Aplicações financeiras, apólice de seguro ou imóvel; o que é melhor deixar como herança?

Quem não deseja garantir a tranquilidade financeira de seus entes queridos? Este anseio, se planejado, pode ser mais simples do que se imagina.

Como mencionei na semana passada, para a finalidade de sucessão, ou seja, deixar um patrimônio para a segurança da família, existem três alternativas usuais: imóvel, apólice de seguro e aplicações financeiras.

Avaliamos na semana passada o imóvel em relação a uma apólice de seguros. Nesta comparação, percebemos que a apólice de seguros é melhor que o imóvel. Expliquei que esta vantagem do seguro é ressaltada no quesito rentabilidade quando o imóvel é adquirido de forma financiada.

Sabendo que o seguro é melhor que o imóvel, vem a próxima dúvida.

 

Será que aplicações financeiras conseguem superar uma apólice de seguro?

Recordo que quando se fala em sucessão, há quatro princípios que caracterizam a adequação do produto. O bem deve:

  • Ser perfeitamente divisível;
  • Possuir baixa despesa para transferência;
  • Permitir rápida transferência aos beneficiários;
  • Proporcionar flexibilidade ao beneficiário em como decidir usar melhor o benefício.

Assim como uma apólice de seguro, investimentos financeiros também atendem aos quatro critérios.

No entanto, quando se fala em aplicações financeiras com o intuito de sucessão, não podemos generalizar.

O produto adequado de aplicação financeira com o intuito de sucessão deve ser um produto de previdência VGBL ou PGBL. A escolha entre os dois depende da forma como faz a declaração de IR.

Os produtos de previdência também atendem aos quatro critérios de adequação. São perfeitamente divisíveis, possuem baixo custo de transmissão, são de rápido recebimento, pois não passam por inventário e permitem que o beneficiário tenha flexibilidade em como melhor empregar.

Como o seguro já garante o pagamento do capital desde a primeira parcela, eles são imbatíveis no curto prazo.

No longo prazo, para períodos de quase 20 anos, o resultado pode se inverter.

Considerando uma aplicação em previdência que produza um retorno equivalente a um juro real, ou seja, acima da inflação, de 4,0% ao ano, o produto de previdência seria mais vantajoso que a apólice de seguro após 19 anos. Neste exemplo, comparamos a mesma contribuição mensal usada para o seguro, que simulei na semana passada.

A maior desvantagem da previdência em relação ao seguro é a facilidade em se interromper as contribuições ou de utilizar os recursos e distorcer a finalidade inicialmente planejada.

 

Qual a melhor estratégia?

Claramente o imóvel é a pior alternativa como veículo de sucessão.

A melhor estratégia é fazer um balanceamento com uma apólice de seguros e um produto de previdência.

A apólice de seguros deve ser calculada de forma a ser suficiente para cobrir sua falta no curto prazo. O produto de previdência deve atender a visão de longo prazo.

A parte mais difícil é manter a disciplina de não usar os valores poupados para atender um desejo seu de comprar um imóvel.

 

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor