portanto, vai precisar revisar seu orçamento e cortar despesas a partir de hoje. O esforço de poupança deve se elevar em mais de 70%.

 

Simulação sobre o efeito no montante a poupar com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai ter de poupar por mais tempo

Se você não consegue reduzir gastos para poupar mais, vai ter de poupar por mais tempo. Com a nova taxa de juros, de 3,8% ao ano, para ter o mesmo benefício, o tempo de acumulação de recursos vai subir em mais de 30%.

Portanto, em vez de investir mensalmente por 35 anos, vai passar 46 anos depositando em sua carteira de previdência.

Para um jovem que iniciou sua carreira profissional aos 20 anos de idade, isto significa que ele não vai conseguir se aposentar com menos de 66 anos. Logo, a idade mínima estipulada na reforma de 65 anos não parece tão assustadora.

Simulação sobre o efeito no tempo de poupança com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai usufruir do benefício por menos tempo

Caso você não esteja disposto a esperar onze anos adicionais para se aposentar e não consiga poupar mais, vai ter de contar com o benefício por menos tempo.

Este caso vai afetar não só quem está iniciando sua vida profissional, mas, principalmente, quem já está mais próximo de se aposentar.

Vários investidores quando programaram sua aposentadoria, contaram que o montante guardado renderia uma taxa 50% maior que a atual. Portanto, a situação destes é mais crítica.

Não sobrará muitas alternativas a não ser poupar por mais tempo ou reduzir benefício pretendido, que abordaremos a seguir.

Simulação sobre o efeito no tempo de usufruto da aposentadoria com a queda da taxa de juros real.

 

Você vai ter um renda inferior

Na simulação em que não altera nenhuma das condições de acumulação, mas apenas a taxa de juros, o valor do benefício na aposentadoria pode ser quase 50% menor.

Como mencionado anteriormente, esta é a situação daqueles que estão para se aposentar, pois o plano não considerava esta condição de taxas tão baixas.

Mesmo que tenha acumulado o patrimônio com taxas de juros mais elevadas, o fato de os juros serem quase 30% menores reduzirá a renda em cerca de 20%. Portanto, comprometendo qualquer orçamento que tenha sido planejado.

Simulação sobre o efeito no montante da renda na aposentadoria com a queda da taxa de juros real.

 

Em qualquer das situações acima, o efeito da queda de taxas de juros reais ocorrida neste ano, promoverá uma consequência mais significativa que a reforma da previdência em sua versão mais rigorosa.

Outra consequência desta queda da taxa de juros será a maior relevância na seleção da carteira de investimentos de forma a recompor parte dos ganhos perdidos. Esta recomposição passa por incorporar os riscos de mercado e de crédito. Portanto, os brasileiros terão de se acostumar com as consequências destes riscos nos seus portfólios.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Seis lições do maior empreendedor do Brasil https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/08/10/seis-licoes-do-maior-bilionario-do-brasil/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/08/10/seis-licoes-do-maior-bilionario-do-brasil/#respond Fri, 10 Aug 2018 09:00:17 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/Lemann-320x213.jpg https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1243 Nesta quinta-feira, tive o privilégio em participar de painel no Insper com os investidores Jorge Paulo Lemann e Claudio Haddad. O debate foi mediado pelo professor Fernando Schüler e organizado pelo Infinance, que é uma organização estudantil do Insper focada no desenvolvimento dos alunos para o mercado financeiro.

O reconhecimento de Lemann remonta do famoso banco de investimentos, o Garantia, e se estende pelos diversos negócios que possui, como a Ambev e sua sociedade com Warren Buffet na Kraft Heinz.

O painel foi uma verdadeira aula sobre os passos para a construção de uma carreira de sucesso e formação de riqueza. E, dentre todas as lições, destaco seis.

Você não precisa inventar

Muitos investidores dispendem grande energia na criação e desenvolvimento de nova tecnologia. Entretanto, acabam aprendendo, com seu próprio prejuízo, que o produto ou serviço não atende ao que os consumidores desejam. Lemann destaca que o foco no atendimento às demandas dos consumidores tem sido um dos elementos chave do sucesso de seus empreendimentos.

Tanto Haddad quanto Lemann lembram que tecnologias comprovadas, que atendem consumidores mundo afora, poderiam ser adaptadas para a realidade brasileira. Para isso, empreendedores poderiam buscar internacionalmente estas novas tecnologias, nos seus respectivos centros de excelência.

O fato de uma inovação ser bem-sucedida pelo mundo não garante o sucesso no Brasil, mas aumentaria as chances destes empreendedores.

Visão otimista

Aqueles que desejam empreender devem ter visão otimista. Os palestrantes entendem a situação econômica do país, mas ressaltam a evolução que ocorreu ao longo dos anos, desde que iniciaram seus negócios.

Para exemplificar a importância dessa atitude, Lemann lembra de quando iniciou o Garantia. Naquele momento, ele sofreu dois reveses: o mercado de ações despencou mais de 50% e uma importante associação com um grande parceiro internacional, que daria suporte à instituição, foi frustrada. Mesmo assim, transformaram aquele empreendimento no banco de investimentos mais reconhecido do país.

Horizonte de longo prazo

Investidores bem-sucedidos tomam decisões avaliando suas consequências no longo prazo. Os brasileiros se acostumaram a acompanhar e investir com horizonte de curto prazo. Essa prática resulta em menores retornos. Tomar decisões apenas olhando para o curto prazo leva a vender quando deveria estar comprando e vice-versa.

