Saiba quais foram os investimentos preferidos do mês de maio e o que fazer
No mês de maio os investidores que foram mais bem sucedidos foram os que acreditaram que tudo daria errado, mas não foi nisso que a maioria apostou. Esse mês foi marcado por perdas para a maior parte dos investidores, mas a preferência dos investidores indica que essa desvalorização seria uma oportunidade.
Coincidentemente, o retorno dos ativos nesse mês teve o mesmo sentido do ano passado, ou seja, os ativos com maior risco tiveram pior desempenho e as moedas (Euro e Dólar) e o índice de ações americanas – S&P500 – se valorizaram. Entretanto, a intensidade dos movimentos, tanto na queda, quanto na alta, foi maior nesse ano.
A intensidade nas variações dos preços dos ativos nos leva a questionar o que os investidores fizeram de alocação nesse mês de maio.
O gráfico abaixo apresenta a captação líquida nos fundos de investimento, segundo a Anbima.
Apesar de na média apresentarem resultado negativo no mês, a maior captação foi para os fundos da categoria multimercados. Essa captação foi superior inclusive à do mês anterior. Sua rentabilidade média pode ser visualizada na tabela pelo índice IHFA. Esse é um índice calculado pela Anbima que reflete o retorno de uma cesta de 154 fundos multimercados. Esses fundos podem aplicar em diversas classes de ativos como renda fixa, câmbio, ações e no mercado internacional (veja mais sobre eles no link).
Os fundos dessa classe são ideais para os investidores que não estão acostumados a acompanhar o mercado. Em fundos multimercados o investidor delega a uma equipe de especialista a decisão do melhor momento para aplicar em cada classe de ativos.
Os fundos de ações foram a segunda classe de ativo mais preferida. Entretanto, a captação foi quase um terço da observada no mês anterior, ou seja, essa captação positiva, provavelmente, deve ter ocorrido no início do mês quando os reflexos da greve dos caminhoneiros ainda não tinham ocorrido.
Apesar da forte desvalorização das ações, a aplicação nessa classe de ativos deve ser feita com cautela. Aqueles que possuem baixa exposição a ativos de renda variável, podem aproveitar para alocar uma pequena parcela de seu patrimônio com o horizonte de longo prazo. Os aplicadores que investiram em ações na queda de maio de 2017, tiveram valorização média de 19,4% até o final de 2017, quando medida pelo índice Ibovespa.
Os fundos cambiais que apresentavam resgate líquido em abril de 2018 e nos doze meses anteriores, tiveram a maior captação líquida dos últimos doze meses. A captação só não foi maior que a de maio de 2017. Essa forte captação e a valorização de 13% que o dólar apresenta no ano de 2018 nos leva a crer que esse movimento dos investidores está atrasado e foi realizado apenas como consequência do desempenho passado.
Segundo dados do Banco Central, a poupança continua sofrendo resgate líquido. O mesmo sentido pode ser visto na renda fixa que tem apresentado uma baixa captação no ano.
Com as baixas taxas de retorno apresentada pelos investimentos de baixo risco, os investidores têm diversificado seus portfólios em alternativas de maior risco e com maior potencial de valorização.
Esse movimento está alinhado com a visão de longo prazo para os investimentos, mas deve ser feito com cautela e sempre levando em conta o perfil do investidor.
*Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.