Após quatro meses de alta do Ibovespa, será que agora é uma boa hora de comprar bolsa?

Michael Viriato

Após quatro meses de alta do principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, provavelmente você e vários investidores debatem sobre se agora seria um bom momento para investir no mercado acionário.

Com o intuito de colocar um pouco de luz na sua decisão, trago aqui algumas análises. Antes de tudo, ressalto que o investimento no mercado de ações é de alto risco e a decisão sobre aplicar deve levar em consideração o perfil do investidor. Para investidores de perfil mais conservador, existem outras alternativas menos arriscadas como os fundos multimercado da categoria macro e Long and Short.

Realizei um estudo com os dados extraídos do sistema Economatica de rentabilidade mensal do índice Ibovespa desde 2000 até o dia 26 de setembro de 2017. Nesse período há um total de 213 meses, dos quais em 116 (55% dos meses) o Ibovespa apresentou rentabilidade positiva, mas apenas em 48% dos meses o retorno do Ibovespa superou o CDI.

A rentabilidade do Ibovespa foi de 335% neste período. No entanto, se você tivesse perdido os dez melhores meses, seu retorno em todo o prazo de quase 18 anos teria sido de apenas 7%. Dificilmente você vai acertar antecipadamente quais serão os dez melhores meses para estar investido. Entretanto, como escrevi anteriormente, os melhores momentos para estar na bolsa foram entre os meses de novembro a abril.

Apesar de mais da metade dos meses ter apresentado retorno positivo, quem investiu no Ibovespa no final de 1999 obteve um retorno de menos da metade da valorização do CDI até setembro de 2017. Essa rentabilidade passada pode desanimar alguns investidores. Entretanto, o CDI está caindo e pelo gráfico abaixo, podemos observar que quando o CDI cai (gráfico invertido) o Ibovespa tende a apresentar retorno positivo. Ressalto que a expectativa dos economistas é de que a taxa básica de juros continue em trajetória descendente até o final do ano, suportando novas altas da bolsa.

Gráfico da evolução do Ibovespa e da taxa do CDI invertida. O eixo a direita referente a taxa do CDI se apresenta em escala invertida.
Gráfico da evolução do Ibovespa e da taxa do CDI invertida. O eixo a direita referente a taxa do CDI se apresenta em escala invertida. (Fonte: Economatica)

Uma das principais dúvidas que você deve estar se questionando é se após quatro meses de alta, ainda haveria fôlego para a bolsa ganhar do CDI quando olhamos doze meses à frente. Para a análise, foi considerado o período de janeiro de 2000 a setembro de 2016. O período para esta análise se encerrou em setembro de 2016 para que exista um espaço de doze meses para investimento.

Quatro altas seguidas não é algo que ocorre com muita frequência. Portanto, vamos primeiro avaliar como teria sido sua rentabilidade em relação ao CDI se depois de dois meses de alta seguidos tivesse comprado e esperado um ano. No período em análise, ocorreram 61 vezes em que o Ibovespa subiu por dois meses seguidos. Se tivesse investido no início do mês posterior a esse fato, em 100% das vezes teria obtido retorno positivo no espaço de um ano à frente e em 57% delas você teria ganhado do CDI. Logo, comprar após dois meses seguidos de alta e permanecer investido por um ano foi uma boa estratégia no passado.

No período de análise ocorreram apenas onze vezes o evento de quatro meses seguidos de alta do Ibovespa. De forma similar, se você tivesse comprado no início do mês posterior a este evento e permanecesse investido pelos doze meses seguintes, teria obtido retorno positivo em 100% das vezes e em 64% delas teria ganhado do CDI. O retorno médio obtido seguindo essa estratégia foi de 15,5% ao ano, contra o retorno médio de 12,1% do CDI. Assim, essa estratégia foi ainda mais assertiva.

Considerando os quatro seguintes fatores: a melhoria econômica indicada pelos economistas, a queda da taxa básica de juros, a estratégia de comprar entre os meses de novembro a abril e a estratégia analisada acima, o momento continua propício para o investimento no mercado acionário.