Com a inflação em alta, veja duas aplicações que você deve evitar em seu portfólio
A divulgação da inflação oficial para o mês de maio acendeu uma luz amarela no radar dos investidores. A variação de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula uma alta de mais de 8% em doze meses.
A preocupação não é à toa. Observe no gráfico abaixo que, nos últimos 20 anos, em poucos momentos a inflação esteve tão elevada.
Segundo dados da pesquisa entre economistas realizada pelo Banco Central (BC), a inflação deve cair, retornando para a meta de 3,50% ao ano até meados do próximo ano. Esta previsão pode ser vista no gráfico abaixo na linha vermelha.
Embora os economistas pareçam mais otimistas, o mercado financeiro não está pagando para ver.
Os juros futuros negociados na B3 já têm implícito uma possibilidade de elevação da Selic para 7% ao ano em janeiro de 2022 e superando 9% ao ano em 2024.
Lembre-se, você deve sempre investir considerando o que deve ocorrer em relação ao que o mercado já espera.
Uma alta de juros já está precificada. Assim, você deve considerar se esta alta é maior ou menor do que o que você espera que o BC realize.
Com esta incerteza sobre o movimento dos juros, duas aplicações têm recebido aportes dos investidores. Mas você deveria evitá-las no curto prazo.
A primeira aplicação que você deveria evitar é a caderneta de poupança.
Segundo dados do BC, só nos primeiros 7 dias de junho, investidores aplicaram mais de R$ 10 bilhões na poupança.
O volume aplicado na caderneta soma mais de R$ 1 trilhão. Para se ter uma noção da magnitude, isto representa mais de 17% do valor de mercado total de todas as empresas com ações na bolsa de valores brasileira (B3).
Embora a poupança tenha rendimento positivo, ela é com certeza inferior a outras aplicações de mesmo risco como CDBs. Se você precisa de alguma liquidez, prefira aplicar em CDBs de vencimentos curtos e referenciados ao IPCA.
Muitos investidores fogem para a poupança com receio da volatilidade nos ativos. No entanto, em CDB, você também não vai ter volatilidade e ainda vai terá rentabilidade muito superior à da poupança.
O segundo movimento que os investidores deveriam evitar é a aquisição de títulos referenciados ao IPCA ou prefixados com vencimento superior a seis anos, ou seja, de longo prazo.
O último balanço divulgado pela plataforma do Tesouro Direto mostra que os títulos referenciados ao IPCA com prazo superior a dez anos têm sido preferidos pelos investidores.
Os preços de títulos de longo prazo são mais afetados pelos movimentos de taxa de juros.
Caso a inflação persista e o BC tenha de elevar a taxa de juro mais do que o mercado já precifica, os títulos de longo prazo podem sofrer duras perdas.
Para se proteger da inflação, o mais recomendado são títulos ou fundos de investimentos de renda fixa referenciados ao IPCA, mas com vencimento de curto prazo, ou seja, com menos de seis anos.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor