Saiba como os maiores gestores estão investindo, que riscos enxergam e quais seus resultados
Se você acha que o ano está difícil para as aplicações financeiras, você não está sozinho. Os cinco maiores gestores independentes de recursos compartilham da mesma angústia.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Ibiuna, Kapitalo, Legacy, SPX e Verde estão entre cinco maiores gestoras de recursos do país.
Estes gestores acumulam de forma conjunta um patrimônio de mais de R$ 160 bilhões. Suas opiniões são acompanhadas da mesma forma como investidores seguem o que Buffett fala.
Sempre é importante escutar profissionais experientes e esta visão é fornecida gratuitamente para você em suas Cartas Mensais.
As cartas referentes ao mês de julho foram divulgadas nesta semana. Nelas, eles comentam sobre o desempenho e expectativas. Nos comentários, algo foi unânime, a frustração pelos resultados. A rentabilidade neste ano (quadro abaixo) não está brilhante como outrora.
Luis Stuhlberger, gestor do fundo Verde, explicita esta frustração quando menciona:
“O mercado brasileiro vem sofrendo nos últimos dois meses, indo na direção contrária da nossa expectativa, que associava a aceleração da vacinação com reabertura econômica.”
Como sempre falei a meus alunos: a única coisa certa em investimentos é que em algum momento estaremos errados. Descobrir quando e onde é parte fundamental para o sucesso.
Mas descobrir onde está errado, não é tão simples quanto olhar para o resultado passado e observar onde você perdeu dinheiro. A SPX concorda e em sua carta explica que no processo de investimento o desafio é distinguir o que é sinal do que é ruído:
“Como investidores, devemos sempre nos questionar se a variação dos dados e dos preços de ativos decorre da aleatoriedade de sua distribuição probabilística ou de uma mudança em nosso cenário econômico base.”
Muitas vezes o mercado não corresponde imediatamente seguindo sua expectativa. Nestas horas, a experiência vale para decidir se é melhor manter a convicção ou se deve ser promovido algum ajuste no cenário e portfólio.
Assim, comento as principais visões destes gestores em relação aos três principais mercados: juros, câmbio e bolsa.
Com relação à inflação brasileira, é quase consenso a expectativa de elevação. A inflação implícita nos títulos de renda fixa está em 5% ao ano. Os gestores acreditam que há risco de esta inflação ser superada.
No entanto, também é consenso a visão sobre existência de prêmio nos juros reais em títulos de vencimentos mais curtos.
A visão para o câmbio não é consensual. No entanto, apenas a SPX aposta em alta do dólar contra o Real. Os outros quatro têm visão contrária.
Para o mercado de bolsa, há uma harmonia dentre eles de que tanto o mercado nacional, quanto o internacional têm potencial de valorização. O que varia entre os gestores é a intensidade da aposta.
Outra unanimidade é a percepção de maior risco nos ativos brasileiros. Os recentes ruídos políticos e o debate de elevação dos gastos do governo contribuem para esta visão.
“Por outro lado, a conjuntura econômica está mais favorável com crescimento acima do esperado, em linha com a boa performance do setor externo”, aponta a Kapitalo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor