A aposta que rendeu 200% de retorno a Warren Buffet e as lições para o Brasil
A recente queda da taxa básica de juros, derrubando o CDI para 6,64% ao ano (0,54% ao mês) elevou o debate sobre as taxas de administração dos fundos. Recentemente, artigos em jornais e sites apresentam amostras de fundos em que o banco ganha mais que o cliente. Com essa rápida mudança de patamar dos juros, você provavelmente se questiona qual seria uma taxa de administração razoável para cada tipo de produto?
O debate sobre as taxas de administração e a capacidade de adição de valor de gestores não é uma exclusividade brasileira, mas internacional e ganhou expressão com a aposta de Warren Buffett contra uma gestora de fortunas. Essa aposta rendeu a Buffet um ganho de US$1,5 milhões para os US$500 mil em jogo e que foram destinados a uma entidade de caridade.
A aposta está descrita na carta anual de Buffet. Ele apostou que o Protégé Partners não seria capaz de escolher um conjunto de fundos que na média bateria o índice S&P500 de 2007 a 2017. Parte do argumento é que as taxas prejudicariam a rentabilidade. Não entrando na discussão se o período foi justo ou não, pois o próprio Warren Buffet também não conseguiu superar o índice no mesmo período, o argumento de que o investidor deve estar atento às taxas é válido.
Para avaliar qual taxa seria justa, vamos avaliar os três fundos com maior investimento: fundos de renda fixa referenciados DI, fundos multimercados e fundos de ações. Lembro que as rentabilidades apresentadas pelos fundos já são líquidas de taxas. Portanto, não se deve subtrair a taxa de administração ou performance da rentabilidade apresentada nas lâminas. A taxa de administração é cobrada sobre o patrimônio investido. A taxa de performance é cobrada apenas sobre o que o gestor ganha acima do índice de referência.
Os fundos de renda fixa referenciados DI são os conhecidos fundos DI. Eles são comparáveis ao título público federal Tesouro Selic negociado na plataforma do Tesouro Direto. Os títulos negociados no Tesouro Direto possuem no mínimo taxa de 0,3% ao ano cobrada pela B3. Assim, ele tem rentabilidade líquida de taxa de 95,6% do CDI. Assim, não deve investir em fundos DI que rendam menos de 96% do CDI. Para isso, deve evitar fundos com taxas maiores que 0,6% ao ano.
Os fundos multimercados e de ações exigem dos gestores maior conhecimento e demandam equipes de analistas. Dessa forma, sua gestão tem um maior custo. Evite fundos de ações e multimercados com taxas de administração superiores a 2%. No caso de fundos de ações, se ele não possuir taxa de performance, evite os que possuem taxa de administração superior a 3% ao ano.
Lembro que não basta olhar a taxa de administração para escolher o produto. Você não vai querer pagar pouco por um produto ruim, mas deseja pagar o justo por um bom produto. Portanto, avalie o retorno ajustado ao risco, pois o retorno já é líquido de taxas. Veja como fazer isso no artigo que escrevi.