O mês de outubro marca datas relevantes para a conscientização de saúde e bem-estar. O último dia do mês é uma importante data para refletir e adotar uma atitude que promova melhor estilo de vida e que permita consumir mais.

Afinal, quem não gosta de comprar um bem, seja para si, ou mesmo para dar de presente?

A aquisição de algo nos traz, instantaneamente, uma sensação de bem-estar, pois significa uma conquista. Muitas vezes, este ato é utilizado quando estamos chateados, como forma de compensação. Neste momento, são estimulados os mecanismos de recompensa de nosso cérebro com uma descarga emocional efêmera. Entretanto, ter esta sensação de conquista tem frequente efeito colateral perverso que pode se relacionar ao círculo vicioso de uma droga.

Como um vício, compramos muito mais do que podemos pagar e nos endividamos. Consequentemente, desejamos comprar ainda mais para equilibrar o sentimento de fracasso pela dívida pendente. Assim, entramos numa espiral que nos deixa com cada vez menos recursos e com menor capacidade de consumo.

Criticamos nossos filhos, mas fazemos o mesmo.

Repetimos isto desde a infância e, quando adultos, julgamos nossos filhos mas, não percebemos que continuamos fazendo. Você, provavelmente, já criticou seu filho por ele ter descartado um brinquedo cinco minutos depois de o ganhar e em seguida já chorar por um outro.

O dia 31 de outubro é o dia internacional da poupança. Não me refiro à popular caderneta de poupança, mas ao ato de planejar e investir. O planejamento é necessário, pois investir é muito mais do que apenas poupar.

Usualmente, compramos bens por impulso ou sem planejamento. Desta forma, a aquisição precisa ser financiada e a dívida faz com que se pague o dobro do valor. Por exemplo, em uma compra financiada com juros de 2% ao mês, em três anos, se paga duas vezes o preço do artigo adquirido.

Logo, planejando e investindo poderá comprar com 50% de desconto. Isso sim é Black Friday. Entretanto, para aproveitar esse desconto terá de controlar as compras.

Comprar tudo o que precisa não é comprar tudo o que se quer.

O primeiro passo é separar o que é uma compra necessária daquela por impulso. Para evitar esta última, basta planejar as aquisições.

Alternativamente, separe todo mês, o dinheiro que pode utilizar para compras por impulso e não utilize cartão de crédito para estas.

Com disciplina, você vai continuar se premiando por meio do consumo e conseguirá se agraciar ainda mais e melhor, pois evitará dívidas.

Assim como as empresas, as famílias devem construir um orçamento dos gastos como apresentado na figura abaixo.

Um ponto importante é que este orçamento não deve ser coberto por despesas com financiamento, mas com poupança, sempre que possível.

Por exemplo, você provavelmente conhece um amigo que possui um carro de R$50 mil ou mais mas, não possui o mesmo valor em aplicações financeiras e ainda paga o financiamento deste.

Portanto, possivelmente, ele está completando a despesa com transporte do gráfico acima com prestações da dívida do carro. Isso vai comprometer muito mais o orçamento do que deveria, pois pagará alto valores de juros.

Faça com que os juros trabalhem a seu favor, não contra você.

O ideal seria que a aquisição do carro tivesse sido realizada com poupança para tal. Assim, seria necessário um menor valor para a compra, pois haveria um ganho de juros e sobraria mais recursos para investimentos com aposentadoria ou mesmo para eventuais compras por impulso.

Portanto, aproveite o dia internacional da poupança para construir seu orçamento e completá-lo com investimentos para aquisições, acabando com as dívidas.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.