O que fazer com a alta do dólar?

(ATTA KENARE/ AFP)
Michael Viriato

A moeda brasileira se desvalorizou 8,5% em 2018 e tem provocado grande ansiedade entre os investidores. De fato, para alguns, essa variação tem efeito prejudicial ao orçamento no curto prazo. Entretanto, para a maioria dos investidores a preocupação é desnecessária. Explico abaixo quem será mais afetado e como você pode proteger seus investimentos.

Viagem

Os mais afetados com a recente desvalorização do Real são aqueles que pretendem viajar no curto prazo. Conforme descrito por Danielle Brant, as incertezas eleitorais e internacionais têm pressionado o câmbio.

Dificilmente o Real vai voltar ao patamar de R$3,4/ dólar antes de julho. Assim, eleve em 10% o orçamento de sua viagem e já proteja suas férias de maiores gastos.

Para aqueles que pretendem viajar no final de 2018 ou em 2019, a melhor alternativa ainda é a de comprar moeda em parcelas mensais. Alguns especialistas afirmam que (ver link), no médio prazo, o Real pode voltar a se valorizar.

Investimentos

Você saberia dizer qual foi aproximadamente a desvalorização do Real nos últimos 18 anos?
a) 100%
b) 200%
c) 300%

Antes de responder à questão, vamos avaliar a tabela abaixo. Perceba que se você decidiu por não aplicar em fundo cambial e preferiu investir em produtos de baixo risco e que rendem apenas o CDI, não tem razão para achar que fez errado.

Variação do câmbio Reais/ Dólar e de uma aplicação que rende o CDI (Fonte: BC e Bloomberg)

Nos últimos três anos, a moeda americana se valorizou apenas 17,4%. No entanto, em aplicações referenciada ao CDI você ganhou mais que o dobro (39,45%).

Para aqueles que desejam se proteger da variação cambial no longo prazo, uma alternativa são ativos referenciados à inflação. Uma teoria desenvolvida pelo economista sueco Gustav Cassel diz que, no longo prazo, a desvalorização da moeda de um país é proporcional ao aumento relativo dos preços.

Essa teoria é empregada usualmente com bens similares entre os países como o famoso sanduiche Big Mac e mais recentemente com as figurinhas da copa (veja essa comparação no link).

A busca de pequenos investidores em adivinhar a trajetória do câmbio pode ser comparada a tentar pegar a tampa da pasta de dente quando esta cai na pia. Quando a tampinha cai na pia tentamos alcançá-la, mas na maioria das vezes sem sucesso. Entretanto, sabemos onde ela vai terminar seu caminho, ou seja, no ralo. O mesmo ocorre com o dólar. A desvalorização, se permanente, vai afetar a inflação. Por isso o melhor é ir direto aos ativos referenciados à inflação.

Respondendo à pergunta acima, nos últimos 18 anos, o real se desvalorizou quase 100%. Entretanto, a inflação medida pelo IPCA no mesmo período superou 200%. Lembre-se que os produtos referenciados à inflação rendem juros adicionais ao IPCA. Logo, esses investimentos proporcionaram desempenho muito superior à variação cambial.

Alternativamente, pode investir em fundo multimercado e delegar a decisão sobre o melhor momento para investir na moeda. Seguindo essa estratégia, conta com equipe de especialistas que tem mais habilidade e capacidade de atuação.

Com essas formas de proteção para longo prazo, não há motivos para ansiedade com a oscilação do câmbio.