Com a queda da taxa Selic, saiba qual seu maior risco

Michael Viriato

Enquanto muitos investidores ainda estão confusos sobre porque seus investimentos não rendem como no passado e o que podem fazer para ganhar mais, o Banco Central reduziu mais uma vez os juros e deixou claro que esses investidores precisam correr para rever seus investimentos, pois novas quedas ainda podem vir.

A taxa Selic caiu para 6,5% ao ano e isso deve fazer com que as tradicionais aplicações, que rendem a taxa DI, tenham retorno de apenas 0,52% ao mês. Nesse momento, muito se discute se poupança é melhor que fundo DI, ou se Tesouro Selic é melhor que LCI ou CDB, mas vários esquecem do maior risco de suas vidas.

Esse risco está no planejamento da previdência privada dos investidores e nos planos de previdência que esses aplicam. Como já mencionei anteriormente (link) na medida que a taxa de juros cai, o investidor que não queira perder o padrão de vida na aposentadoria deverá decidir sobre três atitudes, isto é, poupar mais, por um maior período e elevar o risco da carteira.

Como apresentado na Figura 1, a captação em planos de previdência apresenta crescimento elevado. Segundo dados da Anbima, o patrimônio total em fundos de investimentos cresceu a uma taxa de 5,8% ao ano nos últimos cinco anos. Já o patrimônio nos fundos de previdência, cresceu a uma taxa de 14,0% ao ano no mesmo período.

Figura 1: Evolução do patrimônio investido em fundos de previdência privada (Fonte: Anbima)

Entretanto, os investidores não entenderam que por ser uma aplicação com horizonte de longo prazo, os planos de previdência deveriam ter um perfil de maior risco. Conforme apresentado na Figura 2, os investidores estão investindo muito mais em renda fixa que em produtos de maior risco como os fundos multimercados e de ações. Apenas 6% dos investimentos em previdência têm perfil de risco que se aproxima mais com o que se espera de um investimento de horizonte de mais de dez anos.

Ironicamente, segundo dados da Anbima, excluindo-se da amostra os fundos de previdência, os fundos de investimento de renda fixa representam apenas 55,8% do total de fundos. Ou seja, os investidores são mais agressivos com recursos de curto prazo que nos de longo prazo. E, somado a esse descasamento de prazo e risco, ainda há um problema maior.

Figura 2: Distribuição do patrimônio investido em fundos de previdência privada pelos tipos de investimento em janeiro de 2018 (Fonte: Anbima)

Outro problema enfrentado pelos investidores de renda fixa em previdência são as maiores taxas. Em geral os fundos de previdência, principalmente os distribuídos pelos grandes bancos, possuem taxas de administração mais elevadas que os fundos de mesmo tipo, que não os de previdência, distribuídos pela própria instituição. Adicionalmente, muitos desses ainda possuem uma taxa adicional que é taxa de carregamento, sobre a qual já comentei no passado. Portanto, com a queda da taxa de juros, a grande maioria dos planos de previdência estão rendendo muito menos que a poupança.

Assim, os investimentos em previdência dos investidores que supostamente seriam mantidos por horizonte de longo prazo estão mal alocados e precisam ser revistos com maior urgência que os investimentos de curto prazo. Portanto, com a queda dos juros, concentre-se em resolver seu maior problema que é a alocação de seu plano de previdência em produtos mais adequados ao horizonte e risco.