Conhecimento

A tentação de seguir investimentos e empreendimentos populares é quase irresistível. A recente escalada do Bitcoin e sua queda de mais de 60% exemplifica ao que estão sujeitos investidores sem conhecimento.

Lemann acredita que uma das maiores lições que o investidor deve seguir é investir apenas naquilo que conhece e tomar cuidado quando investir baseado apenas em expectativas.

Potencial

Ele reforça que é necessário avaliar a capacidade de evolução do negócio. Os investidores devem buscar negócios com alto potencial de resultado e crescimento.

Planejamento

Ambos palestrantes ressaltam que é importante planejar o empreendimento antes de investir. Entretanto, Haddad salienta que é necessário realizar não só o planejamento do cenário base, mas planejar o que fazer se esse cenário não se concretizar e mecanismos de separação de sociedades.

Um fator importante no sucesso das carreiras de Lemann e Haddad foi o estudo. Eles se empenharam em suas formações acadêmicas e demonstraram que continuam aprendendo até hoje.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Plano de previdência: aposentadoria ou investimento? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/15/plano-de-previdencia-aposentadoria-ou-investimento/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/15/plano-de-previdencia-aposentadoria-ou-investimento/#respond Sun, 15 Jul 2018 09:00:16 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/20180708_194855-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1197 O volume de recursos destinados a planos de previdência complementar do tipo VGBL e PGBL tem crescido sistematicamente há duas décadas. Segundo a Anbima, a captação líquida impulsionou o patrimônio investido nesses produtos, que cresceu a uma taxa superior a 30% ao ano nos últimos 15 anos. Apesar do forte crescimento, muitos investidores confundem se eles seriam um produto de investimento ou apenas para aposentadoria. Descubra abaixo se ele seria para você.

Captação líquida anual em produtos de pevidência PGBL e VGBL (Fonte: Anbima).

Inicialmente, vamos desmistificar o produto PGBL e VGBL. Embora sejam um seguro no qual se contrata uma renda futura, não se investe nesses planos para ter a renda oferecida pela seguradora, pois na maioria das vezes não vale a pena. Daí vem um primeiro mito que confunde muitos.

O simples fato de ter um plano de previdência, não representa que você teria um plano para sua aposentadoria. VGBL ou PGBL são apenas veículos, ou seja, possuí-los não significa que eles vão te levar ao lugar que deseja. Antes de contratar qualquer plano de previdência, o ideal é montar um plano para a aposentadoria, identificando suas necessidades e qual o melhor veículo de investimento.

Como sua utilidade como seguro de renda futura, não é interessante, com o que podemos compará-los?

Um plano de previdência do tipo VGBL e PGBL são similares a fundos de investimento com algumas características que descrevo abaixo e que podem torná-los mais atrativos. No entanto, é preciso ter cuidado com as taxas existentes, pois elas podem eliminar qualquer vantagem. Assim, fuja daqueles que possuem taxa de carregamento e compare as taxas com cuidado de acordo com o risco do produto.

Embora comparados a fundos de investimentos, os PGBLs e VGBLs não são adequados para investimentos de curto e médio prazo. E a razão para isso é sua elevada tributação.

Há dois regimes de tributação para esses produtos. Se escolheu o regime de tributação regressivo, ou definitivo, só vai ter a mesma alíquota de IR de um fundo de investimento tradicional após oito anos. No caso do regime progressivo, dependendo de sua renda e do valor retirado, a alíquota de IR também pode ser desvantajosa.

Portanto, só invista nesses produtos se acredita que pode manter os recursos neles por mais de oito anos.

De forma geral, há seis razões para se aplicar em planos do tipo VGBL e PGBL e que podem trazer vantagens superiores a fundos de investimento quando o horizonte de aplicação é superior a oito anos.

A postergação e redução do IR aplicável ao salário dos trabalhadores é uma das principais razões para se investir em PGBLs. Entretanto, essa vantagem não se aplica a VGBLs e só se torna vantajosa após pelo menos seis anos de investimento. O valor aplicado em um PGBL pode ser abatido da renda bruta até o limite de 12% desta e o IR sobre essa parcela do salário que poderia ser de até 27,5%, pode cair para 10% após dez anos da aplicação.

Os produtos PGBL e VGBL não possuem a famosa antecipação semestral de IR chamada “come-cota”. Entretanto, essa vantagem só se torna valiosa após prazos superiores a 10 anos de investimento.

A terceira vantagem é a não incidência de IR na mudança de perfil de risco da aplicação. Um investidor que possui um fundo de ações e quer movimentar para uma aplicação mais conservadora de renda fixa, ou vice-versa, deve resgatar o fundo, pagar IR sobre os rendimentos e apenas o valor líquido seria reinvestido. No caso dos planos de previdência, a portabilidade entre planos evita a incidência de IR. No longo prazo, esse efeito é bastante vantajoso.

Os planos de previdência são um excelente veículo para sucessão. Essa vantagem se deve a três fatores: não serem tributados em herança na maioria dos estados, ausência de despesas de inventário e velocidade na transmissão e destinação dos recursos.

Muitas empresas estimulam seus colaboradores a planejarem o futuro e dobram a aplicação do trabalhador nesses planos. Essa contribuição da empresa deve ser sempre aproveitada, pois significa um salário adicional.

