O que o furacão Irma nos ensina sobre investimentos e que não podemos desconsiderar

Michael Viriato

Nesse último final de semana, o furacão Irma assolou as regiões do Caribe e Flórida com ventos fortes e inundações. A força destruidora desse evento da natureza fez sumir vários imóveis e deixou outros inabitáveis, somando prejuízos bilionários. Apesar da tristeza dos prejuízos uma importante lição sobre investimentos pode ser aprendida.

Na maioria dos relatos dos proprietários de imóveis destruídos uma frase se repete: “perdi tudo o que construí durante uma vida”. Um dos maiores ensinamentos que aprendi em minha carreira foi que “nenhum investimento vale tanto, para você colocar tudo o que ganhou durante uma vida”.

Esse ensinamento deriva da célebre frase que todos já ouvimos “não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta”. Apesar de bastante repetido, esse ensinamento muitas vezes é desconsiderado pelos investidores quando se trata de imóveis. Essa falha do nosso cérebro em não considerar o risco inerente dos imóveis e os tratar como uma aplicação sem risco pode ser atribuída a sua característica. Os imóveis são um dos poucos investimentos em que o aplicador pode tocar todos os dias. A maioria dos investimentos tradicionais são escriturais, ou seja, são apenas registrados eletronicamente. Como não é possível toca-los, erroneamente é atribuído um maior risco a investimentos menos arriscados.

O Talmud, livro sagrado de ensinamentos judaicos já recomendava uma determinada participação de imóveis no patrimônio. Não é recomendável que o investimento em imóveis ultrapasse um terço do patrimônio do aplicador. Entretanto, vários investidores apenas pelo desejo de ter um imóvel, acabam alocando todo seu patrimônio nesse ativo e abdicam das possibilidades de maior rentabilidade e menor risco de instrumentos do mercado financeiro. Como escrevi em um artigo no passado, alugar é uma boa decisão de investimento. Logo, para reduzir o risco nos investimentos, a melhor estratégia que um investidor deve perseguir é a diversificação.

A estratégia de diversificação não elimina a possibilidade de perdas, mas permite ao investidor reduzir os riscos sem reduzir o retorno. Entretanto, para obter o máximo de resultado da diversificação, não basta apenas dividir em várias aplicações. É preciso dividir em aplicações que reajam de forma diferente aos movimentos de mercado, ou seja, esses ativos devem apresentar uma baixa correlação entre eles.

Portanto, um dos grandes ensinamentos que essa tragédia nos deixa com relação a investimentos é a importância da diversificação do patrimônio em diversas classes de ativos de forma a mitigar os riscos.