Cinco práticas em investimentos que você deve evitar
Desde março do ano passado a taxa básica da economia – Selic – está em sua mínima histórica. Este foi o período mais longo de manutenção por parte do Comitê de Política Monetária. Este extenso prazo está fazendo os investidores saírem de sua zona de conforto. Embora isso seja um direcionamento positivo, pode levar muitos a cometer erros. Alerto abaixo alguns que você deve evitar.
Conforme ressalta Nathan Mayer Rothschild o Banqueiro alemão, reconhecido como o homem mais rico do mundo em sua época:
É preciso muita audácia e muita cautela para ganhar muito dinheiro; e quando você acumula muito dinheiro, é preciso dez vezes mais inteligência para não perdê-lo.
Se o homem mais rico do mundo, que construiu sua fortuna no meio financeiro, destaca que é difícil manter um patrimônio, imagine para o investidor comum sem vasto conhecimento.
Concentrar os investimentos
Neste ponto há crítica aos dois extremos.
De um lado, há aqueles que se dizem conservadores e têm medo de ver seu portfólio variar. Portanto, concentram todas suas aplicações em ativos referenciados ao CDI. Enquanto minimizam o risco de seu portfólio não cair no mês seguinte, elevam o risco de sua carteira estar abaixo da meta de longo prazo, pois o rendimento pode não ser capaz de proporcionar um juros real (acima da inflação) suficiente.
Por outro lado, existem alguns que concentram todo o portfólio em ações, pois acham que o CDI é muito baixo. Isto também não é adequado, pois mesmo que a expectativa com uma classe de ativo seja a melhor possível, se o investidor se concentrar nela, vai perder a chance de elevar a participação quando ocorrer momentos desfavoráveis. E em um mercado de risco, eles sempre ocorrem.
A desculpa para concentrar, muitas vezes é justificada pela provocação do milionário Andrew Carnegie que sugere:
Coloque todos os ovos em uma cesta e depois a vigie. Não atire para todos os lados, pois os grandes sucessos da vida se devem à concentração.
Mas como bem rebatido por Benjamin Graham, em seu livro O Investidor Inteligente,
algumas poucas fortunas são feitas com concentração, mas esta é responsável pela maior parte dos grandes fracassos da vida.
Falta de paciência
Nem todos os investimentos promovem resultados positivos na velocidade que desejamos.
Principalmente nós brasileiros, acostumados com os altos ganhos contínuos do CDI, não suportamos esperar.
Como afirma o bilionário Warren Buffet:
O mercado de ações é um mecanismo de transferência de dinheiro dos impacientes para os pacientes.
Se apegar a um ativo
Para o investidor inicial é muito difícil entender a diferença entre ter paciência e se apegar a um investimento mal sucedido. Por isso, é necessário controlar as emoções e analisar friamente cada aplicação, considerando sua expectativa futura e não em relação ao seu desempenho passado.
Da mesma forma, não é recomendável se apegar a aplicações bem sucedidas. A mesma avaliação das perspectivas futuras deve ser realizada. Por exemplo, como no artigo que escrevi no último domingo. Muitos são incapazes de vender os títulos públicos mesmo entendendo que existe uma assimetria negativa de ganhos.
Day trade
As promessas de ganhos extraordinários, com dedicação de pouco tempo e trabalho, faz com que muitos destinem partes consideráveis de seu portfólio a esta forma de aplicação.
O day trade consiste em se comprar e vender um ativo no mesmo dia apurando-se um ganho ou prejuízo. Conforme estudo realizado pelos pesquisadores Bruno Giovannetti e Fernando Chague, mais de 90% dos brasileiros que iniciaram esta prática perderam dinheiro.
Se para profissionais experientes e com acesso a sistemas de ponta e com alta velocidade já é difícil, imagine para você que realizará de forma amadora.
Seguir modismos
Uma das grandes responsáveis pelas perdas dos investidores são as aplicações populares no momento. Normalmente, no instante em que um investimento se torna popular e começa a ser comentado nas mídias, existe uma grande probabilidade que este seja o momento ideal para sair dele.
Isso ocorreu com empresas de internet (em 2001), imóveis (no Brasil de 2011 a 2015), Bitcoin, empresas de Canabis em 2017, e outras febres. Falando das empresas de Canabis, se compararmos o investimento no Ibovespa, no índice americano de ações S&P 500 e o ETF (fundo negociado em bolsa) de empresas de Canabis chamado MJ, percebemos que este último foi o pior dos três desde maio de 2017 (ver gráfico abaixo).
Justamente quando uma das maiores empresas de análise brasileiras recomendava a compra destas empresas sugerindo ganhos superiores a mil porcento, elas não foram capazes de ganhar nem do índice de ações americano.
No entanto, cair em modismos não é privilégio de investidores comuns. Até mesmo o bilionário Buffet caiu. No mês passado foi anunciado que ele perdeu mais de US$ 350 milhões em investimento em empresa de painéis solares. Pode ter certeza que o modismo dos painéis solares cegou a análise do megainvestidor para os reais fundamentos da empresa investida.
A melhor estratégia para evitar estas falhas de investimento é criar um plano e avaliar, constantemente, as perspectivas de aplicação. Também é importante contar com o auxílio de um bom assessor financeiro que poderá alertá-lo e discutir as alternativas e seus riscos.
Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.