Devido à dificuldade de manter a disciplina de se realizar investimentos periódicos, os planos de previdência são um excelente instrumento disciplinador, pois pode ser programado no salário ou mesmo para débito direto na conta. Entretanto, esse caso só se torna vantajoso se a aplicação é para o longo prazo.

Essas seriam as principais razões para se investir nesses produtos. Se você se enquadra em uma dessas vantagens, mantenha seu plano de previdência como veículo de investimento. Caso contrário, reavalie as contribuições no seu plano e se vale a pena realizar a portabilidade para outro.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Aposentadoria: você sabe qual sua dívida com a previdência? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/08/aposentadoria-voce-sabe-qual-sua-divida-com-a-previdencia/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/07/08/aposentadoria-voce-sabe-qual-sua-divida-com-a-previdencia/#respond Sun, 08 Jul 2018 09:00:03 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Notas-de-real-na-Casa-da-Moeda-no-Rio-de-Janeiro-Fernando-Frazão-Folhapress-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1191 Segundo relatório divulgado pela Previc, o déficit dos fundos de pensão somava R$ 16 bilhões em dezembro de 2017. Constantemente, você ouve falar do déficit do governo federal para com a previdência pública. Você talvez não saiba, mas, provavelmente, também tem uma dívida com sua previdência. Se não parou para calcular, ela pode estar maior do que imagina.

 

Abaixo vou descrever 5 passos para estimar sua dívida e como criar um plano para saldá-la.

 

O primeiro passo é estimar qual seria a renda anual necessária para cobrir suas despesas durante a aposentadoria. Quanto maior for o valor da renda desejada, maior será sua dívida. Logo, deve ser consciente e considerar uma renda realista capaz de cobrir seus custos.

 

Em seguida deve refletir sobre qual seria o prazo de aposentadoria. Quanto menor for o prazo de usufruto da aposentadoria, menor será seu débito. Devido aos avanços da saúde, se você chegou até a idade de aposentadoria (65 anos), há uma grande probabilidade de viver pelo menos mais trinta anos.

 

Um importante passo é a determinação do rendimento das aplicações. Nesse passo, deve estimar a taxa de juros acima da inflação viável de obter, em suas aplicações financeiras, durante a aposentadoria e até ela. Quanto maior a taxa de juros, menor será sua dívida e mais fácil será para pagá-la.

 

Uma taxa de juros factível e conservadora seria 75% da taxa que encontra nos títulos de longo prazo referenciados à inflação no site do tesouro direto. O motivo para o percentual de 75% é de se considerar o IR que incide sobre as taxas e sobre a inflação. Atualmente, a taxa dos títulos longos está em 5,8% ao ano. Portanto, a taxa a se considerar no cálculo é de 4,35% (= 5,8% * 75%).

 

Os fundos de pensão consideram hoje uma taxa atuarial média de 5,3% ao ano e na média não estão sendo capazes de cumprir, segundo o relatório da Previc.

 

Em seguida deve calcular qual o valor necessário ao se aposentar. Para isso, basta calcular em uma calculadora financeira o valor presente desse fluxo de pagamentos.

 

Os três passos acima podem ser simplificados utilizando a regra dos 4%. Essa regra foi proposta por William Bengen e publicada em 1994 no Journal of Financial Planning. Basta dividir o valor da primeira renda anual por 4%. Assim, se deseja ter uma renda de R$5 mil por mês, deve dividir R$60 mil (= R$5 mil * 12 meses) por 4%. Esse cálculo resulta em um valor de R$ 1,5 milhões necessário no início de sua aposentadoria.

 

Para calcular sua dívida com sua previdência, basta trazer a valor presente para a data de hoje esse valor. Considerando que tem quarenta anos e que se aposentaria aos 65 anos, sua dívida seria de R$517 mil. Essa dívida será paga em parcelas mensais até chegar o início da aposentadoria.

 

A mensalidade necessária para atingir esse valor no início da aposentadoria pode ser calculada com uma calculadora financeira. No exemplo acima, faltariam 300 meses (25 anos) para se aposentar. Logo, sua dívida atual com a previdência seria paga com uma mensalidade de R$ 2,8 mil que cresce com a inflação. Esse valor, poderia ser investido conservadoramente nos títulos públicos federais que foram utilizados para estimar a taxa no terceiro passo.

 

Se você não é capaz de guardar o valor mensal necessário para pagar a dívida com a previdência, você também possui um déficit com sua previdência. A medida que passa o tempo e não inicia a contribuição ou não paga o valor necessário, esse déficit só cresce. Portanto, não postergue o início desse pagamento.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Saiba como assistir à próxima Copa ao vivo com menos de R$230 por mês https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/06/17/saiba-como-assistir-a-proxima-copa-ao-vivo-com-menos-de-r230-por-mes/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/06/17/saiba-como-assistir-a-proxima-copa-ao-vivo-com-menos-de-r230-por-mes/#respond Sun, 17 Jun 2018 09:00:50 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Hannes-Halldorsson-defende-cobrança-de-pênalti-de-Messi-Albert-Gea-Reuters-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1145 Participar dos jogos da Copa do Mundo no próprio estádio é mais acessível do que se imagina. O investimento necessário pode parecer elevado quando o montante a ser pago é avaliado à vista, mas ele se torna atingível com planejamento.

