Confira cinco dicas para seu portfólio bombar em 2020

O final desta década será marcado como o ano de mudança do portfólio dos investidores. A perspectiva de que as taxas de juros mais baixas vieram para ficar trouxe uma revolução financeira para investidores.

Mais pessoas correndo para alterar suas carteiras, pois perceberam que o “paraíso dos rentistas” chegou ao fim, conforme descrição do Ministro da Economia, Paulo Guedes.

Chamava-se de “paraíso”, pois com facilidade era possível investir com alto retorno, alta liquidez e baixo risco.

O primeiro passo para essa transformação passa pela educação financeira. Abaixo, compartilho algumas dicas para cada uma das principais alternativas de investimentos disponíveis.

 

Renda Fixa

Inadvertidamente, muitos acreditam que para fazer o portfólio ter um retorno maior, devem alocar todo o portfólio em ativos de risco o tempo inteiro.

Mesmo com as taxas mais baixas, não se deve transferir todo o portfólio para ativos de risco.

Há pelo menos duas razões para se manter uma parcela em renda fixa.

A primeira é que parte de seus recursos serão necessários para despesas gerais ou emergenciais. Este volume deve ser aplicado em ativos de menor risco que não sofram perdas no caso de venda.

A outra razão está associada a oportunidades. Dos últimos 23 anos, em 19 anos a bolsa teve em algum mês do ano uma queda de pelo menos 6%. A queda mensal chegou a mais de 20% em alguns anos. Confira na tabela abaixo.

Tabela com os piores retornos mensais do Ibovespa em cada ano desde 1998.

Para ganhar com ações é importante comprar bem. Logo, esteja preparado para oportunidades, mantendo alguma liquidez em renda fixa.

 

Fundos multimercados

Os fundos multimercados podem ser considerados o primeiro passo no mundo do risco para investidores que nunca saíram da renda fixa.

Para avaliar um fundo multimercado, não utilize como único critério a rentabilidade dos últimos doze meses. Essa rentabilidade não é sua se você não era cotista e não é garantida.

Ao aplicar em um fundo multimercado, o que está fazendo é contratando uma equipe. Divida a aplicação em pelo menos três equipes que considera como mais especialistas, avaliando o currículo de suas equipes. Esta divisão deve considerar também aspectos de especialização na atuação do fundo.

 

Imóveis

A grande maioria dos investidores perde a oportunidade de alavancar os ganhos de seus portfólios, imobilizando seus recursos em imóveis. Adquirir imóveis diretamente tem mais risco do que muitos acreditam.

Vários aplicadores têm mais custos que ganhos nesta aplicação. Basta ver o desempenho do preço de venda de imóveis, comparado ao CDI e apresentado na figura abaixo, retirada do portal FipeZap. Um investimento que remunerou o CDI, rendeu quase três vezes mais que a valorização dos imóveis no período de 2012 a 2018.

Evolução do preço de venda de imóveis e rentabilidade acumulada do CDI desde 2012. Fonte: https://fipezap.zapimoveis.com.br/

Portanto, muito cuidado ao avaliar o investimento em imóveis.

Os imóveis são uma alternativa para diversificação, mas a melhor forma de se investir neles é por meio de fundos imobiliários. Nos fundos imobiliários o investidor tem uma série de vantagens em relação à compra direta. Logo, prefira os fundos de investimentos imobiliários (FIIs). No entanto, com a forte alta recente, é preciso cuidado e mais critério na escolha de uma carteira de FIIs.

 

Ações

No mercado de ações está o maior potencial de ganhos para 2020, dentre as principais alternativas de investimento.

No entanto, para aproveitar este ganho, evite cair na tentação de adivinhar qual ação vai decolar. Entenda que existe uma grande diferença entre aposta e investimento. Profissionais de investimento dispendem vários dias e até meses analisando uma empresa antes de fazer o investimento. Não é por meio de boatos e dicas nas mídias sociais que vai descobrir as melhores oportunidades.

Investidores institucionais e de alta renda, os chamados private, aplicam em ações por meio de fundos de investimentos em ações (FIAs). Eles entenderam as vantagens que se obtém nos FIAs, sejam eles ativos ou passivos. A principal vantagem dos FIAs é a de se contar com uma equipe especializada.

Prefira os fundos em que o gestor possui uma grande parcela de seu próprio patrimônio aplicado no fundo que faz a gestão. Assim, sabe que o administrador está completamente alinhado com você. Também avalie com cuidado a equipe de analistas que dá suporte, pois são eles que geram as ideias, conhecem a fundo cada empresa e avaliam os riscos no investimento em cada empresa.

Quando FIAs são utilizados, o investimento em ações é muito menos arriscado do que se imagina. Neste novo ambiente de baixas taxas de juros, até mesmo investidores conservadores deveriam aplicar, mas a participação no portfólio em FIAs para estes aplicadores deve ser limitada a no máximo 10%.

 

Previdência Privada

Não dá para falar em portfólio sem falar em sucessão e aposentadoria. O único fato com 100% de probabilidade é o de que vamos morrer. Portanto, todo portfólio deve ter uma parcela reservada para sucessão. Afinal, com a mesma probabilidade você deve se preocupar com sua família na sua ausência.

A sucessão patrimonial pode ser feita via seguros de vida, mas também com previdência privada, que não deixa de ser um seguro.

Ao contrário do que normalmente se imagina, a parcela alocada em fundos de previdência, sejam VGBLs ou PGBLs, deve ser a parcela de maior risco de seu portfólio. Afinal, ela é a que possui o maior horizonte de investimento.

Portanto, aproveite o perfil de longo prazo do veículo para concentrar a parcela de risco. Na previdência é possível fazer balanceamentos sem ter o custo de antecipação de IR.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.