Nove gestores dizem como investir no atual cenário

O ambiente de investimentos reúne características nunca antes experimentadas pelo investidor brasileiro. A inflação está sustentavelmente abaixo da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) há anos.
A inflação baixa com desaquecimento econômico permitiu com que os juros caíssem ao patamar historicamente mais baixo.
Como destacado pelo Ministro da Economia – Paulo Guedes, acabou o “paraíso dos rentistas” no Brasil. Com os juros mais elevados do passado, ninguém precisava fazer qualquer esforço e qualquer aplicação mediana remunerava mais de 1% ao mês.
Com aquelas altas rentabilidades não valia a pena ter ativos de risco no portfólio.
Os juros futuros negociados na B3 já sinalizam que a taxa básica da economia, a Selic, deve cair para próximo de 5,5% ao ano no curto prazo. Isto se concretizando, vai significar uma remuneração para os ativos que rendem o CDI de menos de 0,45% ao mês e para a caderneta de poupança uma rentabilidade mensal de 0,32%.
O que salva é a perspectiva de aprovação de reformas que podem destravar o crescimento econômico, pois assim há uma saída para os investidores.
De forma geral, os especialistas recomendam o mesmo que já venho falando aqui nesta coluna já há algum tempo, será necessário ter mais risco no portfólio.
Contextualizo para que entenda melhor a evolução dos ambientes de investimento.
Há cinco anos, a economia estava desacelerando forte e a trajetória dos juros era ascendente. Naquele instante, o aplicador deveria ser conservador em seu portfólio .
A partir de 2016, a reviravolta política com o impeachment da Presidente trouxe alguma perspectiva, mas os juros ainda eram altos. Neste sentido, o investidor deveria se posicionar cautelosamente otimista com sua carteira.
No fim de 2018, com as taxas de juros mais baixas, o cenário internacional menos turbulento e a expectativa de crescimento do país sustentavam um viés otimista para os ativos do portfólio.
João Simões, Head Sales de COE da XP Investimentos, brincando, sugere um novo viés para carteira de investimentos:
“Vai vir um tsumoney para os investimentos de risco no Brasil. O cenário atual permite ao investidor ficar perigosamente otimista.”
Esta é a visão que suporta as recomendações dos gestores.
Apex Capital

A Apex pela sua especialização recomenda a elevação da participação em ações nos portfólios, mas completam:
Encontre uma equipe experiente que você confie para te ajudar a navegar no mar de incertezas do futuro.
Eles estão confiantes na retomada da economia e seu portfólio tem como maior participação empresas ligadas ao consumo interno.
Dahlia Capital

Para a Dahlia a taxa Selic pode cair abaixo de 5% ao ano no médio prazo. Portanto, estão confiantes no investimento em bolsa devido ao elevado fluxo de caixa que as empresas estão gerando.
Não acreditam em retomada forte da economia. Assim, as empresas com sua alta capacidade ociosa, não precisarão investir e sobrará dinheiro para dividendos. Segundo eles estes devem ser relativamente atrativos em relação às taxas de juros.
Neste sentido, concentram seu portfólio em ações do setor de utilidade pública, reconhecidos pelos maiores dividendos.
Garde

O CIO da Garde, Carlos Calabresi, recomenda aos investidores minimizarem o ruído político, pois este apenas turva a visão sobre a tendência dos ativos. Ele destaca:
Sigam o que o Paulo Guedes (Ministro da Economia) fala.
Giufrida, complementa que para o investidor geral, um fundo multimercado é o ideal em um ambiente com baixos prêmios, pois pode mais rapidamente mudar a direção dos investimentos.
Kapitalo Investimentos

O sócio da Kapitalo, Carlos Woelz, ressalta que em momentos como o atual o investidor vai ter de ser mais seletivo com as equipes nas quais investe, pois estas vão ter de correr mais riscos.
Ibiuna Investimentos

Para André Lion, sócio e gestor da Ibiuna, depois da alta do mercado, o momento é para stock picking (seleção de ações), daí a relevância de uma equipe com experiência.
O ex-diretor do BC, acredita que o mercado ainda não precificou toda a queda que pode ocorrer nos juros e os fundos multimercado são um bom veículo para aproveitar os prêmios nos diversos ativos.
Moat Capital

O fundador e gestor da Moat Capital salienta que o mercado acionário é a classe de ativos com mais prêmio, pois está exposta ao crescimento econômico.
Luiz Aranha, também gestor da Moat, explica que para os investidores conservadores, os fundos da categoria long & short seriam mais indicados, para os moderados, sugere os fundos classificados como long biased, e para os aplicadores agressivos, recomenda conhecidos long only.
Sulamerica Investimentos

Para aqueles que acreditam que a bolsa está em seu máximo, Juan Morales, gestor de ações, adverte
O Ibovespa pode alcançar 140 mil pontos em até um ano.
Trafalgar Investimentos

O gestor Roberto Chagas, realça que os fundos de ações vencedores serão aqueles que tiverem equipes com especialistas nos mercados internacionais e em derivativos:
Estratégias diferenciadas, aliadas a intenso controle de risco destacarão os fundos com melhor retorno ajustado ao risco.
XP Gestão

O sócio e responsável pela equipe de gestão de fundos de renda fixa da Xp Gestão, Fausto Filho, sublinha que apesar de os juros estarem mais baixos ainda é possível ter bons rendimentos. No entanto, ele enfatiza:
Os investidores vão ter de alongar o prazo e elevar o risco, por exemplo, por meio de fundos de crédito privado para ter maiores ganhos.
Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.