Quais os principais gastos?
Passar uma semana no país sede de uma Copa do Mundo pode gerar despesa de pelo menos R$12 mil para uma pessoa em uma semana. Por se realizar internacionalmente, esse valor deve ser expresso em dólar e seria de aproximadamente US$ 3 mil.
Os principais gastos podem ser divididos em quatro categorias: passagem, hospedagem, ingressos e gastos gerais. Essas despesas são apresentadas na tabela abaixo.

Lista de gastos e valores necessários para a viagem de uma semana para assistir a três jogos da Copa do Mundo no país sede.

Como na maior parte das viagens, passagem e hospedagem respondem por mais da metade do orçamento total. Portanto, um bom planejamento e a utilização de novas tecnologias podem reduzir o custo de seu passeio.
Antes de explicar como é possível tornar o passeio mais barato, veja como ele já é possível.

Quanto investir?
Segundo o artigo de Nicola Pamplona, os brasileiros que estão entre os 1% mais ricos possuem uma renda de R$28 mil ao mês. Portanto, mesmo para esses, incluir uma despesa de mais de R$12 mil no orçamento de um mês parece algo fora de cogitação.
O segredo para tornar esse sonho possível está na disciplina de poupar e não resgatar o investimento quando ele começar a crescer.
Por exemplo, se poupar apenas R$ 229 por mês é possível ter em 48 meses, ou seja, quatro anos, o valor necessário. Anualmente, você deve reajustar o valor poupado da variação do IPCA. Portanto, considerando o IPCA projetado para doze meses à frente de 4%, em junho do ano que vem, deve elevar o valor poupado para R$238,16 (= 229*1,04).
O prazo trabalha a seu favor devido à dinâmica dos juros compostos. Portanto, se iniciar agora a poupança para a copa dos Estados Unidos em 2026, precisará investir apenas R$104 por mês.
Mas como o valor da viagem é em dólar, você deve estar se questionando onde pode investir valores tão baixos de forma que ainda consiga ter alguma proteção cambial.

Onde investir?
Conforme expliquei em artigo anterior, uma boa forma de investimento para no médio e longo prazo ganhar da variação cambial são títulos referenciados à inflação.
Esses títulos proporcionam o rendimento de uma taxa de juros adicional à variação da inflação medida pelo IPCA.
Como o valor a poupar mensalmente é baixo, o ideal é investir por meio dos títulos públicos na plataforma do Tesouro Direto.
O título de renda fixa ideal para investir seria aquele que tivesse vencimento idêntico ao momento em que desembolsa a compra do pacote. Entretanto, não há na plataforma do Tesouro Direto título referenciado a IPCA com vencimento em 2022.
Assim, o melhor título para investir tanto para a copa do Catar quanto dos EUA é o Tesouro IPCA 2024. Esse título é vendido com rentabilidade de IPCA + 5,84% ao ano e tem vencimento aproximadamente entre as duas copas. De forma conservadora, considerei um rendimento real – acima da inflação – de apenas 5% ao ano nos cálculos.

Como tornar o passeio ainda mais barato e divertido?
Alguns custos não aumentam na mesma proporção do número de pessoas. Por exemplo um quarto duplo ou triplo de hotel não vai custar duas ou três vezes mais caro que um individual.
Logo, se for com um colega ou com uma turma de amigos, a despesa de hospedagem por pessoa sairá mais barata. Aplicativos de hospedagem também disponibilizam alojamento para grupos com tarifas mais baratas que em hotéis. Lembro que a hospedagem é um custo importante. Portanto, economizar nesse item promoverá uma redução considerável do custo total.
Se conseguir juntar um grupo de amigos é possível obter desconto inclusive na despesa mais relevante, a passagem.
Juntar um grupo de amigos para realizar a viagem juntos pode trazer vantagens adicionais à economia financeira. Além de tornar o passeio mais divertido, o grupo acaba incentivando e trazendo mais disciplina para que todos cumpram com a poupança mensal.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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4 dicas para namorados se tornarem casais ricos https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/06/10/4-dicas-para-namorados-se-tornarem-casais-ricos/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/06/10/4-dicas-para-namorados-se-tornarem-casais-ricos/#respond Sun, 10 Jun 2018 09:00:02 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/fundo-mult-180x120.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1139 Normalmente, a discussão sobre o planejamento financeiro do casal é postergada até que ela se torne necessária, ou seja, quando a família já está envolta em dívidas. Junto com os sonhos e promessas que os namorados trocam, deve-se discutir como financiá-los de forma que eles não se tornem um pesadelo.

 

Dentre os principais desejos de um casal, discutiremos como os namorados podem refletir sobre os quatro principais sonhos. Planejar e investir uma parcela de sua renda com antecedência é a forma ideal para saldar as despesas futuras.

 

Casamento

O casamento é um momento que celebra a união. Pelo custo de um casamento, idealmente, seu planejamento deve iniciar dois anos antes. Como diz Haroldo Euclides, sócio do AliceS Buffet:

“A festa é uma experiência, na qual o ser deve se sobrepor ao ter. Realizar festas similares a de cenários de filmes não é recomendável se essa não é sua realidade. A disciplina deve começar já com o casamento e a tradição é mais importante que a impressão.”

Euclides exemplifica com o recente casamento real britânico em que a cerimônia, festa e vestido da noiva eram mais simples que os anteriores.

