Quais lições para o restante do ano podem ser tiradas do desempenho dos Mercados em fevereiro?

O desempenho dos mercados no mês de fevereiro reflete o que devemos esperar para o restante do ano. O mês surpreendeu a todos com um início tenebroso marcado por fortes quedas nos mercados mundiais de ações, teve momentos de euforia, mas encerrou apresentando um bom resultado para os mercados de risco.

Ao contrário do que ocorreu no ano passado, os índices de ações de pequena capitalização (SMLL) e de ações pagadoras de dividendos (IDIV) foram um dos piores investimentos do mês. Esse resultado vem como reflexo da cautela dos investidores internacionais com esse segmento, devido à elevação das taxas de juros nos EUA como reflexo do receio dos investidores com a trajetória da inflação naquele país. Ações pagadoras de dividendos são muitas vezes comparadas a títulos de renda fixa perpétuos, ou seja, sem um vencimento. Nesse sentido, tendem a sofrer mais com altas de juros, assim como títulos de renda fixa.

Avaliando o desempenho dos índices nos meses de fevereiro dos últimos anos, curiosamente percebe-se que o ouro, sazonalmente, foi um destaque em todos eles.

Retornos dos principais índices do mercado financeiro nos meses de fevereiro dos últimos anos (Fonte: Economatica)

O resultado do mês nos deixa três lições que devemos atentar para os próximos meses do ano a fim de obter os melhores resultados.

Volatilidade
Durante o mês de fevereiro, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira B3, chegou a apresentar uma queda de mais de 4,7% nos primeiros 10 dias, subiu 3,23% até três dias antes de encerrar o mês, mas encerrou o ano com uma leve alta de 0,52%. Apesar do humor dos investidores estrangeiros com mercados emergentes e com o Brasil, o cenário mais negativo internacionalmente, retirou o brilho nos últimos dias do mês.

Um reconhecido efeito da volatilidade é que ela evolui em degraus, ou seja, quando ela sobe, tende a ficar elevada por um tempo. Portanto, espere que este cenário de alta volatilidade permaneça pelo resto do ano. Essa maior oscilação é esperada tanto pelas incertezas internacionais com relação ao cenário de juros americanos, assim como pelo ambiente eleitoral incerto que passaremos.

Mas a volatilidade traz o benefício de oportunidades para rebalancear o portfólio, investindo nos momentos de baixa.

Paciência
O mês de janeiro de 2018 foi marcado por forte alta do Ibovespa. Essa alta estimulou muitos investidores a aplicar em bolsa. Entretanto, a paciência mostrou que aqueles que esperaram um pouco para investir foram beneficiados com uma oportunidade de entrada com a queda das ações até meados de fevereiro.

O ano de 2018 deve repetir estas oportunidades e a paciência será premiada. Não tenha pressa para rebalancear o portfólio fugindo das baixas taxas de juros. Realize o movimento de forma escalonada e lembre o que falei sobre qual é o melhor período para comprar bolsa no link.

Diversificação
Como temos comentado, as baixas taxas de juros estão impulsionando os investidores a procurarem alternativas para obter melhor rentabilidade. Entretanto, mesmo depois das fortes reduções, as taxas de juros brasileiras ainda são atrativas e ativos de renda fixa devem sempre fazer parte do portfólio como forma de suavização do risco.

Como forma de diversificação do portfólio, sugiro avaliar os fundos multimercados que são apresentados nas tabelas acima com o índice IHFA. Veja que esse índice é um dos que apresenta a melhor relação retorno/ risco. Nesse cenário de alta volatilidade, nada melhor que deixar para um profissional a escolha dos melhores momentos para entrar e sair dos mercados.

Outro ativo que se mostra um destaque em fevereiro e que deve ser acompanhado para diversificação ao longo do ano, são os fundos de investimentos imobiliários (IFIX).

Portanto, para o resto do ano, fique atento para oportunidades que podem surgir com as oscilações do mercado, tenha paciência para não entrar no mercado logo depois de altas fortes e diversifique seu portfólio.

Definição dos índices na tabela:
Renda Fixa
Poupança – Aplicação de renda fixa comercializada pelos bancos que rende TR+0,5% ou TR+70% da Selic quando essa taxa estiver menor que 8,5% ao ano.
CDI – O Certificado de Depósito Interbancário é negociado apenas entre os bancos. A Cetip calcula a taxa média e essa taxa é utilizada para atualização de diversas aplicações como CDB, LCI, LCA, CRI, CRA, debêntures e outros.
IMA-B – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA.
IMA-B5 – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA com vencimento menor que 5 anos.
IMA-B5+ – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais indexados ao IPCA com vencimento maior que 5 anos.
IRFM – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de todos os títulos públicos federais prefixados.
IHFA – Índice calculado pela Anbima que representa a valorização de uma carteira de fundos multimercados.
Renda variável
Ibovespa – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações com maior negociabilidade e valor de mercado na BM&FBOVESPA.
IDIV – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações que que se destacaram em termos de remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio.
SMLL – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica de ações de empresas de menor capitalização na BM&FBOVESPA.
S&P 500 – Índice que representa uma carteira teórica de 500 ações de maior valor de mercado americanas.
IFIX – Índice calculado pela B3 que representa uma carteira teórica dos fundos imobiliários negociados nos mercados de bolsa e de balcão organizado da BM&FBOVESPA.
Dólar – Representa a variação do câmbio Reais/ Dólar.
Euro.Real – Representa a variação do câmbio Reais/ Euro.