Você sabe avaliar seus riscos?
Segundo o pesquisador em finanças comportamentais James Montier, uma das mais documentadas de nossas falhas psicológicas é a tendência ao otimismo. Embora, essa característica seja positiva para uma vida mais feliz, ela pode nos fazer relevar uma série de riscos que estamos sujeitos. Ou seja, o excesso de otimismo pode nos fazer acreditar que nada de ruim ocorrerá conosco, apenas com os outros. Assim, quando minimizamos os riscos, podemos sofrer duras perdas se eles ocorrerem por não estarmos preparados.
Para avaliar os riscos que estamos sujeitos é essencial seguir três passos: identificar, mensurar e atuar.
Identificar
Para esse passo, o indivíduo deve refletir sobre todos os pontos de vulnerabilidade que o cercam. Esses pontos se dividem em três principais segmentos: bens patrimoniais, pessoais, e responsabilidade civil.
Quando se refere a bens patrimoniais, normalmente nos referimos a imóvel, automóvel e equipamentos. Entretanto, nesse levantamento, não se limitam apenas os bens de alto valor. É necessário apontar todos os bens que, em caso de perda, sua reposição possa comprometer seu orçamento ou patrimônio.
Um dos seguros mais vendidos do país é o seguro de carro. Entretanto, muitos desconsideram o seguro de vida pelo otimismo de que nada pode lhes acontecer. O nome seguro de vida talvez não seja o mais adequado, pois o que devemos assegurar é a ausência de rendimentos que uma invalidez ou morte podem provocar na família. Dentro do segmento pessoal, também se destaca o seguro saúde, de acidentes pessoais, educacional, hospitalar de viagem e outros.
O seguro de responsabilidade civil consiste na obrigação de reparar o dano causado a um terceiro. Embora a ocorrência de danos a terceiros possa causar duras perdas financeiras, esse seguro ainda é bastante negligenciado.
Mensurar
Após identificar os riscos aos quais estamos sujeitos é importante realizar uma criteriosa análise de impacto e probabilidade para que seja tomada uma melhor decisão na forma de atuação.
Para a mensuração, deve-se tentar alocar cada risco identificado dentro da tabela abaixo considerando o impacto que o risco pode causar sobre o patrimônio e a probabilidade de ocorrência desse risco. Por exemplo, na tabela abaixo o risco de perda do imóvel foi identificado com impacto elevado no patrimônio, mas com baixa probabilidade de ocorrência.
Atuar
Após mensurar o risco, o indivíduo deve tomar a decisão sobre se assume o risco ou se o terceiriza. A terceirização do risco significa a contratação por meio de uma seguradora da cobertura para ressarcimento em caso de ocorrência do risco, ou seja, em caso de sinistro.
Quando decidir por assumir o risco, reflita cuidadosamente se está considerando de forma adequada sua probabilidade e intensidade, ou se não está sujeito à falha psicológica do otimismo.
Prefira assumir os riscos que possuem baixo impacto no seu patrimônio. Recomenda-se terceirizar riscos que causem forte impacto no seu patrimônio, mesmo quando sua probabilidade é baixa. Se a probabilidade de ocorrência é realmente baixa, provavelmente essa probabilidade estará refletida no prêmio do seguro. Por exemplo, o risco de danos ao imóvel tende a ter forte impacto no patrimônio, mas sua probabilidade é baixa. Não por acaso, o prêmio pago para contratação desse seguro tende a ser baixo. Veja algumas dicas para o seguro residencial no artigo de Carolina Muniz.
Para a adequada elaboração de seu planejamento financeiro é essencial considerar a análise dos riscos. Nesta análise, é fundamental seguir criteriosamente os três passos mencionados.