Os melhores e os piores de janeiro e qual deve ser o melhor investimento do ano

O mês de janeiro marcou o tom que o investidor deve esperar para o ano. Depois de atingir o máximo histórico de 125 mil pontos ainda na primeira semana de janeiro, o Ibovespa encerrou o mês com queda superior a 3%. Quem acha que a volatilidade era assunto do ano passado, vai se frustrar em 2021. Saliento que um dos ativos com maior rendimento no mês, também, deve ser o destaque do ano e não deve ser a GameStop.

Comento abaixo os resultados das principais aplicações. No final do artigo, apresento tabela com a evolução do retorno dos mais importantes ativos nos últimos meses.

 

Renda fixa

Novamente, o CDI perdeu da inflação no mês de janeiro. Este é o oitavo mês consecutivo. Historicamente isto nunca ocorreu, mas você deve se preparar para que este cenário se torne uma rotina.

Neste sentido, o investidor deve restringir o que mantém em ativos referenciados ao CDI para apenas o que pretende usar no curto prazo para resgates ou para rebalanceamento da carteira.

Cuidado ao investir em títulos de longo prazo referenciados ao IPCA ou prefixado. Perceba que no mês de janeiro os títulos longos sofreram. Se a inflação continuar surpreendendo para cima, essa perda pode se elevar.

Prefira os fundos que investem em títulos de renda fixa com vencimentos mais curtos.

 

Fundos Multimercados

Os fundos multimercados enfrentam um cenário desafiador. Os prêmios dos ativos mais reduzidos e a maior volatilidade neste momento são dois elementos que, em conjunto, dificultam a administração para quem precisa apresentar ganhos todos os meses a fim de não ser crucificado.

 

Fundos imobiliários (FIIs)

Depois de um ano de 2020 frustrante, em que a média dos FIIs apresentou queda de mais de 10%, em janeiro, eles tiveram retorno melhor que os ativos de maior risco como o Ibovespa.

Quando avaliados no período dos últimos dez anos, os FIIs se mantêm como um investimento melhor que as ações pagadoras de dividendos, medidas pelo índice de dividendos da B3 (ver figura abaixo). Não só o desempenho foi melhor, como também o risco foi menor quando medido pela volatilidade.

Evolução do Índice de fundos imobiliários da B3 (IFIX, linha branca) e do índice de ações pagadoras de dividendos (IDIV, linha laranja). Fonte: Bloomberg

Reforça-se que este é um investimento de risco comparável a uma carteira de imóveis. No entanto, é muito mais seguro que o investimento em um ativo individual.

 

Moedas

Quem avaliou o desempenho do dólar nos últimos dois meses do ano de 2020 e apostou que ele deveria entrar em trajetória de queda, foi surpreendido.

Embora muitos analistas globais apontem para uma fraqueza do dólar, esta se refere apenas quando comparada às principais moedas do mundo.

O cenário contra o Real tende a ser diferente. A explicação é o ruído político e fragilidade fiscal de nosso país.

Investimentos em dólar são o principal instrumento para reduzir o risco de quem possui ativos de risco na carteira.

 

Ouro

Esqueça o ouro como ativo descorrelacionado com o mercado e que pode trazer o benefício de redução de risco. Perceba na tabela no final do artigo que ao longo dos últimos meses o metal apresenta maior correlação com os ativos de risco.

Quem investe no metal para se beneficiar do movimento expansionista americano, poderia se aproveitar ainda mais o fizesse por meio de fundos de ações internacionais.

 

Renda Variável – Ações.

O mercado brasileiro se descolou do americano logo depois da eleição do presidente. O desempenho positivo do Brasil em relação aos EUA atingiu seu máximo na primeira semana de janeiro.

Em cerca de trinta dias, o Ibovespa se valorizou mais de 10% acima do S&P500. No entanto, quase toda performance superior foi perdida ao longo das três últimas semanas de janeiro (ver figura abaixo). O Ibovespa foi abatido pelas incertezas fiscais, volta de restrições pela pandemia e atraso na campanha de vacinação que podem prejudicar as expectativas de crescimento econômico para o ano.

Evolução do Ibovespa e do S&P500 com base 100 em 30/11/2020. Fonte: Bloomberg.

Outros mercados emergentes foram mais beneficiados pelo movimento expansionista americano. Neste sentido, o índice de ações chinesas foi o destaque de resultado positivo para o mês de janeiro.

O crescimento econômico da China surpreendeu no ano passado e analistas já revisam, para cima, as expectativas para 2021. Adicionalmente, o múltiplo Preço/ Lucro da China se encontra atrativo quando comparado a outros países emergentes, inclusive o Brasil. Este múltiplo é um indicador internacionalmente utilizado para comparar empresas e índices, bem como avaliar quem está mais barato.

 

Assim como no mês de janeiro, a volatilidade dos ativos de risco deve se manter elevada no restante do ano. Portanto, a melhor estratégia é ter uma boa diversificação e atentar para o controle do risco.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

Retorno das principais classes de ativos ao longo dos últimos meses. Fonte: Economatica