Como irá pagar por um evento por dois anos antes dele, escolha com cuidado os responsáveis por sua festa, dando preferência a fornecedores experientes e com sólida estrutura financeira.

Antes de iniciar o plano, discutam qual o orçamento para a festa. Ter este plano antes de iniciar a contratação é como ir ao supermercado com a lista de compras, ou seja, vai evitar que compre o que não é necessário.

 

Imóvel

O ditado “quem casa quer casa” não quer dizer que você deve adquirir uma, mas que deve sair do lar dos pais.

Um dos erros mais comuns dos jovens casais é comprar um imóvel já no início da vida a dois. Como não possuem muita renda, usualmente compram um imóvel que só suporta o casal, mas não considera os filhos. Portanto, deverá ser trocado em um futuro próximo.

Esqueça a aquisição de imóveis na planta no início, pois, junto com o aluguel, ela irá comprometer uma parcela considerável de seu orçamento, poderá levar a um descontrole financeiro em caso de desemprego. Adicionalmente, no início de carreira, a troca de emprego é mais comum e a mudança de moradia acaba sendo necessária.

Aproveitem o momento do namoro, enquanto ainda moram na casa dos pais, para guardar dinheiro para mobiliar o primeiro imóvel. Entretanto, esse não precisa ser próprio.

Pelo menos nos primeiros cinco anos depois de casados prefira morar de aluguel, assim, quando for comprar um imóvel os planos para a família já estarão maduros. Se colocar as contas no papel verão que alugar pode ser a melhor decisão de investimento. Basta investir de forma disciplinada a diferença entre o valor do imóvel que deseja comprar e o aluguel pago.

 

Filhos

O investimento nos filhos é importante, mas deve ser planejado para que esse precioso bem não se transforme em uma preocupação.

Coloque no seu orçamento as despesas com educação, saúde e alimentação de cada componente adicional na família. Se iniciar o plano ainda como namorados, poderá poupar uma parcela da renda de cada um para todas as despesas iniciais de forma que elas não se transformem em dívida.

 

Aposentadoria

A aposentadoria será um dos maiores custos do casal e por estar muito longe, é o melhor momento para iniciar o investimento nela. Está provado que o prazo é o fator mais relevante no resultado do montante final para se aposentar.

Quanto antes começar, menos precisa comprometer de seu orçamento. Dessa forma, comece a pensar nesta fase da vida de cedo.

A disciplina para investir é o fator mais difícil. Portanto, se compartilhar o sonho entre os dois, um dará força ao outro para seguir com o plano naqueles momentos mais difíceis. Discutam quanto cada um pode guardar e já comecem a poupar.

Se aprenderem de namorados a ter disciplina na discussão financeira, isso se tornará um hábito saudável e enriquecedor.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Cinco lições para as mães prepararem seus filhos para o sucesso financeiro https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/13/cinco-licoes-para-as-maes-prepararem-seus-filhos-para-o-sucesso-financeiro/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/13/cinco-licoes-para-as-maes-prepararem-seus-filhos-para-o-sucesso-financeiro/#respond Sun, 13 May 2018 09:00:32 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/Ana-Alice-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1054 O sonho de qualquer mãe é ter filhos bem sucedidos financeiramente. Entretanto, a maioria dos pais não teve uma educação financeira, e as falhas são inconscientemente transmitidas seguindo o ciclo que o compositor Renato Russo menciona em “Pais e filhos”: “O que você vai ser; Quando você crescer”.
A forma como lidamos com o dinheiro tem raízes na família. As crianças absorvem por meio da observação dos pais. A repetição desses atos leva a resultados muitas vezes desejados.
Como destaca o renomado autor Harv Eker no livro “Os Segredos da Mente Milionária”:

“sua programação conduz aos seus pensamentos; seus pensamentos conduzem aos seus sentimentos; seus sentimentos conduzem às suas ações; suas ações conduzem aos seus resultados.”

Discuto a seguir alguns ensinamentos comuns dos pais que podem ter efeitos adversos, pois nosso subconsciente nem sempre age conforme a razão. De fato, como Harv ensina:

“quando o subconsciente tem que optar entre a lógica e as emoções profundamente enraizadas, as emoções quase sempre vencem”.

1- Dinheiro não é sujo
Várias crianças crescem ouvindo a sentença: “solte esse dinheiro que é sujo”. As crianças crescem com essa mentalidade e criam aversão a lidar com dinheiro.

Ilustração de Samuel Viriato

É importante que a mãe desenvolva nos filhos a intimidade com dinheiro e os ensine a lidar com ele dando exemplo.
As crianças aprendem por meio da observação e repetição. Sempre que for comprar algo para o filho e o pagamento for na frente dele, dê preferência ao pagamento com dinheiro e faça com que ele pague. Na hora do pagamento, dê o dinheiro na mão dele, peça para ele contar e pagar.
Evite a utilização do cartão na frente deles. O cartão reflete a ideia de ausência de limite e a não necessidade de dinheiro para se comprar algo. Ou seja, desenvolverá nos filhos o hábito do endividamento ilimitado.

