Os melhores e piores investimentos de novembro
O mercado brasileiro perdeu a chance de surfar o bom humor internacional. Apesar da forte alta dos principais índices de bolsa pelo mundo, as incertezas provocadas pelo atraso na votação das reformas fez com que os mercados de risco no Brasil apresentassem um dos piores meses do ano.
A queda da bolsa brasileira em novembro é comparada à de maio quando ocorreu a divulgação das delações dos controladores do grupo JBS. O impacto da incerteza política não se restringiu ao mercado de ações. Os títulos de renda fixa prefixados e referenciados à inflação também se desvalorizaram.
A cautela só não foi refletida no dólar pelos resultados positivos da balança comercial. Reconhecida como proteção dos investidores, a moeda americana continua sendo o pior investimento do ano.
Surpreendendo até os mais otimistas dos especialistas, o destaque de valorização do mês foi o Bitcoin que se valorizou mais de 80% em Reais, repetindo o resultado positivo de outubro. No ano, a moeda virtual já se valoriza mais de 1.000% em Reais.
Renda Variável – Ações
Pelo segundo mês consecutivo, os índices do mercado acionário figuraram no fundo da tabela de rentabilidade. Esse movimento foi contrário a uma tendência internacional que vem se desenvolvendo ao longo do ano. Os mercados emergentes têm apresentado um desempenho mais positivo que os mercados desenvolvidos conforme pode ser observado na tabela abaixo. O grupo conhecido como BRIC (Brasil, Russia, Índia e China) tem se destacado ainda mais (conforme tabela abaixo).
No mercado de renda variável, o destaque de desempenho negativo foi o índice de ações pagadoras de dividendos (IDIV). A movimentação desse índice segue a flutuação das taxas de juros, pois as ações pagadoras de dividendos poderiam ser comparados a um título de renda fixa perpétuo. Como mostrei no mês passado, o desempenho do IDIV foi um dos melhores dentre as alternativas do mercado desde o final de 2015. Entretanto, os receios com relação a aprovação de reformas, impactaram a curva de juro e, consequentemente, o índice.
Os Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs) também sofreram por motivo similar ao do IDIV. Para os investidores que se interessam por pagamentos de dividendos, esse investimento é uma boa alternativa de diversificação em um cenário de queda das taxas de juros e com risco menor que o de fundos de dividendos. Veja mais sobre eles no link.
O índice S&P 500 permanece invicto na tabela. Esse desempenho foi sustentado pelos lucros das empresas e pelos dados econômicos nos Estados Unidos, ambos divulgados ao longo do mês e acima do esperado. O investimento no S&P 500 para investidores brasileiros costuma ser exclusivo a investidores qualificados (acima de R$1 milhão em aplicações). Entretanto, investidores em geral podem ter acesso via fundos multimercados ou COEs.
A perspectiva de crescimento da economia, melhoria dos lucros das empresas e o cenário de juros mais baixos favorecem o investimento de maior risco como os de renda variável. A desvalorização dos índices no mês pode ser uma oportunidade de entrada. Entretanto, as incertezas com relação à aprovação das reformas e ao cenário eleitoral trazem um risco adicional a esse cenário benigno.
Fundos Multimercados
Os fundos multimercados continuam sendo uma boa alternativa para aqueles investidores que desejam ter um retorno adicional ao CDI, mas com menor risco que os mercados de ações. Perceba que o índice de fundos multimercados, o IHFA se mantém no meio da tabela, com retorno acima do CDI no ano. Nesse produto, o investidor delega a uma equipe especializada a tarefa de decidir o melhor momento de entrar em cada uma das classes de ativos (bolsa, juros e moeda).
A escolha de um bom fundo multimercado não é simples. Portanto, escrevi algumas dicas para escolha no link. Procure por fundos que invistam internacionalmente. A diversificação internacional se torna mais justificável com a queda dos juros brasileiros e com as incertezas do cenário eleitoral. Outra forma de obter diversificação internacional e com proteção de perda é via os Certificados de Operação Estruturada (COE). Leia sobre COE e suas vantagens no artigo que escrevi.
Títulos de renda fixa
A queda do risco país medido pelo CDS (Credit Default Swap) foi um dos impulsionadores da valorização dos títulos de renda fixa brasileiro. Esse indicador reflete o prêmio do seguro que os investidores cobram para proteger os títulos do governo brasileiro contra eventos de calote.
Entretanto, mesmo com a melhora de percepção de risco, refletida na queda desse indicador em novembro, os títulos de renda fixa prefixados e referenciados à inflação tiveram desempenho decepcionante.
Pelo segundo mês consecutivo, a maioria dos títulos públicos negociados na plataforma do Tesouro Direto apresentou desvalorização. O calendário eleitoral promete manter a volatilidade nos preços desses títulos no próximo ano. Os investidores mais conservadores devem atentar para a necessidade de resgate. Assim, compre títulos de longo prazo apenas se puder mantê-los até o vencimento. Entenda a razão dessa sugestão lendo o artigo que escrevi sobre esse risco no link.
Moedas
O Euro se destaca na parte superior da tabela em novembro e no ano. As perspectivas com relação à economia europeia promoveram a recuperação das perdas sofridas nessa moeda nos anos anteriores. Já o dólar se desvalorizou no mês apesar da elevação de aversão ao risco.
Conforme divulgado no relatório Focus do Banco Central, a expectativa segundo os economistas é de que o câmbio Reais por Dólar encerre 2017 e 2018 em R$3,25/ USD e R$3,30/ USD, respectivamente. Portanto, recomenda-se o investimento apenas para aqueles que necessitam da moeda para viagem ou algum pagamento.
Definição dos índices na tabela:
Renda Fixa
Poupança – Aplicação de renda fixa comercializada pelos bancos que rende TR+0,5% ou TR+70% da Selic quando essa taxa estiver menor que 8,5% ao ano.
CDI – O Certificado de Depósito Interbancário é negociado apenas entre os bancos. A Cetip calcula a taxa média e essa taxa é utilizada para atualização de diversas aplicações como CDB, LCI, LCA, CRI, CRA, debêntures e outros.
IMA-B – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA.
IMA-B5 – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA com vencimento menor que 5 anos.
IMA-B5+ – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA com vencimento maior que 5 anos.
IRFM – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais prefixados.
IHFA – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de fundos multimercados.
Renda variável
Ibovespa – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações com maior negociabilidade e valor de mercado na BM&FBOVESPA.
IDIV – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações que que se destacaram em termos de remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio.
SMLL – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações de empresas de menor capitalização na BM&FBOVESPA.
S&P 500 – Índice que representa uma carteira teórica de 500 ações de maior valor de mercado americanas.
IFIX – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica dos fundos imobiliários negociados nos mercados de bolsa e de balcão organizado da BM&FBOVESPA.
Dólar – Representa a variação do câmbio Reais/ Dólar.
Euro – Representa a variação do câmbio Reais/ Euro.