Mês do Halloween assusta investidores

Michael Viriato

Os dados históricos comprovam que o mês de outubro costuma apresentar os piores retornos do ano para os ativos de risco. Em 2017 não foi diferente. Os melhores investimentos nos três meses encerrados em setembro foram os piores do mês de outubro.

Retorno médio mensal entre 1968 a 2017 (Fonte: Economatica)

O ruído político provocado pela votação das denúncias contra o presidente e seus efeitos colaterais, trouxe cautela para os investidores. Essa cautela também foi refletida no destaque de alta – dólar. Reconhecida como proteção dos investidores, a moeda americana foi a principal alta do mês, mas ainda continua sendo um dos piores investimentos do ano.

A alta de 3,4% do dólar nem se compara ao destaque de valorização do mês que foi o Bitcoin. Após uma queda de 24% em setembro, a moeda digital se valorizou 46% em outubro.

Renda Variável – Ações
Depois de três meses seguidos como um dos melhores investimentos, o mercado de ações brasileiro perdeu fôlego no final do mês. Esse movimento foi reflexo do conservadorismo de investidores nacionais e internacionais com eleição, trajetória de queda dos juros pelo COPOM e atraso na discussão de reformas pelo Congresso.

No mercado de renda variável, o destaque de desempenho foram os índices de ações pagadoras de dividendos (IDIV) e o índice de fundos imobiliários (IFIX). A valorização desses índices é uma consequência da queda de taxa de juros, pois os dividendos dos fundos imobiliários e das melhores ações pagadoras de dividendos permanecem interessantes relativamente ao CDI. A figura abaixo mostra o desempenho do IDIV como o melhor investimento desde o final de 2015.

Retorno dos principais indicadores desde o final de 2015 (Fonte: Economatica).

O melhor desempenho do ano, as ações de empresas de pequena capitalização sofreram com o receio sobre o crescimento econômico provocado pelas dúvidas com relação à eleição e atraso na tramitação das reformas no Congresso.

O índice S&P 500 permanece invicto na tabela. Esse desempenho foi sustentado pelos lucros acima do esperado divulgados pelas empresas em outubro. O investimento no S&P 500 para investidores brasileiros costuma ser exclusivo de investidores qualificados (acima de R$1 milhão em aplicações). Entretanto, investidores em geral podem ter acesso via fundos multimercados ou COEs.

Chamo a atenção ao artigo que escrevi anteriormente sobre o desempenho médio do Ibovespa em cada mês desde sua criação. O mês de outubro é o mês que possui a pior média de retorno. Além disso, o período entre novembro e abril costuma ser recompensador. Entenda porque o investimento em bolsa de novembro a abril pode ser bastante interessante, lendo esse artigo.

A perspectiva de crescimento da economia, melhoria dos lucros das empresas e o cenário de juros mais baixos favorecem o investimento de maior risco como os de renda variável.

Fundos Multimercados
Os fundos multimercados continuam sendo uma boa alternativa para aqueles investidores que desejam ter um retorno adicional ao CDI, mas com menor risco. Perceba que o índice de fundos multimercados, o IHFA se mantém no meio da tabela, com retorno acima do CDI no ano e apresentando uma baixa variação de retornos ao longo do mês. Procure por fundos que invistam internacionalmente. A diversificação internacional se torna mais justificável com a queda dos juros brasileiros. Outra forma de obter diversificação internacional é via os Certificados de Operação Estruturada (COE). Leia sobre COE e suas vantagens no artigo que escrevi.

Títulos de renda fixa
As dúvidas em relação à intensidade e ciclo de novas quedas pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) impactou os títulos de renda fixa referenciados à inflação de longo prazo e os títulos prefixados. Ainda existe prêmio nos títulos de vencimento mais longo. Entretanto, o calendário eleitoral deve trazer maior volatilidade para esses títulos. Os investidores mais conservadores devem atentar para a necessidade de resgate. Compre títulos de longo prazo apenas se puder mantê-los até o vencimento.

Moedas
As principais moedas, Euro e Dólar se destacam na parte superior da tabela em outubro. As perspectivas com relação à moeda americana não se alteraram. Conforme divulgado no relatório Focus do Banco Central, a expectativa segundo os economistas é que essa moeda encerre 2017 e 2018, respectivamente, em R$3,19/ USD e R$3,30/ USD. Portanto, recomenda-se o investimento apenas para aqueles que necessitam da moeda para viagem ou algum pagamento.

Definição dos índices na tabela:
Renda Fixa
Poupança – Aplicação de renda fixa comercializada pelos bancos que rende TR+0,5% ou TR+70% da Selic quando essa taxa estiver menor que 8,5% ao ano.
CDI – O Certificado de Depósito Interbancário é negociado apenas entre os bancos. A Cetip calcula a taxa média e essa taxa é utilizada para atualização de diversas aplicações como CDB, LCI, LCA, CRI, CRA, debêntures e outros.
IMA-B – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA.
IMA-B5 – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA com vencimento menor que 5 anos.
IMA-B5+ – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA com vencimento maior que 5 anos.
IRFM – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais prefixados.
IHFA – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de fundos multimercados.
Renda variável
Ibovespa – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações com maior negociabilidade e valor de mercado na BM&FBOVESPA.
IDIV – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações que que se destacaram em termos de remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio.
SMLL – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações de empresas de menor capitalização na BM&FBOVESPA.
S&P 500 – Índice que representa uma carteira teórica de 500 ações de maior valor de mercado americanas.
IFIX – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica dos fundos imobiliários negociados nos mercados de bolsa e de balcão organizado da BM&FBOVESPA.
Dólar – Representa a variação do câmbio Reais/ Dólar.
Euro – Representa a variação do câmbio Reais/ Euro.