2- Nunca dê um “porquinho” para seu filho
Qual criança nunca ganhou um cofrinho com formato de porquinho. Normalmente esse ato é alardeado como forma de ensinar os filhos a darem os primeiros passos no ato da poupança. Entretanto, esse “porquinho” cria pelo menos dois vieses comportamentais nocivos ao sucesso financeiro.
O ato de adiar o consumo deve ser premiado com um ganho para que no futuro se possa consumir mais. Para que isso seja verdade, o rendimento das economias precisa ser superior à inflação. Entretanto, com o cofrinho, a criança aprende na prática justamente o contrário. Quando ela quebra o cofre, depois de meses de privação, percebe que o valor do dinheiro é menor que o inicial, pois a inflação já corroeu parte dele. Ou seja, acabou de aprender que poupar, além de ser desprazeroso pela privação do consumo imediato, não traz benefício no futuro.
O “porquinho” também gera o hábito de se consumir toda a economia de forma periódica e limita a capacidade de formação de um patrimônio que trabalhe para seu filho. A maioria dos adultos repete o hábito de começar uma poupança, mas assim que atingem um determinado valor, “quebram o porquinho”, e despendem todo o montante guardado. Muitas vezes, em um bem que não gera mais riqueza, mas que se transforma em um passivo, por exemplo, um novo automóvel. Logo, nunca conseguem acumular um patrimônio.
Ensine seu filho sobre as aplicações financeiras. Se você ainda não sabe, aprenda, pois é seu dever ensinar com o exemplo. Separe uma aplicação exclusiva para ele. Pode ser um VGBL, um fundo de investimento, ou mesmo um título público no site do Tesouro Direto. Desenvolva no filho o hábito de monitorar o investimento periodicamente. Assim, ele aprenderá que guardando, terá mais no futuro e esse hábito não tem limites físicos, ou seja, o “porquinho” é ilimitado.

3 – A vida não é dura
Normalmente os pais ensinam os filhos que a vida é dura. Os filhos se programam para ter uma vida árdua e desenvolvem essa crença.
Como ensinam os pesquisadores comportamentais, toda crença é auto realizável. Portanto, os filhos acabam trabalhando contra eles próprios para não correrem o risco da desaprovação da mãe. Quando obtém algum sucesso financeiro, gastam toda a riqueza, pois se ficassem ricos, poderiam não ter a aprovação da mãe que os ensinou que o contrário era o que deveria ocorrer.

4 – Não guarde dinheiro para os dias difíceis
Como menciona Paulo Vieira em “Fator de Enriquecimento”, quando ensinam guardar para os dias difíceis, os pais estão levando os filhos para uma armadilha:

“Quando você toma a decisão de guardar dinheiro para os dias difíceis, está, em primeiro lugar, dizendo para seu cérebro que os dias difíceis virão. A segunda mensagem subliminar é que você precisará desse dinheiro guardado para gastar nesses dias difíceis.”

Portanto, ao criar essa mentalidade em seus filhos, eles trabalharão para sempre construir dias difíceis para então satisfazer o desejo do consumo que é natural e irresistível. E toda a reserva financeira para formação de independência financeira será perdida.

5 – A oportunidade nunca vai aparecer, você precisa criar
De forma comum os pais ensinam aos filhos para trabalharem duro, pois a oportunidade vai aparecer. Assim, muitos passam a vida trabalhando duro e planejando empreendimentos, que nunca saem do papel, esperando que a oportunidade chegue. E ao final da vida, lamentam-se que não atingiram o sucesso financeiro, pois não tiveram sorte da oportunidade bater em suas portas.
As oportunidades não surgem. Elas precisam ser desenvolvidas. O planejamento e trabalho embora importantes não geram oportunidades se não houver ação.

Desenho para o dia das mães de Valentina Viriato

Desenvolva a mentalidade de riqueza nos seus filhos. Não confunda, isso não quer dizer criar filhos esnobes tendo o que quiserem, mas criando neles a mentalidade de que podem ter o que quiserem se lutarem por isso.

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.
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A regra dos 4% e sua aposentadoria https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/06/a-regra-dos-4-e-sua-aposentadoria/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/06/a-regra-dos-4-e-sua-aposentadoria/#respond Sun, 06 May 2018 09:00:06 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/Aposentadoria-180x94.jpeg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1036 Com a recente queda das taxas de juros, aqueles que estão próximos de se aposentar ou estão planejando a aposentadoria, provavelmente, se questionam sobre as seguintes três dúvidas: quanto preciso possuir para me aposentar, quanto posso retirar por ano com essa soma, e se ela será suficiente por todo o prazo de minha aposentadoria.

A convergência da taxa básica de juros brasileira para níveis mais próximos dos internacionais, traz a discussão uma regra usualmente aceita no exterior sobre qual a taxa de retirada segura de recursos na aposentadoria. A regra dos 4% foi proposta por William Bengen e publicada em 1994 no Journal of Financial Planning.

Curiosamente as premissas de Bengen, na época de sua publicação, são próximas da realidade de taxas de retorno esperadas paao Brasil no atual momento. Seu estudo considerou como retorno esperado anual para renda fixa, bolsa e inflação, respectivamente as taxas de 5,2%, 10,3% e 3% ao ano. Atualmente, as taxas esperadas brasileiras para os mesmos ativos podem ser consideradas cerca de 1% maiores, ou seja, 6,4%, 11,3% e 4% ao ano.

Bengen verificou que para um indivíduo com 65 anos e com horizonte de retiradas na aposentadoria de 30 anos a frente, a taxa de retirada para que o portfólio seja suficiente seria de 4% no primeiro ano da aposentadoria e esse valor ser corrigido pela inflação. Por exemplo, se tem R$300 mil aos 65 anos, poderia retirar R$12 mil (300 mil * 4%) no primeiro ano e esse valor de retirada subir com a inflação nos 30 anos seguintes.

