Devo resgatar o fundo que rendeu mal no mês passado?
Os fundos de investimento são um excepcional veículo para investidores terem de forma competitiva uma equipe especializada para realizar a gestão de seus recursos. Uma dúvida comum dos investidores é sobre quando tomar a decisão de resgatar os recursos do fundo quando esse não desempenhou?
O dilema de quando resgatar recursos de um fundo é o mesmo que empregadores enfrentam com seus funcionários, ou quando clientes contratam uma empresa de serviços e eles não apresentam a melhor performance. Essa analogia ocorre, pois quando se investe em um fundo, o que se está fazendo de fato é contratando uma equipe de gestores, analistas e economistas que irá desempenhar conjuntamente a atividade de gestão. Neste sentido, o primeiro passo é avaliar se o desempenho está dentro das possibilidades de retorno descritas na política de investimentos do produto.
Muitos investidores confundem um fundo com uma classe de ativos. Por exemplo, investidores costumam falar que possuem renda fixa, ações e fundos. Essa consideração os leva a resgatar quando o fundo teve um desempenho pior que uma das classes, pois esquecem de olhar para o segmento de ativos que estão investindo dentro do fundo. E comumente uma das classes – renda fixa e renda variável – vai estar pior que a outra. Logo, sempre vai haver um fundo que desempenha mal, mesmo que o gestor tenha feito um excelente trabalho.
Um fundo não é uma classe de ativos. Na verdade, o gestor tem a incumbência de escolher as aplicações dentro da política de investimentos do produto. O investidor deve escolher a classe de ativos a investir diversificando seu portfólio entre elas. E em seguida, deve usar critérios como os abordados anteriormente (link) para escolher os melhores fundos nesta classe.
A troca frequente de fundos pode levar a outro problema, o chamado efeito “faixa de engarrafamento de trânsito”. Em um engarrafamento, somos levados a abandonar a faixa que está com baixa velocidade para trocar por aquela que observamos andar mais rápido. Entretanto, quando trocamos, percebemos que nossa faixa anterior começa a andar mais rápido e a nova, mais devagar.
Dessa forma, a decisão de resgate, não pode levar em conta apenas um período curto de análise. Além se se avaliar se o produto nesse período foi de acordo com o esperado pela sua política de investimento, também é necessário analisar a longo prazo e verificar se dentro de critérios não só quantitativos, mas também qualitativos, o fundo seria um bom investimento.
Lembre-se que a performance pior de curto prazo pode ser revertida positivamente no futuro. Portanto, na escolha e decisão de troca de seu fundo, considere sempre os critérios de análise descritos em meu artigo anterior (link).