Cinco dicas para ganhar dinheiro com a queda da taxa Selic

A queda de um ponto percentual da taxa Selic, reduzindo-a para 8,25% ao ano nessa última quarta-feira já era esperada e comentei sobre ela no artigo anterior. Essa foi a sexta redução de juros realizada nesse ano pelo Banco Central (BC), mas ainda não será a última. O mercado ainda espera que a Selic seja reduzida mais duas vezes até o final do ano. Entretanto, como já anunciado pelo próprio BC as próximas duas reduções serão em menor intensidade. O mercado espera que a próxima queda de juros seja de 0,50% e a seguinte de 0,25%. Assim, a taxa básica da economia encerraria o ano em 7,5% ao ano.

Com a queda da taxa Selic, separei algumas dicas para que você consiga impulsionar a rentabilidade de seus investimentos.

Está na hora de alongar os prazos das aplicações de renda fixa
Os preços negociados dos títulos públicos de curto prazo já incorporam as próximas quedas da Selic. Portanto, como forma de elevar a rentabilidade, recomenda-se adquirir títulos com prazo mais longo, pois esses ainda possuem um maior prêmio. Esse maior prêmio é encontrado nos títulos prefixados e referenciados a inflação de prazos superiores a 2020.

A compra de títulos prefixados deve ser feita com parcimônia, pois apesar de se esperar novas quedas para a taxa Selic, existem riscos associados à capacidade do governo em aprovar as reformas, além do calendário eleitoral de 2018. Avalie a compra de CDBs prefixados de vencimento mais longo que três anos. Apesar da carência desses CDBs, a remuneração é mais atrativa que a dos títulos públicos.

Os títulos referenciados ao IPCA continuam sendo uma boa opção para os recursos de longo prazo. Apesar da inflação estar surpreendendo para baixo, é sempre interessante contar com essa proteção para os investimentos de longo prazo, além de garantir um juros real (acima da inflação) mais elevado no longo prazo. Com esse mesmo intuito, avalie fundos de debêntures incentivadas isentos de IR. Esses fundos são uma forma de ter exposição de forma diversificada a uma carteira de títulos privados referenciados à inflação e isentos de IR. Por possuírem maior risco, os títulos privados proporcionam maior retorno. Esse maior retorno, aliado ao benefício de isenção de IR e a escolha de investir em um fundo de forma diversificada, é uma boa alternativa para elevar os ganhos com risco controlado.

Invista em bolsa, câmbio e juros de forma mais eficiente

Com os juros mais baixos, o investidor que busca maiores ganhos deve aplicar nos mercados de risco. Os fundos multimercados são uma excelente alternativa para aquele investidor que deseja elevar os ganhos de seus investimentos nos mercados de bolsa, câmbio e juros. Por meio desses fundos o investidor delega a tarefa de seleção do melhor momento para comprar e vender todos os ativos no mercado financeiro. A decisão é realizada por uma equipe de especialistas que envolve economistas, analistas e gestores. Portanto, o investidor poupa tempo em estudar e acompanhar todos os mercados, tem ganhos de escala, pois pelo tamanho os fundos têm vantagens sobre os pequenos investidores, além de contar com um controle de risco em tempo integral.

Os fundos dessa categoria também são uma forma de o pequeno investidor aplicar no mercado internacional de forma mais barata e menos burocrática. Vários fundos multimercados realizam investimentos internacionais e nesse momento de menores taxas no Brasil, diversificar internacionalmente se torna mais interessante.

Para saber como escolher os melhores fundos veja as dicas que escrevi nesse artigo passado.

Aproveite os rendimentos isentos de IR dos fundos imobiliários
Vários fundos de investimento imobiliários (FIIs) estão proporcionando rendimentos superiores a taxa Selic. Aproveite para construir um portfólio que pode te permitir viver de renda na aposentadoria. Veja o artigo que escrevi sobre esse tema. No último ciclo de queda de taxas de juros que ocorreu em 2012 e 2013, houve uma forte alta dos FIIs. A melhora econômica esperada para o próximo ano, junto com as quedas de juros desse ano devem impulsionar a valorização dos FIIs em 2018.

Potencialize seus ganhos com o mercado acionário
Até mesmo investidores conservadores com horizonte de longo prazo podem investir de forma cautelosa no mercado de ações. Basta alocar uma parcela de até 5% de seu patrimônio em fundos de dividendos ou da categoria Long Biased. Os fundos categorizados como Long Biased são interessantes, pois em uma reversão econômica, o gestor pode pelo seu mandato reduzir a exposição ao mercado de ações. Para quem está começando, não se arrisque a fazer a escolha das ações e montar sua própria carteira. Delegue essa gestão para uma equipe de especialistas que poderá fazer esse trabalho de forma a mitigar o risco.
Com a queda de taxa de juros, as empresas devem apresentar melhoria de resultado por redução de despesas financeiras, além de facilitar o investimento destas empresas para crescer, pois fica mais barato financiar seus projetos. Adicionalmente, a retomada esperada para a economia a partir de 2018 e as empresas com capacidade e custos controlados pelos prejuízos no passado recente são elementos catalisadores para crescimento de lucros e valorização das ações.

Evite a caderneta de poupança
A caderneta de poupança já não era um produto tão interessante e perde agora ainda mais atratividade. Como a Selic está agora abaixo de 8,5% ao ano, a remuneração da poupança passa a ser de 70% da taxa Selic + TR. Como a TR está quase nula, o rendimento da caderneta passa a ser de aproximadamente 5,8% ao ano ou 0,47% ao mês isento de IR. Para investidores com perfil conservador e com horizonte de investimento de curto prazo, sugiro buscar a alternativa do Tesouro Selic, ou CDBs (fundos DI) com remuneração superior a 92% do CDI, ou LCIs e LCAs com retorno superior a 80% do CDI.

Essas cinco dicas permitirão a você extrair mais rentabilidade de seus investimentos com a queda da Selic.