A simulação para chegar a regra do 4% foi realizada no intervalo de 1942 a 1992 e o portfólio considerou uma distribuição igual entre ações e renda fixa. Sempre que houvesse uma retirada, o portfólio deveria ser rebalanceado. Considerando essa distribuição de 50% em cada uma dessas de classes de ativos e os respectivos retornos, o portfólio era esperado render 8,2% ao ano, ou seja, 5,2% acima da inflação. Veja que esse retorno significa 128% do CDI atual e o retorno acima da inflação é similar ao alcançado com os títulos públicos brasileiros de longo prazo.

Seguindo essa regra dos 4%, se você deseja se aposentar com segurança aos 65 anos com uma renda de R$5 mil por mês, deveria ter um patrimônio de R$1,5 milhões. Com esse valor, poderia retirar R$60 mil (1.5000 mil * 4%) no primeiro ano, pois por mês teria a retirada desejada. No ano seguinte, o valor de resgate seria R$60 mil corrigido pela inflação e assim por diante nos anos seguintes. Respeitando essa regra, Bengen está confortável que no pior caso, seu portfólio seria suficiente para sua aposentadoria até os 95 anos. Adicionalmente, na maioria dos cenários simulados, seria possível deixar o portfólio original como herança.

Apesar de ser uma regra internacionalmente aplicada e simples para sanar as dúvidas iniciais, deve-se atentar para as características de cada investidor como seu perfil. Os riscos de investimento em bolsa no Brasil são significativamente maiores. Portanto, uma divisão de 50% em ações é considerada agressiva para quem se aposenta.

 

 

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.
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Três dicas para planejar seu desemprego https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/01/tres-dicas-para-planejar-seu-desemprego/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/05/01/tres-dicas-para-planejar-seu-desemprego/#respond Tue, 01 May 2018 09:00:27 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/Desemprego-320x213.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1029 Incoerentemente, dispendemos tempo planejando apenas os bons momentos. Passamos meses traçando metas para as férias e dias pensando no final de semana e, principalmente, no feriado prolongado. Entretanto, postergamos o planejamento de eventos que certamente ocorrerão e que terão impacto siginificativo em nosssas vidas e de nossas famílias, por exemplo, a aposentadoria e o desemprego.

O adiamento ou desconsideração do planejamento para o desemprego podem ser explicados por dois motivos. Primeiro, já é da natureza humana a protelação. Mais fácil ainda é adiar atitudes que nos causam um desprazer e sobre um momento que não é agradável.

Outro motivo, como menciona o prêmio Nobel em Economia, Richard Thaler, é o de que costumamos ser otimistas. Acreditamos que eventos ruins ocorrem com os outros, mas não conosco. Nos últimos três anos, você provavelmente teve colegas ou familiares perdendo o emprego.

Seja otimista, mas entenda que o desemprego está mais próximo do que se imagina. Assim, compartilho três atitudes que você deve adotar hoje para enfrentar melhor esse desafio no futuro.

 

Treinamento

A maioria das pessoas considera abrir um pequeno negócio quando perde o emprego. Entretanto, você já deve ter lido que a maioria dos pequenos negócios quebram nos primeiros anos. Essa quebra ocorre principalmente pela falta de planejamento e de preparo na gestão do empreendimento.

Não espere perder o emprego para iniciar cursos de empreendedorismo e de gestão de pequenas empresas. Procure alternativas de negócios e pesquise sobre as vantagens e desvantagens de cada uma. Certamente você conseguirá pensar de forma mais isenta, hoje, sem a pressão dos familiares, do que quando perder o emprego.

 

Reserva financeira

A melhor forma de enfrentar o período de transição de empregos ou na passagem de empregado para empreendedor é ter uma boa reserva financeira. Sem a pressão das contas para pagar, você poderá tomar melhores decisões e evitará frustrações futuras.

Essa reserva deve somar, pelo menos, um ano de seus custos mensais. Caso já tenha essa reserva,  mantenha-a em aplicações que possam ser resgatadas em até seis meses e com risco baixo ou moderado. Evite aplicações de alto risco para essa parcela.

Caso não possua esse montante, inicie já esse mês guardando um mínimo de 20% de sua renda líquida até que consiga acumular o valor. Depois de acumular, aproveite a disciplina adquirida e continue poupando para outros planos como sua aposentadoria.

 

Cultive rede de relacionamentos

Abrir um negócio próprio não é a única saída na perda do emprego, pois nem todos possuem o perfil empreendedor. Algumas pessoas se destacam e se desenvolvem melhor como colaboradores em empresa. Para esses indivíduos é muito importante o desenvolvimento de uma rede de relacionamentos profissional.

Esse grupo de contatos profissionais será um dos maiores responsáveis por sua recolocação. Não basta fazer ligações em mídias sociais. É necessário manter contato frequente para que compartilhem, mutuamente, o desenvolvimento de todos.

 

Seguindo essas dicas, o desafio da recolocação profissional será superado de forma mais consciente e dinâmica.

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Você sabe qual o seu perfil de investidor? https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/22/voce-sabe-qual-o-seu-perfil-de-investidor/ https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/2018/04/22/voce-sabe-qual-o-seu-perfil-de-investidor/#respond Sun, 22 Apr 2018 09:00:05 +0000 https://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Dinheiro-Moedas.jpg http://degraoemgrao.blogfolha.uol.com.br/?p=1004 Normalmente quando perguntado a qualquer brasileiro sobre seu perfil de investidor, com uma alta probabilidade ele se definirá como conservador. Em vários casos, sua percepção de conservadorismo deriva não de seu real perfil, mas de dois fatores: o desconhecimento dos verdadeiros riscos envolvidos nos produtos ou o resultado de uma atuação inconsequente ou não inteligente no passado.

Quando qualquer instituição financeira oferece produtos de investimento, ela solicita a realização de um questionário para definir o perfil de investidor. O erro começa aqui. Esse questionário no melhor dos casos tenta medir a habilidade do investidor lidar com risco. Entretanto, essa tarefa não é realizada de forma adequada, pois o aplicador nem sabe do que se trata o investimento. Responder que já compou algo, ou se o possui, não significa que deveria, ou que poderia comprar mais. A atitude passada pode ter sido realizada de forma errada. Ao mesmo tempo, se não possui um produto, também não quer dizer que não deveria comprá-lo.

Outro ponto de atenção nos perfis de investidor é que depois que lhe é atribuído um perfil, muitas instituições podem não oferecer, desincentivar ou inibir o investimento em produtos que fariam sentido em determinada proporção. Por exemplo, embora fundos de ações seja um produto agressivo, um investidor com patrimônio superior a R$300 mil poderia ter R$10 mil investidos em fundos de ações e isso não alteraria seu perfil de investidor e seria justificado no atual momento. Entretanto, algumas instituições inibem isso pela restrição do perfil.

Como determinado por Benjamin Graham (mentor do bilionário Warren Buffet), a agressividade da sua carteira está mais relacionada à sua forma de atuação como investidor do que dos tipos de investimento que você possui. Ele argumenta que um investidor inteligente deve atuar seguindo uma de duas formas:

  • Ativamente, dispendendo bastante tempo na realização de pesquisa, seleção e monitoramento dos investimentos, ou
  • Defensivamente, seguindo uma alocação alvo distribuída em classes de ativos.

No entanto, não importando o que investidor é, ainda precisa determinar seu perfil para estabelecer alocações estratégivas alvo em cada classe de ativo – renda fixa, renda variável, investimentos alternativos e outros. Para isso, deve avaliar duas características: sua capacidade de correr riscos e sua habilidade.

Capacidade de correr risco

Sua capacidade de correr riscos está associada a fatores como estágio do ciclo de vida, condições familiares e financeiras. Quanto mais novo você é, em geral maior sua capacidade de correr risco. Entretanto, a idade não é o único critério para restringir risco. Também devem ser consideradas caracaterísticas familiares, de renda e patrimônio.

Por exemplo, um jovem, que está perto de casar e comprar imóvel, tem despesas previsíveis e de curto prazo. Portanto, deve limitar o risco de seu portfólio. Já um idoso com netos e com uma fortuna capaz de suprir sua renda até a aposentadoria, não há razão para manter um portfólio conservador, já que boa parte do patrimônio será deixado para os netos.

De forma geral, quanto mais compromissos financeiros de curto prazo possui, menor sua capacidade de correr riscos. Ou seja, não é sua idade, mas o prazo e proporção de suas obrigações financeiras que delimita sua capacidade de correr risco.

Entretanto, além dos compromissos financeiros, também deve ser avaliado quanto consegue atender aos compromissos com sua renda e quão certa é a renda. Quanto mais estável e capaz de suprir todas suas obrigações for sua renda, mais pode correr risco em seu portfólio de investimento. Mas mesmo que possa correr risco, você precisa entender se suporta.

Habilidade de correr risco

A habilidade de correr riscos está associada a forma como lida com a volatilidade dos preços de mercado. Alguns Investidores não suportam ver seu portfólio variando ao longo do tempo.

Vários aplicadores que se dizem conservadores, o fazem por uma experiência negativa no passado. Na maioria das vezes isso ocorre logo após uma alta do mercado. A empolgação de uma alta do mercado leva investidores a extrapolar a alta e esquecer que momentos desfavoráveis sempre seguem as altas. Entretanto, não suportando a queda do mercado logo após a aplicação, resgatam com prejuízo e carregam essa decepção por sua vida financeira.

Essa atitude é ilustrada pelo provérbio turco:

“Depois de queimar a boca com leite quente, assopra-se até iogurte”.

Mesmo com reduzida tolerância a risco, o investidor pode alocar parte de seus recursos em produtos agressivos caso possua capacidade para tal. Basta que a proporção de alocação nos produtos agressivos seja baixa. Essa alocação mesmo que pequena se torna ainda mais justificada no atual momento de taxas de juros mais baixas.

Antes de investir, pare um tempo para refletir sobre sua capacidade e habilidade de correr risco. O adequado planejamento de uma estratégia de alocação poderá trazer grandes benefícios para o retorno de seu portfólio, pois como alerta o reconhecido gestor David Swensen, a maior parcela dos retornos será explicada por ela. E a definição do perfil de investidor é chave para isso. Outro fator fundamental para a adequada de definição do perfil é o estudo dos produtos financeiros, suas perspectivas de retorno e riscos, pois quanto mais entender, melhor poderá planejar os reflexos no seu portfólio.

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