10 Lições dos melhores e maiores gestores do país

Nesse momento de taxas de juros historicamente baixas e ambiente de elevada incerteza, o investidor se depara com a difícil tarefa de planejar sua carteira para aposentadoria. Para ajudá-lo com esse desafio, pedi aos melhores gestores do país que compartilhassem alguns ensinamentos.

Embora o COPOM não tenha reduzido a Selic na reunião de ontem, as taxas de juros já se encontram nas mínimas históricas. Atualmente, a taxa básica da economia está em 6,50% ao ano. Como tenho alertado, esse patamar põe em risco a aposentadoria da maioria dos brasileiros que estão acostumados a aplicar apenas em investimentos de baixo risco e elevada liquidez.

No entanto, as incertezas internacionais e locais tornam desafiadora a tarefa de diversificação do portfólio. A volatilidade nos mercados, resultante das dúvidas com relação à trajetória das taxas de juros americanas, taxas de câmbio e crescimento econômico do Brasil e mundo, torna ardua a atividade de escolha dos ativos até mesmo para os gestores mais experientes.

Mesmo nesse cenário, o investidor sempre pode contar com equipes especializadas para administrar sua carteira. Os gestores abaixo possuem um comprovado histórico de elevada rentabilidade em seus fundos, ou seja, já demostraram sua habilidade na seleção de ativos. Hoje, eles compartilham lições para você refletir sobre sua carteira de investimentos. São eles:

Carlos Maggioli, Quasar Asset Management

Daniel Delabio, Exploritas

Diney Vargas, Apex Capital

Equipe de Gestão, Garde Asset Management

Francisco Funari, Canvas Capital

Luiz Fernando Figueiredo, Mauá Capital

Luiz Parreiras, Verde Asset

Marcos Peixoto, XP Gestão

Mauricio Lima, Western Asset Management

Paolo Di Sora, RPS Capital

 

Gestor de fundos com foco em Renda Fixa

 

Na Quasar, sempre falamos que investir em crédito é diversificação e memória. Claro que há outros fatores importantes para este tipo de investimento, mas estes dois são fundamentais na seleção e gestão do risco. Porém isso também vale para nós, poupadores, quando pensamos num cenário onde o juro nominal fica baixo por um longo período de tempo. É importante diversificar parte da nossa poupança em ativos que nos tragam outros fatores de risco (erroneamente, mas usualmente, mensurados através da volatilidade) mas que também remunerem o investidor através do prêmio de iliquidez. Um fundo com liquidez diária deve, teoricamente, render menos que um fundo com 30 dias de saque. O investidor deve, através de seu assessor, migrar uma parte relevante dos recursos alocados em ativos que rendam próximo à Selic para ativos que rendam mais, ponderando fatores de risco e iliquidez. É extremamente importante que essa migração seja ponderada pelo perfil do investidor e depois pelo ativo; esta migração deve ser gradual e deveria seguir uma trilha que sai do Tesouro Direto, passando pelo crédito, multimercados, ações e, finalmente, exóticos. Por último, não podemos deixar de falar da memória. Estamos otimistas, acreditamos que o próximo presidente poderá implementar uma cartilha econômica positiva melhorando – em muito – o cenário para ativos de risco, mas não exagere!! Lembre-se dos ciclos econômicos, das qualidades e defeitos das empresas, que o cenário global também sofre mudanças repentinas, etc. Mantenha a volatilidade média de sua carteira dentro do seu perfil de risco. Assuma riscos mas com prudência.

Carlos Maggioli, CEO da Quasar Asset Management

 

Gestores de fundos com foco em multimercados

 

Com a recente queda das taxas de juros no Brasil, investidores que poupam para suas aposentadorias precisarão correr mais risco, se quiserem aumentar a rentabilidade de seu portfolio no longo prazo. Os portfolios que até então eram compostos apenas por títulos do Tesouro Nacional pós fixados ou fundos DI, que não apresentam volatilidade, precisarão ser combinados com títulos pré-fixados, títulos atrelados ao IPC-A de longo prazo e com investimentos em ações. Além disso, dado o atual ambiente mais volátil, com incertezas sobre as eleições presidenciais e a aprovação de reformas estruturais no país, uma boa opção é a inclusão no portfólio de fundos de investimentos no exterior. Estes fundos contam com toda a segurança de legislação e transparência que o investidor brasileiro está acostumado, e permitem uma maior diversificação de carteira de investimentos, com outros ativos e países além de sua exposição ao risco Brasil.

Mauricio Lima, Portfólio Specialist da Western Asset Management

 

“É fato que a Selic está baixa, mas o mercado de juros para o longo prazo oferece um prêmio de risco substancialmente mais alto que o juro de curto prazo. A NTN-B 2028, por exemplo, é uma boa alocação para o pequeno investidor aproveitar essa oportunidade, uma vez que vai pagar nos próximos 10 anos 5,10% + inflação. Comparando com as outras classes de ativos, é difícil achar uma relação de retorno para o risco tão boa quanto a dessas NTN-Bs, especialmente se é uma alocação pensando na aposentadoria. Essa é a maior alocação atual dos fundos da Verde AM”

Luiz Parreiras, gestor da Verde Asset

 

“Na nossa visão, aquele que estiver pensando em aposentadoria deveria procurar um bom fundo de previdência, suas principais vantagens são, profissionais tarimbados escolhendo os melhores ativos para você, os ativos tem um horizonte de longo prazo e em um acidente de falecimento seus herdeiros receberão os recursos muito rapidamente.”

Luiz Fernando Figueiredo, CEO da Mauá Capital

 

“Além dos fundos multimercado, o investidor deve procurar produtos que investem no exterior. Uma opção são os fundos de “beta alternativo”, que diversificam seus investimentos em dezenas de países e centenas de ativos, selecionando aqueles que possuem maior retorno esperado – ou seja, ativos com taxa de juros, cupom, dividendo ou spread elevados. Esses investimentos têm apresentado retornos atrativos e consistentes, além de baixa correlação com o mercado, mas é importante ressaltar eles têm horizonte de longo prazo e que o investidor deve estar ciente dos riscos da estratégia antes de investir.”

Francisco Funari, gestor da Canvas Capital

 

“Para o investidor que está poupando para a aposentadoria, a queda da Selic por enquanto não deveria alterar seu planejamento, já que a taxa relevante para o longo prazo, dos títulos indexados à inflação, não mudou muito. Sugiro que ele mantenha sua estratégia, reservando uma parte da renda para aplicar em títulos e fundo de prazo de maturação coerente com o longo prazo, incluindo além do Tesouro IPCA+, ações, fundos multimercado e fundos imobiliários.”

Equipe de Gestão da Garde Asset Management

 

“Acreditamos que a maneira mais eficiente do investidor ter melhores retornos seria investir em bons Fundos Multimercados, que buscam diferentes estratégias e que conseguem analisar bem em qual mercado está a melhor relação risco x retorno. É muito importante montar um portfolio diversificado e com estratégias descorrelacionadas evitando assim comprar vários fundos que façam a mesma coisa. Expandir o universo de investimentos e olhar investimentos não correlacionados são as regras do jogo para uma aposentadoria tranquila. “

Daniel Delabio, gestor da Exploritas

 

 

Gestores de fundos com viés para o mercado de ações

 

“Vivemos tempos turbulentos no mercado financeiro. O cenário internacional passou a estar mais desafiador para investimentos em mercados emergentes em função da alta de juros no mercado americano, consequente valorização do USD frente moedas como o Real. Não bastasse essa maior incerteza internacional, o panorama político no Brasil está muito desafiador. Existem grandes chances de termos um novo presidente com baixa convicção liberal e com enormes dificuldades de conduzir as reformas estruturais que o Brasil precisa aprovar para sair da crise fiscal aguda que se encontra. Neste contexto, onde investir meu dinheiro? Incerteza demanda flexibilidade, por isso minha sugestão é investir em fundos onde gestor tenha alternativa para investir em diversas classes de ativos, possa apostar contra (ficar vendido) caso o pior cenário prevaleça, tenha mandato para investir tanto no Brasil como em outros mercados internacionais. Fundos multimercados macro, fundos de retorno absoluto e equity-hedge fazem mais sentido neste momento que vivemos. Se for para montar uma carteira de ações, minha sugestão é diversificar num basket de empresas exportadoras, que ganham com a desvalorização do Real, como por exemplo, Suzano, Embraer, Braskem, Vale e Gerdau. Momento de privilegiar liquidez (evitar small caps) e demandar flexibilidade na gestão.”

Paolo Di Sora, gestor e sócio da RPS Capital

 

“Salvo uma grande catástrofe não deveremos ter SELIC de 2 digitos mais no Brasil. Com isso o investidor vai precisar de tomar mais risco pra rentabilizar sua poupança. A maior parte da população tem trauma de renda variável pelos péssimos resultados que o Ibovespa deu nos últimos 10 anos, rendendo apenas 17% contra 174% da Selic. Porém se olharmos para o desempenho dos bons gestores isso não foi assim. Diversos gestores conseguiram ganhar da Selic mesmo nesse cenário de recessão que tivemos nos últimos 10 anos (aqui jabá para o XP investor FIA que rendeu 231%). Sendo assim se tivermos 10 anos pela frente minimamente melhores que os últimos 10, com certeza a renda variável será um bom retorno mas o investidor deve dar valor para a gestão ativa e ter um horizonte de longo prazo sem ficar olhando a rentabilidade mês a mês.”

Marcos Peixoto, CEO da XP Gestão

 

“A primeira coisa que a pessoa deveria fazer é se tornar um investidor de longo prazo; a segunda coisa é investir um pouco regularmente – de tempos em tempos, com uma regularidade investir um pouco, não precisa ser muito – o importante é ter regularidade – ter esta disciplina; terceiro esperar o tempo passar, para que os ganhos se beneficiem do retorno composto que o tempo oferece – melhor ainda se for um investimento em que não se precise pagar imposto no curto prazo e somente no final, como os fundos de ações. Esperar, 10, 20, 30 anos – quanto mais melhor. Investir em fundos de ações que investem em empresas que crescem. Não se deve pensar no curto prazo. Ganha-se sendo um investidor de longo prazo. Quanto mais cedo se começ a investir melhor, pois assim o investidor tem mais tempo para recuperar eventuais perdas. Apesar do cenário mais conturbado, o investidor não deve deixar de considerar o investimento em ações para a aposentadoria, especialmente com a queda da Selic. Sempre lembrando que cada investidor tem uma tolerância a risco e perdas maior ou menor ao fazer investimentos. O investidor com maior tolerância a risco pode investir mais em ações e títulos de renda fixa de longo prazo que são mais voláteis e podem oferecer um retorno mais alto ao longo dos anos.”

Diney Vargas, Diretor da Apex Capital

 

 

*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.